O verdadeiro papel da OTAN na grande estratégia dos EUA: Cercar a Rússia visando a China

Observação: Artigo de Dezembro/2010 – O objetivo é induzir a análise e reflexão sobre a Geopolitica neste período, até 2015.

Diana Johnstone 

Nos dias 19 e 20 de Novembro, reúnem-se em Lisboa dirigentes da OTAN numa cimeira designada por “Conceito Estratégico da OTAN”. Entre os tópicos para discussão encontra-se uma série de “ameaças” assustadoras, desde a guerra cibernética até à alteração climática, assim como belas coisas protectoras como armas nucleares e uma inútil Linha Maginot de alta tecnologia destinada a fazer parar os mísseis inimigos em pleno voo. Os dirigentes da OTAN não conseguirão evitar falar da guerra no Afeganistão, essa cruzada interminável que une o mundo civilizado contra o esquivo Velho da Montanha, Hassan i Sabah, chefe dos Assassinos do século onze na sua mais recente encarnação como Osama bin Laden. Sem dúvida vai haver muita conversa sobre os “nossos valores comuns”.

A maior parte do que vai ser discutido é ficção com uma etiqueta de preço.

A única coisa que falta na agenda da cimeira Conceito Estratégico é uma discussão a sério sobre estratégia.

Isto, em parte, resulta de a OTAN, enquanto tal, não ter qualquer estratégia, e não poder ter a sua própria estratégia. A OTAN é na verdade um instrumento da estratégia dos Estados Unidos. O seu único Conceito Estratégico operacional é o que é posto em prática pelos Estados Unidos. Mas até esse é um fantasma esquivo. Segundo parece, os dirigentes americanos preferem posições impressionantes, “soluções espectaculares”, em vez de definirem estratégias.

Um dos que pretende definir uma estratégia é Zbigniew Brzezinski, padrinho dos mujahidin afegãos quando estes podiam ser utilizados para destruir a União Soviética. Brzezinski não se coibiu de declarar abertamente o objectivo estratégico da política dos EU no seu livro de 1993, O Grande Tabuleiro de Xadrez: “A supremacia americana”. Quanto há OTAN, descreveu-a como uma das instituições que servem para perpetuar a hegemonia americana, “fazendo dos Estados Unidos um participante chave até nos assuntos intra europeus”. Na sua “rede global de instituições especializadas”, que obviamente incluem a OTAN, os Estados Unidos exercem o seu poder através de uma “permanente negociação, diálogo, difusão e procura de um consenso formal, apesar de o poder ser sempre proveniente duma única fonte, nomeadamente, Washington, D.C.”

Esta descrição assenta como uma luva na conferência “Conceito Estratégico” de Lisboa. Na semana passada, o secretário-geral dinamarquês da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, anunciou que “estamos muito perto de um consenso”. E este consenso, de acordo com o New York Times, “seguirá provavelmente a formulação do Presidente Barack Obama: trabalhar para um mundo não nuclear mantendo embora um dissuasor nuclear”.

Esperem aí, será que isto faz sentido? Não, mas é o tipo de consenso da OTAN. A paz através da guerra, o desarmamento nuclear através do armamento nuclear, e acima de tudo, a defesa dos estados membros enviando forças expedicionárias para enfurecer os nativos de países distantes.

Uma estratégia não é um consenso escrito por comissões.

O método americano de “permanente negociação, diálogo, difusão e procura de um consenso formal” neutraliza qualquer resistência que possa aparecer ocasionalmente. Assim, a Alemanha e a França resistiram inicialmente à entrada da Geórgia para a OTAN, assim como ao célebre “escudo anti-míssil”, considerados ambos como provocações abertas capazes de provocar uma nova corrida às armas com a Rússia e de prejudicar as frutuosas relações da Alemanha e da França com Moscovo, sem qualquer resultado útil. Mas os Estados Unidos não aceitam um não como resposta, e continuam a repetir os seus imperativos até esmorecer a resistência. A única excepção recente foi a recusa da França em aderir à invasão do Iraque, mas a reacção irritada dos EU assustou a classe política conservadora francesa o que levou ao apoio de Nicolas Sarkozy, pró-estadunidense.

À procura de “ameaças” e “desafios”

O verdadeiro sumo do que passa por um “conceito estratégico” foi declarado pela primeira vez e posto em ação na primavera de 1999, quando a OTAN desafiou a lei internacional, as Nações Unidas e a sua própria carta inicial entrando numa guerra agressiva, fora do seu perímetro de defesa, contra a Jugoslávia. Esse passo transformou a OTAN de uma aliança defensiva para uma aliança ofensiva. Dez anos depois, a madrinha dessa guerra, Madeleine Albright, foi escolhida para presidir ao “grupo de especialistas” que passaram vários meses a realizar seminários, consultas e reuniões para preparação da agenda de Lisboa. Entre os mais importantes nesses encontros, estavam Lord Peter Levene, presidente do Lloyd’s de Londres, a gigantesca seguradora, e o antigo director executivo da Royal Dutch Shell, Jeroen van der Veer. Estas figuras da classe dirigente não são propriamente estrategas militares, mas a sua participação serve para garantir à comunidade internacional de negócios que vão ser tidos em consideração os seus interesses a nível mundial.

É bem verdade que o rol de ameaças enumeradas por Rasmussen num discurso do ano passado dava a entender que a OTAN estava a trabalhar para a indústria dos seguros. Disse ser necessário que a OTAN tratasse do combate à pirataria, da segurança cibernética, da alteração climática, de incidentes radicais do clima tais como tempestades e inundações catastróficas, da subida dos níveis do mar, da movimentação em grande escala de populações para áreas desabitadas, por vezes atravessando fronteiras, da escassez de água, secas, da diminuição da produção de alimentos, do aquecimento global, das emissões de CO2, do recuo dos gelos do Árctico, que revelam recursos até agora inacessíveis, da eficiência de combustíveis, da dependência de recursos externos, etc.

