O que está por trás da desvalorização do petróleo?

No início de 2016, commodity atingiu seu valor mais baixo em 12 anos. Entre outros motivos, devido à inundação do mercado promovida pela Arábia Saudita. Mas especialistas acreditam que o fundo do poço já foi alcançado.

“O petróleo sempre foi um negócio difícil”, desabafa Jeffrey Grossman, da Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex). Seu café já está frio, ele mal tem tempo de atender o telefone, que toca a todo momento. O preço do petróleo não só parou de cair, como dá sinais de que voltará a subir novamente.

Grossman e seus colegas da bolsa nova-iorquina estão no ramo há décadas e estão acostumados a crises e variações no preço da commodity. Mas, desta vez, é diferente.

Nos primeiros dias de 2016, o preço do petróleo chegou a despencar para menos de 30 dólares. Hoje, um litro de leite pode custar o dobro do que a mesma quantidade de petróleo vale na Bolsa Mercantil de Chicago. É uma enorme perda de valor, que ninguém esperava.

Segundo Antoine Halff, especialista em política global de energia da Universidade de Columbia, em Nova York, antes da crise financeira de 2008, temia-se que a demanda por petróleo – na época na casa dos 130 dólares – se tornasse insustentável.

“As pessoas pensavam que não havia como subir mais. A percepção era de que não havia petróleo suficiente, de que o mercado estava superaquecendo e de que haveria uma guerra matéria-prima”, comenta Antoine Halff.

Razões para o equilíbrio

Há muitas razões para este desequilíbrio no mercado global. A demanda está estagnada, mesmo em mercados emergentes, como a China. Os EUA conseguiram aumentar sua oferta de petróleo graças ao fraturamento hidráulico (fracking) e já não precisam mais importar. O consumo global de petróleo vai subir neste ano mais lentamente do que em 2015, segundo a Agência Internacional de Energia. A previsão é que em 2016 ele aumente 1,3%, contra 1,7% registrado no ano passado.

Mesmo o boom na produção de óleo de xisto (substituto para o petróleo tradicional) nos Estados Unidos desempenha um papel. A evolução dos processos de extração faz com que sejam exploradas jazidas que anos atrás eram tidas como inexploráveis. A extração de óleo de xisto através de fracking ainda é muito cara, mas pode se tornar cada vez mais barata. Ao mesmo tempo, a concorrência está ficando cada vez mais dura.

“O óleo de xisto pode garantir que os EUA continuem competitivos”, avalia Mark Mills, do Instituto Manhattan.

A Arábia Saudita também tem culpa do acirramento da concorrência. O país possui a segunda maior reserva mundial do produto e inunda o mercado com cada vez mais petróleo – no início, com objetivo de combater a extração por fracking e, depois, para dificultar a entrada do Irã no mercado. Espera-se que o Irã injete no mercado entre 300 e 600 mil barris diários.

Extração por fraturamento hidráulico nos EUA

“Decisão racional”

A queda do preço faz as margens de lucro desaparecerem. A empresa petrolífera britânica BP estima que cada dólar a menos no preço do petróleo reduz o lucro líquido anual em 500 milhões de dólares. As consequências são demissões. Entre 100 mil e 250 mil trabalhadores da indústria do petróleo ficaram desempregados nos últimos 18 meses.

Especialmente para estados americanos como Texas, Louisiana, Dakota do Norte e Alasca, a pressão sobre os preços tem consequências devastadoras. Eles são financiados, em grande parte, pelas receitas fiscais do petróleo. No Brasil, o baixo preço do petróleo ameaça tornar inviável a extração na camada do pré-sal.

A tendência de queda pode ser paralisada pela redução da produção. Mas muitos perderam a confiança na Arábia Saudita. Muitos nos EUA e na Europa acreditam que os sauditas defendam impiedosamente sua quota de mercado contra o Irã. Mas Antoine Halff não acredita que por trás desse comportamento se esconda uma estratégia política.

“A decisão de vender cada vez mais petróleo é racional”, diz, explicando que quando os preços caem é necessário vender uma quantidade maior, para obter o mesmo lucro, mesmo quando o preço cai ainda mais.

“O que estamos vendo agora são o equilíbrio do mercado e o preço de mercado”, disse recentemente o ministro do Exterior da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, em entrevista à CNN.

Seja por tática política ou equilíbrio do mercado, o resultado é o mesmo. Concorrentes menores são retirados do mercado. Antoine Halff acredita que o mercado vai se corrigir a longo prazo e frisa que a Arábia Saudita sofre tanto com os preços baixos quanto os outros países da Opep. Jeffrey Grossman também crê que o fundo do poço já tenha sido alcançado.

“Temos visto uma má notícia atrás da outra sendo despejada no mercado”, lamenta. Ele aposta que, agora, o preço deve voltar a subir, pelo menos em alguns dólares. O valor atual do petróleo prova que ele está certo. Desde a última quinta-feira (21/01), a commodity se mantém acima da marca de 30 dólares.

Fonte: DW

12 comentários em “O que está por trás da desvalorização do petróleo?

