Movimentos no tabuleiro Geopolítico – Síria

Turquia entra com tanques no norte da Síria

Exército turco adentra o território sírio sob pretexto de combater jihadistas do “Estado Islâmico”. As primeiras manobras militares, porém, confirmam a suspeita de que seu principal alvo sejam os rebeldes curdos.

O Exército turco e os rebeldes sírios que ele apoia atacaram neste sábado (27/08) tropas curdo-sírias no Norte da Síria, numa manobra já esperada. Ocorreram confrontações violentas próximo à localidade de Tel al-Amarna e, segundo fontes da aliança rebelde Forças Democráticas Sírias (SDF), a Força Aérea da Turquia também bombardeou edifícios residenciais, fazendo vítimas civis. As SDF falam de uma escalada perigosa que ameaça toda a região.

Como relatou uma testemunha ocular à agência de notícias Reuters, aviões de combate voaram da Turquia para a Síria, e pouco mais tarde ouviram-se detonações. O Exército turco também mobilizou para a área em questão um grande número de tanques de combate, que atravessaram a fronteira síria na altura de Kobane. Um porta-voz do partido curdo-sírio PYD confirmou as ofensivas. As autoridades turcas não comentaram as informações.

Jogo duplo de Ancara

As SDF são uma aliança sob liderança curda, com o fim principal de combater a milícia terrorista “Estado Islâmico” (EI), com o apoio da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos. Até agora, as milícias curdas foram as únicas capazes de impor derrotas ao EI.

Os tanques de Ancara que atravessaram a fronteira em Kobane foram acompanhados por máquinas de construção, as quais começaram a cavar um fosso em solo sírio. Segundo os rebeldes curdos, a Turquia pretende isolar a região.

Na semana em curso, as Forças armadas turcas avançaram sobre o Norte da Síria, juntamente com seus aliados rebeldes, expulsando o EI da cidade fronteiriça de Jarablus, e assim se antecipando aos rebeldes curdos, cuja função nas SDF é importante.

Com tais estratégias, Ancara procura evitar a formação de um território curdo contínuo no Norte da Síria, por temer que assim o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como terrorista, venha a ganhar mais força em solo turco.

AV/afp,rtr,dpa

Edição/Imagem: Plano Brasil

Fonte: DW

“Escudo do Eufrates”: Operação turca vai alterar correlação de forças na Síria

Alguns analistas afirmam que a operação turca “Escudo de Eufrates” mudará o equilíbrio de forças na região a favor de Washington, enquanto outros alertam que os EUA podem se afastar dos seus aliados curdos na Síria. Eles concordam, porém, que o envolvimento de Ancara vai mudar drasticamente o curso da guerra.

A intervenção da Turquia na Síria pode mudar drasticamente o curso da guerra, afirmam diversos analistas. “O exército turco lançou uma operação na quarta-feira com o nome ‘Escudo de Eufrates’ juntamente com a coalizão liderada pelos Estados Unidos na cidade fronteiriça de Jarablus para “limpar” a área do Daesh” – informou a edição turca Sabah na quarta-feira (24).

No entanto, de acordo com o Guardian, o movimento recente de Ancara, bem como as anteriores manobras diplomáticas mostram que a prioridade da Turquia é “limitar as ambições territoriais dos combatentes curdos”.

Embora as unidades de defesa curdas ganhassem a reputação de corajosos combatentes contra o Daesh, Washington já deu claramente a entender que coloca os interesses da Turquia à frente dos curdos.

A mídia observa que, para se aliar com Ancara, Washington corre o risco de prejudicar sua aliança com as forças curdas, de fato a sua única ferramenta na luta contra o Daesh na região.

Enquanto isso, surge a pergunta: quanto tempo a operação turca “Escudo de Eufrates” continuará?

A questão adquiriu um novo significado depois de um caminhão-bomba na cidade turca de Cizre ter morto pelo menos 11 policiais na sexta-feira (26). O ataque teria sido realizado por rebeldes curdos.

“Desde o início que temos vindo a defender a integridade territorial da Turquia. Estamos também a defender a integridade territorial da Síria.<…> Vamos continuar nossas operações (na Síria) até garantirmos plenamente a segurança da vida e da propriedade dos nossos cidadãos e a segurança da nossa fronteira. Continuaremos até o Daesh e outros elementos terroristas serem expulsos” – disse o primeiro-ministro turco Yildirim à mídia depois do ataque mortal, citado pela Reuters.

