Trump diz em tuíte que EUA devem “aumentar a capacidade nuclear”

Em 140 caracteres no Twitter, sua rede social favorita, Donald Trump anunciou na quinta-feira uma possível guinada em décadas de política nuclear nos Estados Unidos.

O presidente eleito escreveu numa mensagem breve e ambígua que a primeira potência mundial deve “reforçar e expandir enormemente sua capacidade nuclear até que o mundo tome consciência das armas nucleares”.

Não está claro o que Trump quer dizer exatamente com “capacidade nuclear”. A aparente improvisação da mensagem e a falta de detalhes num assunto que é muito técnico, mas tem profundas implicações para a paz mundial, não ajuda a esclarecer. O magnata nova-iorquino gosta de ser imprevisível: considera isso uma virtude nos negócios e na política. Semear a confusão foi, voluntária ou involuntariamente, um de seus métodos na ascensão à Casa Branca.

Durante a Guerra Fria se falava na “teoria do louco”. Tratava-se de dar a impressão de que o presidente dos EUA era alguém instável, capaz de lançar a bomba atômica, para forçar concessões do inimigo. Essa teoria foi recuperada agora para explicar o comportamento de Trump.

A insinuação de um possível aumento do arsenal nuclear romperia com a posição atual da primeira potência mundial sobre a não proliferação. Daria marcha a ré no lento caminho para o desarmamento. E enviaria um sinal ao mundo que colocaria em dúvida os acordos internacionais e poderia encorajar os países sem armas nucleares a obtê-las.

A partir de 20 de janeiro, quando tomar posse, Trump será responsável pelos códigos que lhe permitirão disparar um arsenal atômico com uma capacidade destrutiva nunca usada. Sua rival nas eleições de 8 de novembro, Hillary Clinton, advertiu durante a campanha sobre o perigo de colocar um homem com o temperamento Trump ao alcance do “botão nuclear”.

As declarações de Trump na campanha anteciparam uma mudança em relação à política mantida pelas administrações anteriores, democratas e republicanas. O então candidato republicano disse, por exemplo, que os EUA poderiam permitir que parceiros asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, se dotassem da arma nuclear. Ele se recusou a descartar a possibilidade de lançar uma bomba atômica na Europa. Perguntou-se, em público e privadamente, por que, se os EUA têm armas nucleares, não devem ser os primeiros a usá-las contra o Estado Islâmicoou contra outro inimigo.

Em 1986, às vésperas do fim da Guerra Fria, estimava-se que havia 70.300 armas nucleares no mundo, de acordo com dados da Federação de Cientistas Americanos. No início de 2016 havia 15.350, de acordo com a mesma fonte. Mais de 90% está nas mãos de EUA e Rússia, país do qual Trump quer se aproximardepois das tensões nos anos Obama.

O Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, em vigor desde 1970, estipula que os países com armas nucleares devem se esforçar para eliminá-las, os países sem armas devem abster-se de adquiri-las e todos devem ter acesso ao uso pacífico da tecnologia. Em 2010 o presidente Barack Obama assinou com a Rússia um tratado para reduzir as ogivas nucleares para 1.550 em 2018.

Obama, que num discurso no início de seu mandato proclamou o objetivo de eliminar no futuro as armas nucleares na Terra, reduziu o número de ogivas –o explosivo colocado no projétil– mas ao mesmo tempo anunciou investimentos de bilhões de dólares para modernizar o arsenal remanescente.

Quando Trump fala em “reforçar e expandir” a capacidade nuclear, poderia estar se referindo a esses investimentos, mais do que aumentar o arsenal. É uma incógnita. E essa incerteza –numa área em que os anúncios são medidos milimetricamente e as políticas são modificadas depois de longos processos de decisão–é por si só uma mensagem ao mundo sobre como agirá o presidente Donald J. Trump.

MARC BASSETS

Foto: Míssil inerte Minuteman III em um tubo de lançamento de treinamento em Minot Air Force Base, Dakota do Norte / EUA. – Meramente ilustrativa

Edição: konner@planobrazil.com

Fonte: El País

“Que haja uma corrida armamentista”, diz Trump em entrevista

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, após pedidos de esclarecimento sobre publicação de quinta-feira no Twitter sobre armas nucleares, disse: “que haja uma corrida armamentista”, relatou a rede MSNBC nesta sexta-feira.

