Na Argentina ocorre “golpe de Estado brando”

“Marcha do silêncio” não deve servir para satisfazer vontades políticas, acha o ativista.

O Nobel da Paz argentino, Adolfo Pérez Esquivel, acha que existem “muitos casos de desestabilização” na Argentina, para os quais contribui também o escândalo em torno à morte do fiscal federal Alberto Nisman, que queria acusar a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, de “encobrimento” de iranianos acusados de terem perpetrado o maior atentado na história do país, em 1994.

Na noite passada, os colegas e próximos de Nisman, morto em 18 de janeiro, convocaram uma “marcha do silêncio” em sua homenagem e exigindo “justiça”, tanto no caso de Nisman, tanto no caso AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina, onde foi realizado, em 18 de junho de 1994, o ataque terrorista).

No entanto, Pérez Esquivel acha bem “que os fiscais queiram honrar e pensar na sua própria segurança e fazer uma homenagem ao fiscal Nisman”, mas considera como injusto que esta própria manifestação sirva aos interesses políticos da oposição.

Segundo disse o Nobel da Paz a uma rádio argentina, a morte de Nisman se soma às coisas que precisam ser investigadas em relação ao caso AMIA. Porém, o próprio Nisman, segundo ele, não fez nada mais em 10 anos de sua investigação do que acusar a presidente atual, Cristina Kirchner, de encobrir os supostos autores do atentado.

O que faz deste um caso político, talvez desviando a atenção do próprio atentado.

“Há que pedir ao governo esclarecimentos em vez de falar tanto”, frisou o ativista, mas preveniu também contra o uso político de declarações públicas e manifestações.

A situação atual no país parece a de “golpe de Estado brando”, disse Adolfo Pérez Esquivel, citado pela RIA Novosti. A expressão tinha sido antes usada pelo Centro de Militares para a Democracia Argentina (Cemida), citada pelo canal venezuelano Telesur.

“Eu poderia trazer o exemplo das Honduras, onde foi derrotado o governo de Manuel Celaya”, comenta o pensador. “Eu poderia trazer o exemplo do [ex-presidente do Paraguai Fernando] Lugo, para o qual foram inventados alguns rebeldes e depois de aparecerem vítimas, ele foi condenado e derrotado”, ressaltou.

Segundo Pérez Esquivel, o importante é que o público “não se deixe arrastar por estas coisas da mídia” e formar a sua opinião pessoal e independente.

Para isto, é necessário, inclusive, que o governo comece uma investigação transparente e justa também.

O fiscal federal Alberto Nisman foi encontrado morto na madrugada de 18 de janeiro no seu apartamento em Buenos Aires, com um tiro mortal na cabeça e uma pistola do calibre 22. A versão inicial foi de suicídio, mas depois peritagens descobriram que as circunstâncias não pareciam as de suicídio voluntário. Agora, na Argentina se fala de “suicídio ou assassínio”.

A morte de Nisman se deu na madrugada do mesmo dia quando ele devia apresentar as suas acusações contra a presidente Kirchner no Congresso.

Em inícios de fevereiro, o cargo de Nisman foi assumido pelo fiscal federal Gerardo Pollicita, que avançou as acusações, preparando um documento semelhante ao de Nisman, em que descreve porque as ações e as inações do governo atual podem ser comparadas com esquemas criminosos.

Na quarta-feira, antes da “marcha do silêncio”, Pollicita foi convocado, pelo partido Frente para la Victoria (FPV), para o Congresso, para “responder perguntas” sobre as acusações.

Fonte: Sputnik

 

 

 

9 Comentários

  1. Quando o objetivo é mistificar, quem faz chamamento a razão corre o risco de entrar na dança e ser enquadrado. Premio Nobel pode virar suco nas mão da maquina de destruição posta a serviço da unanimidade burra também chamada unilateralismo.

