O conflito civil na Síria já se prolonga por mais de cinco anos e, segundo a estatística oficial da ONU, já levou as vidas de mais de 400 mil pessoas. De fato, o país passa por uma catástrofe humanitária.
As ações militares forçaram quase metade da população de 23 milhões de habitantes a deixar suas casas.
A situação na Síria era assim um ano atrás, quando a Rússia decidiu prestar ajuda no contexto da ameaça global do terrorismo. O presidente sírio Bashar Assad pediu ao seu homólogo russo Vladimir Putin para prestar ajuda militar ao seu país na luta contra terrorismo. Na altura foi tomada a decisão de que esta ajuda só seria expressa por apoio aéreo russo para reforçar as ações das tropas do exército sírio. A participação das tropas russas no terreno nunca foi considerada como uma possível variante do desenvolvimento da situação.
Não obstante o descontentamento e receios dos Estados Unidos, os ataques da Força Aeroespacial russa foram precisos e levaram a perdas sérias nas fileiras do grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia).
Agora, passado um ano, chegou a altura de fazer um balanço e vários especialistas russos e estrangeiros estão fazendo isso. Uma das questões principais é bastante simples: será que a participação russa mudou de forma drástica o desenvolvimento da situação? O editor-chefe do jornal Rússia na Política Global Fyodor Lukyanov partilhou da sua visão da situação com a Sputnik Japão.
“O êxito principal da Rússia é que conseguiu evitar a completa desorganização do Estado sírio. Se a Rússia não tivesse interferido um ano atrás, é provável que Bashar Assad e o próprio Estado da Síria simplesmente já não existissem. No verão e outono de 2015 [inverno e primavera no hemisfério Sul] tal cenário era muito realístico”, disse.
Ao mesmo tempo, o especialista nota que seria incorreto dizer que foi atingido algum tipo de regulação política, “já que nenhuma das partes pode vencer por via militar”. Mesmo com a ajuda russa, as forças governamentais sírias não têm potencial suficiente para resolver todas as tarefas militares necessárias, acha o especialista.
É importante destacar também que a situação na Síria continua ficando mais complicada com o decorrer do tempo, especialmente com a repetida confrontação mútua entre os EUA e a Rússia relativamente à coordenação das ações no formato comum numa luta conjunta contra o Daesh.
“O nível de desconfiança entre os EUA e a Rússia é de quase 100%. Nesta situação, a guerra informacional faz parte dessa confrontação dentro do conflito sírio. Pois a Rússia na Síria desempenha atualmente um papel vital, ela é quase a protagonista do ponto de vista de sua influência nesse conflito. E isso causa muito descontentamento e irritação aos americanos”, notou Lukyanov.
Enquanto a situação está perturbada e incerta, todo o mundo, inclusive o especialista, admite que Rússia atingiu seu objetivo principal de não permitir uma desintegração completa da Síria.
Foto: © Foto: Russian Defence Ministry
Fonte: Sputnik News
EUA: “Não conseguiremos impedir outras forças de armar a oposição síria”
O vice do Secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, declarou que, no caso da falha do acordo da Rússia e dos EUA sobre a Síria, Washington terá dificuldade de impedir “outras forças” de armar a oposição síria.
“Existem muitos players externos e nós, durante estes anos, contivemos alguns deles. No entanto, acredito que será difícil de conter os aliados externos de diferentes grupos na Síria”, disse o diplomata norte-americano à agência Sputnik.
Mais cedo nesta quarta-feira, o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, causou grande mal-estar internacional ao afirmar que a Rússia sofreria graves consequências com a falta de paz na Síria, incluindo ataques terroristas contra interesses, aviões, cidades e soldados russos.
Fonte: Sputnik News
Moscou adverte Washington contra fornecimento de MANPADS à oposição síria
Quaisquer tentativas de Washington de fornecer sistemas de defesa aérea portáteis (MANPADS) à oposição síria seria absolutamente contraproducente, afirmou nesta sexta-feira (30) o vice-chanceler russo Mikhail Bogdanov.
“Eu acho que vai ser uma abordagem completamente contraproducente”, disse Bogdanov em entrevista à RT, comentando relatos de que os EUA poderiam estar considerando equipar a oposição síria com armamentos modernos, incluindo sistemas de defesa aérea.
“No final, essas pessoas [os rebeldes sírios], que foram treinadas e armadas pelos americanos, podem fazer o mesmo que eles fizeram em 11 de Setembro em Nova York”, advertiu Bogdanov
Fonte: Sputnik News
- Talvez o exemplo mais notório no emprego de mísseis MANPADS, tenha ocorrido na guerra do Afeganistão nos anos 80, quando os EUA decidiram disponibilizar os mísseis Stinger aos Mujahideens, que combatiam contra os soviéticos. Algumas fontes dão conta de que a CIA colocou nas mãos dos combatentes Mujahideens, cerca de dois mil mísseis Stinger.
Edição:Konner/Plano Brasil
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