Em agosto, Brasil fará parte de grupo seleto de países que realizam diálogo de alto nível com Berlim. Portos, ferrovias e aeroportos devem ganhar com experiência alemã no setor e interesse de empresários.
Em 2015, o Brasil fará parte de um seleto grupo de países que realizam o mecanismo de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível com a Alemanha. Na esteira da subida de mais um degrau na parceria estratégica e com reuniões bilaterais periódicas entre políticos e empresários do alto escalão, o fluxo de comércio e investimentos – principalmente na área de infraestrutura – deverá aumentar.
Um dos principais pontos a serem discutidos no encontro de agosto em Brasília, com a presença da chanceler federal Angela Merkel e da presidente Dilma Rousseff, é o interesse brasileiro em aprofundar o arrendamento de portos, incrementar soluções de logística e a exploração, por empresários alemães, de terminais de uso privado no Brasil. Há interesse também em projetos na área de ferrovias, aeroportos e energia.
A Alemanha tem grande experiência no setor portuário – possui, por exemplo, o porto de Hamburgo, o segundo maior da Europa. Há ainda uma extensa rede de ferrovias no país usadas para transporte de passageiros e cargas. Além de significar um diálogo mais próximo entre os dois países sobre temas globais, alemães e brasileiros vão identificar, em agosto, outros projetos de investimentos que poderão ser anunciados já durante o encontro em Brasília.
“Para a Alemanha, uma maior proximidade com o Brasil representa o fortalecimento de sua presença econômica na América Latina, justamente no país no qual já possui a maior presença industrial”, diz Marcos Troyjo, diretor do BricLab da Universidade de Columbia. “A aproximação representa um convite à intensificação de investimentos, parcerias comerciais, formação de joint ventures e o adensamento da cooperação científico-tecnológica.”
A Índia, que possui o mesmo mecanismo com a Alemanha desde 2011, passou a receber mais investimentos diretos do país europeu após o início do diálogo bilateral de alto nível. A cifra saltou dos 860 milhões de dólares de 2012 para 1,038 bilhão em 2013, de acordo com dados do Ministério do Exterior alemão.
Para Troyjo, o aprofundamento das relações com Berlim é algo bem-vindo para Brasília e uma boa notícia em meio a uma série de desdobramentos negativos para o Brasil no cenário internacional.
“A imagem do país é seriamente afetada pelo crescimento medíocre dos últimos quatro anos, a crise energética e hídrica, além do escândalo da Petrobras”, diz Troyjo, que também é professor do Ibmec/RJ.
Brasil como parceiro importante
Além do aumento de investimentos e das trocas comerciais, está prevista a assinatura de acordos nas áreas de inovação, educação e a promoção de uma joint venture entre pequenas e médias empresas dos dois países nos setores de energia renovável, ciência e tecnologia. Haverá maior interação entre universidades e agências de pesquisa brasileiras e suas contrapartes alemãs como os institutos Max Planck e Fraunhofer.
O reforço da parceria e prováveis anúncios de investimentos devem vir em boa hora para o Brasil. Instituições financeiras e economistas preveem crescimento nulo – ou até mesmo negativo – do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, após medidas de austeridade já anunciadas pela nova equipe econômica de Dilma.
Por meio de nota, a Embaixada do Brasil em Berlim informou que a Alemanha já é, historicamente, um dos maiores investidores externos no Brasil, com um estoque de investimento direto de mais de 30 bilhões de dólares em setores como automotivo, químico, médico-hospitalar e de máquinas.
“Há interesse em expandir e diversificar a presença alemã no Brasil. As Consultas de Alto Nível serão grandes oportunidades para promover essa agenda”, diz a nota.
Ao intensificar a parceria, o Brasil se tornará alvo de mais exportações e investimentos alemães, afirma Markus Fraundorfer, pesquisador alemão na Universidade de São Paulo (USP). Para ele, a visita de Merkel e sua comitiva a Brasília vai enfatizar ainda mais essa premissa.
“Considerando a situação econômica difícil do país no momento, esse aprofundamento das relações teuto-brasileiras pode significar uma chance para o Brasil”, afirma o cientista político. “Certamente essa aproximação da Alemanha significa o reconhecimento do Brasil como um parceiro econômico importante e como uma das potências relevantes da Nova Ordem Global.”
A Alemanha já realiza o diálogo bilateral de alto nível com França, Polônia, Itália, Espanha, Israel, Rússia, China, Índia e, a partir deste ano, também com a Turquia.
