EMPRESA BRASILEIRA LANÇA HELICÓPTERO NÃO TRIPULADO

O helicóptero não tripulado começa a ser fabricado em 2016 (FT Sistemas)O helicóptero não tripulado começa a ser fabricado em 2016 (FT Sistemas)

A indústria brasileira já domina a tecnologia para produzir aeronaves não tripuladas. A FT Sistemas, de São José dos Campos (SP), que o diga: a empresa anunciou que vai lançar em 2016 um helicóptero não tripulado, o FT-200FH, que poderá ser aplicado tanto no setor civil quanto pelas forças armadas.

Como explica a fabricante, o helicóptero é uma ARP (Aeronave Remotamente Pilotada) com dois metros de comprimento e 90 kg. O motor é a gasolina e permite ao aparelho permanecer voando por até 18 horas ininterruptas. A aeronave foi montada na configuração “fletteners”, cois dois rotores paralelos, o que permite eliminar o rotor traseiro.

Com essas características, a FT Sistemas indica seu ARP no uso civil para atividades como a inspeção de redes eletricas remotas, monitoramento de agronegocios, transporte rápido de cargas de pequeno porte e alto valor, como medicamentos, entre outras utilizações. Já o militares podem aplicá-lo em longas missões vigilância de fronteiras.

De acordo com a empresa, o FT-200FH começa a ser produzido a partir de janeiro de 2016. Também participam do projeto a Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina) e o Inerge (Instituto de Estudos e Gestão Energética), além de empresas da Alemanha e Inglaterra.

Para desenvolver o FT-200FH a empresa fez investimentos da ordem de R$ 9,3 milhões. A aeronave já passa por processo de Certificação junto à ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). “Um dos objetivos ao desenvolver o FT-200FH é ampliar as exportações com a meta de faturamento entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões nos próximos dois anos”, explica Nei Brasil, diretor presidente da FT Sistemas.

Fonte: Airway

46 Comentários

  1. O caminho para a indústria bélica nacional é investir em tecnologia em VANT’s; por ser um produto que pode ser usado tando por ações militar ou civil.
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    Deveriam investir mais em aviônica principalmente, é ai conde tá o dinheiro
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    A tecnologia da aviônica,tem uma gama de uso amplo, pois os produtos dessa tecnologia não fica só restrito só a uso aeronáutico, ela está presente em equipamentos no seguimento automotivo carros e até hospitalares, por exemplo.
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    PARABÉNS BRASIL !!! … ⚑ ⚑ ⚑ …….. MAIS UMA VEZ QUEBRANDO TABUS E PRECONCEITOS …⚑ ⚑ ⚑.. ..PENSAMENTO POSITIVO ..⚑ .⚑ ⚑

    • E por falar em indústria nacional,o mercado de armas de fogo dá muito dinheiro e nesse mundo …. a grana corre solta e fácil, assim como as droga.
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      O Pixuleco que eles não querem que ninguém saiba
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      Quanto os deputados estão ganhando para revogar o Estatuto do Desarmamento
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      Mas por que o interesse de parlamentares em reformar o estatuto? Estariam preocupados com a segurança da população? A resposta é a de sempre: o dinheiro.
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      (*)fonte: [ http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Quanto-os-deputados-estao-ganhando-para-revogar-o-Estatuto-do-Desarmamento/4/34916 ]
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      (…) Está tramitando e ainda falta ser votado em plenário, mas a bancada da bala deu mais um expressivo empurrão no país em direção ao abismo. O novo Estatuto de Controle de Armas revoga o Estatuto do Desarmamento. (..)
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      (…A proposta é tão escabrosa que recebeu 12 sugestões de alteração. Apenas uma foi acatada, a que trata de prisão em flagrante. Pelo texto original, se uma pessoa possui o registro e porte da arma e ficar evidenciado que agiu em legítima defesa, não poderia ser preso em flagrante.
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      Ao facilitar tanto a aquisição quanto o porte de arma, não é muito difícil concluir que prender alguém em flagrante ficaria mais difícil e o bangue bangue iria correr solto. De tão amalucada, esta foi a única das 12 alterações propostas a ser suprimida do texto.
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      O índice de bala perdida vai aumentar, a industria de carros blindados vai bombar.
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      Os vestuário de roupas à prova de bala … vai ser um item indispensável em todo guada-roupa do Brazil, sair com coleta á prova de bala será trivial … como já é lá em muitos lugares nos EUA.
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      Bem vindo ao mundo torto dos sociopatas e psicopatas .

      • POR FALAR EM PIXULECO…

        Ao ver Lula defendendo seu filho que recebeu R$ 15 milhões de reais da TELEMAR para tocar sua empresa, Élio Gáspari publicou essa história tirada do fundo do baú:

        Em 1966 o presidente Castello Branco leu nos jornais que seu irmão, funcionário com cargo na Receita Federal, ganhara um carro Aero-Willys, agradecimento dos colegas funcionários pela ajuda que dera na lei que organizava a carreira. O presidente telefonou mandando que ele devolvesse o carro.

