Morre o escritor uruguaio Eduardo Galeano, ídolo bolivariano

galeano

(Da redação com agências EFE e Estadão)

O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, autor de As Veias Abertas da América Latina, livro seguido pela esquerda mais festiva do continente, morreu nesta segunda-feira, em Montevidéu. Galeano tinha 74 anos e sofria de um câncer no mediastino (região da cavidade torácica). A informação foi transmitida por sua editora na Espanha, a Século XXI.

Com a repercussão do regalo do venezuelano ao americano, As Veias Abertas da América Latina teve um boom em vendas. Em apenas um dia, o livro saltou da posição de número 60.028 entre os mais vendidos da Amazon para o décimo lugar.

Já no ano passado, em participação na Bienal do Livro de Brasília, Galeano disse não querer mais saber de seu livro mais famoso. “Depois de tantos anos, já não me sinto mais ligado a esse texto”, disse. “O tempo passou e descobri diferentes maneiras de conhecer e de me aprofundar na realidade. Considero uma etapa superada. Se eu relesse a obra hoje, cairia desmaiado, não iria aguentar”, completou, em tom de brincadeira. “Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera.”

E não parou por aí. Para adicionar insulto à injúria, o autor admitiu que não sabia muito bem o que estava fazendo, pois era jovem e sem a devida formação quando escreveu aquele que é considerado o seu maior clássico. Galeano explicou que foi o resultado da tentativa de um jovem de 18 anos de escrever um livro sobre economia política sem conhecer devidamente o tema: “Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa que, para mim, está superada”.

spécie de cartilha da esquerda radical latino-americana, As Veias Abertas da América Latina analisa a história latino-americana desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos. O livro tornou-se referência para quem cospe no capitalismo, no lucro, na economia de mercado, nos investidores globais, oferecendo como alternativa a “justiça social” produzida por um estado centralizador.

Galeano escreveu vários outros livros. Em 2012, ele lançou seu 16º título, Los hijos de los días, uma reunião de 365 contos em que citava vários países da América Latina e os desaparecidos políticos nas ditaduras, além de fazer críticas à igreja e ao FMI.

Antes de se converter em autor-símbolo da esquerda latina, Eduardo Galeano trabalhou como operário de fábrica, desenhista, pintor, datilógrafo e caixa de banco. Entre os dezesseis livros que lançou, se destaca também a trilogia Memória do Fogo (L&PM), lançada entre 1982 e 1986, em que Galeano procura tecer um painel da América Latina nos últimos quinhentos anos.

Fonte: Veja

17 Comentários

  1. “””” disse. “O tempo passou e descobri diferentes maneiras de conhecer e de me aprofundar na realidade. Considero uma etapa superada. Se eu relesse a obra hoje, cairia desmaiado, não iria aguentar”, completou, em tom de brincadeira. “Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera.””””

    Tá perdoado … se não era mais uma que a Rússia iria encontrar no centro da terra.

    http://www.planobrazil.com/russia-cientistas-dao-mais-um-passo-em-direcao-ao-centro-da-terra/

  2. O que tem de Zé Mané com diploma e anel no dedo que vive criticando o bolivarianismo sem saber o que é bolivarianismo … puro preconceito de vira-lata sionista … nem sabe quem foi Simón Bolívar .. más vai preguntar quem foi George Washington … ai o cara sabe de cor e salteado…. e sobre a Historia da América Latina e do Brasil …. nem falar 😉

  3. Houve neanderthais que quase cometeram arikiri quando o Galeano renegou a própria obra,
    No ano passado ele disse: “Veias Abertas pretendia ser um livro de economia política, mas eu não tinha o treinamento e o preparo necessário”.
    Isso caiu como um iceberg na cabeça de muitos que o tinham entre os livros anti-americanos de cabeceira.
    Incluída nessa lista de pessoas que tomaram esse banho gelado está nada mais, nada menos, que Isabel Allende, que atualmente mora em…Cuba? Venezuela? China? Coréia do Norte? Não. Isabel mora na Califórnia e desfruta de todos os malefícios do demoníaco capitalismo imperialistam kkkkkkkk. 🙂

  4. O texto repercutido é da Veja, revista que já foi flagrada mentindo por várias vezes. E quando não mente, realiza textos carregados de rancor ideológico, que usualmente distorcem o contexto das citações efetuadas pelos biografados e outros personagens.
    Isto, aliás, é o que vemos no presente texto.

