Defesa & Geopolítica

O que esperar do encontro entre Putin e Erdogan?

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A reunião entre os líderes da Rússia e Turquia será realizada somente no mês que vem, mesmo assim, especialistas russos já estão cheios de opinião.

Vladimir Putin, juntamente com o seu homólogo Recep Tayyip Erdogan, terá agenda cheia de tópicos para discutir, admitiu o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov. Os especialistas russos acham que o interesse-chave de Moscou é atrair a atenção de Ancara para a  necessidade de interromper o apoio dado pela Turquia aos terroristas na Síria.

Na terça-feira (26), Peskov confirmou que a reunião entre Putin e Erdogan será realizada em São Petersburgo no dia 9 de agosto. Mesmo assim, até o momento, não há informações sobre a agenda de negociações, de acordo com o porta-voz.

“Os tópicos da reunião não foram discutidos; há uma troca de diferentes propostas. Essa será a primeira reunião realizada há um tempo, sendo a primeira após os dois líderes conseguirem virar a página, levando a não faltar tópicos para discutir”, divulgou Peskov aos jornalistas.

Especialistas russos acreditam que os temas abrangerão política, economia e questões de segurança regional. Em particular, os especialistas que falaram com o site analítico independente Svobodnaya Pressa, sublinharam que o tema mais importante será o terrorismo.

O site afirma que as relações bilaterais durante os últimos seis meses estavam mudando drasticamente toda hora: em novembro de 2015, a Força Aérea turca abateu avião russo Su-24, matando o piloto, fazendo com que agravasse a relação, quase trazendo os países à margem de guerra. Depois do acontecido, houve um longo período “frio” na política e economia que trouxe muitas perdas à Turquia.

“Parece que Erdogan até pediu desculpas, esperadas pela Rússia”, escreveu a mídia russa.

Recentemente o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, agradeceu ao presidente russo pelo apoio às autoridades turcas durante a tentativa de golpe de Estado. O Kremlin não confirmou a declaração do chanceler turco.

Mesmo assim, o país tenta “mudar o cenário” com a Rússia, escreveu o site. Tem como provas, recentes declarações do ministro da Economia da Turquia, Nihat Zeybakchi, sobre o fato de todas as decisões relativas ao projeto do gasoduto Corrente Turco e ao projeto da usina nuclear Akkuyu já terem sido feitas, mas tem o próximo encontro bilateral como ponto de partida para realização dos mesmos.

Especialista sênior do Centro de Estudos politico-militares do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO), Mikhail Aleksandrov, explicou à Sputnik que “a postura de Erdogan é muito racional”.

“Ele se encontra em uma situação difícil. Os países ocidentais organizaram uma tentativa de golpe contra ele o que, felizmente, acabou sem sucesso. Agora Erdogan de fato está isolado. Ele precisa acabar com a quinta coluna pró-ocidental no país; incluindo a ‘limpeza’ no exército e entre funcionários civis”.

De acordo com Aleksandrov, o Ocidente não gosta da postura do presidente turco e a pressão contra ele está aumentando. Nessas horas, é perceptível a necessidade de apoio enfrentada por Erdogan, fazendo com que busque à Rússia.

Aleksandrov ressaltou que, atualmente, é difícil compreender se Erdogan está sendo sincero ou está simplesmente fazendo jogo político. O especialista do MGIMO acha que isso ficará claro a partir das futuras ações turcas. Em particular, o apoio oferecido pelo país ao grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia) bem como a outros grupos que operam na Síria.

“As portas da Turquia devem ser fechadas ao Daesh caso Erdogan queira se tornar amigo da Rússia. É completamente possível que esse tipo de acordo somente seja feito de forma oral. Erdogan, mesmo relutante, provavelmente concordará em dar este passo”, disse Aleksandrov.

Ele sublinhou também que “a questão está em como Ancara vai pôr em prática o acordo, levando em consideração que há uma possibilidade de conflito com os Estados Unidos… Só na prática será possível ver se Erdogan aceitará o desafio de dar este passo”.

Outro especialista russo, Aleksei Obrastsov, pesquisador-chefe do Centro de Estudos da Ásia e África da Escola Superior da Economia, está mais pessimista sobre o futuro.

“Eu não esperaria quaisquer decisões sensacionais deste encontro”, disse à Sputnik.

Ele acha que algumas decisões podem ser tomadas, mas em geral a visita do presidente turco é devido à situação econômica da Turquia já que o país perdeu muito após o conflito de interesses entre os países. Em particular, na área social e econômica.

No momento, só podemos esperar que o encontro contribua para resolução da crise síria que não só deixou o país em ruínas, mas também agravou a situação em todo o Oriente Médio.

Foto: © Sputnik/ Aleksei Druzhinin

Fonte: Sputnik News

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