Tradução e adaptação : Filipe do Amaral Monteiro
O Pensamento da Pontaria de Combate
Pontaria de Combate (Combat Marksmanship – CMMS) é a habilidade de aplicar fogo de precisão letal em um alvo ameaça em todos os ambientes sob o stress de combate com a finalidade de reduzir uma ameaça a um ponto em que ela não seja mais viável. CMMS difere dos fundamentos de Pontaria (Marksmanship – MMS), de uma forma que, o inimigo está atirando contra você ou estava atirando contra você. Em eventos de tiro de pontaria, o atirador tem todo o tempo para fazer a contagem de tiro. Em CMMS, o atirador possui tempo limitado, literalmente o resto de sua vida para distinguir uma ameaça e eliminar aquela ameaça. Quando um lutador de UFC (Ultimate Fighting Championship) vai ao octógono, eles chamam isso de combate. Entretanto, será isso mesmo? Ele não pode morder, dar cabeçada, ou arrancar o olho do oponente. Não é nada mais do que um evento atlético muito doloroso. O lutador de UFC tem a possibilidade de dizer, “eu desisto” ou bater. Em combate, o cara-a-cara com os oponentes é até a morte, você não tem a possibilidade de desistir. Se você desistir é muito provável que você ou outra pessoa irá morrer.
O CMMS começa com a idéia de que o atirador está indo para uma situação de combate. Quando um boxeador adentra o ringue, ele espera ser atingido. Quando uma pessoa toma a responsabilidade para proteger a si e a outros, ele deve supor que tão logo a luta se inicie, deve ser até o fim. Pode terminar pacificamente. Posar pode realmente funcionar. Estudos mostraram que uma arma apresentada por uma vítima mantém os agressores à distância ou os põe pra correr. A decisão mental da “vítima” em recusar ser a vítima foi a primeira ação efetuada para salvar sua vida. Essa decisão foi feita logo que a pessoa decidiu se armar. O pensamento correto para a situação de “Combate” começa com a preparação.
Preparação é a consciência situacional de que algo pode acontecer e então “preparar” a mente para imaginar os “e se”. “Se isso acontecer, eu faço isso…”. Este pequeno ditado é um dos melhores pensamentos para se ter em mente antes que algo de fato aconteça. O tempo de reação humana gira em torno de .25 segundos. Esses tempos de reação são atingidos quando uma pessoa pode racionalizar as ações necessárias ao cumprimento de uma tarefa antes que ela seja necessária. Isto é um ensaio mental. Meu treinador de luta no colegial era um grande defensor do “ensaio mental”. Antes de partidas, eu me deitaria na cama na noite de véspera e mentalmente imaginar a competição em minha cabeça. Eu visualizaria as ações que eu iria executar primeiro e pensar comigo “se isso ou aquilo acontecer, então eu farei isso…” Eu lutava a partida muitas vezes virtualmente muitas vezes antes de lutá-la de fato. Agora, eu sou um atirador muito melhor do que eu era lutador no colegial, mas eu aprendi muito com estes exercícios mentais simples. Estes me prepararam para muitas situações na vida. A preparação também influencia a determinação e a habilidade de ser proativo…
Determinação é o próximo princípio do pensamento para o combate. É a decisão pessoal inata de “não desistir” até que a situação tenha acabado. Ao estar mentalmente preparado, o atirador não é tão surpreendido em determinada situação e por conta disso não tão superado pelos acontecimentos quanto alguém que não faz a menor idéia do que está acontecendo. Porque uma pessoa pode pensar à frente em um tiroteio, ele pode então perceber o resultado e ser proativo, não reativo. Ao ser determinado e proativo, o atirador tem um fator medo reduzido. Não estou dizendo que não existe medo no tiroteio. Existe medo, medo de outras pessoas serem feridas ou morrerem, além de outros tipos de medo. Talvez medo de o bandido fugir. Porém, determinação, a atitude mental de “EU NÃO VOU DESISTIR” levam-nos até o fim da luta. Determinação nos dá paixão e paixão pode ser uma força motriz que nos leva a levantar da cama nas manhãs de sábado e nos leva para o estande.
Paixão é o amor que nós temos por atividades que fazemos. Indo para o estande e treinando para tarefas que são desconfortáveis ou difíceis de realizar. Entretanto, logo que completamos estas tarefas nós sentimos gratificação e satisfação. Essa paixão gera mais determinação para se distinguir e nos faz melhores e nos empenhar ainda mais. Nós apenas devemos nos lembrar, muito “deixa comigo” algumas vezes pode acabar conosco. Precisamos de freio na hora certa no ciclo de treinamento. Nós devemos ser capazes de controlar nossa paixão e usar a calma que desenvolvemos em nossas ações para desenvolver a velocidade mental necessária para antecipar o que acontecerá em seguida.
