Membros do movimento Pegida, contra “islamização” do Ocidente, convocaram novas manifestações para todo o país nesta segunda-feira. Políticos importantes da Alemanha condenaram as marchas.
Os organizadores do movimento anti-islamização Pegida convocaram novas manifestações em todo o país para esta segunda-feira (12/01), as primeiras a serem realizadas após os ataques terroristas em Paris, que deixaram 17 mortos.
Os membros do Pegida (sigla em alemão para “Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente”) planejam vestir braçadeiras pretas para homenagear as vítimas dos atentados ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, assim como policiais vitimados e os reféns mortos no ataque ao mercado kosher na capital francesa.
Na última semana, cerca de 18 mil pessoas compareceram à manifestação do Pegida em Dresden.
Organizações de Direitos Civis também planejam manifestações contrárias, para protestar contra culpabilidade imposta aos imigrantes e muçulmanos pelos crimes cometidos por islamistas radicais. Eventos anti-Pegida estariam programados nas cidades de Hannover, Dusseldorf, Hamburgo, Munique e Berlim, segundo informou a agência de notícias dpa.
No domingo, o ministro alemão da Justiça Heiko Maas condenou a convocação dos protestos feita pelo Pegida, exigindo que os organizadores cancelem as marchas. “As vítimas [dos ataques em Paris] não merecem ser usadas por esses agitadores”, afirmou o ministro ao jornal alemão Bild.
O partido União Social Cristã (CSU), parceiro da coalizão governista da chanceler federal, Angela Merkel, também exigiu que o grupo interrompa suas atividades. “Quero pedir aos responsáveis que cancelem suas manifestações no futuro próximo, especialmente numa época em que o mundo inteiro está chocado com os eventos em Paris”, afirmou o líder da CSU, Horst Seehofer, à rede de televisão ARD.
Lucro político após massacre
Também no domingo, o ministro alemão do Interior, Thomas de Mazière, acusou o Pegida de utilizar os ataques ao Charlie Hebdo para obter ganhos políticos.
As marchas do Pegida se tornaram tema dos caricaturistas franceses, que divulgaram um panfleto onde se via um urubu e uma hiena marcados pela sigla do movimento de direita alemão, à espreita no local do massacre ao jornal satírico francês.
“Nós, os cartunistas franceses e francófonos, estamos chocados com os assassinatos de nossos amigos. Estamos também indignados que forças direitistas tentem instrumentalizar o ocorrido para seu próprio benefício”, afirma o grupo no panfleto, que trazia também os dizeres “Suma, Pegida!”.
Membros do Pegida na cidade de Leipzig foram proibidos de mostrar quaisquer charges do profeta Maomé em suas manifestações. “Após Paris, presumimos que as caricaturas de Maomé são uma provocação”, afirmou um porta-voz da prefeitura.
Nos últimos meses, o Pegida realizou suas manifestações todas as segundas-feiras em Dresden, se posicionando contra aquilo que vê como um fluxo excessivo de imigrantes em seu país. Manifestações de menor porte também começaram a se espalhar por outras cidades alemãs.
RC/afp/dpa
Premiê turco defende reação forte contra islamofobia
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoğlu, saudou a marcha de Paris, realizada neste domingo, como uma mensagem forte ao mundo, mas defendeu reações similares em caso de ataques a mesquitas e de atos islamofóbicos.
Davutoglu se uniu aos cerca de 50 líderes mundiais na manifestação parisiense em memória das 17 vítimas dos ataques dos últimos dias na França.
A presença do premiê turco, um dos principais dirigentes muçulmanos, foi percebida na Turquia como um gesto de alto valor simbólico.
“É uma mensagem dirigida ao mundo inteiro de que todos devem se levantar contra a ameaça do terrorismo”, afirmou Davutoglu, em conversa com os jornalistas na embaixada turca em Paris, transmitida pela televisão.
“Esperamos que a mesma sensibilidade se manifeste após ataques contra mesquitas, ou em caso de islamofobia”, frisou.
Ele também elogiou as declarações do presidente francês, François Hollande, na sexta-feira. Segundo Hollande, “esses fanáticos [em referência aos responsáveis pelos ataques] não têm nada a ver com a religião muçulmana”.
AFP