        O irmão argumentou que se devolvesse ficaria desmoralizado em seu cargo. O presidente Castelo Branco interrompeu-o dizendo: Meu irmão, afastado do cargo você já está. Estou decidindo agora se você vai ser preso ou não’…

        PEQUENA DIFERENÇA ENTRE QUEM PRESTA E TEM CARÁTER E QUEM NÃO TEM NEM PRA REMÉDIO… 🙂

      • (…)O irmão argumentou que se devolvesse ficaria desmoralizado em seu cargo. O presidente Castelo Branco interrompeu-o dizendo: Meu irmão, afastado do cargo você já está. Estou decidindo agora se você vai ser preso ou não’… (…)
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        Canastrão o carro foi um fusquinha .. Hahahah
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        Realmente você perdeu a oportunidade de fica na sua .. hahahah .. procure se informar .. esse ai foi uma armação na época da Conceição da Costa Neves .. para atingir o Castelo Branco pois, esse episódio da conversa entre irmãos nunca existiu .. só você mesmo para cair nessa história “pega-bobo” ventilado pelos jorlaões da época.. como é a GLOBO e a VEJA de hoje.. Hahahah
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        A queda de braço entre o Presidente Castello Branco e seu irmão Lauro
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        Na homenagem, os colegas lhe deram as chaves de um fusquinha, que não lhe era destinado , mas à sua mulher, Iolanda. Ele ficou muito contrariado, argumentou que funcionário não poderia ganhar presente, muito mais um carro. Os colegas insistiram que o carro não era para ele, mas para a mulher.

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        (*)fonte:
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        http://familiagurgeldeacopiara.com.br/index.php/site-map/articles/79-artigos/82-212-a-queda-de-braco-entre-o-presidente-castello-branco-e-seu-irmao-lauro
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        (…)Lauro tomou a iniciativa de devolver as chaves do fusquinha e deu o caso por encerrado.
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        Cara realmente tu é um bobão
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        ” PEQUENA DIFERENÇA ENTRE QUEM PRESTA E TEM CARÁTER E QUEM NÃO TEM NEM PRA REMÉDIO”
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        .HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

      • Mas que linguagem xula Gab, logo você um que se diz educado no nivel superior. Seja um pouco mais condizente com sua pregação de reacionário que se vê superior. Até por que, se você se acha valendo o que vale um peido então, pensa bem, tu não passa de um merda. Rsrsrsrsrs

      • Vendas de mochilas escolares à prova de bala triplicam nos EUA
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        Após o massacre de 20 crianças em uma escola infantil de Newtown, no Estado de Connecticut, nos Estados Unidos, as lojas que vendem mochilas escolares à prova de balas relatam um grande aumento nas vendas desses produtos. Uma dessas empresas afirma que vendeu, na última semana, o que normalmente venderia em três meses.
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        (*)fonte: [ noticias.terra.com.br ]

      • Temos que começar a vender para as escolas públicas do Brasil também , pq o que está tendo de traficante e bandido dentro delas não é brincadeira !

        Segurança padrão PT….

      • Se preocupe não Gab. teu tucano favorito de São Paulo, já tá resolvendo o problema. Está fechando escolas paulistas. Quer por quer mudar o nome do estado de forma definitiva para Tucanistão.

      • Município e Estado de São Paulo, são coisas diferentes…

        O estado de São Paulo é administrado, ininterruptamente, há mais de 20 anos por governos tucanos…

      • Ele sabe, mas escreve em ingles, o idioma deles, que para eles entenderem o que você escreve. Eles não são bem versados em interpretação de texto em nossa lingua. Rsrsrsrsrsrs.

    • São Paulo é o Estado que mais possui brasileiros vindos de outras partes do Brasil, principalmente do nordeste, como São Lula.

  2. Parece ser um projeto muito bem feito.

    “Empregado em atividades militares, o FT-200FH poderá colaborar no combate ao contrabando, tráfico de drogas e aquisição de alvos para sistemas de artilharia embarcados em navios da frota da Amazônia Azul.”

    Com alcance de 70 km e autonomia de voo de 18 horas, podendo ser configurado para monitoramento e aquisição de alvos…Me parece ser muito adequado para atuar embarcado em NaPaOc, corvetas e fragatas…

    Se a MB considerá-los eficientes, deveria adquirir uns 12 destes vants, dada a sempre insuficiente quantidade de embarcações para patrulhar a vastidão da ZEE (Zona Econômica Exclusiva) marítima do Brasil,
    seria uma forma de ampliar a eficiência de monitoramento das embarcações dotadas com estas aeronaves.

  3. Parabéns a FT Sistemas, belo equipamento, fruto do trabalho serio de gente que ainda acredita neste país e duas vezes heróis por investirem em um produto de alto nível tecnológico nacional.

  4. É disso que eu falo. E só podia ter vindo dessa fonte para dar credibilidade para a manada reaça. Mas E. M. Pinto, a gente sabe quais são aqueles que reforçam a saúde mental nacional, e aqueles que precisam de analista. Rsrsrsrsrs. Facim, facim. Rsrsrsrsrs.

  5. Bacana!

    Interessante o sistema de rotores contra rotativos. Salvo engano, um anula o torque o outro, eliminando o efeito de giro.

    Seria de todo o interesse para a MB estudar essa plataforma para operar a bordo das novas OPVs. Aliás, mesmo os vasos de maior tonelagem poderiam fazer uso dele.

    Se o País se resolvesse por OPVs da Fassmer ( como uma configuração como a colombiana ), somado a um drone como esse e um helicóptero que possa executar SAR e C-SAR de forma competente, ter-se-ia um sistema que julgo o melhor para a tarefa de patrulha e SAR.

  6. Podemos utilizar para combate assimétrico, adicionar uma SAW 7.62, talvez alguns misseis anti tanque como o MSS-1.2

  7. invocado o bicho…gostei mesmo viu…estão vendo só quando o pessoal não é vira lata como as coisas vão para frente senhores!…agora só falta algum governo com a influencia de alguma concorrente estrangeira por trás fazer com eles o mesmo que fizeram com Gurgel…rs..

