De Meca para o mundo

Meca é uma cidade na parte ocidental da Arábia Saudita. A cidade está localizada a cerca de 100 km do Mar Vermelho. Meca é considerada um dos lugares sagrados do Islã e todos os anos é a meta da peregrinação (Hajj), que é uma obrigação para os muçulmanos que são capazes de realizar. Todos os anos mais de três milhões de peregrinos muçulmanos se reúnem em Meca para realizar a Hajj. Durante o ano, os peregrinos também visitam Meca em um ritual conhecido como Umrah.

Carlos Serapião Jr.

Estava em Chambéry com a família, no sopé dos Alpes franceses, quando vi na TV a notícia do atentado ao semanário Charlie Hebdo. Nosso retorno estava previsto para aquele dia 7 e assim se deu. Já em Moscou, continuei acompanhando o assunto pela imprensa. Por curiosidade, pesquisei sobre a história do Islã, tema que eu desconhecia. Como carioca educado em escola católica, conheço a história do Cristianismo, incluindo o pouco que se sabe sobre Jesus Cristo.

Achei interessante e útil o que li sobre o Islã, por isso compartilho aqui um resumo (e, desde já, peço paciência e compreensão aos iniciados no tema). Os muçulmanos creem que o Alcorão ou Corão é a palavra de Deus revelada ao profeta Maomé pelo anjo Gabriel ao longo de 23 anos, entre 609 d.C. – quando Maomé tinha 40 anos – e 632 d.C. O Islã é uma religião monoteísta e, a partir do Corão, define regras para as relações sociais, interpessoais e familiares, incluindo o Direito Islâmico ou Charia. Maomé é considerado o último profeta, tendo sido precedido por outros, como Adão, Noé, Abraão, Moisés e Jesus.

Maomé foi, além de profeta, líder político. Em 622, ele teria sido obrigado a abandonar Meca devido a sua pregação religiosa, tendo se mudado para Yathrib (atual Medina), onde se tornou chefe da primeira comunidade muçulmana. Após longa guerra entre Meca e Medina, com vitória dos muçulmanos, Maomé derrotou também as demais tribos da Arábia, logrando unificar, em vida, praticamente toda a região sob o signo de uma nova religião e lançando as bases de um futuro império islâmico que se estendeu da Pérsia (atual Irã) à Península Ibérica.

A biografia de Maomé é bem mais rica do que isso. Ressaltei sua dimensão política para contrastar com a pregação essencialmente espiritual e focada na esfera privada de Jesus Cristo. A doutrina cristã teve cunho reformista em relação ao Judaísmo da época (Jesus, em momento algum, renega sua condição de judeu), sobretudo ao enfatizar a universalidade da Palavra de Deus e da Salvação, em oposição à noção judaica de Povo Escolhido. Séculos após a crucificação, o Cristianismo virou religião oficial do Império Romano e foi, mais tarde, utilizado como ideologia política pela Igreja Católica e por diversos Estados europeus, mas, ao contrário do Islã, não tem a política em seu DNA.

No Brasil, país majoritariamente cristão, temos pouco acesso à cultura islâmica. Na escola, estudamos a Reconquista da Península Ibérica por reinos cristãos, região que foi ocupada por muçulmanos provenientes do norte da África (mouros) entre os séculos 8 e 15. Ao visitar a Andaluzia, no sul da Espanha, sobretudo as ruínas do Alhambra, complexo de palácios que abrigava a corte do Reino de Granada, tive uma visão clara da grandeza da civilização islâmica que vicejou na península (chamada de Al-Andalus pelos árabes). Aliás, os mouros tentaram em vão cruzar os Pirineus para ocupar parte do que é hoje a França, tendo sido repelidos pelos francos.

Meu primeiro contato com a cultura muçulmana ibérica foi através do conto de Jorge L. Borges intitulado “La busca de Averroes”. Averróis foi um filósofo e médico nascido no Califado de Córdoba, famoso por seus comentários sobre a obra de Aristóteles. Escreveu em árabe e foi traduzido inicialmente para hebraico e latim, tendo influenciado a filosofia europeia da Idade Média, a começar por São Tomás de Aquino.

