O presidente norte-americano Barack Obama ofereceu uma “mão amiga” aos cubanos neste Sábado após a morte de Fidel Castro, enquanto seu sucessor, o republicano eleito Donald Trump, reagiu no Twitter declarando apenas “Fidel Castro está morto!.”
Trump, que assume a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro, insinuou durante a campanha que o desrespeito à liberdade religiosa em Cuba poderia fazer com que ele revesse o acordo de Obama para abrir relações com o antigo adversário da Guerra Fria após quase meio século de afastamento.
Obama disse que a morte de Fidel Castro mexe com as emoções de cubanos e cubano-americanos devido às “incontáveis maneiras” com que Castro “alterou o curso de vida de indivíduos, famílias e da nação cubana”.
“Neste momento de morte de Fidel Castro, estendemos uma mão amiga à população cubana”, disse Obama, oferecendo condolências à família de Castro, mas acrescentando que sua administração “trabalhou duro para deixar o passado para trás”.
Os republicanos esperam para ver o que Trump, um milionário empresário conhecido por seu jeito não-convencional de tratar a política, irá fazer a respeito de Cuba assim que ele sentar na cadeira da presidência.
Em um evento de campanha em Miami em setembro, Trump prometeu reverter a política de Obama em Cuba a não ser que líderes cubanos permitissem “liberdade política” e libertassem prisioneiros políticos.
“O próximo presidente pode reverter isso, e é o que eu farei a não ser que o regime Castro cumpra nossas demandas”, disse Trump a apoiadores.
Uma série de políticos majoritariamente republicanos e cubano-americanos tem trabalhado ao longo dos anos para manter as restrições no comércio e deslocamento com Cuba. Alguns republicanos chegaram a romper com a ortodoxia do partido ao apoiar as reformas de Obama, atraídos pelos benefícios econômicos que a medida trouxe.
Mas muitos deles mostraram irritação com as mudanças, argumentando que o governo cubano ainda é muito repressivo para que os EUA retirem as restrições.
O senador pela Flórida Marco Rubio, que concorreu contra Trump pela nomeação republicana para a presidência, disse que Fidel transformou Cuba em “uma empobrecida prisão insular”, onde dissidentes eram rotineiramente presos e mortos.
“O ditador morreu, mas a ditadura ainda não”, disse Rubio em comunicado. “O destino de Cuba depende do povo cubano e mais do que nunca agora o Congresso e a nova administração devem ficar ao lado deles contra os brutais governantes daquele país, e apoiar o esforço da população para conquistar liberdade e direitos humanos básicos.”
Ileana Ros-Lehtinen, uma deputada republicana que fugiu de Cuba quando criança, disse à emissora de televisão CNN que a morte de Castro nada muda no país.
“Nós perdemos nosso país-natal para o comunismo”, disse Ros-Lehtinen. “Eles comandam Cuba com punhos de ferro.”
O líder da maioria no Senado norte-americano, Mitch McConnell, disse esperar que Raúl Castro “vire a página” a respeito da opressão. “Liberdade e democracia estão muito atrasados em Cuba”, disse em comunicado.
Enquanto isso, o vice-presidente eleito dos EUA, Mike Pence, afirmou no Twitter que “o tirano Castro está morto. Nova esperança nasce. Apoiamos o oprimido povo cubano que busca uma Cuba livre e democrática. Viva Cuba Libre.”
Por sua vez, Trump afirmou que sua administração “fará tudo o que puder” para ajudar a apoiar a liberdade e a prosperidade do povo cubano assim que ele assumir a presidência norte-americana.
“Apesar das tragédias, mortes e dor causadas por Fidel Castro não poderem serem apagadas, nossa administração fará tudo o que puder para assegurar que o povo cubano possa finalmente começar sua jornada em direção à prosperidade e liberdade”, disse Trump em comunicado.
“Enquanto Cuba continua sendo uma ilha totalitarista, é minha esperança que a data de hoje marque um passo para além dos horrores vividos por tanto tempo e para um futuro em que o povo cubano possa finalmente viver a liberdade que tanto merece”, acrescentou Trump.
Roberta Rampton
Idrees Ali
Foto: AP – Presidente Barack Obama em um gesto ao Presidente Raul Castro de Cuba, durante uma conferência de imprensa na sequência de uma declaração conjunta em Havana, Cuba, em 21 de Março.
Edição: konner@planobrazil.com
Fonte: Reuters
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