Poder adormecido: as armas mais potentes e nunca utilizadas

Na quinta-feira (13), os militares norte-americanos utilizaram pela primeira vez a sua maior arma de destruição em massa, a GBU-43, a Mãe de Todas as Bombas. O avião pesado MC-130 largou esta bomba sobre um sistema de tuneis numa área da província de Nangarhar, Afeganistão.

Segundo os representantes do Pentágono, a bomba recheada de trotil, hexogênio e pó de alumínio eliminou 36 terroristas do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia).

O resultado, para uma bomba de tal tipo, foi bastante modesto. A Mãe de Todas as Bombas   não se destina a ataques contra casamatas subterrâneas. Tal como a bomba aérea BLU-82 Daisy Cutter, do tempo da Guerra no Vietnã, a GBU-43 foi criada para ser utilizada durante ataques a vastos terrenos florestais desflorestando áreas grandes permitindo a aterrissagem de helicópteros e desembarque de tropas, assim como para fazer explodir campos de minas do inimigo.

GBU-43/B Massive Ordnance Air Blast – © FOTO: U.S. DEPARTMENT OF DEFENSE GBU-43/B

O efeito do ataque aéreo foi sobretudo psicológico. Foi um sinal: “Vejam o que nós podemos!” Não vale a pena subestimar: a explosão foi, pelo menos, impressionante.

 

Mas numa situação de conflito com um inimigo que possua sistemas de defesa antiaérea mais ou menos modernos, essa bomba é absolutamente inútil, o MC-130 pouco manobrável seria abatido antes de chegar à área de bombardeamento.

“Pai de Kuzka”

A GBU-43 não possui o título da bomba mais pesada da história da humanidade, que pertence à sua modificação anterior GBU-57, também de origem norte-americana. Esta munição pesa 13,6 toneladas e é capaz penetrar no terreno à profundidade de 60 metros ou perfurar até 19 metros de concreto armado. Os EUA receberam a primeira série dessas 20 bombas ainda em 2011, mas ainda não tiveram oportunidade de utilizá-las em combate.

Mas a bomba não nuclear mais potente foi desenvolvida na Rússia. Se trata da bomba aérea de vácuo ODAB-9000, testada em 2007. O poder de sua explosão é equivalente a 44 toneladas de trotil, contra as 12 toneladas da GBU-43, e o raio de ação é superior a 300 metros. Ela foi batizada pela mídia russa de “Pai de Kuzka” ou de “Pai de Todas as Bombas”.

Os deuses de guerra 

O segundo lugar é ocupado pela artilharia convencional de grande calibre. Os EUA, bem como a União Soviética, a desenvolveram no período da Guerra Fria.

Na Rússia essa arma era o canhão autopropulsado 2S7 Pion e a sua modificação 2S7M Malka. Estes canhões foram também dotados de projéteis não nucleares. Um dos projéteis do Pion que pesa 110 quilogramas pode atingir um alcance de até 50 quilômetros.

Mas a precisão e o alcance operacional destes canhões são não apenas vantagens. O problema é que a Rússia não possui muitos polígonos onde possam ser testadas estes canhões. Além disso, eles não possuem um grande estoque operacional de munições, o Pion pode transportar apenas quatro projéteis e o Malka – oito. Mas a Rússia mantém uma reserva desses canhões.

Os países ocidentais fizeram muitos experimentos com artilharia superpotente durante os anos de 1940-50. Muitos ouviram falar dos morteiros Carl (600 mm) e dos canhões ferroviários Dora (800 mm) utilizados durante a Segunda Guerra Mundial nos ataques a Brest e Sevastopol. Mas se sabe menos sobre o morteiro Little David testado pela primeira vez em 1944. Este monstro pesava 88 toneladas e tinha um calibre de 914 mm, mas possuía um alcance operacional pequeno de apenas até 8 quilômetros.

O Monstro do Cáspio

Nos anos da Guerra Fria, o comando das forças armadas da União Soviética procurava ativamente um meio para conter os porta-aviões norte-americanos. Uma das decisões mais extraordinárias foi uma espécie de hibrido de avião com navio, o ecranoplano da classe Lun. Os analistas o chamaram o Monstro do Cáspio.

Construção do ecranoplano Lun se prevê para 2020

Devido ao fato de o Lun operar a uma altitude baixa, os sistemas de defesa antiaérea não o conseguiam localizar. O ecranoplano era capaz de se aproximar dum porta-aviões inimigo a uma distância perigosa, se mantendo despercebido e atacá-lo a partir de seis lança-mísseis Moskit. A ogiva de cada míssil pesava 300 quilogramas e voava à altitude de 7 a 20 metros. Só o uso de metade das munições era suficiente para destruir um porta-aviões.