Na Rússia

Na Rússia, cerca de 10% da população é muçulmana, datando do século 8 o início da presença islâmica em território russo. O primeiro Estado muçulmano na região foi o Volga-Bulgária, que existiu entre os séculos 8 e 13. Tanto no Império Russo, quanto na ex-URSS, a política estatal referente aos muçulmanos incluiu repressão político-religiosa e deslocamento de populações. Na Rússia atual, há muçulmanos por todo o país, em particular no Cáucaso, na região do Cáspio e em Moscou, onde há cerca de 2 milhões de muçulmanos residentes, além de milhares de trabalhadores migrantes.

A religião islâmica é a segunda mais numerosa do planeta depois da cristã, com 1,5 bilhão de fiéis concentrados sobretudo na Ásia (63% do total) e África. Os árabes perfazem 20% do total de muçulmanos atualmente. No Brasil, apenas 0,1% da população ou cerca de 200 mil pessoas se declaram muçulmanas. Na França, são quase 5 milhões ou 8% da população.

Há atualmente vários Estados laicos que contêm minorias muçulmanas. Tem havido também, talvez devido a um viés anti-islâmico de parte da mídia internacional, um fluxo constante de notícias sobre conflitos entre integrantes dessas minorias e o poder dominante. Como vimos, há um ingrediente político original no Islã. Em que medida isso vai influir na evolução da comunidade muçulmana francesa, em particular em sua relação com um Estado laico que incorpora valores político-sociais da tradição ocidental? Uma pergunta que deixo em aberto, por demandar análise que ultrapassa o escopo deste artigo.

Fonte: Gazeta Russa

4 Comentários

  1. Gênesis 21

    8 O menino cresceu e foi desmamado. No dia em que Isaque foi desma­mado, Abraão deu uma grande festa.

    9 Sara, porém, viu que o filho que Hagar, a egípcia, dera a Abraão estava rindo de Isaque,

    10 e disse a Abra­ão: “Livre-se daquela escrava e do seu filho, porque ele jamais será herdeiro com o meu filho Isaque”.

    11 Isso perturbou demais Abraão, pois en­volvia um filho seu.

    12 Mas Deus lhe disse: “Não se perturbe por causa do menino e da escrava. Atenda a tudo o que Sara lhe pedir, porque será por meio de Isaque que a sua descendência há de ser consider­ada.

    13 Mas também do filho da escra­va farei um povo; pois ele é seu descen­dente”.

    14 Na manhã seguinte, Abraão pegou al­guns pães e uma vasilha de couro cheia d’água, entregou-os a Hagar e, tendo-os colocado nos ombros dela, despediu-a com o menino. Ela se pôs a caminho e ficou vagando pelo deserto de Berseba.

    15 Quando acabou a água da vasilha, ela deixou o menino debaixo de um arbusto

    16 e foi sentar-se perto dali, à distância de um tiro de flecha, porque pensou: “Não posso ver o menino morrer”. Sentada ali perto, começou a chorar.

    17 Deus ouviu o choro do menino, e o anjo de Deus, do céu, chamou Hagar e lhe disse: “O que a aflige, Hagar? Não tenha medo; Deus ou­viu o menino chorar, lá onde você o deixou.

    18 Le­vante o menino e tome-o pela mão, porque dele farei um grande povo”.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ismael

  2. O cristianismo, por mais que seus supostos seguidores façam o oposto…Tem entre seus dogmas fundadores o amor, o perdão e a paz.

    Porém o Islã já em suas origens, não é uma religião de paz, nem o Islã significa paz. Islã significa (literalmente) submissão.

    —————————-

    Palavras de Maomé no Alcorão:

    2:190-193 “Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem… Matai-os onde quer se os encontreis… combatei-os até terminar a perseguição e prevalecer a religião de Deus…”

    2:216 “Está-vos prescrita a luta (pela causa de Deus), embora o repudieis. É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará consciência”.

