Texto elaborado por Francisco Paulo Costa da Silva*.
Em uma operação realizada em maio de 2017, a polícia da cidade de Los Angeles, situada na costa oeste dos EUA, teve êxito em uma missão que repercutiu na imprensa norte-americana local e nacional. Essa ação teve como destaque o fato de que, pela primeira vez, forças policiais haviam utilizado um helicóptero para neutralizar um suspeito armado entrincheirado em uma casa.
No dia 8 de maio, a polícia de Los Angeles recebeu um comunicado de que um suspeito, que poderia estar fortemente armado, havia invadido uma casa na região de Sunland, um bairro afastado da cidade. Percebendo que sua residência estava sendo invadida por um estranho, a proprietária conseguiu fugir juntamente com seu filho pequeno, deixando para trás várias armas à disposição do intruso. De imediato, a polícia local despachou equipes de patrulhamento de rotina que, ao chegarem à residência, observaram que o suspeito estava armado, fato que justificaria a chamada de uma equipe da SWAT (acrônimo da língua inglesa utilizado em referência à Special Weapons And Tactics [Armas e Táticas Especiais]) para resolver a crise. A princípio, os policiais tentaram demover o suspeito pela via da negociação. Contudo, devido à postura relutante do indivíduo e da localização geográfica da casa, que restringia bastante a aproximação segura por parte dos policiais, dando ao bandido a vantagem, o chefe da SWAT resolveu acionar uma equipe de atiradores embarcados em helicóptero para prover o apoio aéreo necessário à retomada da residência. É importante assinalar que os atiradores embarcados pertencem à própria SWAT, pois a unidade de aviação local não tem atiradores orgânicos em suas fileiras. Após várias tentativas fracassadas de negociação, a polícia resolveu lançar gás lacrimogêneo dentro da casa, o que obrigou o bandido a sair. Fora da residência, o suspeito começou a disparar contra os policiais que estavam fora da casa e, ao perceber a aproximação do helicóptero, também efetuou disparos contra a aeronave, sendo alvejado e morto pelos atiradores do helicóptero que responderam ao ataque.
Sobre esta ocorrência específica, algumas considerações táticas devem ser consideradas: a residência estava localizada em uma zona de elevação, rodeada por árvores e detritos que dificultavam a aproximação e ação dos policiais; somente o bandido tinha essa vantagem, devido à localização da casa e à dificuldade da polícia em se aproximar da residência, fato esse que ocasionou o acionamento do helicóptero; a polícia teria que recuperar a vantagem tática: Diante da dificuldade de desalojar o bandido, a única solução que se mostrava viável seria o emprego de atiradores embarcados em helicóptero como forma de sobrepujar a ameaça. Nesse caso, a aeronave foi utilizada de forma ofensiva, acabando com uma tradição de somente utilizá-la como plataforma de observação. Após esse fato, quebrou-se um paradigma que norteava a doutrina de rádio-patrulhamento aéreo da polícia de Los Angeles; seria leviano dizer exatamente o que aconteceu. No entanto, observando o terreno e a condição de localização da casa, pode-se presumir que o helicóptero tomou uma atitude circular de voo sobre o alvo não ultrapassando 50kt (nós [cerca de 90 km/h]) de velocidade a uma altura de aproximadamente 200ft (pés [aproximadamente 60 metros]). Ressalta-se que esses dados são apenas parâmetros para efetuar disparos em circunstâncias como a apresentada, a depender da situação do terreno; a polícia utilizou um helicóptero Esquilo (modelo AS 350), com a plataforma TSOP (Tyler Special Operation Plataform), acoplada em ambos os lados do helicóptero. Os atiradores estavam utilizando armamento com miras holográficas e magnificador e, provavelmente, estavam portando fuzis calibre 5.56 mm, geralmente padronizados para as equipes táticas da polícia nos EUA.
É bem sabido que o tiro embarcado a partir de helicópteros já é fato antigo em território norte-americano, basta relembrar um evento ocorrido no estado do Alasca, em 1984, no qual dois policias estaduais, embarcados em um helicóptero Esquilo, enfrentaram um bandido fortemente armado, havendo troca de tiros na circunstância, resultando na morte de um policial e do próprio bandido. Apesar desse fato, essa técnica não foi largamente difundida pelas polícias, devido às diferentes legislações estaduais e por outras situações de ordem legal. No entanto, após o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, houve um crescente número de agências da lei que passaram a utilizar o helicóptero como plataforma de tiro, à exemplo da US Cost Guard (Guarda Costeira dos EUA), com a unidade HITRON (Helicopter Interdiction Tactical Squadron, ou Esquadrão Tático de Interdição por Helicóptero), que realiza o trabalho de interdição das lanchas que tentam entrar pelo mar do Caribe na costa da Flórida carregadas de drogas vindas da América do Sul, e a US Boder Patrol Aviation Unit (Unidade de Aviação da Patrulha de Fronteira dos EUA), que utiliza diversos helicópteros em operações de segurança na fronteira sul estadunidense.
