Rússia / Irã / Turquia: O que este eixo pode significar para o Ocidente?

 

Recentemente tornou-se claro que a Rússia, a Turquia e o Irã estão decididos a aliar-se. O site de notícias Atlântico, discutiu com analistas o que é que os três países têm em comum e o que este eixo pode significar para o Ocidente.

Pouco tempo atrás, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, propôs organizar uma reunião trilateral entre o Irã, a Rússia e a Turquia para discutir a resolução da crise síria.

Além disso, há uma clara aproximação entre todos os três países.

Assim, o site francês Atlantico decidiu esclarecer que interesses comuns podem unir países tão diferentes.

“Penso que isso não é necessariamente um acordo que signifique uma aliança de longo prazo. Entretanto, a caraterística mais interessante da parceria nascente é o pragmatismo”, disse o analista em geopolítica Alexandre Del Valle.

Ele lembrou que o Irã xiita e a Turquia sunita estavam divididos sobre o assunto de Síria.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan queria derrubar o regime sírio e lutar contra os curdos, enquanto o Irã queria proteger Bashar Assad contra os militantes apoiados pela Turquia (Daesh, Frente al-Nusra, Ahrar al-Sham, Jaish al-Fatah, Jaysh al-Islam).

Por seu turno, de um lado, a Rússia não apoia plenamente o Irã, mas, por outro lado, ainda está entre os que apoiam o regime sírio, promovendo os seus próprios interesses na região do mar Mediterrâneo.

O Irã quer preservar os seus interesses estratégicos no Oriente Médio, onde a Síria serve de porta para a região.

Entretanto, neste ano Erdogan realizou a estratégia pró-jihadista que se virou contra ele – os cidadãos turcos têm frequentemente sido vítimas do Daesh e dos curdos.

Erdogan entendeu que os islamistas não somente ameaçavam a liderança no seu país, mas também causavam divergências com a Rússia. A Turquia não podia completamente cortar os laços com a Rússia devido a razões econômicas, militares e políticas. Então, o presidente turco fez uma virada na sua política externa.

Ao mesmo tempo, os três países têm uma atitude comum em relação ao Ocidente, que consideram “arrogantes” e “prontos para interferir”.

Não são países amigos, mas entendem que precisam iniciar negociações e melhorar a sua parceria apesar das diferenças de interesses.

O analista notou que não é uma aproximação real, mas a ideia de que encontrar uma solução comum é do interesse dos três países.

O diálogo entre os três pesa mais do que a rivalidade, uma vez que as suas economias dependem umas das outras.

Na opinião de Alain Rodier, ex-oficial da inteligência francesa e diretor do Centro francês de Pesquisa e Inteligência, os três países têm algo mais em comum – a intenção de ultrapassar Washington e Bruxelas que, segundo eles, querem impor as suas regras na política internacional.

Também é uma oportunidade de demonstrar que há uma alternativa à União Europeia.

Erdogan promove os seus próprios interesses – em troca do seu afastamento da Rússia e o Irã (caso isso lhe venha a ser pedido), ele pode apresentar as suas próprias exigências à UE e EUA. O presidente turco percebe que, quanto mais desenvolver a cooperação com Moscou e Teerã, tanto mais garantias e compensações pode receber de Washington e Bruxelas.

Segundo Del Valle, Erdogan pode exigir da UE garantias em relação ao acordo sobre vistos, refugiados, Chipre e etc.

Por seu turno, os EUA precisam da Turquia como membro da OTAN e parceiro nas alianças ocidentais.

“Vivemos em um mundo multipolar, onde todos defendem os seus próprios interesses e <…> e mantêm diálogo com todos os que lhes podem ser úteis”, disse.

O Ocidente devia ter compreendido isso e parado com os seus sermões sobre o respeito dos direitos humanos, algo que prejudica os seus interesses e incita o ódio contra si devido a esse pragmatismo e interesses geopolíticos e de civilização, disse o especialista.

Foto: © Sputnik/ Aleksei Nikolsky

Fonte: Sputnik News

 

9 Comentários

  1. Uma pergunta que não quer calar … “alguém sabe do paradeiro dos navios , helis, aviões tucos desaparecidos ? ” … 😉 …de golpe por cima do golpe ..será que essa parceria turca com os Russos e iranianos se sustenta ao próximo golpe no futuro ? .. sabemos que … geralmente esse tipo de historia … sempre rola punhaladas nas costas .. rsrsrs

    • Russos e iranianos que se cuidem! Tendo em vista o caráter de escorpião de Erdogan, correm o risco de amanhecerem picados…..rs!

  2. Eu acredito francamente que é um eixo de poder mais factível que os BRICS e uma expansão indireta da união EuroAsiatica…algo que está nos planos do Professor Duguin e de Vladimir Putin há muitos anos.
    Segundo a Teoria Realista das relações internacionais em um sistema internacional unipolar( com uma potência hegemônica) os países não alinhados se veem naturalmente inclinados a formar alianças contra o hegemon (EUA) , mas é claro como vcs podem ver que são países com capital nacional consolidado e um projeto de poder no âmbito mundial , ou seja, um projeto de Estado.
    De acordo com as observações que tenho feito nessa última desastrada década para o Brasil(Franca desindustrialização,baixo índice de poupança e retorno a uma economia agrária) precisaremos de reformas radicais principalmente no que tange ao setor produtivo e gestão do Estado para nos lançarmos como potência regional que é nossa tendência natural.

    • Sugiro iniciar pela primeira aula de matemática, a teoria dos conjuntos.

      Saiba quem vc é, para início de conversa.
      Ideologia alienígena obviedade vem do fora….

      • nem da para perder tempo com um doutrinado pelo Olavão, pois daqui a pouco ele começa falar sobre reptilianos e Illuminatis

  3. Será que vão entender?

    “O presidente turco percebe que, quanto mais desenvolver a cooperação com Moscou e Teerã, tanto mais garantias e compensações pode receber de Washington e Bruxelas.”

  4. Concordo com S-88 … ainda é cedo para confiar em Erdogan e falar em “eixo”… a coisa toda ainda não está bem clara e virtualmente a Turquia ainda é aliada dos EUA e membro da OTAN.

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