“O problema não é a religião”

Os ataques brutais de terroristas islâmicos na França chocaram a Europa. Mas não é por isso que o islã e todo tipo de crença religiosa devem ser desacreditados, opina Felix Steiner, da redação alemã da DW.

É hora de fazer uma confissão: sou católico. E gosto de sê-lo. Minha fé me dá forças e a sensação boa de ser mais do que apenas uma aberração da natureza, mais do que apenas um acaso biológico que surgiu do nada e que algum dia desaparecerá no nada novamente.

Sou um reflexo de Deus, que os judeus chamam de Jeová e os muçulmanos de Alá. Isso está no Gênesis, sagrado para judeus e cristãos. E por causa da minha fé tenho dignidade, assim como todos os seres humanos. Uma dignidade que é inviolável, que deveria ser respeitada e protegida. Não é coincidência que exatamente isso conste na primeira frase do Artigo 1º da Constituição alemã.

Felix Steiner da redação alemã da DW

Aqueles que não precisam ter na fé um ponto de apoio fiquem à vontade. As sociedades livres do Ocidente não obrigam ninguém a acreditar em algo específico ou sequer a acreditar em algo. Mas mesmo que minha fé não importe ao Estado alemão, ele está do lado de todos os que creem, pois garante a “prática imperturbável da religião”. Isso também está no topo da Constituição.

Por esse motivo, não preciso aceitar, por exemplo, quando durante a missa de Natal uma jovem pula nua no altar da catedral de Colônia e grita: “Eu sou Deus”. Em vez disso, posso ficar contente com o fato de ela ter sido condenada a pagar uma multa.

Mas há outras coisas que preciso aceitar, mesmo que me irritem profundamente. Porque maculam minha religião, maculam coisas que são importantes e até sagradas para mim. Por exemplo, quando Cristo crucificado é ridicularizado. Ou quando o papa, o líder da Igreja Católica, é retratado com uma mancha de urina na batina e o título: “Vazamento encontrado no Vaticano”.

Mas nenhum comediante ou cartunista de uma revista satírica está preso na Alemanha por causa disso. Porque provocações desse tipo são contempladas pela liberdade de expressão e de imprensa. E eu, como cristão, posso escolher evitá-las. Não preciso frequentar shows de comédia nem ler ou comprar revistas do gênero. Como cristão letrado, encontro consolo numa citação de Goethe: “Nada descreve melhor o caráter dos homens do que aquilo que eles acham ridículo”.

Tudo isso é herança da época que os historiadores chamam de “Iluminismo”. Para simplificar, trata-se do princípio de reciprocidade: recebo a liberdade para acreditar no que quero e aceito a liberdade dos outros de dizerem o que quiserem a respeito. Ou, ainda mais curto: meus direitos existem porque tolero dissidentes. Somente a ofensa pessoal não é permitida. E locais de culto, sejam igrejas, sinagogas, mesquitas ou templos budistas, são espaços protegidos. Há cerca de 300 anos a Europa e os Estados Unidos convivem muito bem com esse princípio.

O “Ocidente iluminado” não pode fazer concessões quanto a isso. Ou seja, quem quiser viver aqui precisa aceitar as regras. Isso não é uma imposição, mesmo que às vezes faça cristãos conservadores parecerem ser exatamente como muçulmanos radicais. E quem fizer uso da violência para alcançar objetivos religiosos ou eliminar inimigos da própria fé não tem espaço na civilização no ano de 2015.

Tal visão não é compartilhada somente por quase todos os cristãos da Europa, mas também por 90% dos muçulmanos que vivem aqui. Muçulmanos que perceberam há muito tempo que se vivessem de acordo com as regras vigentes em muitos países islâmicos seria impossível praticar sua fé abertamente na Europa. E, por isso, aprenderam a valorizar a tolerância europeia.