Velocidade, tanto mental e física, é alcançada por treinar ações repetitivamente. Ao repetir as mesmas ações corretamente muitas vezes, nós “entalhamos” esta ação em nosso cérebro. Uma vez que esse movimento for “entalhado”, a ação pode se tornar quase reflexiva. Não existe tal coisa como “memória muscular” por assim dizer. É um termo usado para explicar as ações reflexo de tarefas treinadas que podem acontecer com mínima influência externa. Um reflexo, por definição, é uma resposta a um estímulo que não necessita ir até o cérebro e ser processada. Ele vai até a coluna vertebral e de volta para o ponto de origem. O treinamento aumenta a velocidade. O treinamento nos dá a experiência para saber o que deve estar prestes a acontecer na seqüência de eventos. A paixão nos leva a treinar e a determinação nos mantém caminhando quando ele fica difícil. Ao focar essa paixão e determinação, nós podemos “forçar a passagem” para o próximo nível de desempenho e nossa velocidade aumenta. Com poder e velocidade focados, nós alcançamos a violência na ação.
Violência na ação é a execução de ações com força surpreendentemente esmagadora. É a culminação de toda paixão, determinação e velocidade necessárias para atingir a vitória. Quando confrontado com a violência na ação o agressor deve reavaliar a situação. A violência na ação também diminui o ímpeto do agressor e aumenta a coragem do atirador. Violência na ação é um aspecto que os criminosos usam para surpreender as vítimas e dominar totalmente a situação. Por dominar a situação, eles controlam a vítima. O atirador precisa utilizar todos os aspectos do pensamento de COMBATE para ser o único a dominara situação, eliminar quaisquer ameaças com o nível apropriado de força e estar preparado para ir até aquele nível de força. Desse modo, controlando a situação e sendo vitorioso.
O Pensamento de Combate não é uma habilidade inata para a maioria das pessoas. Ele é e pode ser uma resposta aprendida. Ao se preparar para uma luta, o pensamento de combate deve ser dominado. Você deve ter determinação para trilhar o caminho, paixão para trabalhar duro e o preparo mental para estar consciente da situação.
Escrito por
Frankie McRae, Diretor da Training Raidon Tactics Inc.
Frankie McRaeé o Diretor da Training Raidon Tactics Inc. Ele é o antigo chefe do Curso de Forças Especiais do Exército dos EUA que é o proponente o treinamento e operações de Resgate de Reféns/Contra-terrorismo. Raidon Tactics Inc é uma companhia que oferece treinamento de Tiro, Combate em Espaços Confinados e Contra-Terrorismo. Esses são oferecidos às Forças Armadas, Aplicação da Lei, firmas de Segurança Corporativa e público em geral.
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” Mentalidade da Pontaria de Combate
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OFÍCIO DOS DELEGADOS FEDERAIS AO MINISTRO DA JUSTIÇA.
Of. nº 152/15- ADPF – Ref. Proc. nº 129/95
Excelentíssimo Senhor Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, Ministro de Estado da Justiça:
Como é do conhecimento de Vossa Excelência, a Lei Orçamentária Anual (LOA) foi recentemente aprovada no Congresso Nacional, estabelecendo, para a surpresa dos Delegados de Polícia Federal e de toda a sociedade, um corte no já limitado orçamento da Polícia Federal, na ordem de 133 milhões de reais.
Uma redução orçamentária dessa monta importará, necessariamente, na drástica diminuição das ações investigativas da Polícia Federal no ano que se aproxima, pois contratos celebrados para garantir o seu regular funcionamento serão suspensos ou cancelados e projetos que visam ao seu aprimoramento serão completamente abandonados, por absoluta falta de recursos, o que já vem ocorrendo, por exemplo, em projetos estratégicos para a segurança da nação, tais como o VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) e o CINTEPOL (Centro Integrado de Inteligência Policial e Análises Estratégicas), os quais estão em franco processo de descontinuidade, por absoluta falta de recursos.
Afigura-se, portanto, uma nítida e grave situação de DESMONTE da Polícia Federal, que, inviabilizada em suas ações pelo arrocho orçamentário imposto pelo Governo Federal, restará impossibilitada de cumprir, com a mesma eficácia que a população se acostumou em ver e ainda mantém com muito esforço, suas investigações e demais atividades policiais, prejudicando sobremaneira a prestação do serviço à sociedade e a imagem de excelência que se consolidou ao longo dos anos.
Os Delegados de Polícia Federal estão bastante apreensivos e inquietos com os rumos da Polícia Federal, especialmente porque, a despeito dos fatos e constatações acima narrados, não têm observado a atuação de Vossa Excelência, na qualidade de titular da pasta ministerial à qual se vincula a instituição, no sentido de denunciar e enfrentar esse claro desmonte do órgão.
É por isso que, por meio da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal – ADPF, os Delegados de Polícia Federal vem à presença de Vossa Excelência cobrar que haja menos discursos e mais ações efetivas do Ministério da Justiça em defesa da Polícia Federal para que se promovam todos os atos institucionais necessários para impedir que a Polícia Federal seja alvo de um processo de sucateamento em razão do cumprimento da sua competência constitucional: combater o crime organizado, os crimes decorrentes dos desmandos políticos e econômicos e a corrupção.