A maior parte das ameaças apresentadas nem mesmo de longe podem ser interpretadas como exigindo soluções militares. Obviamente, não são os “estados vilões” nem os “bastiões de tirania” nem os “terroristas internacionais” que são responsáveis pela alteração climática, no entanto Rasmussen apresenta-os como desafios para a OTAN.

Por outro lado, alguns dos resultados destes cenários, como os movimentos de populações provocados pela subida dos níveis do mar ou pela seca, podem de facto ser considerados como potenciais causas de crises. O aspecto sinistro desta enumeração é precisamente que esses problemas são avidamente agarrados pela OTAN como exigindo soluções militares.

A maior ameaça para a OTAN é estar obsoleta. E a procura de um “conceito estratégico” é a procura de pretextos para se manter em acção.

A Ameaça da OTAN para o Mundo

Embora ande à procura de ameaças, é a própria OTAN que constitui uma ameaça crescente para o mundo. A ameaça básica é a sua contribuição para o reforço da tendência liderada pelos EU para abandonar a diplomacia e as negociações a favor da força militar. Isto percebe-se claramente quando Rasmussen inclui os fenómenos climáticos na sua lista de ameaças para a OTAN, quando eles deviam ser, pelo contrário, problemas para a diplomacia e negociações internacionais. O perigo crescente é que a diplomacia ocidental está moribunda. Os Estados Unidos deram o tom: nós somos virtuosos, nós temos o poder, o resto do mundo tem que obedecer, senão…

A diplomacia é desprezada como sendo uma fraqueza. O Departamento de Estado há muito que deixou de estar no centro da política externa dos EU. Com a sua ampla rede de bases militares em todo o mundo, assim como adidos militares em embaixadas e inúmeras missões em países clientes, o Pentágono é incomparavelmente mais poderoso e influente no mundo do que o Departamento de Estado.

Os últimos Secretários de Estado, longe de procurarem alternativas diplomáticas à guerra, desempenharam de fato um papel preponderante na defesa da guerra em vez da diplomacia, desde Madeleine Albright nos Balcãs ou Colin Powell acenando com falsos tubos de ensaio no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A política é definida pelo Conselheiro de Segurança Nacional, por diversos grupos de opinião financiados por privados e pelo Pentágono, com a intervenção de um Congresso que, por sua vez, é formado por políticos ansiosos em obter contratos militares para as suas clientelas.

A OTAN está a arrastar os aliados europeus de Washington pelo mesmo caminho. Tal como o Pentágono substituiu o Departamento de Estado, a OTAN está a ser utilizada pelos Estados Unidos como um potencial substituto para as Nações Unidas. A “guerra do Kosovo” de 1999 foi um primeiro passo importante nessa direção. A França de Sarkozy, depois de ter entrado no comando conjunto da OTAN, está a destruir os serviços de estrangeiros franceses, tradicionalmente competentes, reduzindo a sua representação civil em todo o mundo. Os serviços de estrangeiros da União Europeia que estão a ser criados por Lady Ashton não vão ter nem política nem autoridade próprias.

Inércia burocrática

Por detrás dos seus apelos aos “valores comuns”, a OTAN é impulsionada sobretudo pela sua inércia burocrática. A própria aliança é uma excrescência do complexo militar-industrial dos EU. Há sessenta anos que as aquisições militares e os contratos do Pentágono têm sido uma fonte essencial da investigação industrial, dos seus lucros, de empregos, de carreiras no Congresso e até mesmo de financiamentos universitários. A interacção destes diversos interesses converge para determinar uma estratégia implícita dos EU de conquista do mundo.

Uma rede global sempre em expansão de umas 800 a mil bases militares em solo estrangeiro.

Acordos militares bilaterais com estados clientes que oferecem formação em troca da compra obrigatória de armas feitas nos EU e da reestruturação das suas forças armadas, trocando a defesa nacional pela segurança interna (ou seja, repressão) e a possível integração nas guerras de agressão lideradas pelos EU.

Utilização dessas relações estreitas com as forças armadas locais para influenciar a política interna de estados mais fracos.

Exercícios militares permanentes com estados clientes, que fornecem ao Pentágono um conhecimento perfeito sobre o potencial militar dos estados clientes, os integram na máquina militar dos EU e alimentam uma mentalidade de “prontos para a guerra”.

Posicionamento estratégico da sua rede de bases, exercícios com “aliados” e militares de forma a cercar, isolar, intimidar e acabar por provocar importantes nações consideradas potenciais rivais, nomeadamente a Rússia e a China.

A estratégia implícita dos Estados Unidos, tal como as suas ações dão a entender, é uma conquista militar gradual para garantir o domínio do mundo. Uma característica original deste projeto de conquista do mundo é que, embora extremamente ativo, dia após dia, é praticamente ignorado pela grande maioria da população da nação conquistadora, assim como pelos seus aliados mais estreitamente dominados, ou seja, pelos estados da OTAN.

A propaganda infindável acerca das “ameaças terroristas” (as pulgas do elefante) e outras diversões mantêm a maioria dos americanos totalmente inconscientes quanto ao que se está a passar, tanto mais facilmente quanto os americanos praticamente desconhecem o o resto do mundo e portanto não se interessam minimamente. Os EU podem varrer do mapa um país antes que a grande maioria dos americanos saiba onde é que ele se encontra.

