Arábia Saudita: Morre Rei Abdullah bin Abdulaziz Al-Saud

O rei saudita Abdullah morreu nesta sexta-feira (23) pelo horário local (noite de quinta-feira no Brasil), anunciou a TV estatal. Com a morte de Abdullah, seu meio-irmão Salman Ben Abdel Aziz, de 77 anos, se torna o novo rei da Arábia Saudita, segundo comunicado transmitido pela TV.

Segundo agências de notícias o rei saudita tinha 90 anos. Porém, não se sabe a data exata de seu nascimento.

O rei Abdullah subiu ao trono em 2005 após a morte de seu irmão Fahd, mas dirigia o país de fato desde 1995. Nos últimos tempos, suas aparições em público se tornaram cada vez menos frequentes, motivo pelo qual foi frequentemente representado pelo príncipe Salman.

O rei Abdullah foi internado no dia 31 de dezembro em Riad para passar por exames médicos. No dia 2 de janeiro, a casa real anunciou que o monarca sofria de pneumonia e teve que ser entubado “para ajudá-lo a respirar”.

Fonte: G1

Novo rei saudita promete manter política energética

Novo rei saudita Salman Bin Abdulaziz Al Saud

O novo rei saudita Salman prometeu nesta sexta-feira que manterá as atuais políticas energética e externa, e logo em seguida indicou homens mais jovens como seus herdeiros, preparando a sucessão de longo prazo ao nomear um vice-príncipe herdeiro da nova geração de sua dinastia.

O rei Abdullah morreu na madrugada desta sexta-feira devido a uma enfermidade.

Ao indicar seu meio-irmão mais novo, Muqrin, de 69 anos, como príncipe herdeiro, e seu sobrinho Mohammed bin Nayef, de 55 anos, como vice-príncipe herdeiro, Salman acabou rapidamente com as especulações sobre rixas palacianas em um momento de grande tumulto regional.

A notícia da morte do rei Abdullah levou a um aumento imediato nos preços do petróleo, já que aumenta as incertezas nos mercados de energia.

Salman, que se acredita ter 79 anos, assume como autoridade máxima em um país que enfrenta desafios internos de longo prazo, agravados pela queda no valor do petróleo nos últimos meses e pelo crescimento do grupo militante Estado Islâmico no Iraque e na Síria, que jurou derrubar a casa real saudita.

Salman precisa administrar uma rivalidade intensa com o Irã, potência xiita regional, que se desenrola no Iraque, na Síria, no Iêmen, no Líbano e no Barein, dois conflitos abertos em países vizinhos, uma ameaça de radicais islâmicos e relações tensas com os Estados Unidos.

Em seu primeiro discurso como rei, transmitido ao vivo na televisão saudita, Salman se comprometeu a manter a mesma abordagem de seus antecessores na administração do maior exportador de petróleo do mundo e berço do islamismo, e pediu união entre as nações árabes.

“Se Deus quiser, continuaremos a manter o curso firme que este país vem seguindo desde sua fundação pelas mãos do falecido rei Abdulaziz”, disse ele.

Mohammed bin Nayef se torna o primeiro neto do monarca fundador do reino, o rei Abdulaziz, conhecido como Ibn Saud, a assumir um local pré-determinado na linha sucessória.

Desde a morte de Abdulaziz em 1953, todos os reis sauditas foram seus filhos, e a entrada em cena da nova geração fez surgir a perspectiva de uma disputa interna de poder. O rei Salman também indicou seu próprio filho, Mohammed bin Salman, como ministro da Defesa e chefe da corte real.

PRAGMATISMO SIM, DEMOCRACIA NÃO

Visto como pragmático e hábil no gerenciamento do equilíbrio delicado de interesses clericais, tribais, reais e ocidentais que pesam na formulação das políticas sauditas, Salman não deve mudar a abordagem do reino na política externa ou no comércio de energia.

Apesar dos booatos sobre a saúde e a força de Salman, diplomatas presentes a reuniões entre o novo monarca e líderes estrangeiros no ano passado disseram tê-lo visto totalmente envolvido em conversas que chegaram a durar horas.

“Acho que (Salman) irá continuar as reformas de Abdullah. Ele percebe a importância disso. Não é conservador como pessoa, mas valoriza a opinião do eleitorado conservador do país”, disse Jamal Khashoggi, chefe de um canal de notícias de propriedade de um príncipe saudita.

À medida que a população cresce e o preço de petróleo despenca globalmente, a casa saudita terá que se esforçar cada vez mais para manter seus generosos investimentos sociais para as pessoas comuns, o que pode minar sua futura legitimidade em um país sem eleições, opinam analistas.

O rei Salman já se pronunciou contra a ideia de introduzir a democracia na Arábia Saudita em comentários feitos a diplomatas norte-americanos e divulgados pelo site WikiLeaks.

Reportagem: Rania El Gamal e Sami Aboudi 

REUTERS

Fonte: Terra

Rei Abdullah foi um reformador cauteloso

Enquanto reinou, soberano saudita tentou preparar cuidadosamente o seu país para mudanças, tendo enfrentado a resistência até mesmo dos eruditos islâmicos wahabitas. No entanto, ele não se atreveu a grandes mudanças.