Mercosul e União Europeia
A Alemanha é o principal parceiro comercial do Brasil na Europa e o número quatro no mundo – atrás somente de China, EUA e Argentina. Segundo o Itamaraty, em 2014, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu 20,4 bilhões de dólares. O Brasil é o país onde se encontra o maior número de empresas alemãs fora da Alemanha: são mais de 1.600.
Enquanto Brasil e Alemanha – respectivamente as duas maiores economias do Mercosul e União Europeia – estreitam seus laços econômicos e culturais, os dois blocos ainda não conseguiram fechar um acordo de livre-comércio. As negociações entre europeus e sul-americanos começaram em 1999 e foram interrompidas em 2004. Em 2010, as discussões voltaram à pauta, mas sofreram reveses criados pelos dois blocos.
Em visita ao Brasil na semana passada, o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que a Alemanha tem interesse em acelerar as negociações entre UE e Mercosul. A proposta do bloco sul-americano para a liberalização do comércio já está em Bruxelas para ser analisada pelo bloco europeu.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, lembrou que os dois países precisam aumentar o comércio “para o bem” das duas economias e deixou claro que o Brasil tem a necessidade de ampliar a participação de produtos de maior valor agregado na pauta de exportações.
“Seria uma ótima notícia se o acordo fosse fechado neste ano, pois as economias do Mercosul estão com baixa performance, com possível recessão para seus dois maiores integrantes – Brasil e Argentina”, afirma Troyjo. “E, hoje, a Europa é a região do mundo que menos cresce.”
kkkk a imagem do Cristo de braços abertos e com as cores da bandeira alemã, me lembrou de uma passagem contida no filme ‘cronicamente inviável’.
A passagem diz: “Venham e fodam tudo”
kkkkkkk 😀
Faltou o link.
https://www.youtube.com/watch?v=wJShqJHiZPU
Ao contrário de outros países a indústria de tecnologia industrial civil alemã é uma das mais desenvolvidas do mundo. Temos muito mais a aprender com a Alemanha do que com certas potências.
O BRASIL precisa urgentemente de investimentos em infraestrutura,pois a pouca infraestrutura que ainda existe e obsoleta e cara, oque faz aumentar a cada dia oque alguns chamam de Custo BRASIL !
E inadmissível que um país desse tamanho priorize as rodovias em detrimento das ferrovias, só mesmo aqui existe isso,mas também de nada servirá infraestruturas modernas a preços exorbitantes que acabam onerando a operação das mesmas !
Sem uma reforma tributária e combate real da corrupção, de nada servira os investimentos em infraestrutura no nosso país !
Por fim se faz necessário que o país esteja pronto para receber esses investimentos ,caso contrário tudo sera perdido !
para quem acha que a argentina não faz diferença o texto mostra que ela tem um comercio com o brasil forte também
sobre a Alemanha sera interessante sim ,poie eles tem uns produtos interessantes em varias categorias
mas depois que o contrato de angra 3 do financiamento que teria que ser honrado desde a época do regime militar foi colocado de lado por meia dúzia do partido verde alemão e ficou por isso mesmo ???
então para mim a Alemanha também se mostrou um pais que não é serio o bastante ,se fala muito dos franceses mas os alemão também c@gou no pau !!!
quem é ,é quem não é cabela voa !!!
que boa noticia, uma grande parceria com a super potencia alemã. penso ser necessário um livre comercio entre Europa e brasil em vista dessa crise mundial poderia acelerar o processo de recuperação, incentivaria as industrias nacionais a se capacitarem mais para concorrência.
Alemanha aumentando a cooperação com os BRICS.
Ou está apenas fazendo a parte dela em conquistar mercados para sua indústria.
São países como a Alemanha com quem devemos estreitar laços,
Vejo com muito bons olhos uma parceria com esse país que é um ícone daquilo que muito falta ao Brasil: pragmatismo e austeridade!
Algumas pessoas são contra os investimentos apenas porque o país é europeu.
Tem sentido isso?
Se fossem chineses estariam dizendo exatamente o contrário, preferem tecnolgia e qualidade inferior.
É muita irracionalidade.
Devemos estreitar laços com a Alemanha, e tambem com todo e qualquer país. Desde que nos respeitem. Sem aceitar exigencias nem imposições que violem nosso direito soberano sobre nossas escolhas para relações de amizade e comerciais.