  5. Esta semana morreu também outro escritor famoso, o alemão GÜNTER GRASS, que não muito tempo atrás “escandalizou” os hipócritas com o poema baixo:

    ——————————-

    “Por que me calo, já por tempo demais
    Sobre o que é evidente e foi ensaiado
    em jogos de guerra, ao final dos quais, como sobreviventes,
    somos, se muito, notas de rodapé?

    É o alegado direito do primeiro ataque,
    que poderia apagar o povo iraniano
    subjugado por um boquirroto
    e dirigido ao júbilo coletivo,
    porque se cogita construir uma bomba atômica
    na esfera de poder do Irã.

    Mas por que me nego,
    a tratar pelo nome aquele outro país
    no qual há anos — embora em segredo —
    existe potencial nuclear crescente
    mas fora de controle, por que nenhum auditor é deixado entrar?

    O ocultamento geral desse fato,
    ao qual se subordina o meu silêncio,
    cai sobre mim como pesada mentira
    e coerção, que ameaça castigos;
    a condenação de “antissemitismo” é a mais comum.

    Agora porém, porque meu país,
    cujos velhos crimes antigos,
    que são inigualáveis,
    é chamado e chamado e assume a tarefa
    embora repetidamente e protocolarmente,
    com lábios escorregadios, chame de reparação,
    será enviado a Israel
    mais um submarino, cuja especialidade
    consiste em levar ogivas mortais devastadoras de tudo
    a um local onde nem se sabe com certeza se há bomba,
    como se o medo fizesse prova de algo,
    digo o que tem de ser dito.

    Mas por que me calei até hoje?
    Porque achava que minha origem,
    maculada por mácula irremissível
    proibia atribuir esse fato, como verdade declarada
    ao país Israel, ao qual eu sou e
    quero continuar ligado.

    Por que só digo agora,
    envelhecido e com tintas finais:
    Israel potência nuclear põe em risco
    a já frágil paz mundial?
    Por que é preciso dizer
    o que amanhã já pode vir tarde demais;
    também porque nós -alemães já suficientemente sobrecarregados-
    poderíamos nos tornar cúmplices de um crime
    previsível, razão pela qual nossa cumplicidade
    não pode ser disfarçada-escondida
    nas desculpas costumeiras.

    Assumo e admito: não me calo mais
    porque estou enojado com a hipocrisia do Ocidente;
    além disso, há a esperança
    de que muitos se livrem do próprio silêncio,
    e exijam que o causador do perigo evidente
    abstenha-se de violência
    e ao mesmo tempo insistam
    que haja controle sem restrições.”

    *Günter Grass (1927-2015)

    • J. Edgar Hoover, perto de morrer, ligou para a Casa Branca querendo falar com o Presidente Harding. Só que o Presidente à época era Richard Nixon.Culpa da senilidade. Talvez a senilidade tenha despertado em Gunter Grass alguma nostalgia de seus tempos de Juventude Hitlerista e SS, o que justifica o aludido poema.

  6. “o que justifica o aludido poema” são as próprias ações
    de Israel, estas sim, reedições dos atos racistas dos nazistas do passado…

    • E as repetidas ameaças iranianas contra Israel especialmente quando o celerado fascista Ahmadinejad disse que Israel “deveria ser riscado do mapa”? E o “Plano” que Ali Khamenei postou para eliminar Israel “através de um plebiscito? O que você me diz, foram invenções da “mídia golpista”?

      • Só reproduzo o que ele disse,
        note que fala de aniquilação do regime sionista, não dos judeus…:


        “This barbaric, wolflike & infanticidal regime of #Israel which spares no crime has no cure but to be annihilated. 7/23/14 #HandsOffAlAqsa”
        — Khamenei.ir (@khamenei_ir) November 8, 2014

        E quanto a Ahmadinejad, igualmente se referiu a riscar do mapa o “regime sionista”, coisa que a força militante (vc incluso…) de propaganda hasbara, se encarregou de distorcer….

      • Deixa de ser dissimulado meu caro Estafeta! Não tente fazer joguinho de semântica até porque o “regime sionista” é democrático, ao contrário da teocracia fascista iraniana.Tanto Khamenei como o fascista Ahmadinejad pregaram abertamente a destruição do Estado de Israel, mostrando aí todo o antissemitismo do qual você mostra-se, com essa colocação, um fervoroso adepto.

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