    4:101 “… os incrédulos; em verdade, eles são vossos inimigos declarados”.

    4:89 “Não tomeis a nenhum deles por confidente, até que tenham migrado pela causa de Deus. Porém, se se rebelarem, capturai-os então, matai-os, onde quer que os acheis, e não tomeis a nenhum deles por confidente nem por socorredor”.

    5:36 “O castigo, para aqueles que lutam contra Deus e contra o Seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra, é que sejam mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão e o pé opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento nesse mundo e, no outro, sofrerão um severo castigo”.

    5:54 “Ó fiéis, não tomeis por confidentes os judeus nem os cristãos; que sejam confidentes entre si. Porém, quem dentre vós os tomar por confidentes, certamente será um deles; e Deus não encaminha os iníquos”.

    9:29 “Combatei aqueles que não crêem em Deus e no Dia do Juízo Final, nem abstêm do que Deus e Seu Mensageiro proibiram, e nem professam a verdadeira religião daqueles que receberam o Livro, até que, submissos, paguem o Jizya [imposto para poder morar entre os Muçulmanos]”.

  3. Konner com todo o respeito esse artigo e lixo principalmente se seu escritor e russo. Quisera eu ler russo, pois eu sei que na decada de 1920, quando ainda era possivel publicar material historico, filosofico, politico etc na Uniao Sovietica sem temer a KGB, foi publicados alguns livros sobre a origem da religiao mulssumana, que nao e repeticao da historiografia baseada em fe, que e o que caracteriza os livros mulssumanos publicado sobre a origem se sua religiao. Eu nao vou repetir a bibliografia sobre o assunto que publiquei num de meus comentarios no Plano Brasil. So vou dizer o seguinte: O profeta Maome e mito, nao e figura historica. Quando se diz Coran, tem que perguntar qual Coran. Existe diferenntes versoes. Como na Biblia, se incluimos os Apocrifos.A religiao mulssumana surgiu depois que os arabes conquistaram um imperio no Oriente Medio. Os beduino comecaram conquistar o Oriente Medio, a partir da Palestina, nao Meca ou Medina na Arabia Saudista.Sucedeu com os beduinos naquela area, que nos seculos V, VI e VII pertencia ao Imperio Bizantino o mesmo que sucedeu com as tribos germanas que viviam em areas pertencentes ao Imperio romano Ocidental. Roma delegava as trubos germanicas a tarefa de defender a fronteira do imperio contra outros povos chamados barbaros. Com o passar dos tempos as tribos germanicas passaram dominar o imperio romano. Constantinoplas, delegava aos beduinos a tarefa de defender aquela parte do imperio bizantino contra os persas. Com o passar do tempo, os bizantinos praticamente se retiraram do Oriente Medio, e os beduinos arabes passaram dominar a area e pouco e pouco foram formando o imperio arabe. E certo que havia um Chefe beduino na regiao da Palestina, cujo nome era Maome. Mas ele nao era profeta. era lider militar. E em torno de seu nome que duzentos anos mais tarde cristalizou a figura do profeta Maome. Com a formacao do Imperio, sentiu-se a necessidade de fundar uma religiao que unisse o imperio. Por ordem governamental, reuniram se intelectuais e criaram o Coran, baseado em trechos do Velho testamento, de livros apocrifos do novo testamento, priincipalmente textos da corrente ebionista, cuja origem e o movimento politico religioso judeu liderado por Tiago, o irmao de Jesus, o Cristo, e texto e cantos dos cristao nestorianos. em lingia siriaca.O arabe do Coran e lingua artificial/intelectual, nunca foi falada por nenhuma tribo arabe. Que o clerico mulssumano pregam uma origem fantastica supernatural da sua religiao, posso entender. E tarefa dos mulssumanos fazer uma leitura critica do Koran. Nao sei se e possivel faze-lo nas atuais condicoes, mas nao sei porque nos, que nao somos mulssumanos temos que engoliar esses falsidades mitologicas como fatos historicos..

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