Cento e vinte dois militares brasileiros atuaram na Obangame Express 2017, que contou com a presença de militares norte-americanos, sul-americanos, africanos e europeus.
Por Taciana Moury
O Navio-Patrulha Oceânico Apa (NPaOc Apa) da Marinha do Brasil atracou no início de maio na Base Naval do Rio de Janeiro, depois de participar da operação Obangame Express 2017. O exercício reuniu no Golfo da Guiné, de 20 a 31 de março, militares norte-americanos, sul-americanos, africanos e europeus, com o objetivo de promover a segurança marítima na região contra as ações de pirataria, tráfico de drogas e armas, sequestro e pesca ilegal.
Durante o exercício, os militares das nações participantes simulavam problemas reais, enfrentados naquela região para testar a capacidade de reação, explicou o 1º Ten Silveira. “Nosso navio simulou ser uma embarcação pesqueira sob suspeita de carregar drogas. O navio patrulha da Marinha da República do Congo efetuou o procedimento de interrogatório pelo rádio com o NPaOc Apa e logo depois iniciou a abordagem do simulado”, contou.
Os militares congoleses fizeram a abordagem a bordo do navio suspeito com o objetivo de procurar ilícitos, sem que a embarcação contraventora se desvencilhasse da situação. “Após encontrar supostos materiais ilegais, a embarcação seria apreendida, se fosse uma situação real”, explicou o 1º Ten Silveira. Mas, nessa fase da operação, a simulação é interrompida para que os procedimentos executados possam ser avaliados e ocorra a instrução propriamente dita, visando o aperfeiçoamento das ações.
Segundo o CC Moscoso, além da melhora técnico-profissional dos envolvidos no combate à pirataria, ao tráfico de drogas, tráfico de humanos, à pesca ilegal e ao tráfico de armas, o Obangame proporciona um estreitamento de laços entre nações. “Ele possibilita inclusive aumentar a visibilidade do Brasil não só no continente africano, mas perante outros países como EUA, Canadá e França”, reforçou.
A interação entre os militares acontece durante todo o exercício. “A bordo do NPaOc Apa participaram como observadores estrangeiros: dois militares da Namíbia, um dos EUA, um de Cabo Verde, cinco de Portugal e um de São Tomé e Príncipe”, disse o CC Moscoso. Na área de treinamento destinada à Marinha do Brasil, estavam também as marinhas de Angola e da República do Congo.
Importância do treinamento
A embarcação da Marinha do Brasil percorreu um total de 3.255 milhas náuticas durante os 11 dias de exercício e 12.611 milhas náuticas, considerando a missão completa, incluindo o deslocamento. Para o CC Moscoso, esse tipo de treinamento gera um aprendizado de todos os envolvidos nas operações de interdição de área marítima, além de contribuir para o adestramento das marinhas africanas, para que possam combater, com eficiência, as ameaças constantes na região do Golfo da Guiné.
O exercício realizado no golfo capacita os militares para atuar nas ações de patrulhamento também no Brasil. “Aqui não temos problemas de pirataria, tráfico de humanos e sequestros de embarcações. Mas atividades como pesca ilegal, tráfico de drogas e descaminho podem ocorrer em nossa Zona Econômica Exclusiva e o exercício contribui para o adestramento do nosso efetivo para o combate a esses ilícitos”, ressaltou o CC Moscoso. Um dos principais desafios deste tipo de missão é o aspecto logístico, por conta do tempo fora da base. “Na preparação do navio, por exemplo, foi necessário embarcar um contêiner frigorificado, para ampliar a capacidade de armazenagem de gêneros alimentícios”, completou.
Já para o 1º Ten Silveira a distância da família foi o mais difícil. “É muito bom estar no mar, em operação, mas não existe nada melhor do que o retorno ao lar com o sentimento do dever cumprido”, concluiu.
Fonte: Dialogo Américas