Ocidente ignorou proposta russa de renúncia de Assad em 2012, diz jornal.

Moradores enchem recipientes de água nas ruas de Aleppo, alvo de combates entre as forças do governo sírio e rebeldes - STRINGER / REUTERS Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/ocidente-ignorou-proposta-russa-de-renuncia-de-assad-em-2012-diz-jornal-17492764#ixzz40L7kGH6E  © 1996 - 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Moradores enchem recipientes de água nas ruas de Aleppo, alvo de combates entre as forças do governo sírio e rebeldes – STRINGER / REUTERS

Segundo ex-negociador citado pelo ‘The Guardian’, EUA, França e Reino Unido perderam oportunidade ao acreditarem que ditador sírio estava prestes a cair

Sugestão Iuri Gomes

LONDRES — A Rússia propôs há mais de três anos que o ditador sírio, Bashar al-Assad, poderia renunciar como parte de um acordo de paz, o que foi ignorado pelo Ocidente, informou o jornal britânico “The Guardian” nesta terça-feira, citando um ex-negociador envolvido nas discussões.

Segundo o ex-presidente da Finlândia e Nobel da Paz Martti Ahtisaari, as potências ocidentais não conseguiram aproveitar a oportunidade em 2012. Ahtisaari afirmou que EUA, França e Reino Unido estavam tão convencidos de que Assad estava prestes a cair e acabaram não dando importância à oferta.

— Foi uma oportunidade perdida em 2012 — avaliou Ahtisaari.

Desde então, dezenas de milhares de pessoas foram mortas e milhões tiveram de ser deslocadas, provocando a maior crise de refugiados do mundo desde a Segunda Guerra Mundial.

Ahtisaari manteve conversas com representantes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU em fevereiro de 2012. Ele explicou que durante as discussões, o embaixador russo, Vitaly Churkin, estabeleceu um plano de três pontos, que incluía uma proposta para Assad deixar o poder em algum momento depois que as negociações de paz tivessem começado entre o regime e a oposição.

— Ele (Vitaly Churkin) disse três coisas. Primeiro: não devemos dar armas para a oposição. Segundo: nós devemos começar um diálogo entre a oposição e Assad. Terceiro: devemos encontrar uma maneira elegante para Assad se afastar — disse Ahtisaari, citando uma declaração do embaixador russo durante uma conversa privada entre os dois.

Segundo o ex-presidente da Finlândia, parecia haver pouca dúvida de que Churkin estava levantando a proposta em nome do Kremlin.

Ahtisaari disse que repassou a mensagem para as missões americanas, britânicas e francesas na ONU, sem que tivesse efeito.

— Não aconteceu nada porque eu acho que todos eles, e muitos outros, estavam convencidos de que Assad seria deposto em poucas semanas por isso não havia necessidade de fazer nada — acrescentou o Nobel da Paz.

Em junho de 2012, Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, presidiu as negociações internacionais em Genebra. Foi acordado um plano de paz no qual um governo de transição seria formado por “consentimento mútuo” entre o regime e a oposição. No entanto, logo se desfez por causa das divergências em torno de uma possível renúncia de Assad. Annan renunciou ao cargo de enviado um mês depois, e o destino de Assad tem sido um dos principais entraves para todas as iniciativas de paz desde então.

Oficialmente, a Rússia tem apoiado firmemente o regime sírio durante a guerra, insistindo que a retirada de Assad do poder não pode ser parte de qualquer acordo de paz. Assad, por sua vez, sustenta que a Rússia nunca o abandonará.

Moscou começou recentemente o envio de tropas, tanques e aviões, em um esforço para estabilizar o regime de Assad e lutar contra os extremistas do Estado Islâmico (EI).

Fonte: O Globo

4 Comentários

  1. =Basicamente, o ocidente não esperava que a Russia etivesse tão forte militarnente…. foi uma (má) surpresa pros EUA e pros seus serviçais essa mostra de força por parte da Russia….

    Quando lançaram os Kalibr então….. o desespero trilogiopata atingiu picos de psicopatia…… o Deagol sumiu e o Ocidente teve que engolir no seco uma vitoria maiuscula do Kremlin
    \
    e eu estou MORRENDO DE RIR
    \
    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    • “Rafa_positron
      Hoje 13:59”

      Os curdos da Síria cada vez mais perto da autonomia

      Por Rana MOUSSAOUI
      AFP
      16 de fevereiro de 2016

      Os curdos da Síria, desprezados pelo regime de Bashar Al-Assad, avançam lentamente para a criação de uma região autônoma na fronteira com a Turquia, tirando proveito da guerra e dos apoios circunstanciais dos Estados Unidos e da Rússia.

      Para o desespero das autoridades turcas, as forças curdas têm conseguido aproveitar a derrota dos rebeldes, perseguidos pelo regime, para conquistar várias cidades nesta área, a apenas 20 quilômetros da fronteira com a Turquia.

