Kirchner “manda recado” aos EUA com visita à Rússia

© Sputnik/ Mikhail Klimentiev

Para o colunista Mario Russo, a visita da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, à Rússia, nesta semana, tem um forte componente político e mostra que boa parte da América Latina não está totalmente confiante na sinceridade da proposta norte-americana de reaproximação.

Em entrevista à Rádio Sputnik nesta segunda-feira, o jornalista destacou que a viagem de Kirchner a Moscou vai abrir um novo leque de opções comerciais e políticas, que, obviamente, preocupam muito os Estados Unidos e seus parceiros europeus, sobretudo neste momento em que Washington tenta demonstrar mais interesse em cooperar com os países latino-americanos.
Kirchner, que já esteve na Rússia em 2008, visitando o então presidente Dmitry Medvedev, passará dois dias na capital russa (quarta e quinta-feira), discutindo uma série de acordos, assinados no ano passado, nas áreas de energia, comércio, comunicações e cooperação militar.

Nos últimos anos, como lembra Mario Russo, a Argentina tem sofrido com vários problemas econômicos, que culminaram, em 2014, com uma intensa queda-de-braço com credores internacionais. Por conta disso, o país vem enfrentando muitas dificuldades de acesso a linhas de crédito internacional, pois não conta com o respaldo do Banco Mundial, do FMI e de outras organizações. Nesse contexto, apesar da balança comercial relativamente pequena (cerca de US$ 2 bilhões), a Rússia tem se apresentado como uma alternativa interessante para os argentinos, oferecendo parcerias vantajosas em diversos setores estratégicos, incluindo os de energia nuclear e petróleo e gás.

Entretanto, segundo o colunista da Rádio Sputnik, há também um componente político nessa aproximação, já que “ninguém faz negócios apenas por negócios”. Para ele, o fortalecimento das relações entre os dois países extrapola os interesses econômicos.

“A Argentina, no cenário internacional, tem sido uma apoiadora das posições russas em questões importantes, seja no caso do Irã ou nos episódios na Crimeia e na Ucrânia”, explicou. “Se, no passado, Argentina e Rússia, por questões ideológicas, na época soviética, não eram muito próximas, com a mudança do quadro geopolítico nas últimas décadas, há quase que um alinhamento”.

Essa aproximação, de acordo com o jornalista, além de incomodar Washington (com a possibilidade inclusive de realização de negócios em rublo e peso; e não em dólar), tem sido motivo de preocupação também em Londres, já que o Reino Unido parece cada vez mais certo de que a Argentina, com a ajuda russa, investirá em uma nova manobra para incorporar as Malvinas.

“A Grã-Bretanha continua achando que o arquipélago está sob risco de reincorporação”, disse o colunista, destacando o recente escândalo de espionagem britânica na Argentina e o anúncio de que Londres pretende gastar £ 280 milhões (R$ 1,3 bilhão) nos próximos dez anos para reforçar a defesa das Malvinas, também conhecidas como Falkland Islands.

Por esse motivo, segundo Mario Russo, o Reino Unido estaria até reivindicando o direito de vetar a possível venda de caças suecos do modelo Gripen ao país sul-americano, uma vez que muitos componentes utilizados na aeronave são de fabricação inglesa.

Fonte: Sputnik News Brasil

 

7 Comentários

  1. Qualquer visita à Rússia, de um país da América Latina, constitui uma ameaça aos EUA, pode ser até para dar um olá !

    Se Londres pretende gastar £ 280 milhões (R$ 1,3 bilhão) nos próximos dez anos para reforçar a defesa das Malvinas, só porque suspeita que a Argentina esta “maquinando“ uma nova invasão, é só os estrategistas portenho continuarem com essa tática que daqui a alguns anos o Reino Unido acaba falindo !

    • Agora senhor César Pereira, preparar os lenços para as carpideiras da rainha da Inglaterra …. é sempre assim …Hahahah

  2. “Kirchner “manda recado” aos EUA,
    não sei o que passa na cabeças desses lideres bolivarianos da america latina,
    já que o obama de longe nunca foi uma ameaça para eles, na verdade o obama é um grande colaborador do esquedismo aqui na região sul,

    • Bem, Kirchner não mandou nenhum “recado aos EUA”…Isto foi só uma ‘figura de expressão’, da qual o autor da matéria se utilizou..

  3. Enquanto o reino unido estiver com uma faca na garganta da Argentina e continuarem a investir bilhões em armas e militarizar o Atlântico Sul somando ainda que a exploração petrolífera nas Malvinas que é um roubo aos Sulamericanos como um todo, a Argentina que já tem apoio de diversos países vai continuar a aumentar a pressão buscando novos parceiros … como a matéria se refere aos EUA que não quer sair de cima do muro, que tomem uma atitude dizendo de que lado realmente estão e passem a ação, se não todo esforço de reaproximação pode ir por água abaixo.

  4. Reaproximação ? Nunca houve distanciamento da América Latina,para com os EUA,oque há é a escolha de um novo caminho,diferente do de sempre,daquele cuja democracia é oque os EUA ditam !

  5. A Argentin precisa aprender com o modelo chinês de fazer as coisas, a menos de 40 anos a China era exponencialmente inferior economico-militarmente ao Japão, que era sua principal ameaça na região, mas houve conscientização dos problemas internos, planejamento e trabalho serio, sem contudo brigar diretamente com o Japão por conta das ilhas cheias de vogais no nome, e hoje, a China é soberana na região, e tem poder pra defender seus interesses na região contra quem quer que seja, e não dou mais de 20 anos para a China ser a maior potencia militar no Oriente. Se a Argentina fizer o mesmo, pode ser que em 20 a 30 anos esteja em posição de até mesmo brigar com seu opositor e retomar as ilhas.

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