Brasil: “Quem diz que menor não sabe o que faz é hipócrita” – Youssef Abou Chahin

A tropa de choque do governador Geraldo Alckmin que atua por mudanças na legislação de crianças e adolescentes se reforçou com o novo chefe da polícia Civil de São Paulo. Mal estreou no cargo há dez dias, o delegado Youssef Abou Chahin, de 51 anos, já lançou contra os adolescentes: “São como 007, têm licença para matar”.

Dez dias após a frase, criticada por entidades que atuam na área de direitos humanos e da infância e juventude, Chahin mantém seu posicionamento. Ele diz que, a longo prazo, a redução da maioridade penal poderia até diminuir a criminalidade.

P. O senhor mal chegou na chefia da Polícia Civil e já engrossa o coro do governador Alckmin com relação à mudanças na lei sobre a maioridade penal. Por qual razão defende a mudança na lei?

R. No meu tempo de criança eu brincava de carrinho, jogava futebol. Hoje em dia uma criança de três anos já sabe mexer no iPhone, com cinco já sabe tudo de informática. Digo isso porque não dá para comparar a criança de 30, 40 anos atrás com as de hoje. Não dá para dizer que as crianças e os adolescentes de hoje não têm consciência, são todos inimputáveis. Quem defende a ideia de que um menor de 16 anos, por exemplo, não sabe o que está fazendo, está sendo hipócrita. Se você analisar nas ocorrências policiais, se em uma quadrilha há um menor ele sempre será responsabilizado pelos atos mais graves do grupo. Sempre foi ele quem atirou. Por que isso é feito, mesmo que não tenha sido ele quem atirou? Porque a punição não existe.

P. Quando o senhor tomou posse, disse que o menor de idade era como o 007, tinha licença para matar.

R. Sim. Foi uma frase forte e respeito os que discordam. Posso estar errado, mas isso é o que a maioria da população acha. Uma pesquisa do Datafolha, de 2013, diz que 93% da população é a favor da redução da maioridade, eu estou com a maioria.

P. Como o senhor vê as críticas? Várias entidades de direitos humanos reclamaram de seu posicionamento enquanto chefe da polícia?

R. Vejo com naturalidade. Cada um tem sua visão, eles têm as deles e eu tenho a minha. Eu trabalho como policial há 27 anos. Se eu for discutir jornalismo com o senhor, eu vou perder. Mas de polícia eu entendo. Não nasci delegado-geral sentado em um gabinete. Fiquei muito tempo na rua. Dei plantão, fui delegado de polícia no Garra, no DEIC no Grupo de Operações Especiais. Na minha carreira, eu vi tudo. É como um médico que deu plantão no Hospital das Clínicas. Eu falo pela minha experiência. Agora, essas ONGs têm as experiências delas e eu respeito.

P. Em que momento o senhor percebeu que cresceu a participação dos jovens no crime?

R. Quando eles perceberam que a pena era ínfima. Não me recordo o ano preciso, mas sei que há muito tempo percebemos a ação de menores em quadrilha, principalmente quando há a morte da vítima do crime.

P. Mas o ideal não seria ressocializar esse jovem e punir o adulto que o incluiu no bando?

R. Mas isso já ocorre. Nossa lei já prevê a corrupção de menores e a punição por esse crime deveria ser mais dura, assim como por outros. A nossa Lei de Execuções Penais deveria ser revisada. Cumprir apenas um sexto da pena não educa ninguém. Tem muita coisa que precisa ser feita com relação à legislação. Em nível policial, também e tem sido feito. A legislação mais rígida ajudaria não só a polícia, mas também o Judiciário. O juiz não solta criminosos, ele cumpre a lei.

P. Essa de declaração do senhor sobre a redução da maioridade penal é sua ou foi um recado dado pelo governador Geraldo Alckmin?

