FOpEsp : Privatização do Enfrentamento: O Emprego do Elemento de Operações Especiais por Empresas Militares Privadas (Parte 1)

Fotografia 1: Trio de contractors operando à serviço de uma Empresa Militar Privada (Private Military Companies [PMCs]). (Fonte: Disponível em: http://www.imgrum.org/media/1177429149418149510_1291634244 Acesso em: 5 jun. 2017).

Texto elaborado por Rodney Alfredo P. Lisboa

A relação das Empresas Militares Privadas (Private Military Companies [PMCs]), também conhecidas como Empresas Militares de Segurança, com as Operações Especiais (OpEsp) data da segunda metade da década de 1960, quando ex-oficiais do Serviço Aéreo Especial (Special Air Service [SAS]) britânico, incluindo Archibald David Stirling (idealizador do SAS), fundaram a Watch Guard International para prover treinamento e/ou aconselhamento militar especializado para países interessados em investir nesse tipo de capacitação.
Conforme é possível notar no exemplo da Watch Guard International, existe uma conexão “orgânica” entre as PMCs e as OpEsp, uma vez que muitos oficiais egressos das Forças Armadas (FFAA) nacionais tomaram a iniciativa de constituir empresas prestadoras desse tipo de serviço, ou assumiram funções executivas em companhias dessa ordem.
Transcorridas décadas desde a criação da Watch Guard International, considerada a empresa precursora do conceito relacionado a prestação de serviços militares privados, no cenário contemporâneo de guerra/crise, uma das figuras que mais desperta a atenção da opinião pública é a dos contractors à serviço PMCs. Na acepção do termo, a palavra contractor refere-se a um indivíduo que presta serviços para uma determinada empresa em regime de contrato (acordo voluntário entre duas partes [contratante e contratado] executável conforme legislação determinando direitos e deveres formalizados consensualmente]). Especificamente no que se refere às PMCs, são considerados contractors os funcionários militares privados empregados em situações de guerra/crise ou áreas potencialmente perigosas, com a finalidade de desempenhar uma grande diversidade de tarefas especializadas.
Devido à natureza militar não estatal das tarefas por eles desempenhadas, os contractors normalmente são denominados, inapropriadamente, como mercenários. Conhecidos pela expressão “soldados da fortuna”, os mercenários, tradicionalmente, são definidos como veteranos de conflitos passados, contratados individualmente para tomar parte em confrontos armados vigentes tendo a obtenção de lucro financeiro, e não a lealdade a um determinado Estado, como principal motivação para suas ações. Atuando usualmente à sombra da lei, os mercenários em geral são marginalizados, arregimentados de forma sigilosa, atuam na clandestinidade, prestam serviços limitados à seus contratantes, e não estão sujeitos às regras do Direito Internacional, conforme estabelecido pela Convenção de Genebra, que tratam das prerrogativas atribuídas aos prisioneiros de guerra sejam eles combatentes ou não. Nesse sentido, por serem motivados apenas pela obtenção de vantagens financeiras sem maiores comprometimentos com seus empregadores, o Direito Internacional considera os mercenários como criminosos comuns.

Fotografia 2: No Afeganistão, dupla de contractors proveem serviço de proteção/segurança de alto risco. (Fonte: Disponível em: https://br.pinterest.com/tactprotection/bodyguards/?lp=true Acesso em: 5 jun. 2017).

Por sua vez, os contractors são ex-militares com experiência de combate ou habilidades específicas, que gozam de plenas condições para executar atividades operativas, mas que por um motivo ou outro se desligaram das Forças Armadas (FFAA). Como qualquer funcionário do setor corporativo, eles prestam serviços legais (não atuam fora da lei) à empresa contratante desempenhando uma diversidade de serviços maiores e mais complexos que àqueles oferecidos por mercenários.

Outro aspecto que diferencia a atividade mercenária das funções exercidas por contractors refere-se à tipologia das ações executadas. Enquanto os mercenários têm liberdade para tomar a iniciativa do ataque, o que se espera das PMCs é que seus funcionários sejam empregados em ações predominantemente defensivas, envolvendo-se em situações de confronto apenas na eventualidade de serem atacados.