Caso Vossa Excelência reconheça a sua impossibilidade política em defender a Polícia Federal, os Delegados exigem, então, que apoie e se engaje, ao lado da instituição, na busca pela autonomia orçamentária e financeira da Polícia Federal, por meio de gestões para a aprovação da PEC 412/2009, que tramita no Congresso Nacional, a qual garantirá a desvinculação da Polícia Federal do manto do Ministério da Justiça e que permitirá à instituição Polícia Federal se defender por seus próprios meios contra o processo de desmonte que a ela está sendo imposto.
Assinam esta Carta os Diretores Regionais da ADPF, reunidos em Conselho, representados por seu Presidente e os demais membros das diretorias nacional e regionais da entidade.
Respeitosamente,
Carlos Eduardo Miguel Sobral é Presidente da ADPF e do Conselho de Diretores Regionais da ADPF.
Assinam também o documento:
Dr. Frederico Sávio Guimarães Ferreira
Delegado de Polícia Federal Acre
Dr. Gustavo Viana Gatto
Delegado de Polícia Federal Alagoas
Dr. Pablo Oliva Souza
Delegado de Polícia Federal Amazonas
Dra. Tainah Fernanda Rodrigues
Delegada de Polícia Federal Amapá
Dr. Rony José Silva
Delegado de Polícia Federal Bahia
Dr. João Conrado Ponte de Almeida
Delegado de Polícia Federal Ceará
Dr. Luciano Soares Leiro
Delegado de Polícia Federal Distrito Federal
Dr. Marcos Paulo Pugnal da Silva
Delegado de Polícia Federal Espírito Santo
Dr. Ramon Santos Menezes
Delegado de Polícia Federal Goiás
Dr. Rodrigo Santos Corrêa
Delegado de Polícia Federal Maranhão
Luiz Augusto Pessoa Nogueira
Delegado de Polícia Federal Minas Gerais
Dra. Fabiana de Araújo Macedo
Delegada de Polícia Federal Mato Grosso do Sul
Dr. Evandro Iwasaki da Silva
Delegado de Polícia Federal Mato Grosso
Dr. Ivan Santos Lauzid
Delegado de Polícia Federal Pará
Dra. Andréia Medeiros Bezerra Lêdo
Delegada de Polícia Federal Paraíba
Dr. Ronaldo Marcelo Prado de Oliveira
Delegado de Polícia Federal Piauí
Dr. Jorge Luís Fayad Nazário
Delegado de Polícia Federal Paraná
Dra. Kilma Caminha Veloso Freire Loyo
Delegada de Polícia Federal Pernambuco
Dr. Luíz Carlos de Carvalho Cruz
Delegado de Polícia Federal Rio de Janeiro
Dr. Marinaldo Barbosa de Moura
Delegado de Polícia Federal Rio Grande do Norte
Dr. Eduardo dos Santos Guedes
Delegado de Polícia Federal Rondônia
Dr. Daniel Norberto
Delegado de Polícia Federal Roraima
Dr. Josemauro Pinto Nunes
Delegado de Polícia Federal Porto Alegre
Dr. Luiz Carlos Korff Rosa Filho
Delegado de Polícia Federal Santa Catarina
Dr. Márcio Alberto Gomes Silva
Delegado de Polícia Federal Sergipe
Dra. Tânia Fernanda Prado Pereira
Delegada de Polícia Federal São Paulo
Dr. Helano Medeiros Lima
Delegado de Polícia Federal Tocantins
Membros da Diretoria Executiva:
Sebastião José Lessa
Delegado de Polícia Federal
Vice-Presidente
Fernanda Costa de Oliveira
Delegada de Polícia Federal
Primeira Secretária
João Vianey Xavier Filho
Delegado de Polícia Federal
Tesoureiro-Geral
Edvandir Felix de Paiva
Delegado de Polícia Federal
1º Suplente
Getúlio Bezerra Santos
Delegado de Polícia Federal
Secretário-Geral
Nelbe Ferraz de Freitas
Delegada de Polícia Federal
Segunda Secretária
João Thiago Oliveira Pinho
Delegado de Polícia Federal
Tesoureiro Substituto
Marília Ferreira de Alencar
Delegada de Polícia Federal
2º Suplente
É o que precisa ser passado para os policiais do Rio de Janeiro, é o que eles precisam praticar e serem apoiados tanto pelos políticos, como (e principalmente) pela população.
Mas passa, primeiro, pela seleção e preparação do policial. Quanto a remuneração… Sabia o quanto receberia, sabia pelo que seria pago, sabia dos sacrifícios exigidos… Tão reclamando do quê? O que não reduz a responsabilidade e falta de vergonha da população que não apoia seus policiais.
[]´s