Turquia pode ser o próximo alvo depois do Catar na crise diplomática do Golfo

Na quarta-feira, 14 de junho, o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, chegou a Doha para se encontrar com seu homólogo do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al Thani, e com o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad bin Khalifa Al Thani, no meio de uma crise diplomática no Oriente Médio.

A agência Sputnik Turquia entrevistou o analista político e autor turco Samer Saleha sobre a atitude de Ancara perante a crise diplomática em torno do Catar e sobre o papel dos países estrangeiros nesse processo.

No dia 5 de junho, a Arábia Saudita, o Bahrein, os Emirados Árabes Unidos e o Egito romperam as relações diplomáticas com o Catar e cancelaram os transportes terrestres, aéreos, marítimos com o país, acusando Doha de apoiar terroristas e de desestabilizar o Oriente Médio. Depois, vários outros países da região seguiram o exemplo deles e também romperam as relações com o Catar.

Apesar disso, Turquia e vários países do Oriente Médio recusaram apoiar esta démarche e estão mesmo tentando ajudar o Catar a quebrar o isolamento.

De acordo com Saleha, anteriormente a Turquia já deu a entender que está ao lado do Catar, e a recente visita de Cavusoglu a este país é mais uma prova deste fato.

No dia 6 de junho, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan declarou que a Turquia vai continuar desenvolvendo as relações com o Catar e vai fazer esforços para resolver esta crise via diálogo.

“Acho que uma das razões para isso é a necessidade de defender os interesses políticos e econômicos comuns. Nos recentes anos, os laços entre Ancara e Doha se têm desenvolvido significativamente. Além disso, o Qatar ajudou muitas vezes a Turquia politicamente, incluindo depois da tentativa do golpe militar na Turquia. Em particular, o desenvolvimento das relações bilaterais chegou até ao estabelecimento de uma base militar turca no Catar”, salientou Saleha.

No dia 9 de junho, Erdogan aprovou uma diretiva que permite o estacionamento de tropas turcas no Catar. De acordo com o embaixador turco no Catar, por volta de 3.000 militares das tropas terrestres, força aérea e marinha do país, além de instrutores e forças especiais, serão estacionados na base do Catar.

Samer Saleha sublinha que é muito importante que Ancara mantenha ao mesmo tempo laços com a Arábia Saudita e os EUA.  Mas, depois da demonstração de apoio ao Catar nesta crise, as relações poderão se tornar mais vulneráveis.

“Ancara deve manter esses contatos com a Arábia Saudita de uma forma franca e justa. Eu acho que o ministro das Relações Exteriores [turco] deveria visitar Riad o mais rápido possível. Desde que a crise começou, os esforços de Ancara para estabelecer o diálogo entre os Estados do Golfo são insuficientes. Eles devem ser intensificados”, disse o analista.

Ele ressaltou que, na situação atual, a crise do Catar não pode ser resolvida sem a participação de poderes regionais como a Turquia e o Irã. De acordo com Saleha, a Turquia foi um dos países que contribuiu para evitar a crise.

“É preciso impedir a crise de se transformar em um confronto militar aberto. A Turquia decidiu enviar ajuda humanitária para o Catar. Ankara também decidiu implantar um contingente militar no país. Essas decisões foram muito importantes. Mas houve outros países que ajudaram, incluindo o Irã, a França e a Alemanha”, disse Saleha.

O analista também compartilhou sua opinião sobre as possíveis consequências da crise para Ancara.

“Nesta situação, a Turquia acredita que pode se tornar o próximo alvo [depois do Catar]. As autoridades e especialistas turcos acreditam que um ataque contra a Turquia pode ser realizado no futuro. Ele será realizado pelos Estados do Golfo juntamente com os Estados Unidos. Isso se tornou claro depois da visita de Donald Trump a Riad. É por isso que a Turquia reagiu rapidamente e dessa maneira. Isto pode ser parte de um plano americano na região”, disse Saleha.

“A Turquia e o Irã estão contra este plano. Eles consideram a crise do Catar de um ângulo diferente. Por sua vez, Washington ignora suas propostas e quer impor sua própria visão da situação. Os EUA querem ganhar com esta crise beneficiando seus interesses nacionais”, frisou.

Samer Saleha sublinhou que a crise do Catar só pode ser resolvida através do diálogo entre os Estados do Golfo.

Foto: © REUTERS/ Alkis Konstantinidis

Fonte: Sputnik News

 

4 Comentários

  1. negativo , a Turquia não foi o próximo alvo
    na verdade a Turquia foi um dos primeiros alvos da politica norte americana em querer deixar o oriente médio em um rio de sangue

    os estados unidos esta por detrás da tentativa de golpe que tentaram dar no Erdogan

    mas la não tinha dilma a republicana que engoliu tudo a seco

    o Erdogan mandou prender parte do judiciário corrupto , parte da policia corrupta e entreguista e de políticos alinhados aos estados unidos

    dessa forma estancou o golpe

    o que acontece é que os estados unidos o jogar com o mundo em dez jogos diferentes esta começando a se perder

    a CIA esta trocando os pes pelas mãos pois a corrupção nessa instituição é maior do que a que tem no brasil

    • Realmente um comentário digno de respeito. Uma cópia fiel a pura descrição da realidade. Os USA não desistem fácil, mudam de estratégia e mantém o propósito, a CIA vai continuar com sabotagens, chantagens e armações não só para desestabilizar a Turquia, como todo o oriente médio. A teoria de promoção do caos com o fim de manter o poder e supremacia. Nada de novo, afinal, o Brasil é testemunha dessas interferências e incursões na nossa economia e política antes mesmo de eu nascer. Há registros de envolvimento americano no Brasil em eventos históricos como por exemplo na revolução de trinta. Já naquela época submarinos americanos supriam com armamentos…

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