  8. Ótima noticia!A Marinha do Brasil, estava procurando um drone helicóptero para colocar em seus navios patrulhas da Classe Amazonas e da futura classe de navios de patrulha brasileiros, que vai comprar nos próximos anos!Parabéns a essa empresa pelo pioneirismo:E Brasil imparável, não é uma crisezinha, que vai parar a nação mais poderosa do hemisfério sul!Viva o Brasil, viva o povo brasileiro!Parabéns a industria de defesa brasileira…e parabéns aos ex presidente Lula por reativá-la nos anos 2000 e presidente Dilma por mantê-la como indústria estratégica!

    • Não meu caro MAV pão com mortadela! O único ente público que participa do projeto é uma concessionária de serviço público de Santa Catarina que não tem absolutamente nada a ver com o GF dos Petralhas. E o aparelho usa tecnologia alemã e inglesa.

      No mais, e como a Lavajato está mostrando com clareza, existe a enorme suspeita de que os contratos de defesa, mormente aqueles firmados com a empreiteira “cúmpanhêra”, que subitamente passou a se interessar pela indústria de defesa, eram apenas meios destinados a permitir que o ParTido, aliado à um cartel de empreiteiras, se locupletassem às custas do contribuinte.

      No mundo real, fora dos delírios do “Brasil PuTênfia” o que vimos fomos absurdos tal como a promessa de investir milhões para desenvolver a avioneta argentina chamada UNASUR 1, ao mesmo tempo em que a Novaer precisa mendigar por verbas nos gabinetes de Brasília atrás de recursos para viabilizar o TX-c, em que pese seus colegas de pelegagem dizerem que isso trata de invenção para “Denegrir o governo”

  9. Parabéns a Flight por esse novo produto que promete muito.
    Mas não vejo muita utilidade para o EB, mas grande utilidade na MB.
    Espero que a mesma demonstre grande interesse por esse produto,assim como demonstrou no Squeldar da empresa Sueca.
    Mas não acredito muito nisso,conhecendo nossas FAA,s como conhecemos!

    • Quem sabota o Brasil são maus brasileiros como vc, caro delinquente ideológico… sempre defendemos um Brasil a nível coreano, industrializado com empresas tecnológicas de ponta e não como a venefavela ou a sua amada cuba que ainda estão no século retrasado… deixa de ser cínico… se dependesse de vcs, ESQUERDALHAS e afins, nós ainda estaríamos moendo cana com animais e enrolando charutos com as mãos… MENTIROSO HIPÓCRITA…

      • Ah…esses dementes analfabetos, vivem caçando comunistas até debaixo da cama, nada que Rovotril e Gardenal não resolva.
        E eu defendo um modelo coreano sim, mas o modelo SUL COREANO analfabeto.
        Comprei minhas primeiras ações aos 20 anos, fiz, faço e farei mais capitalismo do que todos os vermes vassalos dos EUA vão fazer até morrer.
        E quanto ao mentiroso, gostaria de saber sobre o que eu estou mentindo, já que o único a mentir SOBRE MIM é você lixo.

      • Claro, COMUNISTA DE BOUTIQUE é assim mesmo… comunismo pra gentalha ignorante, mas para eles, o melhor que o grande CAPITALISMO pode oferecer… viu onde está a mentira ???… vc também tem um ROLEX como seu amado fidel ???… 🙂

      • Mas por que esse preconceito todo patrão. Socialista também gosta de coisa boa. Quem não gostaria de ter um rolex? Rolex não é só para reacionários nazi fascistas. Aliás, é um grande erro de interpretação essa, que identifica bem os lados. Socialistas, gostam tanto de coisas boas que querem elas para o maior numero de pessoas possível. Já os reacionários, se acham o ultimo biscoito do pacote, como vossa fascistagem, gostam de serem os exclusivos beneficiários do luxo mundial. Não gostam de compartilhar as riquezas por que isso seria socializar e socializar significa socialismo, numa linguagem mais, popular, coisa que vocês deploram.

      • Quantos cubanos vc conhece que possuem um Rolex ???… vai me dizer que seu amado fidel distribuiu Rolex para o povão cubano ???!!!… deve ter sido o “bolsa Rolex”… rsrsrsrssrsrsrsrsssss…. aqui a malta PETRALHA distribui a “bolsa enrolex”… rsrsrsrsrsrsrss… deixa de ser otário, JUJU… veja a riqueza que fidel distribuiu para o povo cubano: https://havanaspecialperiod.files.wordpress.com/2012/04/centro-habana.jpg … COMO É FÁCIL DESMENTIR ESQUERDALHAS !!!…

    • Quanta bobagem heim meu caro! Se os EUA nos sabotam como você diz na sua cantilena surrada, por que motivo então a empresa obteve acesso à tecnologia de dois países membros da OTAN? (Alemanha e GB)

      Tá vendo porque as mulheres não querem saber de você?

  10. Só gostaria de agradecer aos nossos brilhantes trabalhadores e empresários da industria de material bélico, pois apesar da incompetência do estado têm se saído de forma esplendida, no mais desejo que as forças Armadas saibam aproveitar desta criatividade e ajuda-los na continuidade, nas pesquisas e desenvolvimento do produto bem como encomendas, pois há um vasto mercado e aplicações diversas para esse magnifico produto. Todá Rabá.

