Militares da Marinha participam de Curso Especial de Guerra Anfíbia no Pantanal

Militares realizaram simulação de “Assalto Ribeirinho” em Ladário / Fotos: Erik Silva
Militares realizaram simulação de “Assalto Ribeirinho” em Ladário / Fotos: Erik Silva

Por ERIK SILVA

Ladário (MS) – Desde o dia 19 de abril, cerca de 70 militares da Marinha do Brasil, participam do Curso Especial de Guerra Anfíbia ministrado em terras pantaneiras pelo Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo, com suporte e apoio do 6º Distrito Naval em Ladário. De acordo com a coordenação do curso, os alunos passaram por diversos tipos de treinamento em preparação para que os oficiais do Corpo de Fuzileiros Navais tenham condições de exercerem funções de comandantes de Pelotões em várias regiões do país.

Os exercícios da tropa se deu em um dos mais diversificados biomas do mundo, o Pantanal sul-mato-grossense e as peculiaridades da região pantaneira serviram como uma prova de resistência e conhecimento aos militares que participaram de instruções diversificadas. Na manhã desta quarta-feira (27), uma das últimas etapas desta fase do curso foi realizada com a ação de um treinamento conhecido como “Assalto Ribeirinho”.

Nas primeiras horas da manhã, os 70 alunos do curso realizaram uma simulação na região Portuária de Ladário, com o desembarque da tropa pelo Rio Paraguai e aplicação das técnicas de retomada da área em um combate simulado. A atividade que seguiu ainda pelas ruas da cidade em direção a igreja Matriz, despertou a curiosidade dos moradores e também de quem seguia para o trabalho e acompanharam toda movimentação de perto.

“Acordamos com a movimentação e os barulhos do helicóptero, disparos, e saímos aqui fora para ver, é interessante toda a preparação os equipamentos, eles fazem tudo como se fosse de verdade mesmo”, comentou um grupo de moradores que mesmo com o frio assistiam tudo na frente da residência.

Simulação teve inicio no Porto de Ladário e seguiu pelas ruas da cidade
Simulação teve inicio no Porto de Ladário e seguiu pelas ruas da cidade

O treinamento contou com o apoio logístico e equipamentos tecnológicos que auxiliaram nas etapas práticas dos exercícios. “Trabalhamos com este equipamento que monitora todos os acontecimentos que venham ocorrer no evento, como por exemplo indicar se um soldado aliado ou inimigo foi atingido, se foi abatido, o uso das munições ou até mesmo reinserir de volta um soldado ao combate, enfim, são inúmeras as funções que o aparelho nos transmite no momento do treinamento, fazendo com que a parte prática se aproxime o máximo de uma situação real de combate, porém, sem os danos reais que uma incursão como esta possa acarretar”, ressaltou o comandante Alexandre Cabral.

Todo treinamento é ministrado durante 16 semanas onde os alunos são submetidos a diversas etapas de preparação, conforme explicou o Tenente Capitão do Corpo de Fuzileiros Navais Danilo Lopes.

Acompanhando toda a preparação dos alunos, o responsável pelo Curso Especial de Guerra Anfíbia, Almirante Luis Rodrigues, ressaltou que os militares que passam pelo treinamento fazem parte de uma importante força da Marinha do Brasil responsável por exercer o combate de transição marítimo para as ações em terra. “A Marinha como um todo é sempre muito bem preparada para qualquer tipo de combate, e a nós Fuzileiros Navais, cabe a parcela de realizar as operações anfíbias, a força que parte do mar para realizar ações em terra é a nossa função. A nossa soberania é garantida não só em nossos limites marítimos como também em seu interior nas calhas dos rios onde também é um ambiente operacional nosso, como visto aqui na região do Pantanal com essa operação ribeirinha”, concluiu.

A realização deste curso tem uma peculiaridade especial por integrar junto ao corpo de alunos, a primeira mulher a ingressar como combatente no Corpo de Fuzileiros Navais. A Tenente Débora Freitas faz parte do quadro de oficiais da Marinha do Brasil e encarou o desafio de ser a precursora em uma área até então dominada exclusivamente por homens, mas para ela que vem cumprindo todas as etapas dos treinamentos e passando por todas as etapas igualmente aos demais integrantes do grupo, os desafios estão sendo vencidos com muita força de vontade, dedicação e equilíbrio emocional.

A Tenente Fuzileiro Naval Débora Freitas será a primeira mulher combatente das Forças Armadas do Brasil. Ela está participando do curso de Guerra Anfíbia, em Ladário-MS. Concluída essa especialização, ela entra para a história.
A Tenente Fuzileiro Naval Débora Freitas será a primeira mulher combatente das Forças Armadas do Brasil. Ela está participando do curso de Guerra Anfíbia, em Ladário-MS. Concluída essa especialização, ela entra para a história.

“Essa é uma experiência única, tendo em vista que para mim é uma honra que a Marinha tenha sempre saído na frente em relação a admissão das mulheres militares. A responsabilidade e grande, sei que foi difícil chegar até aqui e ainda tenho um caminho longo a percorrer, mas é um orgulho e com certeza isso poderá ficar para várias gerações. Eu vim de um curso de música e para me adaptar foi um pouco difícil porque exigiu uma preparação do físico para que eu pudesse fazer os mesmos exercícios que os homens fazem e aqui não tem separação, realmente é a mesma coisa para todos, mas me preparei e tenho conseguido suportar até o momento”, relatou Débora.

A parte psicológica foi outro fator fundamental para que a aluna chegasse juntos aos demais companheiros até esta fase do treinamento. “Primeiramente acredito em Deus para manter o foco e não desviar quando ouvir um grito ou uma palavra mais rude, firmando sempre em nossa missão e concluir o que foi determinado”, concluiu.

O Comandante do 6° Distrito Naval, Contra-Almirante Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, destacou a importância do curso para a região: “O Pantanal tem características peculiares e uma importância estratégica para o país. Esse tipo de exercício serve para mostrar como a Marinha do Brasil está sempre preocupada em defender nossas riquezas.”

Fonte: Folhams