A tarefa principal dos estrategas dos EU, cujas carreiras passam pelos grupos de opinião, conselhos de diretores, firmas de consultadoria e governo, é muito mais justificar este gigantesco mecanismo do que tentar dirigi-lo. Em grande medida, ele dirige-se a si mesmo.

Desde o colapso da “ameaça soviética”, que os políticos andam à procura de ameaças invisíveis ou potenciais. A doutrina militar dos EU tem como objetivo actuar preventivamente contra qualquer rival potencial para a hegemonia mundial dos EU. Desde o colapso da União Soviética, é a Rússia que mantém o maior arsenal bélico para além dos Estados Unidos e a China está a crescer rapidamente em poder econômico. Nenhum deles ameaça os Estados Unidos ou a Europa ocidental. Pelo contrário, ambos estão dispostos e desejosos de se concentrarem em negócios pacíficos.

Mas encontram-se cada vez mais alarmados com o cerco militar e com os exercícios militares provocatórios realizados pelos Estados Unidos mesmo à sua porta. A implícita estratégia agressiva pode ser obscura para a maioria dos americanos, mas de certeza absoluta que os dirigentes dos países visados percebem o que se está a passar.

O Triângulo Rússia-Irão-Israel

Atualmente, o principal “inimigo” explícito é o Irã.

Washington afirma que o “escudo anti-míssil”, que está a tentar impor aos seus aliados europeus, se destina a defender o ocidente do Irão. Mas os russos vêem muito claramente que o escudo anti-míssil está virado contra eles. Primeiro que tudo, sabem perfeitamente bem que o Irão não tem mísseis desses nem nenhum motivo para os usar contra o ocidente. É perfeitamente óbvio para todos os analistas bem informados que, mesmo que o Irão desenvolvesse armas nucleares e mísseis, seriam destinados a funcionar como dissuasor contra Israel, a superpotência nuclear regional que tem mãos livres para atacar os países vizinhos. Israel não quer perder essa liberdade de atacar, e naturalmente opõe-se ao dissuasor iraniano.

Os propagandistas israelenses clamam em voz alta contra a ameaça do Irão, e têm trabalhado incansavelmente para infectar a OTAN com a sua paranóia.

Israel até já foi descrita como o “29º membro da OTAN global”. Os funcionários israelenses têm trabalhado assiduamente junto de uma Madeleine Albright receptiva para se assegurarem de que os interesses israelenses são incluídos no “Conceito Estratégico”. Nos últimos cinco anos, Israel e a OTAN tomaram parte em exercícios navais conjuntos no Mar Vermelho e no Mediterrâneo, assim como em exercícios terrestres conjuntos desde Bruxelas até à Ucrânia. Em 16 de Outubro de 2006, Israel tornou-se no primeiro país não europeu a fazer um acordo chamado “Programa de Cooperação Individual” com a OTAN para cooperação em 27 áreas diferentes.

Vale a pena notar que Israel é o único país fora da Europa que os EU incluem na área da responsabilidade do seu Comando Europeu (em vez do Comando Central que cobre o resto do Médio Oriente).

Num seminário de Relações OTAN-Israel em Herzliya em 24 de Outubro de 2006, o ministro dos estrangeiros israelense na altura, Tzipi Livni, declarou que “A aliança entre a OTAN e Israel é uma coisa natural… Israel e a OTAN partilham uma visão estratégica comum. Sob muitos aspectos, Israel é a linha da frente que defende o nosso estilo de vida comum”.

Nem toda a gente nos países europeus considera que os colonatos israelenses na Palestina ocupada refletem “o nosso estilo de vida comum”.

Esta é sem dúvida uma das razões por que o aprofundamento da união entre a OTAN e Israel não assumiu a forma aberta de membro da OTAN. Principalmente depois do selvagem ataque a Gaza, uma decisão dessas iria levantar objeções nos países europeus. No entanto, Israel continua a fazer-se convidado para a OTAN, apoiado ardentemente, claro, pelos seus fieis seguidores no Congresso dos EU.

A causa principal desta crescente simbiose Israel-OTAN foi identificada por Mearsheimer e Walt: é o vigoroso e poderoso lobby pró-Israel nos Estados Unidos. [1]

Os lobbies israelenses também são fortes em França, na Grã-Bretanha e no Reino Unido. Têm desenvolvido com entusiasmo o tema de Israel como a “linha da frente” na defesa dos “valores ocidentais” contra o Islã militante. O fato de o Islão militante ser principalmente um produto dessa “linha da frente” cria um círculo vicioso perfeito.

A atitude agressiva de Israel para com os seus vizinhos regionais seria uma responsabilidade grave para a OTAN, capaz de ser arrastada para guerras do interesse de Israel que não interessam mesmo nada à Europa.

Mas há uma sutil vantagem estratégica na conexão israelense que, segundo parece, está a ser usada pelos Estados Unidos… contra a Rússia.

Subscrevendo a histérica teoria da “ameaça iraniana”, os Estados Unidos podem continuar a afirmar, sem corar, que o planeado escudo anti-míssil é dirigido contra o Irão, e não contra a Rússia. Não é que esperem convencer os russos. Mas pode ser utilizado para fazer com que os protestos deles pareçam “paranóicos” – pelo menos aos ouvidos dos ingênuos ocidentais. Meu caro, de que é que eles se queixam, se nós “restabelecemos” as nossas relações com Moscou e convidamos o presidente russo para a nossa alegre assembleia de “Conceito Estratégico?

No entanto, os russos sabem muito bem que:

O escudo anti-míssil vai ser construído em volta da Rússia, que tem mísseis, que mantêm como dissuasores.

Neutralizando os mísseis russos, os Estados Unidos ficam de mãos livres para atacar a Rússia, sabendo que a Rússia não pode retaliar.

