Rússia: Defesa define prioridades para Exército em 2017

O presidente russo Vladímir Pútin qualificou como bem-sucedidas a operação militar da Rússia na Síria e o nível de preparação das forças armadas nacionais, em reunião da pasta de Defesa para avaliar os resultados obtidos em 2016.

Pútin também ressaltou as tarefas pendentes, como o rearmamento do Exército e da Marinha e o acompanhamento de “qualquer mudança no equilíbrio de forças e da situação política e militar no mundo, especialmente ao longo das fronteiras russas”.

Missão na Síria

As Forças Aeroespaciais russas cumpriram sua principal missão e impediram o desmembramento da Síria em vários estados, segundo declarou o ministro da Defesa, Serguêi Choigu, durante discurso na reunião de quinta-feira (22).

“Nós quebramos a cadeia de ‘revoluções coloridas’ geradas no Oriente Médio e na África. Iniciamos um processo de regulação política e reconciliação entre as partes em conflito. De agora em diante, para garantir a segurança na região, um grupo aéreo de forças aeroespaciais russas vai operar constantemente a partir da base em Hmeimim, assim como um ponto de fornecimento de material que será modernizado para se tornar uma base naval da Marinha russa”, disse o ministro.

Segundo Choigu, as cidades de Hama e Homs foram libertas, e os guerrilheiros em Latákia, próximos a Damasco e em Aleppo, eliminados.

Relações com OTAN

Choigu declarou também que algumas das ações das forças armadas da Rússia são consequência da atitude hostil da OTAN.

“Em vez de unir forças na luta contra um inimigo comum, que é o terrorismo, a OTAN reconhece a Rússia como sua principal ameaça e continua expandindo seu potencial militar ao longo de nossas fronteiras”, disse o ministro.

O orçamento militar da aliança aumentou US$ 26 bilhões este ano, chegando a US$ 918 bilhões (no mesmo período, o russo sofreu um corte de US$ 52 bilhões, para US$ 48 bilhões). A OTAN se prepara para implantar no próximo ano quatro batalhões do bloco nos países bálticos e na Polônia (com 800 a 1.200 soldados cada).

Outro fator que preocupa os militares russos é a presença de um sistema de defesa antimíssil nos território da Polônia e da Romênia, com lançadores universais MK-41.

“As possibilidades desse sistema norte-americano permitem adaptá-lo facilmente para lançar mísseis de cruzeiro Tomahawk, que têm alcance de 2.400 km”, disse Choigu.

Como este míssil poderia entrar em território russo em menos de dez minutos, a pasta da Defesa decidiu implantar em suas fronteiras ocidentais três divisões de infantaria adicional (que, em tempos de paz, reúnem até 13.000 pessoas).

“As divisões de tanques terão novos modelos da classe T-72B3 e T-90. As divisões motorizadas receberão veículos de combate de infantaria BMP-3, BMP-4 e canhões autopropulsados Koalitsia. Os tanques mais antiquados serão substituídos por veículos da classe Armata. As divisões também contarão com helicópteros”, diz o coronel aposentado e especialista militar da TASS, Víktor Litovkin.

Planos para 2017

De acordo com Choigu, os agrupamentos de tropas no oeste e sudoeste do país, bem como na região do Ártico, serão reforçados em 2017.

Cinco bombardeiros estratégicos foram encomendados para exercer tais funções no Exército: um Tu-160 e quatro Tu-95MS; mais de 900 tanques e veículos blindados de diferentes modelos; e quatro regimentos do sistema e de defesa antiaérea e antimísseis S-400 Triumf, que substituirão os sistemas hoje existentes.

O comando do Ministério da Defesa russo também planeja receber duas unidades de sistemas táticos Iskander-M para as tropas terrestres e reequipar três divisões com sistemas antiaéreos Tor-M2.

Os percalços da modernização

Cerca de 60% do armamento e da tecnologia militar da Rússia foram atualizados em 2016, embora o resto dos trabalhos de modernização enfrente dificuldades.

“O programa de modernização das Forças Armadas russas, no valor de 22 bilhões de rublos [cerca de 365 milhões de dólares] poderá garantir segurança plena do país quando concluído em 2022. No entanto, existem alguns problemas a serem resolvidos”, disse à Gazeta Russa o ex-diretor do Estado Maior das Tropas de Mísseis Estratégicos, o coronel-general aposentado Víktor Esin.

A questão, segundo ex-militar, é que a Rússia não será capaz de substituir nos próximos anos as importações em algumas áreas importantes.

“A modernização das empresas é uma dessas áreas. O desenvolvimento de motores praticamente do zero para alguns sistemas é outra. As empresas conseguirão produzir motores para navios e aviões, que até agora a Rússia recebia de outros países, em 2018. No entanto, existem muitos sistemas eletrônicos para esses veículos que não poderão começar a ser fabricados no país em curto prazo”, acrescentou o especialista.

NIKOLAI LITÔVKIN

Foto: Aleksêi Nikolski/RIA Nôvosti – Ministro da Defesa da Rússia Serguei Choigu

Edição: konner@planobrazil.com

Fonte: Gazeta Russa