O Euro sobreviveu a moratórias de dívidas soberanas, recessões, crises bancárias e resgates financeiros. Mas talvez a moeda comum da União Europeia não sobreviva ao populismo.
No próximo ano, a zona do euro será palco de pelo menos cinco eleições ou referendos que poderiam levar ao poder um partido populista e opositor à unificação do continente, grupos conhecidos como eurocéticos. De fato, a moeda comum parece prestes a participar de várias rodadas de roleta russa.
A ameaça populista é qualitativamente diferente da crise financeira que eclodiu primeiro na Grécia, em 2009, e acabou envolvendo metade da União Europeia. Naquela situação, o que preocupava os investidores do setor privado era que um país, ou seus bancos, deixasse de pagar suas dívidas e fosse forçado a abandonar o euro. Os investidores fugiram rapidamente, provocando um disparo nas taxas de juros e levando o continente a uma profunda recessão.
O primeiro teste acontecerá no domingo, quando os italianos votam uma nova constituição e os austríacos elegem um novo presidente. Dependendo dos resultados dessas duas votações, isso poderia preparar o caminho para novas eleições que, num futuro próximo, poderiam levar ao poder o 5 Estrelas, movimento opositor à elite governante, na Itália, ou o Partido da Liberdade, de extrema-direita, na Áustria. No próximo ano, a França, a Alemanha e a Holanda realizarão eleições nacionais.
O maior risco é que Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, partido que é opositor ferrenho ao euro, seja eleita presidente da França. A expectativa é que Le Pen não saia vitoriosa na segunda rodada contra o candidato republicano François Fillon, e mesmo se saísse, seu partido não controlaria o Parlamento. De fato, poucos dos partidos populistas da Europa Ocidental são fortes o suficiente para formar um governo sem fazer alianças.
Com isso em mente, os populistas podem suavizar sua oposição à moeda comum à medida que se aproximam do poder. A Frente Nacional, por exemplo, pode diminuir suas críticas à zona do euro quando lançar sua plataforma para 2017.
No entanto, mesmo que os populistas nunca assumam o controle do poder legislativo, a presença cada vez maior deles no governo ameaça o futuro da moeda comum. Se Le Pen ficar mais próxima da presidência até meados do próximo ano, os investidores globais podem fugir da dívida francesa por medo de que os papéis sejam revertidos ao franco.
Em uma situação como essa, as opções do BCE serão limitadas. Atualmente, o banco central da UE compra cerca de 14 bilhões de euros (US$ 14,9 bilhões) de dívida francesa por mês como parte de um programa mais amplo de aquisição de títulos para estimular o crescimento. Esse montante está um pouco abaixo da soma que a França deve solicitar para financiar seu déficit e refinanciar a dívida que está prestes a vencer. O BCE poderia fazer com que seu programa de compra de títulos acolha mais a França, mas não tem como comprar o suficiente para absorver uma grande fuga de investidores.
O BCE e o Mecanismo Europeu de Estabilidade, o fundo de resgate financeiro da região, só podem apoiar explicitamente a dívida francesa se a França concordar com as mudanças de política ditadas pela Comissão Europeia. “Obviamente, Le Pen nunca fará isso”, diz Mujtaba Rahman, da consultoria de risco político Eurasia Group.
Dessa forma, o risco sempre presente de um governo populista poderia desestabilizar os mercados e limitar recuperações ainda frágeis. Por sua vez, os partidos no poder, ameaçados pelos eurocéticos de direita, relutarão em aceitar os ajustes necessários para corrigir as deficiências estruturais do euro, como um orçamento comum mais amplo para o bloco, um seguro de depósitos ou garantias de dívida. O euro pode ainda sobreviver os eventos do próximo ano, mas a próxima década parece muito menos promissora.
Greg Ip
Foto: Jean-Paul Pelissier / Reuters –
Edição: konner@planobrazil.com
Fonte: WSJ
Mas como inventam expressões para mascarar as mentes e corações Neo nazistas desta gente perante ao mundo hein…agora um regime extremista de direita é um governo “populista”..
Populismo vindo da esquerda latrina “tipo bolivarianista” pode. Mas quem tentar livrar seu país de um paradigma destrutivo que já se provou falido, canceroso e inviável a administração do mesmo, agora passa a ser denominado de “extrema direita”. rsrsrssrrsrsrrssss. Chamar de Nazismo, então, é o suprassumo da canalhice travestida de ignorância histórica e dos fatos. Mas papel e teclado aceitam tudo, não é mesmo? VIVA A MODERNIDADE ENBURRECIDA!