Portanto, digam o que disserem, o escudo anti-míssil, se funcionar, servirá para facilitar uma eventual agressão contra a Rússia.

O cerco em volta da Rússia

O cerco em volta da Rússia continua no Mar Vermelho, no Báltico e no círculo Ártico.

Funcionários dos Estados Unidos continuam a afirmar que a Ucrânia deve integrar a OTAN.

Ainda esta semana, numa coluna do New York Times, Ian J. Brzezinski, filho de Zbigniew, avisou Obama quanto ao perigo do abandono da “visão” de uma Europa “unida, livre e segura” incluindo “a inclusão da Geórgia e da Ucrânia na OTAN e na União Europeia”. O facto de a grande maioria da população da Ucrânia ser contra a entrada na OTAN não foi tida em consideração.

Para o atual rebento da nobre dinastia Brzezinski é a minoria que conta. Abandonar a visão “isola os que, na Geórgia e na Ucrânia, vêem o seu futuro na Europa. Reforça as aspirações do Kremlin a uma esfera de influência…”

A noção de que “o Kremlin” aspira a uma “esfera de influência” na Ucrânia é absurda, considerando os laços históricos extremamente fortes entre a Rússia e a Ucrânia, cuja capital Kiev foi o berço do estado russo. Mas a família Brzezinski é proveniente da Galícia, a parte da Ucrânia ocidental que pertenceu outrora à Polónia, e que é o centro da minoria anti-russa. A política externa dos EU é demasiado frequentemente influenciada por essas rivalidades estrangeiras que a grande maioria dos americanos ignora completamente.

Os EU continuam com a sua insistência incansável em absorver a Ucrânia apesar de isso implicar a expulsão da frota russa do Mar Negro da sua base na península da Crimeia, onde a população local é esmagadoramente de língua russa e pró-russa. Isto é a receita para uma guerra com a Rússia, se alguma vez ocorrer.

E entretanto os funcionários americanos continuam a declarar o seu apoio à Geórgia, cujo presidente treinado pelos americanos espera abertamente levar a OTAN a apoiar a sua próxima guerra contra a Rússia.

Para além das manobras navais provocatórias no Mar Negro, os Estados Unidos, a OTAN e a Suécia e a Finlândia que não são (ainda) membros da OTAN, realizam regularmente importantes exercícios militares no Mar Báltico, praticamente à vista das cidades russas de São Petersburgo e Kaliningrad. Estes exercícios envolvem milhares de efetivos terrestres, centenas de aeronaves, incluindo os caças a jacto F-15, aviões AWACS, assim como forças navais que incluem o U.S. Carrier Strike Group 12, barcos de desembarque e navios de guerra de uma dúzia de países.

Talvez o mais sinistro disto tudo, os Estados Unidos têm envolvido persistentemente, na região do Árctico, o Canadá e os estados escandinavos (incluindo a Dinamarca através da Groelândia) num posicionamento estratégico militar abertamente dirigido contra a Rússia. O objetivo deste posicionamento no Ártico foi afirmado por Fogh Rasmussen quando referiu, entre as “ameaças” que a OTAN tem que enfrentar, o facto de que o “gelo do Ártico está a recuar, libertando recursos que até agora têm estado cobertos pelos gelos”.

Ora bem, podíamos pensar que esta descoberta de recursos seria uma oportunidade para a cooperação na sua exploração. Mas não é essa a disposição oficial dos EU.

Em Outubro passado, o almirante americano James G. Stavridis, comandante supremo da OTAN na Europa, disse que o aquecimento global e a corrida aos recursos podia levar a um conflito no Ártico. O almirante Christopher C. Colvin, da Guarda Costeira, responsável pela linha costeira do Alasca, disse que a atividade mercante marítima russa no Oceano Árctico constituía uma “preocupação especial” para os EU e pediu mais recursos militares na região.

O Serviço Geológico dos EUA crê que o Ártico contém um quarto dos depósitos mundiais inexplorados de petróleo e de gás. Sob a Convenção da Lei dos Mares das Nações Unidas, de 1982, um estado costeiro tem direito a uma EEZ [Zona Económica Exclusiva] de 200 milhas náuticas e pode reclamar mais 150 milhas se provar que o fundo do mar é a continuação da sua plataforma continental.

A Rússia está a requerer esta pretensão.

Depois de pressionar o resto do mundo a adotar a Convenção, o Senado dos Estados Unidos ainda não ratificou o Tratado.

Em Janeiro de 2009, a OTAN declarou que o “Alto Norte” era de “interesse estratégico para a Aliança” e, desde então, a OTAN tem realizado vários importantes jogos de guerra nitidamente em preparação de um eventual conflito com a Rússia sobre os recursos do Árctico.

A Rússia desmantelou fortemente as suas defesas no Ártico depois do colapso da União Soviética e tem apelado para a negociação de compromissos quanto ao controlo de recursos.

Em Setembro passado, o primeiro-ministro Vladimir Putin apelou esforços conjuntos para proteger o frágil ecossistema, atrair o investimento estrangeiro, promover tecnologias amigas do ambiente e tentar solucionar as disputas através da lei internacional.

Mas os Estados Unidos, como de costume, preferem resolver as questões pela força. Isso pode levar a uma nova corrida ao armamento no Ártico e até mesmo a confrontos armados.

Apesar de todas estas movimentações provocatórias, é muito pouco provável que os Estados Unidos procurem uma guerra com a Rússia, embora não se possam excluir confrontos e incidentes aqui e além. Segundo parece, a política dos EU é cercar e intimidar a Rússia de tal modo que ela aceite um estatuto de semi-satélite que a neutralize no futuro conflito previsível com a China.

