A entrada ao serviço dos EUA das bombas B61-12 vai diminuir significativamente o limiar de aplicação das armas nucleares, disse o chefe do departamento do Ministério das Relações Exteriores para questões de não-proliferação e controle de armas, Mikhail Ulyanov.
“Ao que sei, trata-se da passagem a uma nova etapa de preparação da produção da assim chamada ogiva nuclear unificada, destinada, primeiramente, a ser instalada no território de cinco países europeus (Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos e Turquia) com objetivo de renovação das armas nucleares norte-americanas aí existentes”, disse Ulyanov.
Ele acrescentou que, segundo a informação disponível, um determinado número destas bombas modernizadas será mantida no território dos EUA para uso futuro.
“A decisão, tomada por Administração Nacional da Segurança Nuclear dos EUA não vai ter influência direta sobre a situação na Europa e no Mundo nem hoje, nem amanhã, porque a entrada dos mísseis nucleares ao serviço vai se iniciar só em 2020. É nesta altura que as consequências negativas da modernização vão ser verdadeiramente sentidas”, acrescentou Ulyanov.
Segundo ele, neste caso se pode distinguir dois aspetos: o militar e o político-militar.
Primeiro, as bombas modernizadas vão ser mais precisas mas serão, entretanto, menos destrutivas.
“Não é por acaso que vários analistas norte-americanos classificaram estas novas armas como mais ‘éticas’. Mas isto é um ponto negativo: as características de tais tipos de armas vão induzir a utilizá-las. Isto vai significar a diminuição significativa do limiar de aplicação das armas nucleares com todas as consequências ulteriores. Não quero ‘aumentar a pressão’ mas há razões de pensar que as novas bombas estão classificadas pelo Pentágono não só como meio de contenção, más como arma que pode ser usada em combates, cujas características são convenientes para a realização de certas missões operacionais. Espero estar engado”, disse Ulyanov.
No que se toca ao aspeto político-militar, segundo a opinião do diplomata, a modernização dos arsenais nucleares norte-americanos na Europa significa o prolongamento da prática “de missões nucleares conjuntas” na OTAN, no âmbito das quais pilotos de países não-nucleares se preparam para a utilização das armas nucleares norte-americanas.
“Estas missões, segundo a nossa opinião, são graves violações dos princípios do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares“, disse ele.
O Artigo № I deste tratado proíbe aos países nucleares entregar o controle de armas nucleares a países não-nucleares.
As autoridades da Rússia têm falado repetidamente sobre as possíveis medidas de resposta às ações dos EUA.
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Fonte: Sputnik News