Nova escalada de violência põe em risco cessar-fogo na Ucrânia

AP
Fumaça se eleva dos escombros do aeroporto de Dontesk, local estratégico para ambos os lados

Dezenas de pessoas já foram mortas ou feridas na nova onda de violência no leste da Ucrânia, onde rebeldes e forças do governo disputam o controle do aeroporto de Donetsk – ou o que resta dele, depois de semanas de conflito, como mostram as imagens feitas por um drone no último domingo (confira no vídeo abaixo).

Autoridades ucranianas disseram ter reassumido o controle do local depois de lançar um contra-ataque, o que foi negado pelo líder rebelde Alexander Zakharchenko nesta segunda-feira.

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A Rússia disse estar preocupada com a escalada do conflito na região, o que pode colocar em risco a trégua acordada em setembro passado.

Em Kiev, milhares de pessoas foram às ruas no fim de semana depois que 12 civis foram mortos no início da semana passada, quando o ônibus que estavam foi atingido por um míssil.

Tensão renovada

Tiros e explosões foram ouvidos em diversas partes das regiões de Donetsk e Lugansk. Um hospital foi atingido, segundo relatos.

Em meio à tensão renovada, o Kremlin alertou o governo ucraniano para “consequências irreversíveis” de uma ofensiva militar nas regiões – onde vive um contingente considerável de cidadãos de etnia russa.

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Já Kiev reclamou que mais soldados russos cruzaram a fronteira entre os dois países – mas isso não pôde ser confirmado de forma independente.

Segundo a Ucrânia, 8,5 mil soldados russos estão ajudando os rebeldes.

A Rússia nega que tenha forças oficiais na Ucrânia, mas reconheceu que “voluntários” participam do conflito.

AFP
Ucrânia diz que 8,5 mil soldados russos ajudam rebeldes, mas Kremlin nega

Disputa

A violência aumentou na semana passada, com uma disputa mais intensa pelo controle do aeroporto.

O governo contra-atacou depois que rebeldes disseram ter finalmente tomado o edifício do novo terminal do aeroporto, após atacar o local durante semanas.

O aeroporto de Donetsk tem um valor simbólico e estratégico para ambos os lados da batalha.

Ele é citado pela mídia do país como um símbolo do “espírito de luta ucraniano”, e os soldados que o defendem são chamados de “ciborgues” por sua resistência aos ataques de rebeldes.

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AFP
Edifício da cidade foram bombardeados, entre eles um hospital

Apesar da sua infraestrutura ter sido destruída, alguns especialistas apontam que sua pista pode ser usada para enviar suprimentos para o lado rebelde.

Nas redes sociais, a destruição do local tem sido comparada à de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial.

Já os rebeldes o veem como parte de sua capital e, se permanecer sob controle do governo, uma base para uma eventual ofensiva ucraniana.

Danos graves

Edifícios no centro de Donetsk também sofreram graves danos, entre eles um hospital. Oito civis morreram e outros vários foram feridos nos últimos dias, segundo autoridades locais.

Os rebeldes acusam o governo de bombardear civis em Horlivka, cidade ao norte do aeroporto sob o controle de insurgentes.

Novo civis morreram e 44 ficaram feridos por uma bomba lançada de um avião ucraniano, disse Eduard Basurin, do “ministério da Defesa” rebelde.

Um menino e seu pai morreram numa explosão na cidade de Debaltseve, que está sob controle do governo. Dez pessoas ficaram feridas.

Reuters
Quase 5 mil pessoas já morreram desde o início do conflito em abril de 2014

‘Erro estratégico’

A escalada do conflito fez com o que o ministro de Relações Exteriores interino da Rússia, Gregory Karasin, alertasse que uma solução militar é “o maior erro estratégico” que a Ucrânia poderia cometer, o que “levaria a consequências irreversíveis”.

Autoridades russas disseram que o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, não respondeu à proposta feita pelo presidente russo, Vladimir Putin, para que os dois lado baixassem suas armas e pusessem fim à disputa.

No entanto, a Ucrânia insiste que quer ver o cessar-fogo implementado e exigiu que a Rússia retire seus soldados e armamentos pesados da zona de conflito.

O embate começou um mês depois que a Rússia anexou a península da Crimeia, em abril do ano passado.

Mais de 4,8 mil pessoas já morreram desde que os rebeldes assumiram o controle de cidades do leste do país.

Fonte: BBC Brasil

2 Comentários

  1. Já está correndo muito sangue,
    ‘ com bombardeios pela parte de Kiev, sobre áreas civis do Donbass (matando inclusive crianças) , com bombas de 500km e artilharia 152mm… Por outro lado, a contra ofensiva da milícia com o sistema múltiplo de lançamento de foguetes ‘TOS1’ causou dezenas (algumas fontes do lado das milícias falam de cerca de 200 mortos) de baixas entre as forças de
    Kiev…

    E o front de combate esta espalhado, pois Kiev tomou a iniciativa de ataque com força em vários fronts e como resposta, além da defesa ,houve contra ofensiva dos milicianos em uns outros tantos fronts…

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