Aumentam chances de acordo entre Rússia e Japão sobre ilhas Curilas

 

Em declarações durante o Fórum Econômico Oriental, em Vladivostok, e a cúpula do G20, em Hangzhou (China), o presidente russo Vladímir Pútin deu a entender que a decisão de assinar um tratado de paz com o Japão já teria sido tomada e as respectivas negociações estariam em curso.

Uma das alternativas é, aparentemente, a declaração conjunta assinada por URSS e Japão em 1956, que estipula a transferência de duas Ilhas Curilas do Sul para Tóquio.

“O acordo, no entanto, tinha muitas brechas. Por exemplo, não deixa claro quais as condições necessárias para a transferência, e quem tem soberania sobre essas ilhas”, disse Pútin à margens dos eventos econômicos na semana passada.

Essas questões são os principais obstáculos na disputa territorial mantida por Moscou e Tóquio desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Também durante o Fórum Econômico Oriental, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pediu a Pútin para que os países resolvam essa questão bilateral.

“Vamos colocar um ponto final nessa situação anormal que já existe há 70 anos e, juntos, começar a construir uma nova era nas relações russo-japonesas para os próximos 70 anos”, disse Abe.

Trato sem tratado

Com a rendição do Japão em setembro de 1945, as ilhas que pertenciam ao país desde o Tratado Russo-Japonês de 1855 – Iturup, Kunashir, Shikotan e o grupo Habomai – passaram a fazer parte da URSS. O Japão, porém, recusou-se a reconhecer a jurisdição do lado soviético, e os países jamais assinaram um tratado de paz.

Quando, em 1956, Moscou e Tóquio restabeleceram relações diplomáticas, estipulou-se o preparo de tratado de paz.

O texto da declaração que restabelece as relações sugere que a URSS conceda Habomai e Shikotan ao Japão após a conclusão do processo.

Embora as duas câmaras do Parlamento japonês tenham ratificado o documento, o lado japonês, como destacado recentemente por Pútin, recusou-se a implementá-lo.

Na esteira de um novo escândalo diplomático em 1960, o Japão desistiu dos acordos anteriores e declarou que iria “implacavelmente perseguir” a retomada de todas as ilhas. Desde então, o diálogo acerca da questão foi interrompido.

Não é à toa que a resolução do problema é difícil, segundo o ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros na URSS e na Rússia Gueórgui Kunadze, que esteve envolvido nas negociações com os japoneses durante a década de 1990.

“Nenhum dos lados mostra disposição para mudar de posição”, afirma.

Soluções possíveis

Rússia e Japão marcam este ano o 60º aniversário da declaração de 1956, o que aumentam as especulações de uma grande mudança na questão das ilhas Curilas.

Se essa guinada ocorrer, há diversos cenários possíveis, segundo os especialistas. Entre as opções, as ilhas poderiam ficar sob a jurisdição do Japão durante 50 ou 100 anos, ou o Japão receberia terras sem o domínio sobre as águas circundantes.

Além disso, as também poderiam concordar em restringir a navegação no mar de Okhotsk para navios russos e japoneses. Nesse caso, contudo, a Rússia exigiria que nenhuma infraestrutura militar fosse construída ali.

Obrigar os japoneses a fechar a base militar dos EUA em Okinawa é, no entanto, quase impossível, de acordo com o analista militar do “Asia Times”, Grant Newsham.

“Okinawa é um local perfeito para implantar e realizar uma série de operações militares de combate”, escreveu Newsham em uma coluna.

Publicado originalmente pelo portal Gazeta.ru

Edição/Imagem: Plano Brasil

Fonte: Gazeta Russa

12 Comentários

  1. espero q Russia e Japão chegam a um entendimento, e q seja uma inspiração para outras nações q tem divergências com outros países.

    diplomacia é sempre o melhor caminho.

  2. Concordo aumentando a confiança mutua, é o melhor caminho a Rússia teria muito a ganhar se conseguir a confiança dos japoneses.
    Tanto na aérea economia como na influencia regional, os japoneses não gostam do apoio explicito do Putin aos chineses o Putin poderia ser um mediador entre os dois papel hoje que o Obrama faz.
    Na guerra fria em especial em 1985 teve vários escândalos de empresas japonesas fornecerem equipamentos para a URSS, o Reagan na época chamou os japoneses de traidores.
    Este acordo para resolver todas as diferenças era para ter saído no inicio dos anos 2000, se tivesse saído antes…..

    • Obrama? Acho que você quis dizer “O Brahma”, aquele que está fugindo de um juiz de primeira instância como o diabo foge da cruz….

      • Cargos de juiz são providos por concurso público meu caro! Aqui não é a Venezuela onde o Maduro coloca seus proxenetas no judiciário. E sim, é um concurso muito concorrido……

  3. Outra coisa toda as vezes que os japoneses e russos tentam negociar este acordo o Eua tenta entrar no meio e melar as negociações quem sabe agora vai.

    • Verdade.Não fosse os EUA hoje seriamos um mundo muito mais seguro e unido. Desestabilizaram o Oriente Medio e a Asia.

      • Não fosse os EUA talvez o mundo fosse dominado por uma ideologia autoritária e assassina. A única paz que teríamos seria a dos cemitérios.

  4. A reportagem nada mais é do que uma tentativa de melar as conversas entre Rússia e Japão.
    O Japão demonstrou o interesse em negociar. A Rússia disse que discute tudo menos as ilhas.

    E vem a Imprensa, com O maiúsculo, nos informar que a conversa só inicia após resolver as Ilhas, kkkkkkkk.

  5. Putin disse que não negocia território…além disso as ilhas são estratégicas para Rússia,é a saída russa para o pacifico,inclusive uma base será construída lá.Enquanto o japão for colonia americana,não vejo o porque a Rússia sequer pensar em entregar alguma ilha para eles,pois certamente os Americanos usariam-as contra os Russos,é só ver agora as Ex republicas soviéticas do leste europeu armadas com armas nucleares americanas voltadas contra a Rússia.

    • Ai eu discordo não existe nenhuma base do Eua no Japão próximo da Rússia a mais próxima fica em Misawa onde ocorreu o terremoto em 2011.
      Somente um louco iria construir uma base perto do território russo, seria o primeiro alvo a ser destruído em um ataque.

    • Quem disse isto que esta escrito na matéria acima foi o Putin em uma entrevista no G20.
      A imprensa perguntou se a Rússia iria devolver as 4 ilhas e o Putin disse que duas talvez poderiam ser devolvidas pelo acordo de 1956 porem não seria sem restrições as 4 que os japoneses querem isto esta fora de cogitação 2 talvez.

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