Não é o Daesh que a OTAN considera uma ameaça, mas Moscou, para justificar seus gastos exagerados com a defesa, escreve o jornalista irlandês Brian McDonald.
Na Declaração de Varsóvia, que os países da OTAN aprovaram no final da cúpula da aliança, a Rússia é mencionada quatro vezes, enquanto o Daesh aparece no documento apenas uma vez, destaca o jornalista.
Segundo ele, isso pode ser associado ao fato de que a luta contra o terrorismo não exige submarinos caros ou armas nucleares, ao contrário do confronto com um país como a Rússia. Ao mesmo tempo, a OTAN não se preocupa com o fato de Moscou não estar interessada no hipotético conflito.
“O fato é que uma guerra dessas, com envolvimento dos arsenais nucleares e que provavelmente causaria a morte da civilização humana, não preocupa a OTAN porque é conveniente para a aliança usar a Rússia como uma ameaça horrível a fim de manter os gastos dos EUA com a defesa”, conclui o artigo.
Agora Washington gasta com sua defesa cerca de 17% do orçamento dos EUA. Isto se deve ao fato de seis das oito principais empresas mundiais serem norte-americanas. Elas fornecem empregos a cerca de 750 mil pessoas, isso sem incluir as indústrias que dependem delas. Assim, a redução dos gastos dos EUA com a defesa seria equivalente a um suicídio político, disse o jornalista.
McDonald acredita que a maior ameaça à segurança europeia tem suas origens no Oriente Médio. Só para Alemanha no ano passado vieram mais de um milhão de refugiados, o que contribuiu para a instabilidade política e social no continente. As pessoas fogem dos países que os EUA ajudaram a destruir, em particular, do Iraque e da Líbia. Além disso, o Daesh está matando pessoas no território de membros da OTAN, organizando atentados terroristas em Paris e Bruxelas, mas a aliança continua insistindo no fato de que a Europa não está ameaçada pelo terrorismo, mas pela Rússia, resume o autor.
Foto: © flickr.com/ U.S. Naval Forces
Fonte: Sputnik News
OTAN é instrumento dos EUA para controlar Europa
De acordo com a opinião do especialista, a Aliança Atlântica neste caso teria o mesmo objetivo que 50 anos atrás: conter a Alemanha na Europa, e a antiga União Soviética, sobretudo a Rússia, o mais longe possível da Europa, e os EUA manterem o estatuto de potência militar mais poderosa do “velho mundo”.
O processo de tornar a UE mais fraca, segundo Jovanovic, não acabará com um “brexit”, não só por causa das contradições internas de certos países, mas também devido a vários outros problemas na Europa, que ela não poderá resolver em breve, se é que isso em geral poderia ser feito usando métodos existentes, que parecem já ter deixado de ser atuais.
Mas seja qual for a situação na Europa, os interesses dos EUA continuarão a incluir a manutenção de suas posições no continente, então a OTAN pode receber mais uma função adicional — não só a militar, mas também a de controle do nível de influência dos EUA sobre a EU, opina o ex-embaixador.
“Os americanos influíram a Europa através da OTAN e da Grã-Bretanha e agora, se o Reino Unido sair, será preciso fortalecer o outro fator, quer dizer a OTAN,” disse.
Mesmo assim, continua pouco claro, se a Aliança Atlântica continuará considerando a Europa de Leste como um propagador de seus interesses na cena política da velha Europa.
“O Reino Unido se opôs por muito tempo à entrada na CEE [Comunidade Econômica Europeia], mas os EUA o encorajou e ele entrou, e sempre travou o posterior desenvolvimento da ideia de Europa como estrutura supranacional. Ele atrasava tudo o que poderia tornar a CEE ou a UE em uma força mundial independente, que não seria tão dependente assim dos EUA”, fez lembrar o diplomata.
Seja como for, após o Brexit os Estados Unidos deverão procurar um novo país ou grupo de países para controlar os processos de integração dentro da União Europeia, concluiu o especialista político.
Fonte: Sputnik News
5 Comments