Mas há algo que fere muçulmanos tanto quanto me fere: quando os atos brutais de poucos fazem toda uma religião e a religiosidade em si serem desacreditadas. Quando em dias como esse se afirma que um mundo sem a fé em Deus seria um mundo melhor, porque a religiosidade sempre acaba em radicalismo. Não, eu me oponho! Minha fé tem muito valor para mim e não deixarei que ninguém a tire de mim. Aliás, meu vizinho muçulmano compartilha da mesma opinião.

Fonte: DW.DE

12 Comentários

  1. Os ateus dizem não crerem em nada, mas ficariam felicíssimos se qualquer nação proibissem o Cristianismo em sua constituição no ocidente. Ateus nunca são neutros, são em sua essência anti-cristãos. Dizem não se importar com Deus, não acreditar em nada, mas querem te convencer a qualquer custo que Deus não existe, usam todas as ferramentas com esse fim, sites, revistas, jornais, universidades e etc. Não pegam em armas, mas usam uma estratégia conhecida dos poderes dominantes modernos, “soft-power” para chegar aos seus objetivos! Dizem não serem religiosos, mas toda essa política atéista não os fazem diferentes dos ideologistas radicais islâmicos.

      • Bom, se vc ainda não viu… Todos que topei pela frente são anti-cristãos, inclusive tive um professor que era ou é ateu que odiava terrivelmente os cristãos!

      • Eu sou Agnóstico ou seja não tenho religião mas creio em Deus.
        Não creio na religião que serve apenas para monopolizar o homem e castrar seu pensamento.

      • Você? Critico de demencia? Lagartão de pequeno encefalo, você só transita entre os normais por que deve ser bem treinado para parecer assim, caso contrario não se livraria de uma camisa de força. Rsrsrsr, era só o que faltava, um demente querendo avaliar as loucuras alheias. Kkkkkkkkkk

  2. “O problema é a religião”

    Acho que a religião é uma etapa por onde passa toda espécie vida que atinge um certo grau de consciência, que a faz pensar na origem das coisas. Por não ter uma boa explicação criam mitos que com o tempo vão crescendo e se transformando em outros. Seja para espécies surgidas aqui na Terra, na nossa galáxia ou nos multiversos. O estrondo nas nuvens que era o deus Tupã ou Tor agora é apenas o som da expansão do ar provocado por descarga elétrica. Grandes religiões monoteístas, na verdade pseudomonoteistas por terem deuses menores com santos/as e anjos, estão muito arraigadas nas culturas dos países e a medida que seus dogmas vão ficando ultrapassados aceitam a derrota e mudam algumas de suas crenças. Se adaptam para não morrer ou brigam até o fim para manter os dogmas pela força. Quando se adapta uma religião mostra que é imperfeita desqualificando o que sobrar dela. Quando não se adapta insiste em seguir velhos preceitos, mantendo o passado de superstições, pela força por vezes. Etapa que vai ser ultrapassada a medida que a ciência faz compreender cada vez melhor a natureza. Os mitos das religiões não encontrarão mais lugar. Neste contexto temos dois tipos de líderes:

    1.O primeiro tipo de líder que é o fanático, que quer destruir tudo que ameace o status quo, manter a crença sem contestação em livros religiosos imprecisos e modificados ao sabor dos interesses dos potentados. Neste grupo temos papas inquisidores, lideres fundamentalistas do ISIS, protestantes criacionistas, rabinos ultra-ortodoxos, etc.
    2.O segundo tipo de líder é aquele que não acredita nos dogmas e mitos da sua religião. Este entrou em contato com tanta informação, secreta ou não sobre a religião que segue, encontrando inconsistências que o abalaram. Este visa o poder para si e sua instituição religiosa mantendo o controle sobre grandes populações. O objetivo desse poder vai depender do indivíduo que ocupa o cargo máximo dessas religião. Esse tipo de líder esta aberto a mudanças nos dogmas da religião porque não acredita mais nela, é o tipo adaptativo que vemos no papado atual.