    • correto , na noticia nem menciona empresas de xisto dos estados unidos que já entraram com o pedido de falência , mas os alemães se lembraram do pre sal rsrs

  1. Só sei que essa derrocada do petroleo derubou quem vive de uma única fonte de renda”o petroleo”.
    Árabia saudita já não tem o mesmo prestigio de Woshigton e agora que esta em pleno movimento no oriente médio, ve sua fonte de renda se desvalorizar enormemente.
    Venezuela em frangalhos.

    • É complicado falar em “derrubou”. Países como a Arabia Saudita, possuem pouca população e fundos de emergencia ainda bem gordos. A queda vai limitar bastante os investimentos, mas não haverá cortes tão profundos. Já a Venezuela….não tem fundo externo nenhum, ai ja viu neh….mas acredito que a Arabia Saudita vai ser forçada a reduzir a produção. Ao contrário da crise do petróleo na decáda de 70, dessa vez os arabes querem quebrar por excesso de demanda. Vamos ver até onde vai dar.

      • Correto… a AS tem reservas e é sócia de empresas de capital aberto no mundo todo… já a venefavela bolivariana, não faz nem pra comer… pra vcs verem a diferença entre governos capitalistas e os desgovernos socialistas… ai é só o povão venezuelano padecendo… mas tão virando a mesa… o congresso venezuelano atual é atuante e sabe o que faz… tá cortando as asinhas do masburro e colocando o país nos eixos novamente… questão de tempo… saudações…

  2. Nessa guerra do petróleo não há santos ,todos são players jogando de acordo com seus interesses e como sempre o Brasil se dá mau porque não faz dever de casa.
    A Arábia Saudita é o grande desgraçado da atualidade reduziu o preço do petróleo mirando inviabilizar novos players como EUA e o Brasil ( o break even do pré-sal é em torno dos $45).Atualmente visa atingir Irã e Rússia que são aliados de Bashar al Assad que os Sauditas visão tirar do poder através de seus fantoches do estado islâmico e “oposição moderada”.
    Os EUA querem e vão reduzir sua dependência do petróleo do oriente médio através do fracking e não darão ouvidos a ONGs que só enchem o saco por aqui.
    O Iran em 5 anos renovará suas forças armadas e se tornará rival militar além de ser rival ideológico/religioso e politico na região.
    A Rússia foi muito prejudicada com a queda do preço do petróleo e não teve outra alternativa senão salvar o Assad , a Síria é ponto chave por conter a base Naval de Tartus além da recém criada base aérea de Latakaia e por ser rota do gasoduto que o Assad sumariamente rejeitou.
    Porque ninguém invade a Arábia Saudita ?????
    Vale lembrar que em 2010 a Arábia Saudita fechou um MEGA pacote de defesa de BILHÕES de dólares com os EUA que incluía 85 caças F-15SE e a atualização de outros 70, além de 70 helicópteros Apache, 72 Black Hawks e 36 Little Birds e mísseis ,bombas ,motores extras etc…
    E o Brasil , o Brasil com todos sabemos só ……………
    De forma tosca e muito reduzida é mais ou menos isso.

  3. A mais de CINCO longos anos que ouço os esquerdalhas afirmando que os yankes iriam quebrar, que estavam com sua economia quebrada, e patati, e patata… agora, vejam: “Os EUA conseguiram aumentar sua oferta de petróleo graças ao fraturamento hidráulico (fracking) e já não precisam mais importar.”… “O óleo de xisto pode garantir que os EUA continuem competitivos”, avalia Mark Mills, do Instituto Manhattan.”… só para exemplificar como os filhos da mãe Rússia socialista sempre esperam o fim do EUA e ficam a ver navios… não dá para desacreditar uma economia dinâmica e competitiva como a americana e apostar em uma economia sub-industrializada como a russa… é puro ufanismo barato dos filhos perdidos da extinta URSS… mas o choro é livre… 🙂

    • kkkkkkkkkk desatualizado kkkkkkk ONDE ESTA O MEGA EMPREENDIMENTO AMERICANO NA EXPLORAÇÃO DE XISTO kkkkkkk mostre-nos kkkk não existe . Essa caozada é apenas um blefe da maquina mentirosa da propaganda Yanke kkkkk e tem bostérico dizendo que os EUA são o maior produtor de petroleo e que possuem a maior reserva do mesmo kkkkk eles tem sim a maior população carceraria do mundo maior ate que a da China klkkkkkk Vamos nos juntar em fusão de Estados com os Canadenses assim teremos acesso a suas reservas intocadas de oleo kkkkkkkkkk
      Acorda pra vida bostérico KD o mega investimento na mega exploração de Xisto que vai transformar os EUA no maior produtor de petroleo kkkkkkk

  4. “O que está por trás da desvalorização do petróleo?”

    uma guerra econômica contra os emergentes/Brics…

    • É a jogada desesperada de quem sucumbe e tenta de todas as formas impedir os que ascendem.
      So quero ver quando esse tiro sair pela culatra e duvido que consigam manter ESSA ORQUESTRAÇÃO ATE O FIM DE 2016.

  5. Hahahahaha, estavamos debatendo justamente sobre isto, to tentando lembrar o nome , lembrei, Juarez e Tamandare, kkkkkkkkkk, obrigado pelos esclarecimentos sr. Roberto Lopes, se o senhor conseguir desenhar para que os dois entendam eu agradeco.kkkkkk

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