O alvo China

A única razão para ter a China no ponto da mira é o mesmo da razão proverbial para subir a uma montanha: está ali. É grande. E os EU têm que estar no topo de tudo.

A estratégia para dominar a China é a mesma seguida para com a Rússia. É a guerra clássica: cerco, assédio, apoio mais ou menos clandestino a problemas internos. Como exemplos desta estratégia:

Os Estados Unidos estão a reforçar provocatoriamente a sua presença militar ao longo das costas chinesas do Pacífico, oferecendo “protecção contra a China” a países asiáticos do leste.

Durante a guerra-fria, quando a Índia recebia o seu armamento da União Soviética e assumia uma postura não alinhada, os Estados Unidos armaram o Paquistão enquanto seu principal aliado regional. Agora os EU estão a desviar os seus favores para a Índia, a fim de manter a Índia fora da órbita da Organização de Cooperação Xangai e de a utilizar como um contrapeso para a China.

Os Estados Unidos e seus aliados apóiam qualquer dissidência interna que possa enfraquecer a China, seja o Dalai Lama, os Uighurs, ou Liu Xiaobo, o dissidente na prisão.

O Prêmio Nobel da Paz foi atribuído a Liu Xiaobo por uma comissão de legisladores noruegueses chefiados por Thorbjorn Jagland, o eco de Tony Blair na Noruega, que foi primeiro-ministro e ministro dos estrangeiros da Noruega, e tem sido um dos principais defensores da OTAN do seu país.

Numa conferência patrocinada pela OTAN de parlamentares europeus no ano passado, Jagland declarou: “Quando somos incapazes de impedir a tirania, começa a guerra. É por isso que a OTAN é indispensável. A OTAN é a única organização militar multilateral com raízes na lei internacional. É uma organização que as N.U. podem usar quando necessário – para impedir a tirania, tal como fizemos nos Balcãs”. Isto é uma espantosa adulteração dos fatos, considerando que a OTAN desafiou abertamente a lei internacional e as Nações Unidas quando declarou guerra nos Balcãs – onde na realidade havia conflitos étnicos mas não havia “tirania” nenhuma.

Ao anunciar a escolha de Liu, a comissão norueguesa do Nobel, chefiada por Jagland, declarou que “há muito que considerava que há uma estreita ligação entre os direitos humanos e a paz”. A “estreita ligação”, para seguir a lógica das próprias afirmações de Jagland, é que, se um estado estrangeiro não respeita os direitos humanos segundo as interpretações ocidentais, pode ser bombardeado, tal como a OTAN bombardeou a Jugoslávia. De facto, os mesmos poderes que mais barulho fizeram sobre os “direitos humanos”, nomeadamente os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, são os que mais guerras fazem em todo o mundo. As afirmações do norueguês tornam claro que a atribuição do Prêmio Nobel da Paz a Liu (que passou algum tempo na Noruega quando jovem) correspondia na realidade a uma confirmação da OTAN.

“Democracias” para substituir as Nações Unidas

Os membros europeus da OTAN pouco acrescentam ao poder militar dos Estados Unidos. A sua contribuição é acima de tudo política. A sua presença mantém a ilusão duma “Comunidade Internacional”. A conquista do mundo que está a ser tentada pela inércia burocrática do Pentágono pode ser apresentada como a cruzada das “democracias” do mundo para espalhar a sua ordem política esclarecida pelo resto de um mundo recalcitrante.

Os governos euro-atlânticos proclamam a sua “democracia” como prova do seu direito absoluto de intervir nos assuntos do resto do mundo. Com base na falácia de que os “direitos humanos são necessários para a paz”, proclamam o seu direito a fazer a guerra.

Uma questão crucial é se a “democracia ocidental” ainda tem força para desmantelar esta máquina de guerra antes que seja tarde demais.

Diana Johnstone: Analista de política internacional escpecializada em assuntos militares

No seu livro “The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy” (2007), descrevem este lobby como uma “coligação informal de indivíduos e organizações que trabalham ativamente para guiar a política externa dos EU numa direcção pró-Israel”. O livro “concentra-se principalmente na influência do lobby sobre a política externa dos EU e nos seus efeitos negativos para os interesses americanos” (N.T.)

46 Comentários

  1. Ressumindo, os vassalos europeus viraram a bucha-de-canhão dos falcões da casa branca … hahahahah … um aliado/amigo como o tio Sam … Hahhaah … os europeus não necessitam de mais inimigos … hahahahah
    .
    A China sabe que depois da Rússia, caso haja ainda um planeta Terra depois de uma guerra contra os russos, eles os Chineses seriam à bola da vez e quem sabe , se no futuro venha os hindus se destacarem na economia mundia também, a fúria dos invejosos de Washington; recairia nos indianos também ou em qualquer outro que queira prosperar e serem mais sucedidos que os ianques se que se submeta as pretensões de tais presunçosos ianques. _ FATO.

    • Fato, mas os EUA e Otan esquecem que Russia não é Afeganistão,e que possivelmente atacando a Russia podem atrair por vias obvias a China pro conflito, o que resultaria no the end global. Sds

    • (…) A amostra de forças convencionais por parte da Rússia “poderia, no futuro, ser usada não só para a intimidação e coerção, mas para assumir o território da OTAN”, disse ele em uma conferência de segurança. (…)
      .
      (*) O vice-comandante supremo das forças militares da NATO na Europa, Adrian Bradshaw
      .
      .

      (…)A inglaterra faz parte da OTAN, não precisa vencer a Rússia sozinha. (…)
      .
      (*) O espefcialista, disse isso ai.
      .
      .
      *********
      .
      E agora heim ? … que realmente sabe das coisas entre esses dois … Hahahahahh ….. CALA Á BOCA OFÉLIA .. Hahahahahahah…

      • E você não entendeu que é só uma suposição?

