Defesa & Geopolítica

Governo brasileiro diz que Venezuela não cumpriu com cláusulas do Mercosul

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O governo brasileiro afirmou neste sábado que a Venezuela não cumpriu com algumas cláusulas de adesão ao Mercosul e que vai discutir com sócios do bloco as medidas que serão adotadas.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou lamenta que a Venezuela não tenha logrado êxito, no prazo encerrado na véspera, para o cumprimento pleno de compromissos que assumiu ao assinar o protocolo de adesão ao bloco em 2006.

Entre as cláusulas supostamente não obedecidas pela Venezuela citadas pela governo brasileira estão um acordo de complementação econômica, um protocolo de compromisso com normas de direitos humanos e um acordo sobre residência para cidadãos dos países do Mercosul.

“Levantamento exaustivo da situação em 13 de agosto de 2016 será finalizado mediante consultas à Secretaria do Mercosul, que compila as informações recebidas da Venezuela a esse respeito”, diz trecho do documento.

O comunicado diz ainda que, diante do descumprimento do país de “disposições essenciais” para adesão da Venezuela ao Mercosul, nos próximos dias o governo brasileiro avaliará a situação à luz do direito internacional, coordenando com os demais sócios do bloco (Argentina, Paraguai e Uruguai).

“Os membros fundadores do Mercosul terão diante de si a complexa tarefa de definir as medidas jurídicas aplicáveis frente a esta realidade, indesejada por todos”, diz o documento.

Até agora, a Venezuela não adotou mais de 40 por cento das normas, o que está sendo usado por Brasil, Argentina e Paraguai como justificava para evitar que o país assuma a presidência pro tempore do bloco, como estava previsto para este mês, de acordo com o rodízio de países.

Aluisio Alves

Fonte: Reuters

Crise no MERCOSUL – Que futuro a América Latina terá pela frente?

A fase aguda da crise começou no final de julho quando a Venezuela avisou seus parceiros que nos próximos seis meses ela assumiria a presidência desta organização regional.

De acordo com o regulamento interno, o turno de Caracas chegou. No entanto, o Brasil, a Argentina e o Paraguai manifestaram a necessidade de consenso entre todos os membros da organização. E chamaram a adiar a presidência dos venezuelanos. A situação complicada no país foi considerada a principal razão.

Aleksandr Chichin, diretor da Faculdade das Ciências Econômicas e Sociais da Academia russa de Economia Nacional e Administração Pública, compartilhou a sua opinião com a Rádio Sputnik.

“O MERCOSUL no momento de sua criação era um bloco promissor, mas agora ele está se dissolvendo porque os países que o criaram agora estão em outra posição. Os atuais governantes da Argentina e do Brasil são líderes completamente pró-americanos, por isso eles não se vêm colaborando com um socialista e marxista como é Nicólas Maduro. Neste contexto, o futuro desta união acaba por ser uma grande questão”, afirma especialista.

Como a Venezuela é o componente energético da associação, aqui surge a questão: será que, por causa da política, eles querem quebrar os laços econômicos e causar problemas a si mesmo?

Aleksandr Chichin acredita que hoje em dia o Paraguai, o Brasil e a Argentina estão orientados para as associações criadas pelos americanos, como por exemplo, a Parceria Transatlântica ou o Círculo de Pacífico.

“As relações económicas simplesmente entraram em colapso, elas, na verdade já eram fracas. Havia tantos projetos, mas não havia nenhumas ações. E agora, quando os americanos criaram alianças tão atrativas, claro que eles olham para o lado do vizinho do norte”, acrescenta o cientista.

Como sublinha Aleksandr Chichin, não vale a pena refletir sobre a economia, visto que politicamente os países já se distanciaram o máximo possível. “Ninguém quer se comunicar com o Maduro, ele está trancado em sua fortaleza”.

Ao responder à questão sobre o regime de Maduro, ele disse que, por enquanto, não há manifestações, mas uma vez que começarem, aparecerá a oposição. O que ajuda muito Maduro, destaca Chichin, é que a oposição venezuelana não está unida.

Infelizmente, sublinha o especialista, os países latino-americanos pouco ganharão com a adesão a novos blocos: “É claro, eles vão estar lá como uma quinta roda no carrinho […] Convidar esses países não é um nível de quem irá constituir a base econômica desta parceria. Esta parceria obviamente é dirigida contra a China e a Rússia, para deixá-las de lado. Quanto aos latino-americanos, eles ficaram mais uma vez na periferia, eles queriam se unir, mas não resultou, eles não conseguiram e a união está se dissolvendo”.

Fonte: Sputnik News

 

 

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