Quanto maior o caos na Casa Branca, mais se torce, fora dos EUA, por um processo de impeachment contra o presidente americano. Um desejo que está longe de se tornar realidade, opina a jornalista Martina Buttler.
Chega de sonhar! Quem ainda acredita que um escândalo aqui ou um comentário ali vá finalmente desencadear o impeachment de Donald Trump, é melhor encarar a realidade.
A realidade é que nos Estados Unidos os obstáculos a um processo de destituição presidencial são muito altos. Não é por acaso que, na história do país, só houve duas tentativas de retirar do cargo um chefe de Estado por esse mecanismo. Em ambos os casos, Andrew Johnson e Bill Clinton, não houve uma sentença.
Além disso, o início do processo precisa ser aprovado por uma maioria no Congresso. Mas quem detém essa maioria são os republicanos, que estão felizes por ter finalmente as rédeas na mão. No Congresso e na Casa Branca, eles querem governar, decretar leis, deixar sua marca na nação, algo que quase ninguém está disposto a colocar em risco. Portanto, trata-se de fechar os olhos e seguir adiante.
Em meados de maio, os republicanos se mostraram mais contidos em seu apoio ao presidente. Há drama demais respingando neles a partir da Casa Branca. Mas no momento não está à vista algo como uma frente contra Donald Trump.
Enquanto isso não mudar, Trump poderá continuar a agir como até agora, mesmo estrebuchando, primando pela ignorância ou resvalando de uma gafe para a próxima. Entre seus eleitores, ele tem, de qualquer forma, cobertura ampla: eles simplesmente não entendem essa agitação toda em torno do homem que está fazendo o que lhes prometeu, da proibição de entrada de muçulmanos no país ao erguimento de um muro na fronteira com o México.
A única coisa com que os críticos de Trump podem sonhar, no momento, é o dia 6 de novembro de 2018, quando se realizam eleições legislativas. Se houver suficiente insatisfação com o chefe de Estado republicano e até então os democratas tiverem aprendido sua lição, as relações de maioria poderiam mudar.
Martina Buttler
Aí, ficaria muito mais difícil para Trump governar, seu espaço de ação estaria significativamente restrito. E então, caso houvesse algum motivo de peso, talvez haveria uma pequena chance de processo de impeachment.
Para não ter um amargo despertar, é melhor o mundo se preparar para quatro anos de Trump. Ele já mandou registrar seu slogan de campanha para 2020: Keep America great!
- Martina Buttler é correspondente da ARD em Washington
Fonte: DW
Para quem quer a decadência antecipada dos EUA, a torcida deve ser pela PERMANÊNCIA de Trump na presidência do país…