R. Tenho personalidade. Eu falo o que eu acho. Pelo que sei o governador compactua da mesma opinião, tanto é que apresentou um projeto no Congresso Nacional. Não estou falando em nome do governo, nem da polícia. Quem está falando é o Youssef Chahin. Falo baseado na minha experiência e nas últimas pesquisas que vi. Falo também visando que o trabalho policial tenha resultados melhores.

P. O Estado tem enfrentado seguidos aumentos de roubos. O senhor acha que a redução da maioridade penal deve diminuir os índices criminais?

R. Talvez não em um primeiro momento. Mas, depois, sim. Quando esses adolescentes perceberem que a cadeia (a punição) que eles vão pegar é a mesma do adulto, vão começar a não aceitar determinadas empreitadas, não vão mais cometer tantos crimes. Aí ajuda a reduzir a criminalidade.

P. Em 2007, quando assumiu o Departamento de Investigações Contra o Crime Organizado, o DEIC (em 2007), o senhor era sócio da empresa de segurança privada Oregon, algo que não pode ser questionado do ponto de vista ético, já que o senhor é um policial. Como está isso hoje, o senhor está no comando dessa empresa?

R. Não tenho participação. Fui sócio-cotista de uma empresa que fazia projetos de segurança, não era gerente, não estava na linha de frente, e isso a lei permite. Não tinha participação só nessa empresa. Tenho empresas de família. Eu entrei na polícia porque eu gosto do que eu faço. Meu pai era empresário. Eu não precisava entrar na polícia para viver. Quando prestei concurso não exigia atestado de pobreza. Para você ter uma ideia, eu fui voluntário para o Exército por três anos. Sou instrutor de tiros, de gerenciamento de crise, fiz cursos na Swat, a minha vida é a polícia. E ainda te cito uma metáfora. Uma vez um empresário muito rico, vendo a Madre Teresa de Calcutá fazendo curativos em leprosos ele disse: “Nossa, Madre, eu não faria isso por dinheiro nenhum”. E ela respondeu: “Nem eu”. Eu gosto do que faço, sou vocacionado. Mas não vivo de polícia.

Fonte: El País

7 Comentários

  1. Eh delegado , se prepare para as agressoes , afinal neste pais governado por bandidos que exploram adolecentes otarios ,criados por pais vagabundos e preguiçosos ,colocar na cadeia as suas fontes de RENDA eh algo inadmissivel ,alias ,sempre culpam as vitimas ,principalmente se estas pertencem a uma classe financeira mais elevada ,kkkkkk, encistem na maxima deque a pobreza e a grande responsavel pela multiplicaçao de parias e malandros , boa sorte ai na nova empreitada !

  2. O estatuto da criança e adolecente nasceu com a finalidade de proteger estes de maus tratos e garantir a eles oportunidades de desenvolvimento , ateh ai tudo bem , mas como no brasil existe uma tendencia de colocar tudo dentro de um grande PACOTAO , acabaram dando interpretaçoes erradas para partes do codigo , tudo isso intencional , assim garantiriam popuralidade com a MASSA paria , mas os mais prejudicados sao os tais jovens DOIDINHOS , crescem sem limites , tendo uma impressao erronea deque sao a ultima bolacha do pacote e na verdade a falta de CORREÇAO ,a vida desregrada e o complexo de narciso acaba lhes roubando as chances de serem alguem na vida (independente da classe social e profissao) e quando passar (se nao ficarem pelo caminho) a primeira juventude ,estarao frustados ,sem saude e com grandes chances de estarem sendo agredidos por seus proprios filhos, criados tambem como idiotas uteis !

  3. Materia sem eira nem beira.
    O que adianta delegado, chefe da civil, secretario se não tem loder ne hum, não fazem leis alenas as cumprem para faze-las cumprirem.
    Continuo chanando a atenção de todos para a enchorrada de materias de fonte unica com assuntos escolhidos a dedo.

    • Vc se refere as materias a respeito da russia , coladas apartir do site voz da russia,kkkkkkk, seu esforço para justificar sua bolsa lan house ,nao estah sendo o suficiente ,tente outra coisa !