        E que território pode ser a penas 1km dentro de qualquer país membro?

        E que de maneira nenhuma o “vice-comandante supremo das forças militares da NATO na Europa, Adrian Bradshaw” afirmou que a OTAN não poderia expulsá-los?

        Você não tem capacidade de interpretação ou está distorcendo para manipular os warpths da vida?.

        Vai peqsuisar. A Rússia tem muito poder próximo assuas fronteiras, mas longe disso ela não tem capacidade de garantir um vitória contra a OTAN.

        A OTAN é quatro ou cinco vezes maior que a Rússia vai se informar.

        Putin disse que a “”””Rússia possui dez vezes menos recursos e sua estratégia é defensiva””””.

        E o comandantes da defesa americana disse que “””””a modernização das forças armadas russas não é tão preocupante pois os russos tem orçamento dez vezes menor que o americano””””””.

        Acorda, mané.

      • Acorda mané! Sai da caminha e encare a realidade:

        “A Rússia nos esmagaria na hipótese de um eventual confronto”

        Sir. Michael Graydon, ex-comandante sênior da Força Aérea Real do Reino Unido (RAF)

        😀

      • Prove que seu argumeto está certo.
        Você só diz bobagem e na hora de sustentar muda de assunto.

        Mentira tem perna curta, por isso o pastel de vento é famoso.

      • Prove esta verdade aqui:

        “A Rússia nos esmagaria na hipótese de um eventual confronto”

        Sir. Michael Graydon, ex-comandante sênior da Força Aérea Real do Reino Unido (RAF)

    • ANTES;
      .

      (…) Até parece que as forças convencionais russas tem condições de enfrentar a OTAN fora da Rússia. (…)
      .
      .
      .
      E AGORA;
      .
      (…) E você não entendeu que é só uma suposição?

      E que território pode ser a penas 1km dentro de qualquer país membro? (…)
      .
      .
      .
      E quantos quilômetros precisas a Rússia entrar para que seja considerada fora da dela ? … hahahahah …. CALABOCA OFÉLIA …Hahahahah…
      .
      .
      (…) Você não tem capacidade de interpretação ou está distorcendo para manipular os warpths da vida?. (…)
      .
      .
      Hahahahahahahah … esse Joanzinho ….Hahahahahahahah

  2. Intessante observar que ainda naquela oportunidade, a França e a Alemanha já era contra ações que provocassem atuitamennte a Rússia.
    Tudo exatamente como hoje.
    A iniciativa Franco-Alemanha no acordo de Minsk2

    Não eu sou da opinião a OTAN se parte ao meio caso o EUA force esse conflito com a Rússia.

  3. Acordos militares bilaterais com estados clientes que oferecem formação em troca da compra obrigatória de armas feitas nos EU e da reestruturação das suas forças armadas, trocando a defesa nacional pela segurança interna (ou seja, repressão) e a possível integração nas guerras de agressão lideradas pelos EU.

    Utilização dessas relações estreitas com as forças armadas locais para influenciar a política interna de estados mais fracos.

    Exercícios militares permanentes com estados clientes, que fornecem ao Pentágono um conhecimento perfeito sobre o potencial militar dos estados clientes, os integram na máquina militar dos EU e alimentam uma mentalidade de “prontos para a guerra”.

    Posicionamento estratégico da sua rede de bases, exercícios com “aliados” e militares de forma a cercar, isolar, intimidar e acabar por provocar importantes nações consideradas potenciais rivais, nomeadamente a Rússia e a China.======== Perfeito retrato da atuação dos nefastoSS iankSS/Otan..q os países da AS/AC se cuidem, se armem, no estilo porco espinho…um pouco de td e mt capaci// de defesa e atake;q o presuntão se cuide e p ontem…Sds.. 😉

    • Então leia uma verdade aqui:

      “A Rússia nos esmagaria na hipótese de um eventual confronto”

      Sir. Michael Graydon, ex-comandante sênior da Força Aérea Real do Reino Unido (RAF)

      😀

      • E dai?

        De qualquer forma a Rússia não tem nenhuma chance de invadir Inglaterra, até porque não tem soladdos suficientes.

        E realmente você tem muito o que comemorar ao saber que os russos são mais poderosos que a bélgica.

  4. Analise maravillhosa. foi tão bem feita que “adivinhou” oq aconteceria mais de 5 anos depois, em todos os pontos. isso é entender de geopolítica. agradeço muito ao konner e ao PB por trazer esse texto maravilhoso.

  5. O problema que parece haver na OTAN é a falta de democracia, lá o mais forte manda os demais, por força de acordos, seguem. Agem como gangue, talvez tenham se inspirado nos modelos internos da filmografia americana, como “As gangues de Nova York” , Rsrsrsrs. Na ONU (que deveria ser extinta pela mais absoluta inoperância) pelo menos com votos besteiras que envolvam vidas de milhares, com votos, podem ser evitadas.

  6. Está cada vez mais evidente que a economia chinesa está desacelerando. Com o surgimento de uma nova classe média e um consequente aumento da renda o regime vai ter que rebolar para continuar fazendo as coisas ao seu modo.