  11. Porque temos dificuldade em acendermos como nação desenvolvida ???… o texto abaixo explica parte desse emaranhado de situações… com raríssimas exceções, como esta notícia do post em questão, somos obrigados a viver na mediocridade pela vontade de uma malta política que tem em uma ideologia caduca e irracional seu mister…

    “DE CADA UM SEGUNDO SUA CAPACIDADE”

    Ayn Rand

    Por Carlos I. S. Azambuja

    “Trecho memorável de uma obra em que Ayn Rand mostra, de forma extremamente convincente, a inviabilidade de uma sociedade baseada no princípio marxista “De cada um, conforme sua capacidade, para cada um, conforme sua necessidade”.

    O trecho é longo. É parte de um romance em que Ayn Rand conta, entre outras coisas, como uma fábrica de ponta e extremamente produtiva é destruída por idéias igualitárias. É uma transcrição das fls 510 a 517.

    A maior parte do trecho é uma explicação, por parte de um ex-empregado, dada a uma mulher que o entrevistava, de porque a fábrica faliu. Ironicamente, a fábrica se chamava Motores Século Vinte (Twentieth-Century Motors). Trata-se de uma obra de ficção – ma non troppo… O livro foi votado pelos leitores, na Internet, a obra de ficção mais importante do século XX.

    Vamos ao texto: Foi uma coisa que aconteceu na fábrica onde eu trabalhei durante vinte anos. Foi quando o velho morreu e os herdeiros tomaram conta. Eles eram três, dois filhos e uma filha, e inventaram um novo plano para administrar a fábrica. Deixaram a gente votar, também, para aceitar ou não o plano, e todo mundo, quase todo mundo, votou a favor. A gente não sabia, pensava que fosse bom. Não, também não é bem isso, não. A gente pensava que queriam que a gente achasse que era bom. O plano era o seguinte: cada um trabalhava conforme sua capacidade, e receberia conforme sua necessidade…

    Aprovamos o tal plano numa grande assembléia: nós éramos seis mil, todo mundo que trabalhava na fábrica. Os herdeiros do velho Starnes fizeram uns discursos compridos, e ninguém entendeu muito bem, mas ninguém fez nenhuma pergunta. Ninguém sabia como plano ia funcionar, mas cada um achava que o outro sabia. E quem tinha dúvidas se sentia culpado e não dizia nada, porque do jeito como os herdeiros falavam, quem fosse contra era desumano e assassino de criancinha. Disseram que esse plano ia concretizar um nobre ideal. Como é que a gente podia saber? Não era isso que a gente ouvia a vida inteira dos pais, professores e pastores, em todos os jornais, filmes e discursos políticos? Não diziam sempre que isso é que era certo e justo? Bem, pode ser que a gente tenha alguma desculpa para o que fez naquela assembléia. O fato é que votamos a favor do plano, e o que aconteceu conosco depois foi merecido.

    Nós que trabalhamos lá na Século Vinte durante aqueles quatro anos, somos homens marcados. O que é que dizem que o inferno é? O mal, o mal puro, nu, absoluto, não é? Pois foi isso que a gente viu e ajudou a fazer, e acho que todos nós estamos malditos, e talvez nunca mais vamos ter perdão.

    Querem saber como funcionou o tal plano, e o que aconteceu com as pessoas? É como derramar água dentro de um tanque onde tem um cano no fundo puxando mais água do que entra, e cada balde que se derrama lá dentro o cano alarga mais um bocado, e quanto mais se trabalha, mais exigem de nós, e no final estamos despejando balde quarenta horas por semana, depois quarenta e oito, depois cinqüenta e seis, para o jantar do vizinho, para a operação da mulher dele, para o sarampo do filho dele, para a cadeira de rodas da mãe dele, para a camisa do tio dele, para a escola do sobrinho dele, para o bebê do vizinho, para o bebê que ainda vai nascer, para todo mundo à sua volta, tudo é para eles, desde as fraldas até as dentaduras, e só o trabalho é seu, trabalhar da hora em que o sol nasce até escurecer, mês após mês, ano após ano, ganhando só suor, o prazer só deles, durante toda a sua vida, sem descansar, sem esperança, sem fim.

    De cada um, conforme sua capacidade, para cada um, conforme sua necessidade.
    Nós somos uma grande família, todo mundo, é o que nos diziam, estamos todos no mesmo barco. Mas não é todo mundo que passa dez horas com um maçarico na mão, nem todo mundo que fica com dor de barriga ao mesmo tempo. Capacidade de quem? Necessidade de quem, quem tem prioridade? Quando é tudo uma coisa só, ninguém pode dizer quais são as suas necessidades, não é? Senão qualquer um pode dizer que necessita de um iate, e se só o que conta são os sentimentos dele, ele acaba até provando que tem razão. Por que não? Se eu só tenho o direito de ter carro depois que eu trabalhei tanto e que fui parar no hospital, depois de garantir um carro para todo vagabundo e todo selvagem nu do mundo, por que ele não pode exigir de mim um iate também, se eu ainda tenho capacidade de trabalhar? Não pode? Então ele não pode exigir que eu tome meu café sem leite até ele conseguir pintar a sala de visitas dele?