      Desde o início do conflito, em 2011, os curdos aproveitaram a retirada do exército para criar uma administração local na região o que reforça o seu projeto de autonomia.

      De acordo com o geógrafo especialista na Síria Fabrice Balanche, os curdos, que também ganharam terreno contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI), agora controlam 14% do território sírio (26.000 km2), em comparação aos 9% de 2012.

      Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), os curdos controlam 75% dos 800 km de fronteira entre a Síria e a Turquia.

      Seu sonho é unir os três “cantões” curdos – Afrin e Kobane, na província de Aleppo, e Jaziré, na província de Hassaké – para criar uma região autônoma semelhante à dos seus irmãos no Iraque.

      “O principal objetivo dos curdos é anexar os cantões (…), querem uma Síria descentralizada, na qual seu sistema de cantões sirva para todo o país”, afirma à AFP Mutlu Civiroglu, especialista em Síria e curdos que trabalha em Washington.

      Desde que o governo sírio lançou, no início de fevereiro, uma ofensiva na região de Aleppo, as forças curdas, tirando proveito dos ataques aéreos russos de apoio às forças de Assad, conseguiram romper o cerco ao cantão de Afrin, mantido há mais de um ano pelos rebeldes islamitas e pela Frente Al Nosra.

      Nem com o regime, nem com os rebeldes

      Agora, preparam-se para uma mais uma batalha contra o grupo Estado Islâmico na província de Aleppo com o objetivo de unir os cantões de Afrin e Kobane.

      Mas os curdos não apoiam nem o regime, nem os rebeldes. “Desde o início seguem o que eles chamam de ‘terceira via’, não estão nem com o regime, nem com os rebeldes, porque nenhuma das duas partes reconhece os direitos dos curdos”, explica Civiroglu.

      Contudo, os rebeldes acusam a principal milícia curda (as Unidas de Proteção do Povo Curdo, YPG) de favorecer Asad em cidades como Tall Rifaat, que conquistaram na segunda-feira das mãos rebeldes, ou por expulsá-los da base aérea de Minnagh.

      “Não temos nada a ver com a batalha do regime”, assegura à AFP Salah Jamil, um líder do PYD, o braço político das YPG.

      “Nós lutamos contra a Al-Nosra e outras facções que seguem a estratégia turca, porque sitiaram nossa região e bombardearam nosso povo”, diz ele.

      “Agora, a prioridade do PYD é aproveitar suas conquistas e criar alianças regionais e internacionais para se tornar um ator político fundamental na nova Síria”, analisa Maria Fantappié, uma especialista do International Crisis Group.

      Muito preocupada com as vitórias dos curdos, a Turquia, que apoia os rebeldes há cinco anos, lançou no sábado ataques de artilharia contra posições curdas.

      Essa situação coloca em dificuldade os Estados Unidos que, por um lado, consideram os curdos indispensáveis em sua luta contra o EI, mas que ao mesmo tempo é um aliado da Turquia, membro da Otan.

      Ao mesmo tempo, os curdos têm um acordo tácito com a Rússia e aproveitam os bombardeios de Moscou contra os rebeldes e os jihadistas iniciado em setembro para ganhar território.

      ~~

      Curdos avançam no norte da Síria apesar de disparos turcos

      Por Rana MOUSSAOUI
      AFP
      15 de fevereiro de 2016

      As forças curdas seguiam avançando nesta segunda-feira na província do norte da Síria de Aleppo, apesar da intensificação dos bombardeios da artilharia da Turquia, cuja estratégia foi denunciada pela Rússia como provocação.

      No noroeste deste país em guerra, 19 pessoas, entre elas quatro crianças, morreram nesta segunda-feira em bombardeios, ao que parece da aviação russa, contra um hospital apoiado pela Médicos Sem Fronteiras (MSF), segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

      Quinze dias depois de uma grande ofensiva das forças do regime de Bashar al-Assad, apoiadas por bombardeios aéreos russos, a situação é muito complexa e confusa na província de Aleppo.

      O exército sírio cerca quase totalmente os bairros rebeldes de Aleppo, antiga capital econômica do país, e avança agora ao norte.

      Aproveitando o enfraquecimento dos rebeldes, submetidos a intensos ataques aéreos russos, as forças curdas também avançavam nesta província – apesar de três dias de bombardeios da artilharia turca -, tomando várias localidades que estavam nas mãos dos insurgentes.

      “Os combates são intensos a oeste de Tall Rifaat entre as forças democráticas da Síria (FDS, curdos) e os rebeldes”, afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

      “Ao menos 26 rebeldes morreram nestes combates”, segundo o OSDH, que tem uma ampla rede de fontes na Síria.

      Tall Rifaat é um dos três últimos redutos dos rebeldes no norte da província de Aleppo. Esta pequena cidade, cujo controle o exército sírio perdeu em 2012, está nas mãos dos insurgentes islamitas apoiados pela Turquia.

