Os primeiros passos da Turquia rumo ao bloco europeu foram dados há mais de cinquenta anos.
Membro do Conselho da Europa desde 1949 e cofundadora em 1961 da Organização para a Cooperação e desenvolvimento Econômico (OCDE), em 1963, o Acordo de Ancara assinalou o primeiro protocolo de associação daquela “ponte” territorial entre a Europa e a Ásia com a então denominada Comunidade Europeia.
Depois de um pedido formal de adesão ter sido efetuado em 1987, o processo, propriamente dito, só foi colocado sobre a mesa para ser negociado em 2005, mas há três anos a União Europeia suspendeu as negociações.
Proposta pela Alemanha, com apoio da Áustria, a suspensão foi justificada pela forma como o então Primeiro Ministro Recep Tayyp Erdogan geriu os sangrentos protestos iniciados em Istambul, contra a destruição do parque Gezi, e alastrados a todo o país, em manifestações antigoverno.
“A Turquia deve refletir nos procedimentos e no comportamento da polícia e dos militares.
Tem de haver um gesto da parte da Turquia antes de abrirmos as negociações para a abertura de um novo capítulo”, alertava na altura o Ministro austríaco dos Negócios Estrangeiros, Michael Spindelegger.
A relação entre Bruxelas e Ancara viria agravar-se ainda mais já este ano depois da alegada tentativa falhada de um golpe militar em Julho e da consequente purga iniciada pelas autoridades fiéis ao, agora, Presidente da Turquia, mas ainda líder oficioso do Governo, embora não reconhecido pela Constituição.
A União Europeia advertiu Erdogan pelos supostos atentados contra os direitos humanos devido à repressão generalizada contra os opositores do regime.
A crise de refugiados e o alegado sentimento anti-islâmico na Europa também não ajudam a serenar os ânimos.
Professor universitário de relações internacionais, Nail Alkan antecipa mesmo que “a Turquia dificilmente poderá ser aceite na União Europeia devido à islamofobia”. “A Europa estará também a tentar evitar tornar-se agora vizinha do Irã, do Iraque e da Síria, países que fazem fronteira com a Turquia”, alega também este professor.
Em Março deste ano, num pacto celebrado entre Bruxelas e Ancara, a Turquia comprometeu-se a receber os migrantes clandestinos que dali conseguissem viajar para a Europa. Em troca, exigiu o fim da obrigação de visto para a entrada de cidadãos turcos na União Europeia.
Em Junho, na véspera do referendo britânico pelo “Brexit”, Erdogan admitiu a possibilidade de um referendo também na Turquia sobre o processo de adesão à União Europeia. “Vamos ser pacientes até ao final deste ano. Depois consultamos o povo. A soberania incondicional pertence ao povo, por isso temos de ouvir as pessoas”, reafirmou o Presidente Erdogan, há poucos dias.
Apesar do atrito crescente, a chefe da diplomacia europeia quer manter via do diálogo aberta com Ancara. “Se o processo de adesão da Turquia for interrompido”, Federica Mogherini acredita que” ambos os lados vão acabar como derrotados”. “A Europa perde um importante canal de diálogo e vantagem com a Turquia. A Turquia iria perder muito mais”, avisou a italiana esta semana.
A Turquia insiste que não quer aderir a qualquer custo à União Europeia e admite virar-se para a Organização de Cooperação de Xangai, uma estrutura política e econômica euroasiática liderada pela China e a Rússia. Erdogan até já deu mostras de aproximação a Vladimir Putin, um atual rival da União Europeia devido à interferência de Moscou no conflito da Ucrânia.
Edição: konner@planobrazil.com
Fonte: euronews
Eu ja escrevi sobre a saida da Turquia da OTAN e juntar o BRICS quase 2 anos atras, citando como fonte de informacao Jim Willie. Os eventos parecem estar confirmando. aquela previsao.
O futuro é feito de escolhas; boas ou más.
Se Putin conseguir isso irá superar a União Soviética.
As americanetes piram.