EUA polarizam opiniões com ataque ao regime sírio

O bombardeio americano a uma base aérea síria divide a comunidade internacional. Europeus demonstram apoio à ação ordenada por Trump. China pede cautela. Rússia qualifica ataque de “agressão a uma nação soberana”.

O ataque dos Estados Unidos à base aérea de Shayrat, o primeiro realizado contra forças do presidente sírio Bashar al-Assad em seis anos de guerra civil no país, polarizou a opinião pública internacional e gerou grande repercussão entre líderes de nações que apoiam ou se opõem ao regime de Damasco.

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, afirmaram, em comunicado conjunto, que Assad provocou o ataque americano com suas próprias ações. Segundo os dois líderes, “o presidente Assad é o único responsável pelas consequências”, em razão do “uso repetido de armas químicas e crimes cometidos contra seu próprio povo”.

Merkel e Hollande disseram que seus países continuarão a trabalhar junto a seus parceiros na ONU nos “esforços para responsabilizar o presidente Assad por suas ações criminosas”. Ambos pediram que a comunidade internacional “reúna forças para promover uma transição política na Síria”, em acordo com as resoluções da ONU.

“Resposta adequada”

O gabinete da primeira-ministra britânica Theresa May expressou apoio a Washington, afirmando que a ação americana foi uma “resposta adequada ao ataque bárbaro com armas químicas lançado pelo regime sírio, com o propósito de impedir futuros ataques”.

O governo britânico foi informado antecipadamente sobre o lançamento dos mísseis americanos contra a base aérea síria. O secretário britânico de Defesa, Michael Fallon, disse que o Reino Unido, que integra a coalizão liderada pelos EUA que combate o autoproclamado “Estado Islâmico” na Síria e no Iraque, não foi convidado a participar da operação.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, defendeu a iniciativa de Trump, afirmando que o presidente americano enviou uma “mensagem forte e clara”, tanto nas ações quanto nas palavras, e que “o uso de armas químicas não deve ser tolerado”.

O primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, disse que o conflito na Síria deve ser resolvido através de negociações envolvendo o governo, grupos de oposição e a Rússia, sob a tutela da ONU.

A China defendeu uma investigação independente sobre o ataque químico em Khan Cheikhoun. “O principal agora é evitar que a situação se deteriore e preservar o árduo processo político para resolver o conflito na Síria”, afirmou uma porta-voz do ministério chinês do Exterior, sem mencionar diretamente o ataque americano. Ela reiterou que o país condena os ataques com armas químicas sob quaisquer circunstâncias.

Rússia condena agressão

A Rússia condenou o ataque, que chamou de “uma agressão contra um Estado soberano em violação das leis internacionais”. Segundo nota do porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, o presidente russo, Vladimir Putin, classificou como “pretexto exagerado” a justificativa do governo americano para o ataque. “A atitude de Washington representa um golpe significativo para as relações Rússia-EUA, que já se encontravam em estado deplorável”, dizia o comunicado, segundo o qual o ataque cria “graves obstáculos” para a criação de uma coalizão internacional contra o terrorismo.

O ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, também qualificou o ataque como um ato de agressão, dizendo que seu país exigirá explicações sobre a natureza da operação americana. Ele disse esperar que essa “provocação” por parte de Washington “não cause danos irreparáveis” às relações entre os dois países.

Irã e Arábia Saudita de lados opostos

A Arábia Saudita, que apoia a oposição síria, elogiou o que chamou de “decisão corajosa” de Trump. Já o Irã, um dos aliados de Assad, afirmou que “ações unilaterais” como essa podem ser perigosas.

Um porta-voz do ministério iraniano do Exterior disse que as investidas americanas poderão “fortalecer os terroristas”, deixando ainda mais complicada a situação. O Irã, de maioria xiita, e a Arábia Saudita, majoritariamente sunita, travam uma disputa de poder por maior influência na Síria e em outras partes da região.

O grupo Coalizão Síria, de oposição a Assad, elogiou o ataque americano, afirmando que pôs fim a uma era de impunidade. Os insurgentes dizem esperar que este seja apenas o início de um maior envolvimento americano no conflito.

Foto: ARQUIVO © Carlos M. Vazquez / Reuters

Fonte: DW

 

8 Comentários

  1. Mais uma ação Terrorista dos EUA ,com certeza ASSAD não lançou armas químicas alguma ,porém seria interessante ao Débil Mental dos EUA ,tentar ter um aumento de apoio em pesquisas e mostrar que a Rússia nada tem a ver com sua vitória !
    Como sempre digo os EUA são a Desgraça do mundo —– !!

