O chanceler russo Serguei Lavrov disse nesta segunda-feira (2) que as palavras do presidente norte-americano Barack Obama sobre o papel dos EUA na “transição de poder” na Ucrânia provam o envolvimento de Washington no golpe de Estado.
“Tinha a confirmação do envolvimento direto dos EUA desde o início no golpe antigovernamental, que Obama chamou neutralmente de ‘transição de poder’. A retórica exprimida na entrevista significa a intenção de Washington de mais adiante fazer tudo para apoiar incondicionalmente as ações das novas autoridades em Kiev que aparentemente resolvem o conflito pela força”, disse o ministro russo do Exterior.
“Nós ao nosso turno estamos convencidos que é preciso estabelecer o contato direto entre as autoridades em Kiev e as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e esta opinião é cada vez mais partilhada, inclusive na Europa”, sublinhou Lavrov.
Mas, segundo as palavras dele, esses esforços esbarram em tentativas de sabotar o processo de negociações.
Estou convencido que todos os que querem a paz para o povo ucraniano, e Rússia de certeza está entre tais países, tal como segundo eu sei a Alemanha, a França, outros europeus, a OSCE, devem continuar esses esforços, devem fazer todo para que diálogo direto seja estabelecido e traga resultados”, frisou o chanceler russo.
A decisão do então presidente da Ucrânia Viktor Yanukovich de não assinar um acordo de associação com a União Europeia no final de 2013 desencadeou uma onda de protestos em massa em todo o país, que culminou com o golpe de Estado de fevereiro.
Kiev está realizando desde meados de abril uma operação militar para esmagar os independentistas no leste da Ucrânia, que não reconhecem a legitimidade das novas autoridades ucranianas. Segundo os últimos dados da ONU, mais de 5.000 civis já foram vítimas deste conflito.
Desde 9 de janeiro, a intensidade dos bombardeios na região intensificou-se, aumentou o número de vítimas do conflito.
O Ministério da Defesa da Ucrânia anunciou que as Forças Armadas ucranianas estão a aumentar os efetivos em todas as zonas onde ocorrem combates. Os independentistas, por seu turno, declararam que fizeram “avançar a linha da frente” para evitar os bombardeios de zonas residenciais das cidades por parte do Exército ucraniano.
Obama admite participação dos EUA no golpe de Estado na Ucrânia
Os Estados Unidos tiveram uma participação ativa no golpe que levou autoridades pró-ocidentais ao poder na Ucrânia em fevereiro de 2014, segundo afirmou Barack Obama à rede CNN neste domingo.
Em entrevista, o chefe da Casa Branca disse que “o Sr. [presidente da Rússia, Vladimir] Putin tomou essa decisão em torno da Crimeia e da Ucrânia, não por causa de alguma grande estratégia, mas, essencialmente, porque foi pego de surpresa pelos protestos no Maidan e [pelo então presidente da Ucrânia Viktor] Yanukovich fugindo em seguida depois que nós intermediamos um acordo para a transição de poder na Ucrânia”.
A decisão de Yanukovich de não assinar um acordo de associação com a União Europeia no final de 2013 desencadeou uma onda de protestos em massa em todo o país, que culminou com o golpe de Estado de fevereiro. Na sequência da mudança de poder e com a ascensão do nacionalismo agressivo na Ucrânia, a Crimeia decidiu em referendo se juntar à Federação da Rússia em março de 2014, quando 96% por cento dos eleitores foram a favor da reunificação.
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