Sobre a situação brasileira, convém salientar que a antiga CGOA (Coordenadoria Geral de Operações Aéreas) da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro foi pioneira nessa técnica no início dos anos oitenta, levando essa doutrina para todos os estados e para a Polícia Federal. É fato que, devido ao altíssimo nível da violência em nosso país em todos esses anos, o emprego de atiradores embarcados vem crescendo exponencialmente nas polícias estaduais. Hoje, temos, sem dúvidas, uma grande casuística no cenário de combate urbano nas favelas do Rio de Janeiro elevada a um estado de guerra irregular travado por unidades policias especiais, aéreas e terrestres, contra criminosos fortemente armados. Além disso, o Brasil tem uma legislação extremamente legalista. Nota-se com frequência o predomínio do discurso enviesado dos diretos humanos que, de certa forma, inibe um estudo qualificado por parte das unidades policiais dos resultados de confrontos utilizando helicóptero contra meliantes armados.
Segundo o chefe da polícia local, Charlie Beck, após os fatos narrados, a polícia de Los Angeles iniciou um procedimento padrão de verificação do ocorrido e da aplicabilidade do helicóptero no evento, ressaltando o legítimo emprego da força por parte da polícia. É de se esperar que, a partir daí, algumas agências americanas comecem a adotar esse tipo de técnica em suas unidades aéreas, tendo em vista a vantagem tática que se obteve diante do suspeito barricado em terreno elevado. Como é de costume nos EUA, país que se notabiliza pela excepcionalidade devido a análise das práticas, com base no resultado da ação em questão, a técnica empregada pelos policiais embarcados da SWAT provavelmente será estudada e sistematizada, ficando à disposição de toda a comunidade de operações policiais especiais daquele país.
* Francisco Paulo Costa da Silva é policial federal desde 2004, ano em que concluiu o curso de papiloscopista na Academia Nacional de Polícia. Atualmente exerce a função de líder da equipe de operadores aerotáticos (atiradores da porta do helicóptero) da CAOP (Coordenação de Aviação Operacional) da Polícia Federal (PF). É graduado em História pela Universidade de Pernambuco e cursa pós-graduação em Relações Internacionais pela Damásio Educacional. Na PF participou do curso de operações aerotáticas, bem como do curso de atirador designado aerotático. Frequentou o Curso de Comandos Jungla (Polícia Nacional da Colômbia) além do curso de operações antidrogas pela School os the Americas (Escola das Américas) atual WHINSEC (Western Hemisphere Institute for Security Cooperation, ou Instituto do Hemisfério Ocidental para Cooperação em Segurança). Cursou o Estágio de Operação e Sobrevivência em Área de Caatinga (72º BIMtz [72º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército Brasileiro) e o Estágio de Atirador de Precisão (BOPE [Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM-RJ).
Os policiais ficam muito expostos a baixa altitude. A aproximação e a estabilização precisam ser muito rápidas (pode comprometer a qualidade do tiro).
Deveriam usar um fuzil 7.62 dentro do helicóptero a média altitude ou usar um helicóptero de ataque com metralhadora .30.
Aqui no Brasil, se quiserem vencer os bandidos, helicópteros de ataque armados de mísseis e metralhadoras (com visões noturna e termográfica), e uma legislação que puna o bandido e proteja o cidadão de bem (e não o contrário) seriam bem-vindos.
Caro M Silva, a maioria das unidades aéreas do Brasil utilizam o calibre 7.62 mm como padrão.Isso decorre da boa balística terminal que esse calibre apresenta.Quanto a adoção de mísseis por parte das unidades policiais, isso não é possível, devido a finalidade precípua da polícia que é servir e proteger, bem como utilizar o devido uso da força para restaurar a paz social.Objetivos bem diferente de um Exército.
No Brasil só a Polícia Federal tem autorização para utilizar metralhadores em sua unidade aérea.Isso decorre da abrangência de atuação da PF que em muitos casos se assemelham a do Exército.Apesar disso, acho que em algumas situações no cenário de combate no RJ, em áreas rurais e de forma bem pontual e discriminada, as unidades aéreas da policia daquele estado poderiam fazer uso desse tipo armamento.Tudo isso, a depender do nível de ameça e do terreno onde o confronto ocorre.