“Iremos ser superiores em cada passagem e superá-los todos”, disse Trump em entrevista à MSNBC, segundo a emissora, um dia após o presidente eleito pedir expansão das capacidades nucleares norte-americanas em publicação no Twitter, o que alarmou especialistas em não-proliferação. 

Eric Walsh

Edição: konner@planobrazil.com

Fonte: Reuters

Putin diz não questionar que Forças Armadas dos EUA são as mais poderosas do mundo

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira que não questiona que as Forças Armadas dos Estados Unidos são as mais poderosas do mundo e que a declaração do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sobre a necessidade de fortalecer o poderio nuclear de seu país é perfeitamente normal.

Na quinta-feira, Trump pediu uma expansão da capacidade nuclear dos EUA em um tuíte que alarmou especialistas em não-proliferação, segundo os quais um reforço no arsenal norte-americano poderia alimentar tensões globais.

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira em Moscou, Putin disse ter ficado surpreso com a celeuma causada pela postagem de Trump e como ela foi ligada às suas próprias declarações sobre os planos da Rússia para modernizar seu próprio arsenal nuclear.

Ainda na quinta-feira, o líder russo disse que os militares de sua nação são “mais fortes do que qualquer agressor em potencial”.

Nesta sexta-feira, Putin deixou claro que não vê Washington como tal.

“Fiquei um pouco surpreso com os comentários de alguns representantes do atual governo dos EUA, que por alguma razão começaram a provar que os militares dos Estados Unidos são os mais poderosos do mundo”, afirmou Putin.

“Ninguém está discutindo isso”.

Ele disse que a colocação de Trump sobre a reforma das forças nucleares norte-americanas não foi “nada de especial”.

“Ele (Trump) falou sobre a necessidade de fortalecer o arsenal nuclear e as Forças Armadas dos EUA durante a campanha eleitoral”, disse o russo.

Katya Golubkova / Vladimir Soldatkin / Denis Pinchuk

Foto: Reuters

Edição: konner@planobrazil.com

Fonte: Reuters

8 Comentários

  1. Bom saber disso. Assim, talvez o Brasil crie vergonha na cara e perca o medo dos EUA, e retome o desenvolvimento das Armas Nucleares. Enquanto os EUA está a fingir que se desarma lentamente, ou que se congela, o Brasil fica cada vez mais longe de proteger seus Cidadãos, nossas FFAA estão num patamar lamentável para defender uma imensa área territorial. Falando no “Português bastante claro”, os EUA não são amigos de ninguém, visam apenas seus interesses e dane-se o resto. Querem impor tudo, sobre todos querem governar, e se o Brasil não acordar quanto a isso, naturalmente seremos “escravos” deles. Não confio de forma alguma nos EUA, pois eles são “Lobos em veste de Ovelha”, traiçoeiros, mentirosos, oportunistas, egoístas, falsos, controladores, etc…
    Se nós não nos prepararmos agora, seremos sua próxima vítima a qualquer momento! É mais do que na hora de o Brasil tomar a decisão de produzir suas armas, não para sair matando quem falar qualquer coisa, mas sim pra garantir a nossa liberdade que logo em breve será controlada se ficarmos na mesma.

  2. Enquanto isto no Brasil,

    o Almirante Othon é condenado a 43 anos de prisão,
    por ter enganado os yankees e ter sido figura chave no desenvolvimento da tecnologia nacional de produção de combustível nuclear…

    Triste país que persegue seus heróis e glorifica traidores como Moro.

    • Típico… quem não é com vcs no projeto do Forum é traidor… agora, quem depena o país em nome desse mesmo projeto é que é herói… relativismo moral esquerdista é uma fábula… 🙂

      • Roubar é liberado aos cumpanheiros… tá certo… tudo em nome do projeto de poder socialista bolivariano que não se aguenta em pé nem na riquíssima Venezuela, hoje aos farrapos… 🙂

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