A cerimônia oficial de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 encantou o público e a imprensa internacional.
Mesmo com a crise política e econômica, além de todos os problemas na organização das Olimpíadas, a cerimônia de abertura dos Jogos Rio 2016 foi um sucesso – e um alívio. Veja os dez melhores momentos da cerimônia, realizada nesta sexta-feira (05/08) no estádio do Maracanã.
Hino Nacional
A festa começou com a música “Aquele Abraço”, na voz de Luiz Melodia, seguida da bela interpretação do Hino Nacional por Paulinho da Viola. Ao violão, o cantor e compositor foi acompanhado por uma orquestra de cordas e emocionou o público.
História do Brasil
Milhares de elásticos iluminados, movidos pelos dançarinos, renderam uma das cenas mais bonitas da noite. Com o apoio de projeções, os bailarinos alternavam a combinação dos fios, formando desenhos variados. O recurso foi usado para contar a história do Brasil, passando pelos índios, a chegada dos portugueses, a escravidão e a imigração árabe e japonesa.
Construção
Dançarinos saltavam, imitando parkour, em meio a projeções de prédios que subiam e desciam. O processo de crescimento das cidades culminou com uma estrutura vertical de prédios, onde os dançarinos encenavam os movimentos criados pela coreografa e bailarina Deborah Colker. Tudo ao som da música Construção, de Chico Buarque.
O avião
Como se fossem tijolos da construção, blocos brancos foram reunidos em uma espécie de muro, que se transformou no avião 14 Bis, de Santos Dumont.
A aeronave levantou voo no estádio e passeou pelo Rio de Janeiro, mostrando algumas das paisagens da cidade. A cena desencadeou uma disputa na redes sociais sobre a autoria da invenção – americanos afirmam que os irmãos Wright fizeram o primeiro avião.
Gisele
Ao som de “Garota de Ipanema”, a modelo Gisele Bündchen desfilou com um vestido prata, cheia de elegância e sensualidade. Ao fundo, uma imagem do jovem Tom Jobim foi projetada. A música foi interpretada pelo neto do compositor, Daniel Jobim. A cena foi uma das mais comentadas na imprensa mundial e nas redes sociais.
Estilos musicais
Em um cenário de favelas, Ludmilla cantou o clássico carioca “Rap da Felicidade”, acompanhado por dançarinos de passinho. A cantora Elza Soares interpretou “Canto de Ossanha”. Zeca Pagodinho e Marcelo D2 fizeram um duelo de ritmos, com samba e rap. Finalizaram com “Deixa a vida me levar”, cantada em coro pelo público. Teve ainda as rappers Karol Conka e Mc Soffia, de apenas 12 anos, e uma aparição da Gang do Eletro, sensação do Pará com a dança treme-treme. Para coroar a sequência musical, Jorge Ben cantou “País Tropical”, empolgando o Maracanã. Os dançarinos subiram nas arquibancadas e se juntaram ao público, que seguiu cantando a música mesmo após o fim da apresentação de Jorge Ben.
Mensagem ecológica
A cerimônia tratou de questões ambientais e fez um contundente alerta contra o aquecimento global. As atrizes Judi Dench e Fernanda Montenegro recitaram o poema “A Flor e a Náusea”, de Carlos Drummond de Andrade, enquanto um menino buscava uma muda de árvore. Ao longo da apresentação, cada atleta plantou uma semente. As mudas serão levadas para o Parque Radical de Deodoro, onde será criada a Floresta dos Atletas. Outro ponto alto foi a formação dos aros das Olimpíadas a partir de plantas, que surgiram do mesmo local onde as sementes haviam sido colocadas pelos atletas.
Refugiados e brasileiros
A delegação dos refugiados foi aplaudida de pé, inclusive pelo secretário geral da ONU, Ban Ki-moon. Em seguida e por último, entraram os atletas brasileiros, que foram recebidos pelo público com gritos de “Brasil, Brasil”. Ovacionada, a delegação foi guiada pela transexual Lea T, que pedalava uma bicicleta. Os atletas desfilaram em um Maracanã iluminado de verde e amarelo, ao som de “Aquarela do Brasil”.
