Os esforços dos bancos centrais para reavivar o crescimento econômico e a inflação sofreram mais um golpe com a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia. A votação gerou ansiedade e incerteza que vão reduzir investimentos, contratações, salários e preços.
No longo prazo, porém, a Brexit pode ser inflacionária. Isso porque ela pode marcar uma virada contra a globalização, que nas últimas décadas ajudou a manter os preços e os salários baixos por meio de tarifas mais baixas, cadeias de suprimentos mais eficientes, terceirização e imigração.
A reação inicial dos mercados foi de assumir que a inflação vai cair. O preço dos títulos de dívida normais e indexados à inflação indica que a expectativa de inflação nos próximos dez anos caiu 15 pontos-base nos Estados Unidos, 10 no Japão e 13 na Alemanha desde a votação de quinta-feira passada para a Brexit. (Um ponto percentual equivale a 100 pontos-base.)
Isso reflete dois fatores: os preços menores do petróleo vão manter a inflação baixa nos próximos anos. Com relação aos anos seguintes, os investidores estão menos confiantes de que os bancos centrais vão conseguir elevar a inflação. “A mudança suave de tom do Fed em 15 de junho [indicando taxas de juros mais baixas] colocou um piso sobre as expectativas de inflação, mas isso foi completamente eliminado desde a Brexit”, afirmou o banco J.P. Morgan.
No Reino Unido, porém, as expectativas de inflação subiram. Em parte, isso reflete as consequências da desvalorização da libra esterlina com relação aos preços dos produtos importados. Por ora, isso não deve preocupar o Banco da Inglaterra. Em 2008, uma desvalorização ainda maior da moeda ajudou a levar a inflação para além da meta de 2% nos anos subsequentes. O BC ignorou a alta, apostando corretamente que a fraca demanda garantiria seu recuo. A mesma lógica se aplica hoje: o banco vai se preocupar mais com o impacto sobre a demanda do que com o impacto da moeda sobre a inflação e poderá cortar as taxas de juros ou pelo menos elevá-las mais lentamente.
Mas, depois, o cenário se torna mais complicado. A inflação ocorre quando a demanda por produtos e serviços cresce mais rápido do que a oferta. A Brexit atinge a demanda, mas pode também enfraquecer gradualmente a oferta. Se os impostos de importação subirem, isso vai elevar os custos domésticos. Se as barreiras às exportações aumentarem, isso vai reduzir a produtividade das firmas britânicas. A menor imigração pode exigir que as empresas aumentem salários, mas também pode reduzir sua produtividade à medida em que elas lutam para preencher vagas.
Em um relatório de maio, o Banco da Inglaterra abordou essas dinâmicas mais complicadas: “Preços mais altos dos importados podem pressionar para baixo os investimentos de alguma forma, à medida que uma proporção significativa dos gastos de capital do Reino Unido usa bens de capital importados. Com o tempo, isso pode reduzir a produção potencial […] Essa combinação de influências sobre a demanda, oferta e taxa de câmbio pode levar a um caminho significativamente menor de crescimento e um caminho destacadamente mais alto para a inflação” do que se o Reino Unido estivesse na União Europeia.
A Brexit marca um repúdio à globalização — o movimento das mercadorias, serviços, capital e pessoas entre as fronteiras. Retrocessos semelhantes estão ocorrendo na Europa continental e nos Estados Unidos. O mundo todo, e não apenas o Reino Unido, pode, então, sofrer prejuízos do lado da oferta.
Impostos menores e cadeias de suprimento internacionais permitiram que as empresas produzissem para mercados maiores, se especializassem, elevassem produtividade e também reduzissem custos. Tema mais controverso, a terceirização também dá a elas acesso a mão de obra mais barata. Enquanto a relação entre imigração e salários é mais ambígua, o aumento da imigração de pessoas não qualificadas provavelmente faz com que, marginalmente, se reduza o que os trabalhadores com baixa qualificação ganhem.
À medida que a globalização tropeça, ou mesmo recua, a desigualdade salarial pode se tornar menor, ainda que custos maiores deixem tanto a classe trabalhadora quanto a mais afluente em posições menos favoráveis. Essas pressões de custo podem surgir em um momento em que o crescimento da produtividade mundial já está estagnado.
Em teoria, os bancos centrais podem definir a taxa de juros no longo prazo para garantir que a demanda não cresça mais rápido do que a oferta e que a inflação se mantenha dentro da meta. Mas os bancos centrais se orientam pelo público e os representantes eleitos por ele. Políticos populistas tendem mais a querer políticas monetárias mais fáceis e indicar dirigentes de bancos centrais que concordam com eles.
Alguns economistas podem até saudar essa postura. Eles dizem que a inflação deve ficar acima dos 2% ao ano para garantir que as taxas de juros, no fim, também sejam mais altas e tendam mais a ficar perto de zero novamente. Alguns defenderam até a imagem de dinheiro sendo jogado de um helicóptero, uma alusão à impressão de dinheiro por parte dos bancos centrais para arcar com cortes de impostos ou maiores gastos governamentais.
Uma combinação de custos crescentes à medida que a globalização recua e as políticas fiscais e monetárias são afrouxadas vão, em última análise, pressionar a inflação, assim como as taxas de juro, para cima. Peter Berezin, do Bank Credit Analyst, uma consultoria de investimento canadense, escreveu: “Ironicamente, embora a Brexit tenha levado a uma queda nos rendimentos dos títulos de dívida de longo prazo, o resultado no longo prazo pode ser rendimento mais altos.”
GREG IP
Fonte: The Wall Street Journal
A Economia Global a tempo da sinal que vai sucumbir …. o deuzinho do capitalismo tem pés de barros .. que nem aquela estátua da profecia de Daniel
e o teu deuzinho que caiu 2 décadas atrás haha
Quebrastes ele no meio… rsrsrsrsrssrsrssss…
O deuzinho que vc cita migrou da URSS para China e está mancomunado com a economia global e com os globalistas capitalistas.
warparth parece que nao lê absolutamente nada…
o capitalismo que estamos vivendo não é capitalismo de livre mercado, e warparth, se o capitalismo de livre mercado é tao ruim, me diga porque a China esta tão afim de tomar para si, aquelha poderosa ilha chamada Taiwan?
nao confunda Keynes com Smith, não confunda Smith com Friedmann… e nao confunda Friedmann com Mises ou Hayek…
inflação monetaria se da por cunhagem de moeda via BC + Tesouro, e somente por isso! o resto é efeito, procure a CAUSA antes de querer explicar o EFEITO;
o atual globalismo nao tem nada de capitalista, a nao ser que voce defina capitalismo de Estado; 93% das reservas de petroleo do mundo, estao nas maos de Estados e nao de empresas….
se temos um problema hoje, o responsavel se chama Socialismo Fabiano;