    Para lamento de muitos eu acredito que ainda está longe da China ultrapassar os americanos em termos de hegemonia político/econômica no cenário mundial… talvez no próximo século, quem sabe?

    http://www.jb.com.br/economia/noticias/2015/02/22/foreign-affairs-a-desaceleracao-previsivel-da-china/?from_rss=None

    • Guga, a estimativa sobre a total superação da China em relação aos EUA no campo econômico não se deu num cenário com crescimento de 10% ano no PIB, mas com uma media de 7 a 7,5% ao ano (o que eles hoje conseguem manter sem muito esforço), outros pontos que vc tem que atentar é que o surgimento de uma classe capaz e com poder de compra dentro da China sempre foi parte do plano estatal deles, que visava diminuir a dependencia do mercado externo e capacitação do mercado interno. Os EUA com muito sacrifício está mantendo uma média de 2 a 2,5% de crescimento no PIB, e mesmo assim está perdendo mercado investidor para países em potencial, principalmente Japão, Brasil, e outros países que estão aumentando os investimentos nas bolsas chinesas. O ultimo ponto é que a superação do PIB chinês sobre o americano está previsto pra daqui a 15 a 20 anos, e não pra agora, mas é algo quase que inevitável, pois todo o cenário global caminha para o fortalecimento da economia chinesa. Sds

      • Ok ARC, eu concordo discordando. O que eu quis dizer foi a respeito de uma suposta hegemonia chinesa nos moldes do atual status quo.
        Mesmo que em termos de PIB a China supere os EUA no médio prazo ainda será um país com grandes problemas internos. A questão gira exatamente em torno dessa nova classe média em tornar-se um dos motores da economia do país será o bastante? O governo consegue manter o partido único, a elevada corrupção e o abismo social e demográfico?
        Discordo quando você sustenta que o ritmo da economia chinesa mantem-se em 7% ao ano sem esforço, como você destacou a economia chinesa ainda é muito dependente do mercado externo, a população está envelhecendo e num período de desaceleração global acho muito difícil que a China sustente esse ritmo de crescimento nos próximos anos…
        Sds

  7. ótimo texto ,escancara o que é a otan

    eu escreveria que a OTAN ,nada mais é ,do que um grupo mercenário que apenas serve aos interesses anglosionistas

    e esses mercenários são os linha de frente em transformar um europa em um canil de poodles

    hoje essa europa com seus governos marionetes ,não passam de reféns nas mãos dos yankes .
    boi de piranha .

  8. Excelente texto, parabéns ao PB. Vê-se nas suas nas suas linhas, infelizmente, apenas um futuro sombrio. A crença nas tão propagandeadas motivações de Nova Roma (terrorismo, defesa da democracia, etc, etc..) caberá somente aos ingênuos, desinformados ou alienados. Infelizmente também, a maioria da população mundial será enquadrada em alguma das condições citadas. Há agora na OTAN, como diz o texto, a “preocupação” com as condições climático-ambientais – essa, feita sob encomenda para nós, brasileiros, nos servirá como uma luva mortal. É, o Gigante não acordou a tempo. Nova Roma não haverá de parar, não até que leve a MORTE aos quatro cantos do mundo. Que Deus ajude a Rússia e todos nós.

  9. Ótimo texto!

    Vem aí uma nova Praça Maidan. e dessa vez a beneficiária será a Turquia.
    A Ucrânia em comparação ao que virá será café pequeno.

    • Não que eu defenda golpes mas os turcos estarão muito melhor sem o populismo islâmico de Erdogan et caterva. E a propósito, como estava o carnaval em Cabo Frio?

      • E pra trilogia et caterva:

        “A Rússia nos esmagaria na hipótese de um eventual confronto”

        Sir. Michael Graydon, ex-comandante sênior da Força Aérea Real do Reino Unido (RAF)

        😀

      • O Carnaval de rua vem renascendo e ficando cada vez mais legal aqui no Rio. Você não consegue brincar em mais de dois blocos em um dia.

        Acabou que não fui a Cabo Frio (fica um inferno de cheio). Souve que o carnaval de rua de SP também ganha força, e isso é muito bom!

        Saudações!

    • Nascimento é mais fácil sê na Turquia do que na Ucrânia essa nova Maidan. rsrsrsr
      .
      Esse jogo para usar o leste europeu para conter a Rússia e por tabela, cercar a China tem tudo haver com as peripercia do tios San usando o seu barço aramado ISIS no Oriente médio.
      .
      Não é a toa que ultimamente se viu os EUA e a Turquia juntos para formar uma nova frente usando a ISIS.
      .
      O enfraquecimento da UE, cortando ou controlando o acesso desta a fonte de energia ( Gás ) como se vê, tem toda uma estratégia por parte dos EUA em não só revitalizar a instituição do petrodólar ma´s como fortalecê-lo.
      .
      *****************
      .

      SETE PAÍSES EM CINCO ANOS.
      .
      Sete países em cinco anos, e o dólar dos EUA começa a renascer dos mortos. A Ucrânia serviu àquele objetivo, o ISIL conquistando Iraque e Síria, conquistando a estratégica Kobani [também grafado “Cobani” (NTs)]. Turquia faz-se de morta, o Curdistão festeja. Assad ainda não caiu, mas está quase, depois vem o Irã, e o “Novo Oriente Médio” estará acabado, e o dólar, salvo. Ou, varridas do mundo a Rússia e a China, o petrodólar continua dependente do dólar.
      .
      (*)fonte: [ http://redecastorphoto.blogspot.com.br/ ]
      .
      .
      (…) Nesse momento [dezembro de 2014], está em evolução uma Maidan na Turquia, de tal modo que o país que comanda o segundo maior exército na OTAN não apenas prefere ajudar o ISIS/ISIL, como, além disso, deseja reconhecer o Estado Islâmico como estado que já controla várias das fontes de energia do Oriente Médio para tê-lo ao seu lado. Ao mesmo tempo, a Turquia prossegue em negociações cada vez mais amistosas com a Rússia – e a imprensa-empresa registrou que o encontro Erdogan-Putin seria tão importante quanto a reunificação da Crimeia à Rússia. Ora, e por que não? A Turquia está na mesma situação que a Ucrânia, e a cor do Mar Negro ganhou tonalidade completamente diferenciada (…)

