A Responsabilidade de Proteger e a mobilização das Forças Armadas do Chile na África

As Forças Armadas do Chile participam de várias missões da ONU pelo mundo e estão preparadas para trabalhar na República Centro-Africana este ano. [Foto: Departamento de Relações Públicas do Exército Chileno]
As Forças Armadas do Chile participam de várias missões da ONU pelo mundo e estão preparadas para trabalhar na República Centro-Africana este ano. [Foto: Departamento de Relações Públicas do Exército Chileno]

Tenente-Coronel Alejandro Amigo*

A recente aprovação, por parte do Congresso do Chile, do envio de oficiais das Forças Armadas do país à Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) não é apenas a confirmação do compromisso assumido pela presidente da República frente à Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro passado, mas também uma manifestação do compromisso do Chile com o princípio internacional da Responsabilidade de Proteger (R2P).

A Responsabilidade de Proteger (R2P) tem por objetivo a proteção de civis em situação de perigo diante de circunstâncias violentas e/ou durante conflitos no interior de algum estado onde as autoridades e instituições domésticas são incapazes de proteger a população ou representam a principal ameaça. Em seus discursos diante da Assembleia Geral em 1999 e 2000, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, desafiou os estados-membros a resolver o conflito entre os direitos e deveres da soberania estatal e a responsabilidade da comunidade internacional de responder à ocorrência de limpezas étnicas e crimes de massa no contexto de situações internas.

Esse desafio foi aceito em 2001 por um grupo de especialistas internacionais reunidos na Comissão Internacional sobre a Intervenção e Soberania Estatal, sob o apoio do governo do Canadá. Com base na publicação de um relatório definindo o alcance e as implicações do conceito da R2P, a comunidade internacional foi chamada a agir diante de casos como os da Bósnia e de Ruanda. A Responsabilidade de Proteger consiste de três elementos principais: prevenção, reação e reconstrução. Na fase de reação, são consideradas medidas que incluem, como último recurso, intervenções militares autorizadas pelo Conselho de Segurança.

A fase final do envolvimento do Chile na futura missão na República Centro-Africana será ampliar a assistência médica. [Foto: Departamento de Relações Públicas do Exército Chileno]
A fase final do envolvimento do Chile na futura missão na República Centro-Africana será ampliar a assistência médica. [Foto: Departamento de Relações Públicas do Exército Chileno]

Intervenção da OTAN

A intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia é o exemplo de maior aplicação desse princípio. Nesse caso, a comunidade internacional concordou em proteger os civis líbios que estavam sendo ameaçados pelas forças de Muammar Gaddafi. No entanto, a crise na Síria evidenciou que a aplicação do princípio não pode ser contrária aos interesses dos países com direito a voto no Conselho de Segurança. O apoio da Rússia ao governo de Bashar al-Assad e a posição da China com relação à não interferência nos assuntos internos dos países inviabilizaram a aprovação de uma resolução que buscava resguardar a população síria.

A República Centro-Africana tem sido cenário de diversas crises internas desde sua independência, em 1960. A situação que motivou a atual missão da ONU tem origem em 2013, por ocasião do enfrentamento entre as comunidades muçulmana e cristã no país africano. A conquista da capital, Bangui, e a deposição do presidente em exercício pelo grupo rebelde Seleka (muçulmanos), somadas à violenta reação dos movimentos anti-Balaka (cristãos), geraram um caos nacional. Isso resultou em violações massivas de direitos humanos e uma crise humanitária que até o momento deixou mais de 25.000 refugiados em países vizinhos e 300.000 civis deslocados, segundo a ONU.

A experiência do Chile em operações de paz na África teve início em 2003, quando o governo chileno enviou uma equipe de assistência médica à Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO) por seis meses. Portanto, passaram-se 12 anos até que um presidente chileno se comprometesse novamente, perante a comunidade internacional, a enviar tropas à Africa.

ONU organiza reunião de líderes

Em setembro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e nove estados-membros organizaram uma cúpula de líderes com o objetivo de ampliar e diversificar a base de recursos militares e policiais e, assim, fortalecer o futuro das missões de manutenção da paz da ONU. Na ocasião, o Chile se comprometeu a aumentar o seu atual aporte para os “capacetes azuis”, especialmente em áreas críticas como meios de transporte aéreo, unidades de engenheiros e hospitais de campanha.

A contribuição do Chile ocorrerá em três etapas. Na primeira, a partir deste ano, quatro oficiais de Estado-Maior serão destacados para o quartel-general da MINUSCA. Posteriormente, o Chile aportará uma companhia de engenheiros de construção horizontal e um grupo de helicópteros de médio porte para ajudar em operações humanitárias. Finalmente, o país incrementará sua participação com uma unidade médica militar.

As premissas da Responsabilidade de Proteger estão presentes na maioria dos mandatos das operações de paz, e a MINUSCA não é exceção. Portanto, o primeiro grupo de militares que se integrarão a essa missão e as unidades que participarão no médio prazo representarão a contribuição do Chile para conseguir o objetivo primordial da ONU no país africano, que é proteger os civis da República Centro-Africana diante da ausência de instituições e serviços estatais básicos que sejam capazes de oferecer-lhes as mínimas condições de segurança e bem-estar.

O Tenente-Coronel Alejandro Amigo é pesquisador no Centro de Estudos da Academia de Guerra e pesquisador sênior no Centro Canadense para a Responsabilidade de Proteger da Universidade de Toronto.

Fonte: Dialogo Américas 

2 Comentários

  1. Esse coronel faz eu rir.Como protegeram os libios! Africa esta fartas desses protetores, que estao na Africa para proteger nao a populacao Africana, que nao necessita exercito de brancos para protege-la. mas para proteger aqueles que estao na Africa para pilhar sua riqueza mineral.

  2. Esse coronel faz eu rir. Como protegeram a populacao e a riqueza libia. Sua 300 toneladas de ouro foram roubados. A sua populacao que tinha o melhor padrao de vida no continente Africano, segundo o Banco Mundial, o FMI e a ONU, hoje ou junta os milhares de refugiados que procuram vida melhor na Europa, ou se sao libios de pele escuras, sao massacrados pelos terroristas islamitas colocado no poder por Hilary Clinton. Em alguns paises do Oeste da Africa a populacao estava matando europeus e norte americanos que estavam vacinando a populacao com vacina contra ebola, apos eles terem percebidos que ebola so aflitiam as pessoas que foram vacinada. Africa esta farta ate o pescoco com esses protetores. Sua populacao nao necessita forcas militares de brancos para protege-la. Ela sabe que esses militares estao la nao para protege-la mas para proteger aqueles que europeus e norte americanos imperialistas que nao tem na Africa nenhum outro interesse que nao seja a pilhagem de sua riqueza mineral e agricola.Quando muito esses militares se protegem alguns africanos, protegem aqueles negros vendidos, que operam como capachos dos imperialistas.

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