Estado Islâmico publica um infográfico com suas “unidades encobertas” ao redor do mundo

O infográfico específica os países aonde o grupo terrorista supostamente opera de maneira encoberta.

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Foto: Reuters

Tradução e adaptação: Tito Lívio Barcellos Pereira

Sob o pretexto de completar dois anos desde que o “Estado Islâmico” declarou seu “califado” na Síria e no Iraque ― em 29 de junho de 2014 ― o grupo terrorista lançou um infográfico que destaca seu raio de ação ao redor do planeta.

O gráfico divide o mundo em várias áreas: ambientes de grande controle, médio controle e controle encoberto. De acordo com o gráfico, países onde há maior controle territorial pelo EI são Iraque e Síria, enquanto um controle médio é exercido na Chechênia e Daguestão (no Cáucaso russo), Iêmen (na Península Arábica), Egito e Líbia (no Norte da África), Somália, Níger e Nigéria (na África Subsaariana), Afeganistão (na Ásia Central) e Filipinas (no Sudeste Asiático).

Fonte: RT em Espanhol / Agência de Notícias Amaq (portavoz do Estado Islâmico)
Fonte: RT em Espanhol / Agência de Notícias Amaq (portavoz do Estado Islâmico)

A parte mais arrepiante do mapa corresponde a presença das chamadas “unidades secretas encobertas” do EI, que inclui, entre outros países, a França, Líbano, Arábia Saudita e Turquia, país que sofre uma onda crescente de ataques terroristas nos últimos anos.

Um mapa, baseado em dados fornecidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha e publicados há alguns meses, mostra os níveis de ameaça do Estado Islâmico nos países do mundo: O maior nível de ameaça concentra-se em países como Espanha, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Rússia, Turquia, Argélia, Tunísia e Marrocos. Enquanto isso, áreas de “risco geral” repousam na Itália, Dinamarca, Suécia, Canadá, EUA, Grécia, Sérvia entre outros.

Fonte: RT em Espanhol
Fonte: RT em Espanhol

Além disso, um “risco subjacente” é categorizado em países como Portugal, Ucrânia, Noruega, Irlanda e Áustria. Áreas de “baixo risco”, de acordo com o mapa, são listadas em países como a Suíça, Polônia, República Tcheca, Estônia, Lituânia e Letônia.

Na América Latina, o elevado nível de ameaça jihadista pode ser encontrado na Colômbia; na categoria inferior encontram-se Paraguai e Peru; enquanto “risco subjacente” estão listados o Brasil, Argentina, Chile e Venezuela. Por fim, países como Uruguai, Bolívia, Guiana, Suriname, Cuba, Equador, México e países da América Central estão listados como “baixo risco”.

Fonte: RT em Espanhol

Nota do Editor: O gráfico mostrado na matéria demonstra um pouco do alcance global do autoproclamado “Estado Islâmico da Síria e do Iraque”, ou simplesmente “Estado Islâmico” ou “Califado”. Na primeira categoria, mostra claramente seus domínios territoriais as custas dos conflitos na Síria e Iraque, além da presença e atuação em vários países de maioria muçulmana (especialmente do ramo sunita) e passíveis de forte instabilidade política ou étnico-confessional.

Ingerências históricas no Oriente Médio e Norte da África por atores externos contribuiu consideravelmente para desestabilizar governos locais, seculares repúblicas autoritárias (como Iraque, Síria, Egito, Argélia e Líbia) ou mais democráticas (como o frágil Líbano) dando espaço para a propaganda fundamentalista salafista e wahabita (doutrinas extremistas e ultraconservadoras do sunismo) propagada pela Arábia Saudita e outras “petromonarquias” do Golfo Pérsico como os Emirados Árabes Unidos e o Qatar, contra os denominados “safávidas” – um adjetivo pejorativo categorizando todas as populações muçulmanas xiitas do Oriente Médio como súditos da dinastia que governou o atual Irã do século XVI ao século XVIII – uma clara referência a República Islâmica, no qual disputam com o reino saudita a hegemonia geoestratégica desta região. Tais discursos extremistas alimentam uma violência sectária direcionada não só contra os xiitas, mas também drusos, cristãos ortodoxos, maronitas, armênios, assírios, iazeditas e outras minorias religiosas. O surgimento de grupos como o Taleban, a Al-Qaeda, o Emirado do Cáucaso e o Estado Islâmico são apenas consequência desses fatores.

Numa categoria abaixo, vemos a presença de células do Estado Islâmico em outras regiões de maioria muçulmana fora do Oriente Médio e Norte da África, como o Cáucaso (uma das razões que influenciaram na intervenção direta e indireta da Rússia no Iraque e Síria), Bangladesh (no subcontinente indiano), Nigéria (África Ocidental), e nas Filipinas (no Sudeste Asiático), podendo até ter ramificações menores na Ásia Central Soviética, nos Bálcãs, e no Turquestão Chinês, servindo de ponte para “exportação” de militantes contra alvos na Europa Ocidental, Rússia, China, Irã e Índia (todos países com populações muçulmanas sunitas minoritárias).

O Brasil, apesar de encontrar-se geograficamente distante, e com uma construção identitária historicamente distinta do “Velho Mundo”, pode ser sim alvo de ataques de grupos fundamentalistas, justamente pelo fato de abrigar grandes eventos de repercussão internacional, como os Jogos Olímpicos de Verão, que contará com turistas e delegações de todo mundo. Os ataques podem não ser endereçados necessariamente contra a população e governo brasileiro, mas utilizar-se das fraquezas e deficiências da segurança local para lançar ataques contra as delegações e turistas de origem norte-americana, europeia, israelense e russa (levando em conta os principais atores atuantes na geopolítica do mundo árabe e islâmico), podendo inevitavelmente causar danos severos a infraestrutura brasileira e causando a morte de muitos de seus cidadãos.

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