  4. O assunto menores é um tema que toda a sociedade discute e deve ou deveria haver mudanças quanto a suas infrações ou crimes.

    Quanto ao delegado não se discute sua experiência, mas quanto :

    …”””Tenho empresas de família. Eu entrei na polícia porque eu gosto do que eu faço. Meu pai era empresário. Eu não precisava entrar na polícia para viver. Quando prestei concurso não exigia atestado de pobreza. Para você ter uma ideia, eu fui voluntário para o Exército por três anos. Sou instrutor de tiros, de gerenciamento de crise, fiz cursos na Swat, a minha vida é a polícia. E ainda te cito uma metáfora. Uma vez um empresário muito rico, vendo a Madre Teresa de Calcutá fazendo curativos em leprosos ele disse: “Nossa, Madre, eu não faria isso por dinheiro nenhum”. E ela respondeu: “Nem eu”. Eu gosto do que faço, sou vocacionado. Mas não vivo de polícia.”””

    Muito bom um funcionário independente e bem resolvido financeiramente , mas a grande maioria dos policiais não é assim, precisam do salário para pagar as contas , pegar um metrô , pagar aluguel, pagar prestação do imóvel e se sobrar do veículo próprio, da escola dos filhos, farmácia, alimentação, vestuário, etc.

    Devo dizer que as uns quinze anos atrás li no Jornal o Estado de São Paulo, na edição de domingo, um reportagem sobre psicologia cuja fonte era a USP- Universidade de São Paulo.
    Bom , dizia e eu nunca mais esqueci que há uma hierarquia para a felicidade humana :

    1-família
    2-religião-
    3-lazer-
    4-TRABALHO
    5-hobby

    Vejam que a maioria de nós passa a maior parte das suas 24 horas trabalhando e a outra maior parte dormindo, o pouco que resta tem que ser distribuído entre os outros ítens 1,2,3,5, quebrando a hierquia da felicidade humana.

    Conclusão rápida é :
    a polícia não é sua família,
    a polícia não é sua religião,
    a polícia não é seu lazer
    a polícia é seu trabalho e apenas seu trabalho,
    se passarmos além disso cometemos o crime da IDOLATRIA;
    Um erro grave previsto na Escritura Sagrada.Isso vale para qualquer profissão.
    Para se ter uma idéia um policial o é 24 horas por dia- sendo obrigado por lei a andar 24 horas com arma, munição, algema, funcional e distintivo – obrigado por lei.

    Não precisa ser um gênio para saber que o ser humano, homens e mulheres policiais devem ser o maior foco da atenção não só delegado mas do Governo do Estado de São paulo e de outros Estados da federação.

    Devo dizer que viatura e delegacia não operaram sozinhos homens e mulheres fazem isso acontecer .
    Devo dizer que é um serviço considerado por lei insalubre e perigoso e por isso o policial tem um tempo de serviço máximo de 30 anos , sendo vinte na função mais dez em outra contribuição previdenciária com direito a aposentar com paridade e integralidade salarial .
    Isso já foi julgado pelo Supremo Tribunal de Brasília como justo ao policial civil … isso lógico se sobreviver e chegar ao fim da carreira .
    Quanto ao policial militar isso sequer é discutível, os caras aposentam mesmo sem nenhuma pedra de tropeço e sem ação judicial , com paridade e integralidade do salário indiscutíveis pois é direito por lei e muito justo… se também sobreviver , claro.

    Então devo pedir ao Sr.Digníssimo Delegado de Polícia que aproveite de sua posição estratégica e lute pelos seus pares e subordinados, o policial precisa de um soldado com acesso direto a quem tem poder, o que é raro bem sabemos disso faz ANOS E ANOS .

    Boa sorte .

    • EH DE ADMIRAR que estah pesquisa tenha sido divulgada , a USP (com excessao das turmas de exatas e medicas) virou um antro de bolivarianos , estah sendo mais facil comprar drogas e armas lah dentro doque buscalas em favelas , apos 16 anos de aparelhamento aquilo virou um posto de comando dos bolivarianos bananas !

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