Tayyip Erdogan acusou EUA de fornecer mais armas a combatentes curdos na Síria

O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, acusou os Estados Unidos de fornecer mais armas a combatentes curdos no norte da Síria nesta semana, realizando dois carregamentos aéreos de armamentos ao que Ancara diz ser um grupo terrorista.

Os comentários de Erdogan, feitos na quinta-feira durante um discurso em Nova York, devem aumentar as tensões entre a Turquia e Washington em relação ao apoio dos EUA às forças das Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo) envolvidas em operações contra combatentes do Estado Islâmico.

A Turquia é parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, mas vê os curdos sírios do YPG e seu braço político PYD como uma extensão dos militantes curdos que vêm sustentando uma insurgência de três décadas em seu próprio território.

“Se você acha que pode acabar com o Daesh com o YPG e o PYD, não pode, porque eles também são grupos terroristas”, disse Erdogan nos comentários transmitidos na televisão turca, usando o acrônimo árabe do Estado Islâmico.

“Três dias atrás a América lançou dois carregamentos aéreos de armas em Kobani para esses grupos de terror”, disse, acrescentando que abordou o tema na quarta-feira com o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, que, segundo Erdogan, não tinha conhecimento do fato.

Os EUA, que veem o YPG como um grande parceiro estratégico na luta contra o Estado Islâmico na Síria, entregaram armas ao grupo por via aérea na cidade predominantemente curda de Kobani em 2014. Erdogan afirmou que metade destas armas foi tomada por combatentes do Estado Islâmico.

Kobani foi sitiada pelo grupo extremista durante quatro meses no final de 2014 e fica cerca de 35 quilômetros ao leste da cidade síria fronteiriça de Jarablus, que rebeldes apoiados por Ancara tomaram um mês atrás em uma operação apelidada de “Escudo do Eufrates”.

Essa operação foi concebida para expulsar militantes do Estado Islâmico da fronteira sul da Turquia, mas também gerou conflitos de forças rebeldes turcas e sírias com o YPG.

Daren Butle

Edição/Imagem: Plano Brasil

Fonte: Reuters