    Pois é. . . . Mas aí decidiram que ninguém tinha direito de julgar suas próprias capacidades e necessidades. Tudo era resolvido na base da votação. Tudo era votado em assembléia duas vezes por ano. Não tinha outro jeito, não é? E imaginem o que acontecia nessas assembléias. Bastou a primeira para a gente descobrir que todo mundo tinha virado mendigo. Mendigos, esfarrapados, humilhados, todos nós, porque nenhum homem podia dizer que fazia jus a seu salário, não tinha direitos nem fazia jus a nada, não era dono de seu trabalho. O trabalho pertencia à ‘família’, e ele não lhe devia nada em troca, a única coisa que cada um tinha era a sua ‘necessidade’, e aí tinha que pedir em público que atendessem às suas necessidades, como qualquer parasita, enumerando todos os seus problemas, até os remendos na calça e os resfriados da esposa, na esperança de que a ‘família’ lhe jogasse uma esmola. O jeito era chorar miséria, porque era a sua miséria, e não o seu trabalho, que agora era a moeda corrente de lá.

    Assim, a coisa virou um concurso de misérias disputado por seis mil pedintes, cada um chorando mais miséria que o outro. Não tinha outro jeito, não é? Imaginem o que aconteceu, que tipo de homem ficava calado, com vergonha, e que tipo de homem levava a melhor?

    Mas tem mais. Mais uma coisa que a gente descobriu na mesma assembléia. A produção da fábrica tinha caído quarenta por cento naquele primeiro semestre, e aí concluiu-se que alguém não tinha usado toda a sua’capacidade’. Quem? Como descobrir? A ‘família’ decidia isso no voto, também. Escolhiam no voto quais eram os melhores trabalhadores, e esses eram condenados a trabalhar mais, fazer hora extra todas as noites durante os próximos seis meses. E sem ganhar nada mais, porque a gente ganhava não por tempo nem por trabalho, e sim conforme a necessidade.

    Será necessário explicar o que aconteceu depois disso? Explicar que tipo de criaturas nós fomos virando, nós que antes éramos seres humanos? Começamos a esconder toda a nossa capacidade, trabalhar mais devagar, ficar de olho para ter certeza de que a gente não trabalhava mais depressa nem melhor do que o colega ao nosso lado. Tinha que ser assim, pois a gente sabia que quem desse o melhor de si para a ‘família’ não ganhava elogio nem recompensa, mas castigo. Sabíamos que para cada imbecil que estragasse um motor e desse um prejuízo para a fábrica — ou por desleixo, porque ele não tinha nenhum motivo para caprichar, ou por pura incompetência — quem ia ter que pagar era a gente, trabalhando de noite e no domingo. Assim, a gente se esforçava o máximo para ser o pior possível.

    Havia um garoto que começou todo empolgado com o nobre ideal, um garoto muito vivo, sem instrução, mas um crânio. No primeiro ano ele inventou um processo que economizava milhares de homens-hora. Deu de mão beijada a descoberta dele para a ‘família’, não pediu nada em troca, nem podia, mas não se incomodava com isso. Era tudo pelo ideal, dizia ele. Mas quando foi eleito um dos mais capazes e condenado a trabalhar de noite, ele fechou a boca e o cérebro. No ano seguinte, é claro, não teve nenhuma idéia brilhante.

    A vida inteira nos ensinaram que os lucros e a competição tinham um efeito nefasto, que era terrível um competir com o outro para ver quem era melhor, não é? Nefasto? Pois deviam ver o que acontecia quando um competia com o outro para ver quem era o pior.

    Não há maneira melhor de destruir um homem do que obrigá-lo a tentar NÃO fazer o melhor de que é capaz, a se esforçar por fazer o pior possível, dia após dia. Isso mata mais depressa do que a bebida, a vadiagem, a vida de crime. Mas para nós a única saída era fingir incompetência. A única acusação que temíamos era a de que tínhamos capacidade. A capacidade era como uma hipoteca que não se termina de pagar.

    E trabalhar para quê? A gente sabia que o mínimo para a sobrevivência era dado a todo mundo, quer trabalhasse quer não, a chamada ‘ajuda de custo para moradia e alimentação’, e mais do que isso não se tinha como ganhar, por mais que se esforçasse. Não se podia ter certeza de que seria possível comprar uma muda de roupas no ano seguinte – Podia-se ou não ganhar uma’ajuda de custo para vestimentas’, dependendo de quantas pessoas quebrassem a perna, precisassem ser operadas, ou tivessem mais filhos. E se não havia dinheiro para todo mundo comprar roupas, então ficava-se sem roupa nova.

    Havia um homem que tinha passado a vida toda trabalhando até não poder mais, porque queria que seu filho fizesse faculdade. Pois bem, o garoto terminou o secundário no segundo ano de vigência do plano, mas a’família’ não quis dar ao homem uma ‘ajuda de custo’ para pagar a faculdade do filho. Disseram que o filho só ia poder entrar para a faculdade quando houvesse dinheiro para os filhos de todos entrarem para a faculdade — e, para isso, era preciso primeiro pagar a escola secundária dos filhos de todos, e não havia dinheiro nem para isso. O homem morreu no ano seguinte, numa briga de faca num bar, uma briga sem motivo; brigas desse tipo estavam se tornando cada vez mais comuns entre nós.

    Havia um sujeito mais velho, um viúvo sem família, que tinha um hobby: colecionar discos. Acho que era a única coisa de que ele gostava na vida. Antigamente, ele costumava ficar sem almoçar para ter dinheiro para comprar mais um disco clássico. Pois não lhe deram nenhuma ‘ajuda de custo’ para comprar discos — disseram que aquilo era ‘luxo pessoal’. Mas, naquela mesma assembléia, votaram a favor de dar para uma tal de Millie Bush, filha de alguém, uma garotinha de oito anos, feia e má, um aparelho de ouro para corrigir seus dentes — isto era uma ‘necessidade médica’, porque o psicólogo da empresa disse que a coitadinha ia ficar com complexo de inferioridade se seus dentes não fossem endireitados.