    • Nascimento, a Turquia não é Ucrania, e ela hj tem uma postura relativamente neutra entre os interesses de potencias ocidentais e orientais o que pra mim afasta a opção de um golpe dos EUA por lá, e outra, a minima insinuação de golpe por lá jogaria uma enorme potencia nos braços da Russia e da China, seria como enfiar uma faca no baço da Otan, e hj, a Russia e China tem todo o suporte para suprimir tal guerra de desinformações, tanto que ambos suprimiram movimentos dentro dos seus países a pouco tempo, logo, ofereceriam tal ajuda a Turquia para que esta se aliasse ao lado oriental da força. É tanto prejuizo pros EUA nessa opção, que sustento a tese de que eles estão relativamente felizes com a neutralidade turca, acho que o proximo golpe ( Petrobras é um exemplo disso ) é num país sulamericano…
      Sds

      • Caro ARC

        Não acredito em intervenção americana num pais sul-americano, analisando friamente, desde a época do Big Stick, que os EUA, largaram de mão da America do Sul, somente em casos pontuais.
        Aqui, na minha opinião de leigo, já conseguiram o que queriam, um MERCOSUL que não serve pra nada, uma Venezuela falida, uma Argentina que não serve mais pra nada e um Brasil que é uma piada nacional.

        Saudações

      • Mas alguns fatos não demonstram isso caro Richard, mesmo nosso país sendo um lixo administrativo estratégico consegue ser a 7° economia do globo, com alto poder investidor, com alto poder aquisitivo (diferente da mentira apregoada pelo governo) e isso significa que temos poder pra alavancar a maioria das economias do globo numa eventual aliança, tanto que a Alemanha e Japão estão tentando correr atrás do prejuízo. O Brasil hj tem relações estratégicas com Russia, Índia e China, e investe pesado nos mesmos, a balança comercial entre ambos cresce assustadoramente, assim, o Brasil financia fortemente os maiores rivais estratégicos do mundo dos EUA.
        Um ponto que tem sido abordado é que a economia brasileira vai se recuperar, a Petrobras vai se levantar e segundo dados será a maior empresa no setor de energia do mundo, o que dará ao Brasil maior poder aquisitivo de ser o terceiro maior investidor dos EUA,e isso, é estratégico, pois uma ve que vc esteja entre as 5 primeiras posições no grau de investidores vc jamais será um alvo direto dos EUA, pois teria o trunfo da retaliação nas bolsas de valores, o que seria prejudicial a economia americana, e esses meu caro, são apenas alguns pontos pelos quais podemos comprovar que os EUA tem medo de um governo esquerdista participante do Brics crescendo em seu “quintal”, pois mais cedo ou mais tarde, pode ser a cobra que irá envenenar a economia americana até e ajudar na ascensão chinesa. Sds

  10. Prezados…

    Se os EUA quiserem lascar com a Russia e com a China, basta limitar seu investimento nesses países e pressionar os europeus para que façam o mesmo… Dependendo do solavanco, a Russia simplesmente quebra, e a China volta aos anos 90… Aliás, mesmo que involuntariamente, os americanos já começaram um movimento nesse sentido, com empresas se instalando em países da periferia asiática e, até onde sei, levando sérios estudos acerca da África.

    No mais, que me desculpe quem redigiu o texto, mas ele simplesmente chove no molhado… Faz todo um alarde de preparação para guerra e tal quando o objetivo de QUALQUER organização militar é exatamente esse!!! Ora pois…! O que garante a paz e a segurança é justamente a capacidade de dissuasão, que é representada por forças preparadas para a guerra… Nada mais que isso… E as movimentações políticas seguem exatamente as políticas de segurança dos países.

    E nada disso quer dizer que haverá guerra hoje, amanhã, ou daqui a cem anos…

    • Não é tão facil e tão razoável assim caro _RR_, numa palestra entre economistas e engenheiro no Rio de Janeiro ouvi que a dependência entre nações se tornou algo tão intrínseco que seria improvável tal suposição que vc colocou, seria uma questão de estado muuito extrema, no qual a própria economia americana seria golpeada e sofreria terrivelmente, pois sua economia hoje está muito dependente do chão de fábrica chinês, além dos investimentos pesados oriundos da China (o maior investidor dos EUA ) e lembrando que hoje 55% das grandes industrias ocidentais fabricam o bruto na China, e tirar essas industrias de lá necessitaria de bastante tempo (algo em torno de 7 a 10 anos) e muito dinheiro, estratégia de realinhamento e novos investidores, simplesmente algo doloroso e dificílimo, em suma, o próprio EUA e Europa (o EUA mais que a Europa) sofreria muuuito com a tal ruptura. Sds

      • Caro ARC,

        Excelente comentário.

        Realmente… Seria extremamente custoso fazer isso de forma deliberada, e a estratégia seria de médio a longo prazo. Mas o fato é que pode ser feito…

        Mas há uma série de fatores em particular que contribui para que esse movimento, no final das contas, possa ir adiante de forma quase que espontânea… O “custo China” está aumentando…

        Recomendo o artigo:
        http://knowtec.com/noticias/o-caminho-de-volta/

    • não faz mais sentido empresas investirem em europa e estados unidos quando os salários na ásia é muito menor e onde há maior flexibilização das leis trabalhistas e menos sindicatos….

1 Trackback / Pingback

  1. O verdadeiro papel da OTAN na grande estratégia dos EUA: Cercar a Rússia visando a China | DFNS.net em Português

Comentários não permitidos.