Quatro policiais morreram em queda de helicóptero na Cidade de Deus. Polícia faz operação na comunidade desde a madrugada.
Em entrevista na madrugada deste domingo, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, afirmou que o helicóptero da PM que caiu na noite do sábado nos arredores da Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, estava com a manutenção em dia. Além de lamentar a morte dos quatro policiais que estavam no helicóptero e prestar condolências às famílias, ele também explicou que a aeronave prestava auxílio a agentes que estavam em operação no solo quando caiu.
“Todos os policiais lamentam muito como se tivessem perdido um irmão”, disse o secretário. Na entrevista, Sá disse também que precisa esperar o resultado da perícia para saber o motivo da queda do helicóptero.
“Nas polícias do Rio de Janeiro, e acredito que do Brasil inteiro, a aeronave não levanta voo se não estiver com a manutenção em dia. Então a informação que o comandante geral me passou é de que as aeronaves, se estavam voando, é porque estavam com a manutenção em dia. Então isso é uma coisa muito séria, que o próprio seguro, as proprias polícias e os próprios órgãos que cuidam da manutenção da aeronave fazem com muito rigor”, afirmou.
O secretário explicou ainda que o helicóptero que caiu não era blindado. Ele prestava auxílio aos policias que estavam solo, mapeando o território por onde os agentes poderiam avançar. Roberto Sá disse ainda que, na região, milicianos e traficantes brigam pelo domínio do território.
“Eu não posso falar de investigação, porque não podemos dar detalhes de investigação, mas dados de inteligência dão conta de que há uma instabilidade entre a milícia na Gardênia e o tráfico na Cidade de Deus. E nós estamos investigando isso.”

Policiais fazem operação na Cidade de Deus no dia seguinte à queda do helicóptero (Foto: Reprodução/TV Globo)
Desde o primeiro minuto desse domingo, policiais militares e civis fazem uma operação na comunidade da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. De acordo com o secretário de Segurança do estado, Roberto Sá, a ação dos policiais “não tem prazo para terminar”. O anúncio foi feito depois de cinco horas de reunião entre o secretário, subsecretários, o comandante geral da Polícia Militar, Wolney Dias, e o chefe da Polícia Civil, Carlos Augusto Lêba, no Centro de Comando e Controle, na Cidade Nova. O encontro foi marcado às pressas depois da queda de um helicóptero com quatro policiais militares durante operação da Polícia na Cidade de Deus.
“A Polícia Civil vai através da delegacia local em estreito contato com a Policia Militar colaborar com a investigação e a Polícia Militar vai permanecer na área por tempo indeterminado”, disse o secretário.
Até o início da manhã, o Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) já tinha apreendido em uma mata da comunidade três fuzis, duas pistolas, três radiotransmissores, carregadores, munição e drogas (653 trouxinhas de maconha, 830 sacolés de cocaína e 53 pedras de crack). Um homem, identificado como Christian Keivan Alves Aniceto, 23 anos, foi preso em flagrante com um radiotransmissor. Ele foi indiciado por associação com o tráfico. O material e o preso estão na 32ª DP (Taquara).
Os quatro policias mortos foram o Capitão Willian de Freitas Schorcht, 37 anos,que pilotava a aeronave e estava na PM há 13 anos; o Major Rogério Melo Costa, 36 anos, na PM há 17; o
Subtenente Camilo Barbosa Carvalho, 39 anos, na PM desde 2001; e o Terceiro Sargento Rogério Felix Rainha, 39 anos, também desde 2001 na corporação. Os corpos deles chegaram ao Instituto Médico Legal, no Centro do Rio, por volta de meia-noite e meia deste domingo.
Secretário lamentou policiais mortos
Roberto Sá lamentou a morte dos policiais. Ele anunciou também a morte de um outro militar morreu no sábado à noite enquanto fazia um patrulhamento no bairro do Jacaré. O terceiro sargento Cristiano Bitencourt Coutinho, de 40 anos, levou um tiro na cabeça quando bandidos atacaram a viatura onde ele estava na Rua Matinoré. O policial era lotado no 3º BPM (Méier) e chegou a ser socorrido ao Hospital Salgado Filho, no Méier, mas morreu. Ele estava na corporação desde 2002.
“Eu queria lamentar profundamente a morte de cinco policiais na noite de sábado (4 na queda do helicóptero e 1 na região do méier). Eu queria me solidarizar com a família e também com a instituição Polícia Militar. Todos os policiais lamentam muito como se tivessem perdido um irmão”, disse o secretário.
O comandante da Polícia Militar, Wolney Dias, também lamentou: “O policial militar é o maior patrimônio da PMERJ. É uma perda insubstituível”, disse.
O secretário negou que haja qualquer tipo de ação orquestrada dos bandidos e que a queda do helicóptero tenha relação com a morte do policial no Jacaré.
“Não dá pra dizer que aconteceram ataques orquestradas. O que nós tivemos no Rio de Janeiro são episódios lamentavelmente rotineiros. Em taxas de homicídio doloso, nós estamos reduzindo muito. Em tese, a cidade tá menos violenta, mas eu concordo que como profissional de segurança pública, operador de segurança, estamos longe do ideal. E isso é trabalho dos nossos heróis anônimos, os policiais. Por isso, eu volto a pedir à sociedade: respeitem os nossos policiais. Vamos ficar indignados com o que aconteceu. Só a sociedade indignada vai poder mudar alguma coisa, porque a polícia sangra todos os dias, trabalha todos os dias, prende todos os dias, apreende armas todos os dias, então ela tá fazendo o possível com os recursos que ela tem”, finalizou.
Fonte: G1
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