    O velho que gostava de música passou a beber. Chegou a um ponto em que nunca mais era visto sóbrio. Mas parece que uma coisa ele nunca esqueceu. Uma noite, ele vinha cambaleando pela rua quando viu a tal da Millie Bush: deu-lhe um soco que lhe quebrou todos os dentes. Todos.

    A bebida, naturalmente, era a solução para a qual todos nós apelávamos, uns mais, outros menos. Não me pergunte onde é que achávamos dinheiro para isso. Quando todos os prazeres decentes são proibidos, sempre se dá um jeito de gozar os prazeres que não prestam. Ninguém arromba mercearias à noite nem rouba o colega para comprar discos clássicos nem caniços de pesca, mas se é para tomar um porre e esquecer, faz-se de tudo. Caniços de pesca? Armas para caçar? Máquinas fotográficas? Hobbies?

    Não havia ‘ajuda de custo de entretenimento’ para ninguém. O ‘entretenimento’ foi a primeira coisa que eles cortaram. Pois a gente não deve ter vergonha de reclamar quando alguém pede para abrirmos mão de uma coisa que nos dá prazer? Até mesmo a nossa ‘ajuda de custo de fumo’ foi racionada a ponto de só recebermos dois maços de cigarro por mês — e isso, diziam eles, porque o dinheiro estava indo para o fundo do leite dos bebês.

    Os bebês eram o único produto que havia em quantidades cada vez maiores — porque as pessoas não tinham outra coisa para fazer, imagino, e porque não tinham que se preocupar com os gastos da criação dos bebês, já que eram uma responsabilidade da ‘família’. Aliás, a melhor maneira de conseguir um aumento e poder ficar mais folgado por uns tempos era ganhar uma’ajuda de custo para bebês’ — ou isso ou arranjar uma doença séria.

    Não demorou muito para a gente entender como a coisa funcionava. Todo aquele que resolvia fazer tudo certinho tinha que se abster de tudo. Tinha que perder toda a vontade de gozar qualquer prazer, não gostar de fumar um cigarro nem mascar um chiclete, porque alguém podia ter uma necessidade maior do dinheiro gasto naquele cigarro ou chiclete. Sentia vergonha cada vez que engolia uma garfada de comida, pensando em quem tinha tido que trabalhar de noite para pagar aquela garfada, sabendo que a comida que comia não era sua por direito, sentindo a vontade infame de ser trapaceado ao invés de trapacear, ser um pato e não um sanguessuga. Não podia ajudar os pais, para não colocar um fardo mais pesado sobre os ombros da ‘família’. Além disso, se ele tivesse um mínimo de senso de responsabilidade, não podia nem casar nem ter filhos, pois não podia planejar nada, prometer nada, contar com nada.

    Mas os indolentes e irresponsáveis se deram bem. Arranjaram filhos, seduziram moças, trouxeram todos os parentes imprestáveis que tinham, todas as irmãs solteiras grávidas, para receber uma ‘ajuda de custo de doença’, inventaram todas as doenças possíveis, sem que os médicos pudessem provar a fraude, estragaram suas roupas, seus móveis, suas casas — pois não era a’família’ que estava pagando? Descobriram muito mais’necessidades’ do que os outros — desenvolveram um talento especial para isso, a única capacidade que demonstraram.

    Deus me livre! Compreendemos que nos tinham dado uma lei, uma lei MORAL, segundo eles, que punia aqueles que a observavam — pelo fato de a observarem. Quanto mais se tentava seguir essa lei, mais a gente sofria; quanto mais a violávamos, mais lucrávamos. A honestidade era como um instrumento nas mãos da desonestidade do próximo. Os honestos pagavam, e os desonestos lucravam. Os honestos perdiam, os desonestos, ganhavam. Com esse tipo de padrão do que é certo e errado, por quanto tempo os homens poderiam permanecer honestos?

    No começo éramos pessoas bem honestas, e só havia uns poucos aproveitadores. Éramos competentes, orgulhávamo-nos do nosso trabalho, e éramos empregados da melhor fábrica do país, para a qual o velho Starnes só contratava a nata dos trabalhadores. Um ano depois da implantação do plano não havia mais um homem honesto entre nós. Era ISSO o mal, o horror infernal que os pregadores usavam para assustar os fiéis, mas que a gente nunca imaginava ver em vida.

    A questão não foi que o plano estimulasse uns poucos corruptos, e sim que ele corrompia pessoas honestas, e o efeito não podia ser outro — e era isso que chamavam de idéia moral!

    Queriam que trabalhássemos em nome de quê? Do amor pelos nossos irmãos? Que irmãos? Os parasitas, os sanguessugas que víamos ao redor? E se eles eram desonestos ou se eram incompetentes, se não tinham vontade ou não tinham capacidade de trabalhar — que diferença fazia para nós? Se estávamos presos para o resto da vida àquele nível de incompetência, fosse verdadeiro ou fingido, por quanto tempo nos daríamos o trabalho de seguir em frente?

    Não tínhamos como saber qual era a verdadeira capacidade deles, não tínhamos como controlar suas necessidades — só sabíamos que éramos burros de carga lutando às cegas num lugar que era meio hospital, meio curral — um lugar onde só incentivavam a incompetência, as catástrofes, as doenças – burros de carga que só serviam às necessidades que os outros afirmavam ter.

