Com duração de quase seis meses, entre 30 de setembro de 2015 e 15 de março de 2016, a operação das Forças Aeroespaciais russas na Síria tornou-se uma das campanhas militares mais bem-sucedidas da toda a história das Forças Armadas da Rússia na era pós-soviética.
Segundo o presidente russo, Vladímir Pútin, as exportações de armamentos russos em 2015 superaram as expectativas do setor. O país gastou cerca de US$ 500 milhões na operação, enquanto, no ano passado, faturou US$ 15,2 bilhões com a venda de equipamentos militares ao exterior.
De acordo com informações divulgadas pelo governo, as receitas da venda de armamentos para os mercados estrangeiros serão capazes de cobrir os custos da operação militar no país árabe.
Também segundo dados da agência de exportação de armamentos da Rússia (Rosoboronexport), 47% dos equipamentos vendidos são aviões militares. O envolvimento dos bombardeiros Su-34 e Su-24M, caças Su-30 e Su-35s e helicópteros Mi-24N e Ka-52 na operação militar aumentou o interesse não só dos importadores tradicionais, mas também de novos clientes do Oriente Médio.
Novos clientes
De acordo com uma fonte no complexo militar da Rússia que não quis se identificar, todas as negociações de venda de equipamentos que foram usados durante a operação na Síria são classificadas como secretas e não podem ser divulgadas.
“No entanto, já podemos falar sobre o início das negociações com a Argélia e o Egito para o fornecimento dos caças Su-35 da geração 4++ “, disse a fonte. Os preços e a quantidade de aviões encomendados são desconhecidos.
“A maioria dos contratos que a Rússia assinou em 2015 foram preparados antes da operação na Síria”, disse o especialista militar Víktor Litôvkin. Em novembro de 2015, o governo chinês assinou um contrato para a compra de 24 caças de múltiplas funções Su-35, no valor de US$ 2 bilhões. Assim, a China se tornou o primeiro comprador dos caças da geração 4++ russos.
Em 2016, Moscou fornecerá seis caças navais MiG-29K para a Índia, dois MiG-29 para o Egito e um lote de Su-30MKAs para a Argélia. Além disso, em abril de 2016, as Forças Armadas da Tailândia assinaram um contrato para a compra do segundo lote de helicópteros russos, incluindo dois Mi-17V-5.
“Por meio dos armamentos, os países compram diversos benefícios políticos”, disse o professor da Academia de Ciências Militares da Rússia Vadim Koziúlin. Segundo ele, por esta razão, diversos países precisam muito dos equipamentos militares russos, mas nunca poderão comprá-los, devido a necessidade de apoio, por exemplo, dos Estados Unidos em alguma questão política.
Vantagem no câmbio
Desde a queda drástica do rublo em relação ao dólar e ao euro em 2014, a moeda nacional russa garante uma vantagem competitiva aos exportadores do país.
No entanto, segundo o vice-diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, Konsantin Makienko, é incorreto falar em dumping, e a Rosoboronexport não vai reduzir os preços de equipamentos militares em dólares.
“Trata-se de uma mercadoria muito especial. Seu preço quase não é afetado pelos fatores econômicos, mas depende muito das decisões políticas e militares”, disse Makienko. “No entanto, devido à taxa de câmbio atual, a rentabilidade das empresas russas está crescendo significativamente”, completou.
Fonte: Gazeta Russa