    Estes dois tipos de líderes agem sobre fieis que vão do pragmatismo ao fanatismo. O tipo fanático é o mais útil a ambos pois funcionam como uma guarda pretoriana pronta a agir, geralmente é um indivíduo fracassado que não tem nada a perder a que foi prometido o paraíso na Terra. Vemos esse tipo de comportamento também em linhas de pensamento político, onde partidários de um grupo agem como sua guarda, os mais fanáticos, que não tem capacidade de gerar opinião própria e seguem o líder sem contestar.

    Na antiga Grécia um grupo, a mais de 2500 anos, já contestavam essa linha de pensamento místico dos fenômenos naturais e das coisas. Pregavam a lógica e uma maneira sistemática através de provas aceitáveis na explicação de fenômenos naturais e das coisas. Esse grupo foi suplantado por fanáticos por divindades da mesma classe que encontramos hoje por aí. Daí se pergunta: Quantas tecnologias o pensamento místico das religiões gerou? Ele criou maneiras de calcular as orbitas dos planetas? Criou maneiras de estudar as reações químicas? Criou maneiras de explicar a variedade genética? Criou máquinas para transporte de cargas? A resposta é: Nada. O pensamento místico em divindades não criou nada, porque o único argumento é que que tudo foi feito por interferência divina e nós como seres inferiores não éramos capazes de compreender a obra de um deus. Portanto toda tecnologia que temos hoje devemos ao pensamento grego sistemático e lógico que quase foi perdido devido aos fanáticos religiosos. E sempre que o pensamento lógico gera algo em benefício para humanidade, todos são contemplados, inclusive os fanáticos. A engenharia genética, as redes de computadores, entre outros são exemplo. Daí se conclui: quanto menos religião e fanáticos melhor para evolução tecnológica da humanidade.

  3. ,..Eis a verdade sobre o ISLÃ/UE : esses atakes tem fundo políticos e ñ religioso, + atrelamos uma ao outro de forma indiscriminada…só. Unir o útil ao agradável. Barramos os imigrantes do norte da África e por tabela essa religião …se conseguido esse objetivo, quem será próximo inimigo?!?! Vão conseguir ,questão de tempo, se continuar essas burradas, esses atakes louco e sem sentido, combata-os , com às msm armas, sátira c sátira,..Lembrei-me do porco espinho..Se cuida AS/AC…Quem viver verá. Sds. 😉

  4. Ta bom senhor Felix , vc eh livre pra acreditar na fada dos dentes,em duendes , se quebrar o sigilo bancario deste otario ,veremos docs provenientes do OM !

  5. O problema é a intolerancia e o racismo.
    A Europa Ocidental e principalmente França e Espanha são intolerantes,racistas.

  6. A muito falo aqui.
    O Cristianismo Europeu Ocidental absorveu a xenofobia praticada na antiga lei Judaica segundo eles Deus lhes proibia de interagirem com outros póvos.
    O judaismo é repleto de discriminação e preconceito racial.
    O que esperar de uma etnia que foi banida para o deserto por seu povo na Caldeia e que passou por milenios disseminando intrigas,discordias,intolerancias e genocidios por onde passava.

  7. O problemas nunca foi a crença em si, mas o que fazemos delas, no que se baseiam elas, e qual é propósito delas?
    Ao contrário do que alguns citaram acima, existem intelectuais em diversas esferas, cientistas, engenheiros, físicos, astrômos, etc, pessoas de grande aporte e QI que acreditam na sublimidade da criação, não talvez da forma metafórica que a bíblia ou outro cânon apregoa, mas como um grande pensador disse: “acredito na existência de um ser absoluto por detrás dessa magnificência chamada vida” até porque seria muito ridículo querermos resumir uma entidade que orquestra tanta complexidade e a desenvolve, alguém com a capacidade de transcender as limitações temporais e espaciais, seria ridículo encaixotá-lo dentro de uma mera religião, mas voltando ao cerne do assunto, acredito na existência de um ser absoluto, a complexidade do ser e dos existir demanda uma inteligencia orquestrando tal maravilha (que vale citar, é perfeitamente síncrona).

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