    Amor fraternal? Foi aí que aprendemos, pela primeira vez na vida, a odiar nossos irmãos. Começamos a odiá-los por cada refeição que faziam, cada pequeno prazer que gozavam, a camisa nova de um, o chapéu da esposa do outro, o passeio que um dava com a família, a reforma que o outro fazia na sua casa — tudo aquilo era tirado de nós, era pago pelas nossas privações, nossa renúncias, nossa fome.

    Um começou a espionar o outro, cada um tentando flagrar o outro em alguma mentira sobre as suas necessidades, para cortar sua ‘ajuda de custo’ na próxima assembléia. Começaram a surgir delatores, que descobriam que alguém tinha comprado clandestinamente um peru para a família num domingo qualquer, provavelmente com o dinheiro que ganhara no jogo. Começamos a nos meter um na vida do outro. Provocávamos brigas de família, para conseguir que os parentes de alguns saíssem da lista de beneficiados. Toda vez que víamos algum homem começando a namorar uma moça, tornávamos a vida dele um inferno. Fizemos muitos noivados se romperem. Não queríamos que ninguém se casasse: não queríamos mais dependentes para alimentar.

    Antigamente, comemorávamos quando alguém tinha filho, todo mundo contribuía para ajudar a pagar a conta do hospital, quando os pais estavam sem dinheiro no momento. Agora, quando nascia uma criança, ficávamos sem falar com os pais. Para nós, os bebês eram agora o que os gafanhotos são para os fazendeiros.

    Antigamente, ajudávamos quem tinha um doente na família. Agora . . . Vou contar só um caso. Era a mãe de um homem que estava trabalhando conosco há quinze anos. Era uma senhora simpática, alegre e sábia, conhecia todos nós pelo primeiro nome, todos nós gostávamos dela, antes. Um dia ela escorregou na escada do porão, caiu e quebrou a bacia. Nós sabíamos o que isso representava para uma pessoa daquela idade. O médico disse que ela teria que ser hospitalizada, para fazer um tratamento caro e demorado. A velha morreu na véspera do dia em que ia ser removida para o hospital. Ninguém nunca explicou a causa da morte dela. Não, não sei se foi assassinada. Ninguém disse isso. Ninguém comentava nada sobre o assunto. A única coisa que eu sei — e disso nunca vou me esquecer — é que eu, também, quando dei por mim estava rezando para que ela morresse. Que Deus nos perdoe! Era essa a fraternidade, a segurança, a abundância que nos haviam prometido com a adoção do plano.

    E quando a gente via isso, entendia qual era a motivação verdadeira de todo mundo que já pregou o princípio “de cada um conforme sua capacidade, a cada um conforme sua necessidade”. Era esse o segredo da coisa. De início, eu não entendia como é que os homens instruídos, cultos e famosos do mundo poderiam fazer um erro como esse e pregar que esse tipo de abominação era direita — quando bastavam cinco minutos de reflexão para eles verem o que aconteceria quando alguém tentasse pôr em prática essa idéia.

    Agora eu sei que eles não defendiam isso por erro. Ninguém faz um erro desse tamanho inocentemente. Quando os homens defendem alguma loucura malévola, quando não têm como fazer essa idéia funcionar na prática e não têm um motivo que possa explicar essa sua escolha, então é porque não querem revelar o verdadeiro motivo.

    E nós também não éramos tão inocentes assim, quando votamos a favor daquele plano na primeira assembléia. Não fizemos isso só porque acreditávamos naquelas besteiradas que eles vomitavam. Nós tínhamos outro motivo, mas as besteiradas nos ajudavam a escondê-lo dos outros e de nós mesmos, nos davam uma oportunidade de dar a impressão de que era virtude algo que tínhamos vergonha de assumir. Cada um que aprovou o plano achava que, num sistema assim, conseguiria faturar em cima dos lucros dos homens mais capazes. Cada um, por mais rico e inteligente que fosse, achava que havia alguém mais rico e mais inteligente, e que esse plano lhe daria acesso a uma fatia da riqueza e da inteligência daqueles que eram melhores que ele.

    Mas enquanto ele pensava que ia ganhar aquilo que ele não merecia e que cabia aos que lhe eram superiores, ele esquecia os homens que lhe eram inferiores e que iam querer roubá-lo tanto quanto ele queria roubar seus superiores. O trabalhador que gostava de pensar que suas necessidades lhe davam o direito de ter uma limusine igual à do patrão se esquecia de que todo vagabundo e mendigo do mundo viria gritando que as necessidades deles lhes davam o direito de ter uma geladeira igual à do trabalhador. Era ESSE o nosso motivo para aprovar o plano, na verdade, mas não gostávamos de pensar nisso, e então, quanto mais a idéia nos desagradava, mais alto gritávamos que éramos a favor do bem comum.

    Bem, tivemos o que merecíamos. Quando vimos o que havíamos pedido, era tarde demais. Tínhamos caído numa armadilha, e não tínhamos para onde ir. Os melhores de nós saíram da fábrica na primeira semana de vigência do plano. Perdemos nossos melhores engenheiros, superintendentes, chefes, os trabalhadores mais qualificados. Quem tem amor-próprio não se deixa transformar em vaca leiteira para ser ordenhada pelos outros. Alguns sujeitos capacitados tentaram seguir em frente, mas não conseguiram agüentar muito tempo. A gente estava sempre perdendo os melhores, que viviam fugindo da fábrica como o diabo da cruz, até que só restavam os homens necessitados, sem mais nenhum dos capacitados. E os poucos que ainda valiam alguma coisa eram aqueles que já estavam lá havia muito tempo.

