1º de Fevereiro de 1958: Egito e Síria constituem a República Árabe Unida (RAU)

Os então presidentes, da esquerda para a direita, sírio Schukri el Kuwatly e o egípcio Gamal Abdel Nasser na cerimônia de assinatura

No dia 1º de fevereiro de 1958, Egito e Síria constituíram a República Árabe Unida (RAU), que recebeu a adesão do Iêmen poucas semanas depois. Em 1961, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser anunciou o fim da aliança.

Até meados do século 20, o mundo árabe era visto sob o prisma de sua importância cultural e geográfica. Seus feitos políticos eram praticamente desconhecidos, apesar de terem avançado até a Espanha na Idade Média. A unidade política, entretanto, durou pouco, substituída pela hegemonia do Império Otomano, que durou até a Primeira Guerra.

O sonho de um grande império árabe teve que ceder espaço aos interesses europeus. O Reino Unido já havia açambarcado o Egito em 1882 e concedeu-lhe soberania apenas limitada em 1922. Outras regiões, principalmente a Síria ou o Líbano, sofreram forte influência francesa, enquanto a Palestina teve administração britânica. Os europeus conseguiram – com menor ou maior diplomacia – que as regiões praticamente se desenvolvessem em Estados, mas que continuassem sob sua influência.

Com a independência de alguns países árabes em outras regiões do Oriente Médio, aumentaram os clamores por uma unidade pan-arábica depois da Segunda Guerra Mundial. Um anseio acompanhado da esperança de que uma grande nação árabe poderia libertar os povos do sentimento de fraqueza imposto por cada derrota diante de Israel.

Fim da dependência árabe

O mais importante protagonista do movimento de união árabe foi o jovem presidente egípcio Gamal Abdel Nasser. Com seu golpe contra o rei Faruk, Nasser conseguiu encerrar o capítulo da história dedicado à dependência árabe do exterior. No dia 1º de fevereiro de 1958, o povo egípcio foi às ruas comemorar a união entre o Egito e a Síria, presidida por Shukri al Kuwatly. Com uma bandeira, um hino e um presidente (Nasser), a República Árabe Unida (RAU) buscava a neutralidade diante das grandes superpotências, que dividiam o mundo em dois blocos.

Gamal Abdel Nasser sentado ao lado de príncipe Muhammad al-Badr do Iêmen do Norte (centro) e Shukri al-Quwatli (à direita), em fevereiro de 1958.

Poucas semanas depois, também o Iêmen ingressou na aliança. Ele recebeu um status especial, podendo preservar a soberania e sua filiação à Organização das Nações Unidas. No final de 1961, Nasser foi obrigado a declarar o fim da união. Não demorou a que tivessem início as desavenças entre Síria e Egito. Os sírios se sentiam tratados como uma província pelo Cairo.

Ainda antes do final de 1961, oficiais militares sírios deram um golpe e reafirmaram a independência do país. O Egito, entretanto, prosseguiu usando o nome República Árabe Unida por mais dez anos, até que adotasse o nome República Árabe do Egito, em 1972.

Fonte: DW.DE

6 Comentários

  1. Eu sempre tive curiosidade sobre esse fato histórico, estudei e estudei, indignado com o fim dessa união, que se tivesse sido mantida, teria dado origem a um dos países mais poderosos do mundo, e de quebra, teria impedido diversas organizações terroristas de existir.

    • O único objetivo dessa “União”, firmada por dois farsantes (Kuwatly e em especial Nasser) era destruir Israel. Mas foi Israel que destruiu a farsa do Pan-Arabismo meu caro Empalado!

      • Me desculpe minha cara, foi o contrario. Eles se uniram para tentar acabar com a farsa que representava, e ainda representa um estado como Israel. Que apesar de se firmar por responsabilidade de uma articulação internacional dominadora de um periodo histórico, para resolver seus proprios problemas (inclusive de consciencia) resolveu expropriar território alheio. De um povo com pouca cultura e identidade patria, como eram, e ainda são. a maioria dos arabes, tribais. Fracos e faceis de lhes rapinar seus territorios. Usaram o estelionato dum acordo internacional, onde as vitimas não opinaram, para pela força das armas, e de economias estrangeiras que os sustentam através de individuos desnaturados, se tornarem usurpadores e exploradores de terrotórios alheios. Este é um daqueles momentos em que o “ocidente” capitalista fechou os olhos, convenientemente. para o direito de propriedade, por que era propriedade alheia com a qual queria ajudar um grupo de afinidades religiosas a formar um país.

      • Desculpe Julio mas Israel, criado pela ONU inclusive com apoio russo, está longe de ser uma farsa até porque lá sempre elegeram seus dirigentes de forma democrática. Já os outros dois governantes subiram ao poder via golpes de estado. Ademais a resolução da ONU prévia dois estados, e quem a desrespeitou foram justamente os países árabes que não apenas atacaram Israel como ainda se apropriaram das áreas do Estado Palestino.

      • Minha cara, você desvia do ponto. E o ponto é o principio da existencia da RAU, que você criticou retirando legitimidade e colocando interesses vís por trás, quando na verdade não foi assim, o que eu procuro mostrar. Quanto aos apoios internacionais, está claro em minha citação, quando escrevo sobre o estelionato que uma articulação internacional dominadora impuseram sobre os arabes, Russia, e Brasil junto. Aliás Brasil teve um papel destacado neste golpe levado pelas mãos de um cidadão chamado OSVALDO ARANHA, por acaso descendente de judeus, e, portanto, sob suspeição historica. E não esqueça, e não nos esqueçamos, a RUssia, junto com os States e Inglaterra, ao fim da segunda guerra dividiram o mundo confirme suas conveniencias politicas e economicas. Israel foi uma solução deles sem considerar os interesses Arabes, desprestigiados até hoje, e divididos de igual forma, bem por isso deveria ser roubados em sua dignidade e direitos. Faça o que digo, mas não faça o que eu faço. Sds,

Comentários não permitidos.