Busquem no youtube ação da Polícia Civil de São Paulo no Rodoanel contra ladrões de carga e terão uma aula sobre tiro embarcado em aeronaves.
sim correto jc , aqui se usa muito o helis , para essa missão , mas quando a missão é pic assim um helis contra alguma coisa que não ultrapasse mais de cinco indivíduos
o roubo no litoral de são Paulo em santos a tv falou que foram 20 no bonde os praças falaram que eram mais de 100
os comandos foram abertos ate eles sumirem em diadema ,nem os águias quiseram subir por causa das ponto cinquenta que estava subindo o litoral
veja mais de 100 uma companhia inteira armados de fuzil e armas pesadas com poder de fogo para derrubar ate helis
as viaturas mesmo elas são ensinadas a não enquadrar mais de cinco parado na rua
, dentro de um carro passou de três já e perigoso também .
esses roubos de bancos o valores são para comprar mais armamento e com isso provocar ate uma guerra civil .
na zona sul aqui teve um ocorrência que o águia matou com tiro um no escadão
mas volto a dizer esse caso é um que já é pedido corre quase sozinho etc
agora esses bonde de mais de 20 já é perigoso ate para quem esta no helicóptero
não esta nada doce . e não vamos esquecer como a matéria mesmo fala foi no rio que começou essa missão no brasil ,mas foi também no rio que derrubaram o primeiro helis
na verdade essa guerra civil tem um patrocinador , que são os gringos ,
a dea americana foi acusada pela federal do mexico a entregar fuzis aos carteis de narcotráfico
perguntada pela federal mexicana a DEA respondeu que era para poder ver a onde estariam indo os fuzis
sendo que fazia anos essa operação americana em solo mexicano
aqui já escrevi a uns cinco anos atrás que as armas pesadas estão vindo de container
ano passado o antigo secretario de segurança do rio de janeiro pediu ajuda de quem ? do DEA americano para ajudar a monitorar quem estava trazendo armas por via náutica
então a raposa esta com a chave do galinheiro ,hoje esta chegando fuzil ate por avião de MIAMI
na verdade isso é culpa de termos tantos ladroes no congressos envolvidos com o narcotráfico .
Certo JClaudio, aquela ação foi muito interessante. Há uma boa casuística no Brasil de tiro embarcado a partir do helicóptero, nas unidades aéreas das polícias.
Desculpe Pé de Cão, essa postagem acima era para o JClaudio. Mas respondendo as suas indagação:
primeiramente o helicóptero tem limitações de natureza tática e mecânica. Realmente uma grande quantidade de bandidos armados com fuzis seria uma grande ameaça para a máquina. Diante de uma situação como essa o helicóptero não trabalha só. Utilizamos sempre planejamento em conjunto com as unidades terrestres para conseguirmos uma vantagem tática que sempre chamamos de superioridade relativa.No passado, alguns helicópteros tanto da PM-RJ como a nossa PF, foram alvejados resultando em mortes de operadores.Aprendemos da pior forma.Quanto ao evento que vc mencionou nos EU, na verdade foi a agência ATF(Bureau of Alcohol, Tabacco and Firearms), Agência de repressão ao álcool , tabaco e armas de fogo.Ela desencadeou a operação Fast and Furious, uma operação controlada que visava prender alguns traficantes de drogas, monitorando um carregamento de drogas vindo dos EU até o México.Essa operação fugiu totalmente ao controle tendo consequências desastrosas.Se quiser mais detalhes coloca o nome dessa operação no google , irá encontrar muita coisa lá.Um grande abraço!
corrigindo, onde digo:
“uma operação controlada que visava prender alguns traficantes de drogas, monitorando um carregamento de drogas vindo dos EU até o México.”
será:uma operação controlada que visava prender alguns traficantes de drogas, monitorando um carregamento de armas vindo dos EU até o México.
Certo JClaudio, aquela ação foi muito interessante. Há uma boa casuística no Brasil de tiro embarcado a partir do helicóptero, nas unidades aéreas das polícias.Um grande abraço!
A proteção do policial é de fundamental importância .
https://www.youtube.com/watch?v=LDCQ0YPGTS8
https://www.youtube.com/watch?v=HpOnFYCBn3M
Vc tem razão Stadeu, Como mostrado nos videos o FLIR dá uma consciência situacional bem interessante à equipe.Levando mais segurança para a operação. Um grande abraço!