É importante destacar também, que por disporem de destacada expertise em operações/situações relacionadas à atividade militar, os contractors não necessitam assimilar os fundamentos da capacitação básica, sendo necessário cursar programas de treinamento adequados à realidade da empresa que os contratou. Nesse sentido, os programas de treinamento promovidos pelas PMCs buscam aprimorar as capacidades de seus funcionários no que se refere ao portfólio de serviços ofertados por ela, criando um ambiente de responsabilidade, disciplina e coesão que as tropas mercenárias normalmente não dispõem.

A ascensão das companhias prestadoras de serviço militar privado ocorreu, principalmente, com o final da Guerra Fria (1947-1991), quando o vácuo de poder deixado pelas superpotências (Estados Unidos e União Soviética) fez aflorar antigas tensões em regiões periféricas, fato que evidenciou a fragilidade de alguns Estados nos setores de Segurança e Defesa. Também contribuiu para esse incremento a crescente demanda por aparatos tecnológicos no “estado da arte”, considerados onerosos demais para que Estados financeiramente comprometidos pudessem prover suas forças de Defesa com equipamentos de última geração, fato que motivou os governos desses países a transferir o ônus desse investimento para o setor privado, viabilizando o desenvolvimento das PMCs.

Fotografia 3: Cena do filme “13 Horas” (2016) que retrata as ações de um grupo de contractors na tentativa de defender um posto diplomático norte-americano do assédio de milicianos na cidade líbia de Benghazi. (Fonte: Disponível em: http://www.folhavitoria.com.br/entretenimento/cinema/filme/13-horas-os-soldados-secretos-de-benghazi.html Acesso em: 5 jun. 2017).

Diante desse ambiente de incertezas e oportunidades, as PMCs evoluíram consideravelmente, ampliando suas atividades no intuito de atender aos requisitos de todos os aspectos inerentes a um conflito armado. Nesse contexto, conforme estudo elaborado em 2011 por Lueka Groga na Universidade de Leiden (Holanda), as PMCs são classificadas de duas formas distintas. A primeira delas seria àquela que considera as PMCs como prestadoras de suporte direto ao combate, ou seja, companhias que engajam seus contractors no confronto, complementando ou substituindo as forças nacionais. A segunda categoria seria constituída por PMCs que prestam apoio indireto às operações de combate, não empregando seus contractors nas ações de enfrentamento, mas ofertando diferentes serviços de segurança (indivíduos, instalações e comboios), além de apoio logístico (planejamento estratégico, reconhecimento aéreo, serviços de inteligência, treinamento de forças locais, entre outros).

Continua…

Fonte:  FOpEsp (Forças de Operações Especiais)

13 Comentários

  1. Ótimo post, mostrando uma realidade cada vez mais presente de terceirização e internacionalização da segurança tanto privada como pública-governamental.
    Se isso é bom ou ruim, num mundo onde o crime e picaretas também se internacionalizaram, só com uma grande quantidade de referências e também experiências reais de envolvidos para poder saber.
    Vamos ver o que o restante deste material nos revele-rá.
    Difícil opinar qualquer coisa por enquanto.
    No aguardo desta importante matéria sobre segurança e até Defesa.

  2. empresas de vassalos

    aqui no brasil varios militares assediados por ladroes de bancos para serem batizados e correrem do lado deles
    vejo essas empresas do mesmo jeito assediando militares para fazer serviço sujo disfarçado de segurança

    o pcc e o cv sao empresas feitas com as mesmas ideias pagou trafica , pagou mata pagou te defendo mesmo vc sendo um carrasco do seu pais

    pagou pela oposiçao te derrubo mesmo vc sendo correto e quem me paga for o ladrao

    paramilitar , cobam , pcc ,cv , para mim tudo vassalo do sistema dinheiro

    quem pagar mais tem o apoio deles nao seguem leis tudo gira em quanto mais caro pode ser sim executado

    a venezuela prendeu paramitares colombianos nas manifestações

    a venezuela prendeu português com material explosivo

    isso mostra como agem essas empresas

    assassinos de aluguel que estao por detras dessas empresas

    a kgb tambem depois que acabou formou empresas dessa tematica

    e o povo desarmado .

