Durante a próxima reunião da Organização dos Países Produtores de Petróleo, marcada para semana que vem, a Arábia Saudita vai apoiar a realização dos maiores cortes possíveis na produção, dizem pessoas a par do plano, acrescentando que o país também vai pedir a produtores de fora do grupo que ajudem a eliminar quase 2% da oferta mundial do combustível.
O plano ambicioso está encontrando resistência em membros como o Irã e o Iraque, o segundo e o terceiro maiores produtores da Opep, um cartel de 14 países que controla cerca de 35% da produção global de petróleo.
A iniciativa também se deparou com outro obstáculo ontem, quando o ministro de Energia da Rússia disse que seu país está planejando manter a produção estável, em vez de reduzi-la.
Os ministros dos 14 membros do cartel devem se reunir na próxima quarta-feira para decidir como será o corte na produção. A proposta apoiada pelos sauditas fixa um teto de produção de 32,5 milhões de barris diários, dizem as fontes. O volume está mais de 1,1 milhão de barris por dia abaixo da produção da Opep em outubro e no extremo superior da faixa dos cortes que o grupo se comprometeu a fazer em sua reunião anterior, em setembro.
Naquele encontro, a Opep concordou em reduzir sua produção recorde para entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris por dia, mas, desde então, seus membros elevaram a produção ainda mais, complicando os cálculos para um corte.
Segundo pessoas a par do assunto, a Opep também está pressionando a Rússia e outros produtores que não fazem parte do grupo para que reduzam sua produção total entre 500 mil a 600 mil barris diários — volume equivalente ao produzido pelo Equador. Se concretizados, os cortes dos países de dentro e fora da Opep reduziriam a oferta global em torno de 1,6%.
Um grupo cada vez maior dentro do cartel acredita que apenas um recado firme da Opep e de outros grandes produtores vai tornar o mercado novamente otimista em relação ao petróleo e elevar os preços. Um delegado da Opep disse que os membros do cartel estavam discutindo cortes de até 1,3 milhão de barris por dia, em relação aos níveis de outubro.
A proposta começou a ganhar força nas discussões de Viena, enquanto os dirigentes da Opep estudam novos dados mostrando que o desequilíbrio entre oferta e demanda precisará de mais tempo que o previsto para ser corrigido sem intervenção. O volume dos estoques de petróleo cresceu nos Estados Unidos e no Japão e não está caindo como esperado em alguns membros da Opep — tendência que mantém o excedente de oferta.
Na segunda-feira, em Viena, a Opep deve discutir cortes separados com a Rússia e outros países que não são membros.
A organização quer, especificamente, que a Rússia corte 300 mil dos mais de 11 milhões de barris que o país produz por dia atualmente, dizem pessoas a par do assunto.
Em uma reunião realizada no mês passado em Viena, o Brasil informou aos membros da Opep que a abertura de capital da Petrobras limitou a flexibilidade do país para reduzir a produção, enquanto o México afirmou que sua estratégia de privatização iria ser prejudicada por tal medida, diz um participante.
As discussões estão começando a ganhar velocidade e intensidade, enquanto os ministros de Energia dos países da Opep se preparam para viajar para Viena.
A Opep ainda não chegou a um consenso sobre uma fórmula para realizar os cortes na produção. Nigéria e Líbia, que sofreram interrupções na produção devido à violência e distúrbios civis, devem ser dispensadas do corte. O Irã também afirmou que queria ser isento até recuperar a participação de mercado perdida durante os anos em que foi submetido a sanções do Ocidente relacionadas a seu programa nuclear.
Uma autoridade do setor de petróleo do Irã disse que o governo do país ainda não concordou em aderir ao plano de redução de produção da Opep.
BENOIT FAUCON
Laura Mills
Foto: Alexander Klein / AFP / Getty Images
Edição: konner@planobrazil.com
Fonte: WSJ
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