Foto: © AFP 2016/ BULENT KILIC

Edição/Imagem: Plano Brasil

Fonte: Sputnik News

9 Comentários

    • Salve Topol,
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      Posso estar enganado, mas…
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      Os EUA estavam usando os Curdos sírios para enfraquecer mais o governo de Assad, tentar na pior das hipóteses, criar um enclave curdo junto à fronteira Norte da Síria, que ficaria sob a influência de EUA/OTAN.
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      Porém, isso irritou a Turquia, era justamente o que ela queria evitar que acontecesse. O surgimento de um território autônomo Curdo em sua fronteira acabaria por fomentar ainda mais os movimentos curdos dentro da Turquia.
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      Depois das suspeitas do envolvimento dos EUA na tentativa de golpe na Turquia, Herdogan ficou a vontade para fazer o que sempre quis: larga o aço nos Curdos lá na Síria. Os EUA, talvez na tentativa de esfriar a crise diplomática, estão até ajudando.
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      Talvez alguém pergunte: Mas, os EUA não estavam ajudando os Curdos? Então…, neste momento, talvez seja mais importante, tirar a má impressão com a Turquia.
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      Também tem outra coisa, este movimento contra os Curdos, poderá levá-los mais para dentro do território sírio, ou seja, isso pode acabar por fortalecer ainda mais o atrito entre Assad e os Curdos, a final, o “Estado Islâmico” já está quase capitulando por completo na Síria. A oposição síria não está lá mais estas coisas, então, vamos cria um fator novo, mais motivado, contra Assad. O negocio, é não deixar “ELE” respirar.
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      A ideia obstinada de Turquia e EUA de remover Assad, nunca foi abandonada.
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      Este movimento da Turquia, aparentemente, por enquanto, com apoio dos EUA contra os Curdos, dentro da Síria, para um observador mais apresado e um pouco desatento, pode parecer confuso, ou não fazer muito sentido.
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      Mas, pensem melhor, as peças estão se movendo de um modo diferente do anterior, mas, o objetivo, é um desfecho final igual ao que se pretendia com os movimentos iniciais deste jogo.
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      Saudações,
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      konner

      • Pensando ainda melhor…
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        Assad deve até está gostando desta ação da Turquia contra os curdos. A final, ele, que não aceita negociar nem uma única parte do território sírio, mais cedo ou mais tarde, teria que encarar os Curdos de forma definitiva, posto que estes, de forma clara, desejam tomar uma parte da Síria.
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        Saudações,
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        konner

      • Faz sentido caro Konner, no entanto foi após a reunião com Putin que o presidente da Turquia resolveu agir dentro da Síria… como se tivesse obtido uma carta branca de Putin

        “Eu te ajudo derrotar as milícias no Norte da Síria e você me da cobertura para largar o aço nestes curdos que querem independencia aqui no meu quintal”

        Também foi depois da balançada na relações com Washington que Erdogan resolveu tomar esta iniciativa… ele pensou:

        “Esses americanos querem me ver pelas costas, primeiro armaram um golpe para me derrubar e agora apoiam um país independente que pretende tomar parte do meu território, para depois me atacar”

        Ele fechou com o Putin e agora está sentando fogo em curdos e também nos jihadistas da CIA que aparecerem pela frente, se bem que ali no Norte tem mais curdos… mas isso não significa que Erdogan agora é amigo de Assad, simplesmente a ameaça dos curdos agora é mais urgente e assim ele ainda ajuda o Putin na campanha de colocar ordem na Síria…

        Bem, é isso que eu deduzo, ninguém sabe ao certo.

      • (…) “no entanto foi após a reunião com Putin que o presidente da Turquia resolveu agir dentro da Síria… como se tivesse obtido uma carta branca de Putin” (…)
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        Não tenho duvidas quanto a isso.
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        Na qualidade de aliado de Assad, Putin viu nas ações da Turquia contra os Curdos a vantagem de seu aliado.
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        Como bom jogador que é, não perdeu a oportunidade de com apenas um movimento, derrubar duas peças de seu oponente nesse jogo:
        — Ferir a relação – Curdos/EUA
        — Ferir a relação – Turquia/EUA
        Já que os EUA, não queriam que a Turquia atacasse os Curdos, pois são aliados.
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        Saudações,
        .
        konner

    • Sinceramente, aquela região por si só já é confusa, depois da entrada da Turquia ficou quase inexplicável, principalmente com o tal “apoio dos EUA” que são a principal suspeita de apoio ao “golpe”, mas como o próprio Konner colocou, tal poio pode ser uma aproximação onde Washington demonstra estar do lado do turcos em seus pleitos. A questõa mais problemática em si é que os países envolvidos não definiram nenhum termo, um tiro disparado que seja é suficiente para causar um estrago imensurável.

  1. Boa madrugada Senhores!
    Volto a repetir ” deixa queimar! ”
    Espero estar errado ou morto quando tivermos nossos próprios.conflitos internos de grande envergadura…
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    Claudio Moreno – Não perca o foco do assunto em pauta. – Plano Brasil

  2. Ao contrario do que diz a materia, o movimento da Turquia em nada vai favorecer os EUA. Os EUA tenhem de escolher ou os curdos ou a Turquia. Se escolherem os Curdos os EUA empurram de vez Turquia para a Russia e no terreno o risco de confronto via Curdos aumenta pk tem forças especiais dos EUA no terreno. Se escolherem a Turquia mostrara fraqueza na sua politica e traiçāo aos curdos. e sua influencia no conflito sera reduzida. Lembrar ainda que mesmo que os EUA deixe de apoiar os Curdos sua relaçāo com a Turquia sera sempre de desconfiança e ganhara e sera alvo dos Curdos dentro da Turquia Siria e no Iraque.
    Como digo sempre. Os EUA năo tenhem parceiros nāo tenhem aliados.. os EUA tenhem interesses.

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