Hillary coloca Trump na defensiva em debate acalorado

A democrata Hillary Clinton acusou o republicano Donald Trump de ser racista, sexista e de sonegar impostos, colocando o adversário na defensiva durante um debate na noite de segunda-feira que pesquisas disseram ter fortalecido as chances da ex-senadora na disputa pela Casa Branca.

Trump, magnata do setor imobiliário que concorre a seu primeiro cargo público, disse que os longos anos de serviço de Hillary representaram uma “má experiência” de poucos resultados e que lhe falta vigor para atuar como comandante-em-chefe dos Estados Unidos.

Hillary estava sob pressão para mostrar um bom desempenho na esteira de uma pneumonia e uma queda nas pesquisas de opinião, mas seus muitos dias de preparação pareceram compensar em seu muito aguardado primeiro confronto de 90 minutos com Trump.

Trump, ex-apresentador de reality show que não dedicou muito tempo à prática de debates, se mostrou forte no início, mas pareceu se tornar repetitivo e mais indisciplinado à medida que a noite prosseguia diante de uma audiência televisiva que pode ter ultrapassado um recorde de 100 milhões de espectadores.

Uma pesquisa CNN/ORC feita logo após o evento mostrou que 62 por cento dos entrevistados sentiram que Hillary venceu e que 27 por cento acreditaram que Trump foi o vencedor.

Como sinal de que os investidores também enxergaram uma vitória de Hillary, as ações asiáticas se recuperaram de um nervosismo inicial. As chances da ex-primeira-dama na eleição de 8 de novembro também aumentaram nos mercados de aposta da internet.

“ÓTIMO DEBATE”

“Vocês estão bem hoje?”, indagou Hillary a seus apoiadores após o evento. “Eu com certeza estou. Tivemos um ótimo debate”.

Trump, de 70 anos, se declarou vencedor a repórteres presentes ao local do enfrentamento, e depois preferiu não comparecer a uma festa local na qual o debate foi assistido, que sua equipe havia deixado em aberto como uma possibilidade.

Hillary, de 68 anos, foi incansável na tentativa de questionar o temperamento, o tino comercial e o conhecimento de seu oponente.

O bilionário usou a maior parte de seu tempo para argumentar que a ex-secretária de Estado conquistou pouca coisa na vida pública e quer levar adiante políticas iniciadas pelo presidente dos EUA, Barack Obama, que foram incapazes de salvar uma classe média arrasada, mencionando a perda de empregos devido a terceirizações e ao excesso de regulamentações.

Trump deu a entender que a rejeição da rival a um acordo comercial com países asiáticos não é sincera, e sustentou que a maneira como ela tratou de um acordo nuclear com o Irã e da militância do Estado Islâmico foi desastrosa.

Em uma das discussões mais acaloradas, Hillary acusou Trump de promulgar uma “mentira racista” ao insinuar que Obama, o primeiro presidente afro-americano do país, não nasceu nos Estados Unidos.

Obama, que nasceu no Havaí, divulgou uma certidão de nascimento detalhada em 2011 para encerrar o assunto, mas só neste mês Trump disse publicamente que acredita que o mandatário nasceu em solo norte-americano.

“Ele (Trump) iniciou sua atividade política baseado nesta mentira racista de que nosso primeiro presidente negro não é um cidadão norte-americano. Não havia absolutamente nenhum indício disso. Mas ele persistiu. Persistiu ano após ano”, disse a democrata.

Trump repetiu sua acusação falsa de que a pré-campanha presidencial fracassada de Hillary em 2008 contra Obama deu início à polêmica sobre a nacionalidade de Obama.

“Ninguém estava insistindo nisso, ninguém estava dando muita bola para isso… fui eu que o fiz apresentar a certidão de nascimento, e acho que fiz um bom trabalho”, afirmou Trump.

PROVOCAÇÃO

Tentando tirar o rival do sério e provocar uma erupção vulcânica, Hillary insinuou que Trump vem se recusando a divulgar sua declaração de imposto de renda para evitar mostrar a seus conterrâneos que não pagou quase nada em impostos federais ou que não é tão rico quanto diz ser.

“Deve ser algo realmente importante, até terrível, que ele está tentando esconder”, disse ela.

Trump reagiu, dizendo que, como empresário, pagar impostos baixos é importante.

“Isso faz de mim uma pessoa esperta”, disse. “Tenho uma renda enorme”, afirmou ele em certo momento, acrescentando que está na hora de alguém que entende algo sobre dinheiro administrar o país.

Trump fungou alto em alguns momentos –um assistente de campanha disse que o candidato não está resfriado– mas de forma geral se conteve. Ele disse que irá divulgar a documentação sobre seu imposto de renda depois de uma auditoria do governo.

Mas Hillary, a primeira mulher a conquistar a candidatura presidencial de um grande partido dos EUA, pareceu despertar a ira de Trump quando abordou os insultos passados do adversário às mulheres.

Steve Holland e John Whitesides

Reportagem adicional de Amanda Becker, Ginger Gibson, Luciana Lopez, Roberta Rampton, Emily Stephenson, Alana Wise.

Foto: Mike Segar / Reuters – Donald Trump aperta a mão de Hillary Clinton na conclusão de seu primeiro debate presidencial. 

Edição: Plano Brasil

Fonte: Reuters

8 Comentários

  1. Os dois são do mesmo partido, aquele que representa a plutocracia que se apossou dos EUA conforme Dwight David Eisenhower (um comuna) alertou. É uma pena que não possamos ver um governo paralelo entre um e outro, caso fosse possível veríamos que seriam a mesma coisa pois ambos representam antes de tudo seus grandes doadores de campanha. E assim caminha os EUA entre uma Corna e um Talk Show para a sua festa da democracia (muito bem paga).

    Sds.

      • Salve John Galt
        Fui irônico, pois infelizmente hoje qualquer pessoa que defenda certas ideias (como ciclovias ou agricultura familiar orgânica…) é taxado de comunista pois é o mercado que deve decidir por isso ou aquilo.
        Sds

  2. Este cara e um boçal teleguiado, Ben Carson e ate Ted Cruz eram muito mais preparados para derrotarem esta feminazi nojenta, agora este putanheiro dando tiro no pé atras de outro para facilitar o joguete dos financiadores globalistas desta pelenga e sua revolução cultural anti família, pátria e cristianismo.
    Eu particularmente quero que os EUA se danem, o problema e a simbologia que eles ainda transmitem para o mundo.

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