Míssil submarino 

Outro assassino de porta-aviões com características técnicas e táticas únicas é o míssil submarino Shkval. Inicialmente ele transportava uma ogiva nuclear de 150 quilotons, mas depois foi desenvolvido uma versão com ogiva convencional. As suas modificações mais recentes podem transportar até 350 quilogramas de explosivo.

A vantagem principal deste projétil é a sua velocidade operacional – 200 nós (cerca de 370 km/h). Essa velocidade é atingida com o uso de um motor reativo que funciona com combustível hidroreagente sólido.

​Este projétil não teve concorrentes durante décadas. Mas, em 2005, a Alemanha anunciou o fim do desenvolvimento do torpedo Barracuda com caraterísticas semelhantes.

A maior desvantagem deste tipo de projétil é seu alcance operacional muito pequeno. O Shkval pode atingir alvos a uma distância de até 13 quilômetros. Também é muito ruidoso. Mas é ainda um dos fatores dissuasores principais para o inimigo.

Fonte: Sputnik News

 

 

 

10 Comentários

  1. Para não ser injusto com os “outros” … que tal também mostrar os brinquedinhos dos americanos com suas lendas urbanas também …rsrsr … não esquecendo a nova sensação do momento .. aqueles dos 59 .

    • (…) Na Rússia essa arma era o canhão autopropulsado 2S7 Pion e a sua modificação 2S7M Malka. Estes canhões foram também dotados de projéteis não nucleares. Um dos projéteis do Pion que pesa 110 quilogramas pode atingir um alcance de até 50 quilômetros. (…)
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      Já que hoje se fala muito na tenção entre a CN e os EUA .. fico pensando se a CN tivesse um canhão como esse ai … isso se já não tenha,
      .
      Embora com um alcance muito limitado e sem muita precisão como os misseis tem más, se tratando que se pode colocar nele ( canhão ) uma granada nuclear … qual é a possibilidade de um sistema de defesa atual, no que se refere a sua eficácia, em barrar uma balística nuclear de um tiro de canhão ? … lembrando que entre as fronteiras duas coreias existem muitas cidades bem povoadas … principalmente de militares dos dois lados .

  2. Vamos por partes…

    O ecranoplano é um “hibrido” interessante. Aproveita-se do ‘efeito solo’ para manter velocidade constante com um mínimo empuxo. O “truque” consiste em que, voando rente ao mar, ocorre uma sustentação extra providenciada pela formação de um bolsão de ar sob as asas. Isso permite manter elevadas velocidades com apenas uma fração da força que seria necessária a altitude maior. Suas asas são projetadas para aproveitar ao máximo esse ‘efeito solo’…

    Seja como for, o que foi desenvolvido até aqui se mostrou muito limitado, de alcance relativamente curto… Eficiente nas águas fechadas nas quais os russos operam ( Báltico, Cáspio e Mar Negro ), mas virtualmente inútil nas imensidões do Atlântico e Pacífico…

    Os russos, até a ultima vez em que li acerca disso, estavam desenvolvendo uma variante SAR chamada ‘Spasatel’, que já estaria bastante avançada. Mas confesso desconhecer até onde chegaram… Também me é uma novidade que tenham retomado o conceito do ‘Lun’, planejando algo já para 2020… Se resolverem a questão do alcance…

    Só de curiosidade, os russos chegaram a utilizar ecranoplanos operacionalmente na forma do A-90 Orlyonok; um tipo de transporte desenvolvido para assalto. Atuou com a Flotilha do Cáspio até ser retirado de serviço no começo dos anos 90…

    No que diz respeito a artilharia…

    ttps://www.youtube.com/watch?v=AWyVd1iKa-I

    Dá pra dizer que todo mundo tem ( ou já teve… ) os seus “monstrinhos”… Nesse caso, o M65, este foi retirado de serviço nos anos 60.

    Os americanos chegaram a testar um protótipo de torpedo supercavitante no final dos anos 90. Teria alcançado o equivalente a ‘mach 1’…

    ttp://www.popsci.com/scitech/article/2004-06/supercavitating-torpedo

  3. Amigos,

    São mais de 60 anos desde a Guerra da Coréia… Ambos os lados já tiveram tempo de sobra para constatar quaisquer pedaços de chão que sejam propícios para o uso de grandes peças de artilharia e que estejam ao alcance de grandes cidades ou pontos vitais… Qualquer força de artilharia que posicionar-se nesses setores será invariavelmente localizada…

    E se a CN fazer chover aço sobre Seul, terá Pyongyang varrida a fogo… Simples assim…

    E mesmo a arma nuclear não representa certeza de fazer o que se quer nesse caso… Para os coreanos do norte, usa-las contra território alheio é garantir sua própria destruição sem que haja a possibilidade real de levar destruição equivalente ao agressor. Para eles, esta arma é, entre outras coisas, a garantia de não invasão… Se alguém invadir, detona uma arma tática no caminho do invasor…

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