  2. “Não interessa se vai haver golpe de estado brando ou se a sofrida e coitadinha comunidade judaica quer justiça por algo que aconteceu a só 20 anos atrás. Não interessa. O papo aqui é reto: DINHEIRO.

    Quero o pagamento dos meus fundos podres pra ontem!

    E maldita China que foi salvar a p**** da Argentina! Aquele território me interessa e muito! Mal tem 45 milhões de pessoas e um vasto território ao sul com riquezas que vão de minerais a sítios paleontológicos! Justo agora que conseguimos força um sucateamento discreto das forças armadas do país!

    Mas isso não fica assim! E aviso: eu quero o pagamento dos fundos podres JÁ.”

    Sds.

  3. Está cheirando que um golpe contra Cristina está por vir. Os agitadores e seus financiadores estão agindo na Argentina para criar caos no país.
    A aproximação da Argentina com a China está irritando os mandões no mundo e estão usando caso Nisman para criar instabilidade no país.

  4. O novo modismo da esquerdalha latino-americana é o “golpe branco” ou “golpe jurídico”. Deriva da concepção que essa corja tem de que quando se vence uma eleição se ganha um cheque em branco para fazer o que quiser com o Estado. Nesse sentido sentem-se no direito de emendar indiscriminadamente a Constituição (quando não publicam cartas autoritárias na calada da noite) no sentido de esvaziar os demais poderes do Estado, em especial o judiciário, e transformar o legislativo em mero despachante.

    De igual forma atacam instituições garantidoras do Estado Democrático de Direito como é o caso do Ministério Público e da imprensa, sempre atacados ora como representantes das “elites reacionárias”, ora como “agentes de interesses internacionais escusos”.

    Assim, e tendo em vista que a esquerda, mormente a bolivariana, despreza a democracia por enxergá-la apenas como um meio de chegar ao poder, quando instrumentos de controle da atuação do executivo e repressão de abusos do mesmo emergem em situações concretas, a primeira acusação que surge é justamente essa, a de “golpe branco ou jurídico”.

    • Aqui no Brasil a história registra como o ano (glorioso) de 1992 como o ano em que um Presidente sofreu impeachment em virtude das relações espúrias que seu tesoureiro mantinha. Contudo o revisionismo Petralha agora advoga que o meliante, hoje “impoluto senador” e “Cúmpanhêro” , teria sofrido um “golpe jurídico”. Tudo isso no intuito de tentar blindar a atual governanta ( sem trocadilhos sim!?) assim como o seu mentor caso eventualmente detalhes mais picantes da operação lavajato venham à tona.

  5. Bobagem… infelizmente Kris lábios de carnudos só tem feito bobagem mesmo, ainda tinha dito aqui que ela vai acabar puxando uma cana ao lado do Vidella.
    Esse jogo está pesado faz tempo, na época que o Chaves estava vivo foi feita uma reunião de chefes de Estado em Montevidéu e um assessor “amigo” da Kris apareceu morto por enforcamento em um dos quartos do hotel… Kris muito abalada cancelou sua presença e rapou fora para Buenos Aires.
    Nada por coincidência a Grã-Bretanha postou uma nota oficial reclamando sabe-se “””lá do que “””…

    O bicho tá pegando eu quero que pegue mesmo.

    Em puteiro não tem puta santa meu caro … lá e aqui também .

  6. Se cair a Argentina, os falcões vão vir babando para cima do Brasil. Pena que nosso serviço de inteligência não funciona como deveria.
    Está chegando a hora de cortar a cabeça dos quinta colunas.
    O Brasil é dos brasileiros e nossos interesses estão acima de qualquer coisa.
    Está na hora das nossas FA pagar missão para defender o país, a menos que irão fazer igual a 1964 e se alinharem a interesses estrangeiros.

    • “O Brasil é dos brasileiros e nossos interesses estão acima de qualquer coisa.”

      Concordo, meu interesse é ver corruptos na cadeia, empresas e órgãos públicos bem administrados e eficientes.

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