Na ultraconservadora Arábia Saudita, mudanças são possíveis somente em ritmo lento. O rei Abdullah sabia disso ao tentar mexer cautelosamente nas estruturas sociais e políticas de seu país. Até a sua morte, em 23 de janeiro de 2015, o monarca de longa data não ousou executar reformas radicais.

Abdullah ibn Abdulaziz al-Saud foi o sexto soberano desde a fundação da monarquia saudita. No entanto, ele ainda pertencia à segunda geração da Casa Real. Isso está relacionado com as regras de sucessão peculiares na Arábia Saudita: o trono não é herdado de pai para filho, mas entre os irmãos do fundador do país, Abdul Aziz ibn Saud, morto em 1953 e que teve mais de 30 filhos. Quando Abdullah subiu ao trono, em 2005, ele tinha mais de 80 anos.

Abdullah cresceu na corte real, onde recebeu uma educação islâmica tradicional. Como muitos outros príncipes, ele foi incumbido de desempenhar funções públicas. Em 1962, assumiu o comando da Guarda Nacional. Mais tarde, se tornou o segundo e, finalmente, o primeiro vice-chefe de governo. Na monarquia saudita absolutista, o rei também é primeiro-ministro, e o príncipe herdeiro, vice-primeiro-ministro. Quando o seu meio-irmão e antecessor, o rei Fahd, ficou incapacitado devido a uma séria doença, Abdullah assumiu de fato o comando do governo em 1996.

Esforço por hegemonia regional

Na política externa, o rei Abdullah continuou o esforço pela hegemonia regional de seu país. Nesse ponto, ele tentou conter principalmente as pretensões de poder do concorrente Irã. Isso ficou claro também na guerra civil na Síria. Riad apoiou os rebeldes contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, com vista a derrubar o regime pró-iraniano e, assim, enfraquecer Teerã.

Como rei saudita, Abdulah foi também o “Guardião das duas mesquitas sagradas”. Com Meca e Medina, o país abriga os dois lugares mais importantes do Islã. Anualmente, milhões de muçulmanos de todo o mundo peregrinam até Meca. Assim, os soberanos sauditas exercem um papel de destaque no mundo muçulmano, levando o credo islâmico estampado na bandeira verde de seu país.

Os sauditas também têm uma posição especial por promover o wahabismo como uma interpretação muito rigorosa do Islã. Estado, indivíduos e fundações semioficiais não poupam esforços em exportar a intransigente vertente religiosa para outros países. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a Casa Real foi acusada de promover o islamismo radical em todo o mundo. Dentro do país, os wahabitas controlam a moral pública e o sistema judicial e de educação. Mesmo as menores reformas podem se deparar com a resistência feroz de religiosos ultraconservadores. Por esse motivo, Abdullah trocou diversos oponentes de suas reformas.

Primeira mulher em gabinete ministerial

Entre as críticas dos conservadores, estava a cautelosa valorização das mulheres. Depois de os homens sauditas receberem o direito de voto para eleições locais, a partir de 2015, o mesmo direito estava previsto para ser outorgado às mulheres. Além disso, em 2009, Abdullah convocou pela primeira vez uma mulher para o seu gabinete de governo. A vice-ministra da Educação foi responsável pelas mulheres no sistema de ensino separado entre os sexos.

Abdullah também abriu o órgão consultivo do país, o chamado Conselho Shura, para membros do sexo feminino, encontrando palavras fortes para os seus críticos: “Uma modernização equilibrada é um importante desafio, que corresponde aos nossos valores islâmicos. Em nossos tempos, não há lugar para fracos e indecisos.” No entanto, as mudanças não foram tão longe. Em sua regência, as mulheres também não puderam dirigir automóveis. Assim, a Arábia Saudita continua a ser o único país do mundo a não permitir mulheres atrás do volante.

As suas reformas também não constituíram nenhum restrição dos poderes absolutos do monarca. O órgão consultivo quase não teve competências. Partidos políticos continuaram proibidos. Críticas à Casa Real e ao Islã eram tabus. As exigências por reformas mais amplas foram vistas como ameaça ao sistema de governo. Os críticos foram duramente punidos – como, por exemplo, o blogueiro Raif Badavi, que no ano passado foi condenado a dez anos de prisão e a mil chibatadas.

Os levantes da Primavera Árabe pouco foram sentidos na Arábia Saudita. Protestos contra abusos como o nepotismo e a corrupção foram reprimidos com forte violência policial. Tropas sauditas avançaram até mesmo sobre o vizinho Barein para proteger a monarquia local da ira dos manifestantes. Com isso, os sauditas tentaram impedir um alastramento da insatisfação para o seu próprio país. Afinal de contas, assim como seus antecessores, para Abdullah a manutenção da própria monarquia sempre veio em primeiro lugar.

Fonte: DW.DE

3 Comentários

  1. Acredito que esse seja um daqueles casos em que só se mudou o mosquito,pois a mer@@ continua a mesma,mas tomara eu esteja errado !

  2. um dos ditadores mais sanguinários e tirânicos do século 20…..mas como serviu bem aos interesses do eua morreu como herói……

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