O Parlamento sul-coreano aprovou nesta sexta-feira o impeachment da presidente Park Geun-hye por envolvimento em um escândalo de tráfico de influência, preparando terreno para que ela se torne a primeira líder eleita do país a ser afastada do cargo.
Os parlamentares decidiram pelo impedimento por 234 votos a favor e 56 contra, o que significa que dezenas de membros do próprio partido de Park, o conservador Partido Saenuri, apoiaram o impeachment. Ao menos 200 membros da Câmara de 300 cadeiras precisavam votar a favor para que o pedido fosse aprovado.
A Corte Constitucional da Coreia do Sul agora deve decidir se mantém o impeachment, em um processo que pode levar até 180 dias. O cargo de Park será assumido pelo primeiro-ministro Hwang Kyo-ahn de forma interina até que a corte decida o caso.
Park é acusada de conspirar com uma amiga e um ex-assessor, ambos indiciados por procuradores, para pressionar grandes empresas a doarem para duas fundações criadas para apoiar suas iniciativas políticas.
Após a votação, Park disse esperar que a confusão em torno da crise política na Coreia do Sul seja resolvida logo depois da aprovação do impeachment pelo Parlamento, e acrescentou que vai se preparar para uma revisão judicial do pedido de impedimento.
A presidente afastada pediu desculpas à população em uma reunião com seus ministros, e pediu a eles que trabalhem com o primeiro-ministro para evitar qualquer buraco em questões de segurança nacional e problemas na economia.
“Eu aceito solenemente a voz do Parlamento e do povo e sinceramente espero que esta confusão seja resolvida”, disse Park durante encontro com seu gabinete, acrescentando que irá se submeter às determinações do tribunal, assim como a uma investigação de um procurador especial.
Park, cujos índices de aprovação estão somente em 5 por cento, tem rejeitado pedidos de renúncia imediata.
Comemorações aconteceram fora do Parlamento quando o resultado foi anunciado. Pessoas levantaram cartazes com as frases “Vitória para o Povo” e “Nova República da Coreia”.
Mais cedo, ativistas anti-Park entraram em confronto com a polícia à medida que tentavam dirigir dois tratores até o portão principal do Parlamento.
Choi Jung-hoon, um professor do ensino médio de 46 anos, se juntou à manifestação do lado de fora do Parlamento com sua esposa e filhas, de 7 anos e 18 meses.
“Queria que meus filhos estivessem aqui, fazendo história, em um momento histórico, e mostrar que o povo pode vencer”, disse.
Ju-min Park / Jack Kim
Foto: REUTERS/Lee Jae-Won/File
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Fonte: Reuters