      No domingo, 350 combatentes de uma facção islamita, Faylaq ao Sham, entraram a partir da Turquia para apoiar os rebeldes de Tall Rifaat, segundo o OSDH.

      Nesta batalha de Aleppo, os curdos – que não estão alinhados com o regime nem com os rebeldes – querem sobretudo unir as regiões que controlam, uma a nordeste e outra a noroeste, para facilitar seu objetivo de autonomia, como o que os curdos no Iraque têm.

      Território fragmentado

      No entanto, a artilharia turca seguia nesta segunda-feira bombardeando pelo terceiro dia consecutivo a estrada a oeste de Tall Rifaat para tentar frear os reforços dos curdos do FDS.

      No complexo conflito na Síria, o território está fragmentado entre o regime de Bashar al-Assad, as diferentes facções de rebeldes, os jihadistas do Estado Islâmico (EI) e os próprios curdos.

      Eles se encontraram na linha de frente do combate aos jihadistas do grupo EI.

      Apesar dos apelos de Washington e Paris para que coloque fim aos seus bombardeios, o primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu advertiu que eles serão mantidos para impedir que os curdos se apoderem de Azaz, uma localidade situada a 10 quilômetros da fronteira.

      Para os turcos, os curdos sírios pertencem a organizações terroristas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo que realiza na Turquia uma sangrenta rebelião desde 1984.

      Por sua vez a Rússia, que desde setembro apoia o regime de Assad e bombardeia posições dos rebeldes, também é aliada dos curdos. Moscou taxou nesta segunda-feira de provocadores os ataques turcos contra posições curdas e do regime de Assad e os classificou de “apoio não velado ao terrorismo internacional”.

      Em Kiev, o primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu acusou nesta segunda-feira a Rússia de agir “como uma organização terrorista” na Síria e ameaçou com uma resposta da Turquia “extremamente firme”.

      O regime sírio também havia condenado no domingo os “reiterados ataques da Turquia”.

      O crescente envolvimento de Ancara no conflito sírio inquieta os ocidentais, que são ao mesmo tempo aliados da Turquia na Otan, e dos curdos, considerados por eles a força mais capaz de lutar contra o grupo EI, que controla parte da Síria e do vizinho Iraque.

      ~~

      HAHAHAHAHA…TA QUASE LÁ CABOCLADA…eu disse…eu não disse?!..se lembram do que vivia dizendo por aqui naquela época da esculhambação na Ucrânia?!…eu disse que os Russos dariam troco na mesma moeda…só não esperava que fosse ainda por cima em dobro(Turquia/Arábia Maldita)…. hahahaha…. 😛

      quem pode …PODE.. meu amigo..quem não pode…MENDIGA CADEIRA NA ONU…hihihihi… 😀

      https://www.youtube.com/watch?v=62U52jWl8OA

  2. um tema igual a proposta que foi formulada pelo LULA e o ITAMARATI no caso dos iranianos

    hoje o acordo assinado com os iranianos a cerca do programa nuclear deles é muito melhor para os iranianos
    do que o proposto pelo brasil e com o acordo dos iranianos

    resumo o estados unidos e seus poodles estão cada vez mais perdendo o compasso do que é realidade sobre megalomanias e prepotências

  3. Eu ja comentei varias vezes sobre os rumores que circulavam ate meados do ano passado de que os russos poderiam entregar a cabeca de Assad. Os russos fizeram tudo que foi possivel para ser aceito como “parceiro” dos EUA e seus vassalos na Europa. Por isso permitiram que os EUA e OTAN destruissem o regime de Kadafi na Libia e quando essa crise na Siria explodiu, eles chegaram pensar sim que seria possivel entregar Assad e manter sua unica base naval no Mediterraneo, na Siria. E ainda no ano passado houve comentarios de que os Russoa estariam preparados para entregar a cabeca de Assad em troca do acordo com Turquia para construcao do Gasduto que seria construido como alternativa ao Gasduto que corta o territorio Ucraniano. Google IS PUTIN PLANNING TO SELL OUT ASSAD? http://www.counterpunch.org/2015/08/14 Esta Putin planejando trair Assad? Foi o fato de Emdorgan abandonar o Acordo para construir o Gasduto Russo atraves da Turquia que obrigou Putin abracar aquele quem ele estava preparado para trair. Ja disse que eu pessoalmente nao acredito que os Oligartcas que destruiram a Uniao Sovietica estao em condicoes de defender a Russia como pais unificado. E Putin e parte da quadrilha. Enquanto ele combate os imperialistas eu aprecio mas eu nao confio nele. nem nos lideres chineses. Sem contar que com excetuando paises vassalos, um pais independente tem que buscar seus interesses e nao ir atras de amizade. Mas tenho minhas duvidas se os oligarcas russos poem os interesses russos acima de seus interesses particulares. Mas nao sou russo e isso nao e meu problema…

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