  2. A rapidez da causa-efeito assusta e me deixa curioso. Trump não quis ir a Conselho de Segurança, o que pode ser compreensível, pois teria que enfrentar a cautela chinesa e a oposição russa. Mas não ir ao Congresso americano me espanta. Não corre o risco de um impeachment? Bom, pode ser que a ação seja bem saudada por lá, já que muitos democratas são a favor da derrubada do governo sírio.
    .
    O problema é que a ação unilateral americana acaba tirando as travas de outras nações (China e Rússia para começar). Afinal basta justificar internamente uma ação externa contra outro país. Isto já vem acontecendo desde do Iraque e a Criméia e o Mar do Sul da China parecem ser resultado disso. Tende a piorar.

  3. Qual a verdadeira motivação do ataque norte-americano à Síria?

    Observando bem pode ser uma tacada de Trump para consumo interno. É sabido que a despeito de ter sido recentemente eleito suas taxas de aprovação são muito baixas (até a Primeira – Dama Melania está melhor na fita do que ele) e ele tem sofrido sucessivas e pesadas derrotas no fronte político interno. Viu seu projeto xenófobo de barrar imigrantes ser condenado pela sociedade e barrado pelo judiciário, sua tentativa de enterrar o Obamacare naufragar no Congresso e também teve de se livrar de assessores de confiança, alguns deles sob a suspeita de terem aceito colaboração russa durante a campanha eleitoral. Mais recentemente foi obrigada a demitir seu principal assessor, Stephen Bannon, um xenófobo antissemita que se autodenominava “Darth Vader”.

    E não custa lembrar do precedente aberto por Clinton em 1998 quando atacou o Sudão “coincidentemente” quando foi indiciado por suas indiscrições sexuais.

    • Vamos partir aqui de uma premissa básica e despida de qualquer tietagem…

      Rússia e EUA defendem seus interesses (e qualquer país que se preze tem que fazer o mesmo)

      ok?

      Dito isto, vamos há uma verdade fática: a Rússia tem muito interesse na Região… isso nunca foi segredo pra ninguém…

      Agora… os EUA já há algum tempo deram de ombros e ja estavam meio que conformados com a ideia de que a Síria não seria um segundo Iraque

      E cai pra nós: os EUA tem outros interesses maiores no OM do q a Síria

      Sendo assim, pra mim é bem obvio que este ataque é uma encenação… e o Putin participou disto e está participando até agora…

      Não faz sentido lançar misseis em uma base “evacuada” .. pra castigar quem ? Pra destruir uma estrutura que pode ser refeita em 1 semana ?

      não faz sentido

      e não: Russia e EUA não vão brigar por causa disso… eles tem mais oq fazer da vida…

  4. No mais a grande lição desse episódio é que esse papinho de “mundo multipolar” conforme pregava de forma quase religiosa Celso “megalonanico” Amorim e MAG Piorréia e que servia de norte e palavra sagrada para a “diplomacia dos atabaques”, não passa de falácia, conversa para boi dormir. O mundo real continua Unipolar e talvez se torne de novo bipolar, conforme Rússia e China se posicionem. E manda quem pode, quem bate o porrete na mesa com força.

    • Quem inventou o mundo mutipolar não foi o Amorim….isso foi coisa de um diplomata russo muito famoso que morreu um tempo desses (e cujo nome eu esqueci)

      E pelo amor de qualquer coisa sagrada: vamos esquecer pelo menos 1 dia o discurso anti-PT e passar a debater com seriedade pq sinceramente não tem quem aguente mais…. Nem o Reinaldo Azevedo aguenta mais isso (rs.. eu sabia que um dia ele ia cansar… pq o mesmo discurso por mais de 10 anos uma hora cansa..)

      e não existe diplomacia dos atabaques… qualquer país do mundo que se dê ao respeito tem que defender seus interesses e ponto final

      independente da ideologia do governo

      acabou-se
      ponto final

  5. Ao que me parece, se for verdade… O tiro dos Russos saiu pela culatra. Se eles ( os Russo) Interviram de alguma forma na eleição estadunidense. Vazando todo o tipo de informações danosas a Hillary e por consequência favorecendo a Donald Trump, imaginando que esta escolha fosse a mais alinhada aos seus interesses. Se eles realmente fizeram isso, então… Só estão colhendo o que plantaram. Pobre mundo.

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