      • boa vou ver o video agora estou no celular mas vou ver sim tem o seu e o do warphat para ver
        valeu maquina

      • agora vi o vídeo estão tocando o foda-se , isso me lembra o iraque tinha mais gente com faculdade do que o brasil e o que adiantou nada
        quem não tem armas vira lixo no mundo

        e agora o governinho lixo não quer armar o exercito esta so arrumando mais atribuições ,para poderem se perpetuar no poder ganhando malinhas de 500 mil

  3. Deixando de lado o romantismo da coisa toda … quem não sabe de grupos como esses ai …que tem serviços solicitados a narcotraficantes ? … basta vê os ex-paraquedistas e ex-fuzileiros do braZil .
    .
    As FARCS foi um bom clientes desse pessoal… assim como Al-Quaeda e o Estado Islâmico …. ou alguém duvida e acha impossível que isso tenha acontecido ?

  4. O esquerdismo é o maior indutor dessa política do fim do ESTADO/NAÇÃO no planeta inteiro… financiadas pelos metacapitalistas, as ONGs esquerdistas disseminam em todo o mundo sua política globalista que inclui todo tipo de tomada de poder pela terceira via… um texto elucidativo de toda essa GUERRA DE QUINTA GERAÇÃO é o do Coronel (R/1) T. X. Hammes do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA intitulado GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO EVOLUI, A QUINTA EMERGE… ele descreve toda essa política que destrói nações mundo afora e conclui com um parágrafo preocupante:

    “O cenário de contágio que eu descrevi acima
    está entre os mais devastadores possíveis, porém
    a varíola é apenas uma das armas que um grupo
    pequeno e de amplo poder poderia utilizar
    para atacar à sociedade. Eles poderiam usar
    qualquer número de tecnologias em evolução.as
    mudanças nas esferas política, econômica, social
    e técnica são o ponto-chave a ser lembrado. Elas
    estão possibilitando que pequenos grupos se
    unam em torno de uma causa e se utilizem das
    novas tecnologias para desafiar as nações-estado.
    Nós não podemos reverter tais mudanças, nem
    podemos deter a evolução das guerras. Nós, a
    nação, e particularmente nossas forças militares,
    não estamos preparados para responder a tais
    ataques. É chegado o momento para se começar
    a pensar em como deveremos lidar com este
    próximo passo na conduta de guerra.”…

    É necessário ler com atenção o citado texto para que se possa entender a miríade de processos que se levanta na atualidade que tornam as guerras modernas totalmente assimétricas e com elementos profissionalizantes em seus meios… hoje, para desafiar um estado/nação basta ter dinheiro ou acesso a sistemas avançados de ataques, sejam biológicos, químicos ou convencionais…

    • basta ser a CIA ele esqueceu de falar da cia que faz tudo isso e mais um pouco

      veja o seu problema
      perguntas para o ze povinho quando era criança

      quem descobriu o brasil
      ze povinho responde
      cabral esquerdista fabiano

      onde fica localizado a america do sul
      resposta do ze povinho
      fica localizado na comunalha eaquerdista rs

      quem foi dom pedro primeiro
      resposta do ze povinho
      um esquerdalha que juntou o pais a falar a mesma lingua a mesma bandeira e a mesma cultura eaquersistaaaaaa rsrs

      tudo e esquerda ,

      vira o disco senao vão pensar que vc esta gaga rsrs

      • E não é que dessa vez tu tem razão… rsrsrssrsrsrsrssssss… é tudo gentalha desqualificada mesmo… BRASIL, UM PAÍS DE ESQUERDALHAS… 🙂

      • Oh demente… é exatamente a CIA que está preocupada com a perda do controle da guerra assimétrica… leia o texto antes de falar asneiras, pé de burro… até parece que não sei… 🙂

  5. Tudo mercenário. Merece ser decapitado e exposto em praça pública igual ao Lampião para servir de exemplo.

    Todo governo sério deveria mandar assassinar exemplarmente esses canalhas que se vendem para os inimigos ou outros Estados. São traidores de fato ou em potencial.

    Quem vira “executivo” ou segurança de empresa de segurança, no mínimo deveria ser processado criminalmente (é o caso de incluir um tipo penal desses na lei). São os caras que não querem uma segurança pública que preste.

    • são mercenários da mesma estirpe dos do “Estado Islâmico”….a única diferença é que estes ganham melhor e são mais bem equipados e armados…rs…

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