    Antigamente, ninguém pedia demissão da Século Vinte, e a gente não conseguia se convencer de que a Século Vinte não existia mais. Depois de algum tempo, não podíamos mais pedir demissão porque nenhum outro empregador nos aceitaria, aliás com razão. Ninguém queria ter qualquer tipo de relacionamento conosco, nenhuma pessoa nem firma respeitável. Todas as pequenas lojas com que negociávamos começaram a sair de Starnesville depressa, e no final só restavam bares, cassinos e salafrários que nos vendiam porcarias a preços exorbitantes. As esmolas que recebíamos eram cada vez menores, mas o custo de vida subia. A lista dos necessitados da fábrica não parava de aumentar, mas a lista de fregueses diminuía. Havia cada vez menos renda para dividir entre cada vez mais pessoas.

    Antigamente, dizia-se que a marca da Século Vinte era tão confiável quanto a marca de quilates num lingote de ouro. Não sei o que pensavam os herdeiros do velho Starnes, se é que eles pensavam alguma coisa, mas imagino que, como todos os planejadores sociais e selvagens, eles achavam que essa marca era um selo mágico que tinha um poder sobrenatural que os manteria ricos, tal como havia enriquecido seu pai. Mas quando nossos fregueses começaram a perceber que nunca conseguíamos entregar uma encomenda dentro do prazo, nem produzir um motor que não tivesse algum defeito, o selo mágico passou a ter o valor oposto: as pessoas não queriam um motor nem dado, se ele ostentasse o selo da Século Vinte.

    E, no final, nossos fregueses eram todos do tipo que nunca pagam o que devem, e nunca têm mesmo intenção de pagar. Mas Gerald Starnes, dopado por sua própria publicidade, ficava todo empertigado, com ar de superioridade moral, exigindo que os empresários comprassem nossos motores, não porque eles fossem bons, mas porque tínhamos muita NECESSIDADE de encomendas.

    Àquela altura qualquer imbecil já podia ver o que gerações de professores não haviam conseguido enxergar. De que adiantaria nossa necessidade, para uma usina, quando os geradores paravam porque nossos motores não funcionavam direito? De que ela adiantaria para um paciente sendo operado, quando faltasse luz no hospital? De que ela adiantaria para os passageiros de um avião, quando os motores pifassem em pleno vôo? E se eles comprassem nossos produtos não por causa do seu valor, mas por causa de nossa necessidade, isso seria correto, bom, moralmente certo para o dono daquela usina, o cirurgião daquele hospital, o fabricante daquele avião?

    Pois era esta a lei moral que os professores e líderes e pensadores queriam estabelecer por todo o mundo. Se era este o resultado quando essa lei era aplicada numa única cidadezinha onde todo mundo se conhecia, pode-se imaginar o que aconteceria em escala mundial? Pode-se imaginar o que aconteceria se tivéssemos de viver e trabalhar afetados por todos os desastres e toda a malandragem do mundo? Trabalhar — e quando alguém cometesse um erro em algum lugar, nós é que teríamos de pagar.

    Trabalhar — sem jamais ter perspectivas de melhorar de vida, sendo que suas refeições, suas roupas, sua casa e seu prazer estariam à mercê de qualquer trapaça, de qualquer problema de fome ou de peste em qualquer parte do mundo.

    Trabalhar — sem nenhuma perspectiva de ganhar uma ração extra enquanto os cambojanos não tivessem sido alimentados e os patagônios não tivessem todos feito faculdade.

    Trabalhar — tendo cada criatura no mundo um cheque em branco na mão, gente que nunca vamos conhecer, cujas necessidades jamais vamos conhecer, cuja capacidade e preguiça e desleixo e desonestidade são coisas que jamais vamos saber nem temos direito de questionar — enquanto as Ivys e os Geralds da vida resolvem quem vai consumir o esforço, os sonhos e os dias de sua vida. E é ESTA lei moral que se deve aceitar? ISTO é um ideal moral?

    Olhe, nós tentamos — e aprendemos. Nossa agonia durou quatro anos, da nossa primeira assembléia à última, e acabou da única maneira que podia acabar: com a falência. Na nossa última assembléia foi Ivy Starnes que tentou manter as aparências. Fez um discurso curto, vil e insolente, dizendo que o plano havia fracassado porque o resto do país não o havia aceitado; que uma única comunidade não poderia ter sucesso no meio de um mundo egoísta e ganancioso, e que o plano era um ideal nobre, mas que a natureza humana não era suficientemente boa para que ele desse certo.

    Um rapaz — o mesmo que fora punido por dar uma boa idéia no primeiro ano -levantou-se, enquanto todos os outros permaneciam calados, e andou até Ivy Starnes no tablado. Não disse nada. Cuspiu na cara dela. Foi assim que acabaram o nobre plano e a Século Vinte.”…

    Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

    • ele virou separatista antes ele falava que era da direita fascista agora que mudou o nick ta se achando um separatista !!!

      se mudar o nick de novo vira ate a bolsinha rsrsrs

      resumindo o bicho envelheceu frustrado rss

    • COM CERTEZA… o que seria do Brasil sem a INICIATIVA PRIVADA… se dependêssemos do desgoverno atual não teríamos nem asa delta pras FAs voarem…

  12. muito bom, agora tem que instalar um FLIR nele, pode ser o da Optovac e um sistema de comunicação confiável que já dá até para embarcar nos navios da marinha ao invés de gastar uma fortuna naquele Shiebel S-100.

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