Carnaval
O compositor Wilson das Neves reverenciou alguns dos grandes nomes do samba, ao lado de um menino que sambava animado. No auge da festa, subiram ao palco Caetano Veloso, Gilberto Gil e Anitta, que cantaram acompanhados de baterias de várias escolas de samba. Nesse momento, o Maracanã virou Sambódromo, com fantasias, porta-bandeiras, passistas e muita gente sambando no palco e nas arquibancadas.
Chama
Por fim, a chama chegou ao estádio pelas mãos do tenista Gustavo Kuerten, muito emocionado. Passou para a jogadora de basquete Hortência e foi entregue ao maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, que acendeu a pira olímpica. Em 2004, o atleta foi agarrado e prejudicado por um manifestante enquanto liderava uma maratona. Mesmo assim, conseguiu chegar em terceiro lugar. A homenagem foi um dos momentos mais emocionantes da cerimônia. A pira foi envolta por uma escultura cinética do artista americano Anthony Howe, cujas estruturas metálicas refletiam o fogo e se moviam de forma hipnotizante.
Foto – 14 Bis: Damir Sagolj/Reuters
Edição/Imagens: Plano Brasil
Fonte: DW
“Empolgação e zombaria”, diz imprensa alemã
Festa de abertura “colorida e alegre” dos Jogos não traduz realidade brasileira, marcada pela crise política e desrespeito ao meio ambiente. “Dança e confete” fazem país esquecer do pessimismo sobre preparação do evento.
A imprensa alemã destaca a empolgação do público e a simplicidade da cerimônia oficial de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que inundou o estádio do Maracanã em cores nesta sexta-feira (05/08).
A festa deu uma trégua ao pessimismo diante das falhas na preparação da Olimpíada e a crise política, mas expôs cinismo: o Brasil retratado no evento fica num plano idealista, em meio a crimes ambientais, o processo de impeachment e a violência.
Der Spiegel: Empolgação – e zombaria
Um evento “colorido, alegre e perfeito” que não mostra a realidade do país que recebe os Jogos. A revista alemã classifica o principal tema do evento de abertura – a sustentabilidade – como “zombaria”, citando a poluição das águas do Rio de Janeiro, a inauguração de um campo de golpe numa reserva ambiental na Barra da Tijuca e o sacrifício de uma onça depois do desfile da Tocha Oímpica em Manaus. O entusiasmo do público era evidente mesmo depois de quatro horas de cerimônia, diz a publicação, mas se converteu em vaias quando o “extremamente impopular e controverso” presidente interino, Michel Temer, anunciou a icônica frase de abertura dos Jogos.
Die Welt: Recepção calorosa, apesar do 7 a 1
A entrada da equipe olímpica brasileira fez o público esquecer a tensão e pessimismo na véspera do início dos Jogos. Teve “dança, canto e confete”, mesmo em meio à crise política, e uma recepção calorosa para a equipe olímpica alemã, “apesar do 7 a 1”, destaca o jornal. Uma cerimônia colorida, que por sua simplicidade em relação a outras aberturas de Olimpíadas, encantou os espectadores. O desfile da modelo Gisele Bündchen, vestida de prata, foi um dos pontos altos do evento.
Süddeutsche Zeitung: Gisele e o homem ao piano
O orçamento reduzido para a cerimônia de abertura exigiu improviso. “Apesar de todas as restrições, foi uma festa magnífica”, escreve o jornal. A melodia suave de Paulinho da Viola ao cantar o hino nacional e milhares de luzes de celular na arquibancada impressionaram o público. Os trajes típicos usados por atletas olímpicos de diferentes países chamaram a atenção. A entrada da Rússia, após o escândalo de doping, foi marcada por aplausos e vaias. A noite, marcada por festa e dança, foi coroada pelo desfile de Gisele Bündchen ao som de “Garota de Ipanema” ao piano.
Frankfurter Allgemeine: Olimpíada começa como um sonho
A abertura repleta de bom humor, música e dança fez o Rio de Janeiro esquecer dos problemas para a preparação dos Jogos. A bossa nova, o samba e as vozes das favelas deram alívio à dor e ao sofrimento. Gisele Bündchen cruzou, provavelmente, a maior passarela da sua carreira, diz a publicação.
Fonte: DW
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