Personalidades alemãs lançam manifesto contra islamofobia

Milhares de pessoas participam de uma manifestação organizada pelo movimento “Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente” (Pegida) em Dresden, em 5 de janeiro  – Foto: Fabrizio Bensch / Reuters

Os ex-chanceleres da Alemanha Gerhard Schroder e Helmut Schmidt fazem parte de uma lista de cinquenta personalidades do país que fizeram um manifesto, publicado nesta terça-feira no jornal “Bild”, contra o movimento islamofóbico Pegida e que defende uma nação tolerante e aberta à imigração.

Na última segunda-feira, cerca de 18 mil pessoas voltaram a se manifestar em Dresden em apoio ao movimento “Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente” (Pegida).

Em sua 11ª edição, a manifestação em Dresden alcançou um novo recorde de participação. Apesar disso, milhares de alemães saíram às ruas em outras cidades, como Berlim, Colônia e Hamburgo, para rejeitar o movimento de cunho xenófobo.

A chanceler, Angela Merkel, fez uma chamada explícita em sua mensagem de fim de ano contra atos racistas: “não sigam quem convoca estas manifestações, já que frequentemente seus corações abrigam preconceitos e inclusive ódio”.

O ex-chanceler Schroder, em depoimento publicado no Bild, lembrou uma marcha realizada em Berlim, em 2000, contra a xenofobia, após uma série de ataques antissemitas na Alemanha.

É bom que os partidos democráticos e as igrejas tenham rejeitado claramente o Pegida”, afirmou.

Já Schmidt condenou um movimento que apela ao “ódio contra o outro e à intolerância”, e afirmou que isto “não é a Alemanha”, um país que tanto por sua história como por sua economia não deve rejeitar asilados e refugiados.

O manifesto contra o movimento xenófobo foi assinado também por vários membros do atual governo, como o ministro das Finanças e homem de confiança de Merkel, Wolfgang Schauble, para quem a “Alemanha necessita de imigrantes e deve ter coração para acolher os refugiados em situação de necessidade”.

A ala conservadora do governo também condenou o Pegida, assim como os sociais-democratas. Além disso, representantes da oposição parlamentar, atores, atletas como o ex-atacante Oliver Bierhoff e líderes da patronal e dos sindicatos fazem parte da lista de personalidades que criticam a islamofobia e apostam por um país aberto e tolerante.

EFE

Fonte: Terra

(Pegida) expõe divisão na sociedade e deve ser levado a sério

Reações a passeatas “anti-islamização” mostram que tema imigração divide população alemã. Cientistas políticos defendem comissão nacional para promover a diversidade.

Horas antes de uma nova marcha contra uma suposta “islamização” da Alemanha reunir cerca de 18 mil pessoas nesta segunda-feira (05/01) em Dresden, no leste do país, cientistas políticos se reuniram na cidade para alertar para um fenômeno “que deve ser levado a sério”.

O movimento Pegida (sigla em alemão para “Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente”) revela um racha cada vez mais profundo na sociedade alemã, opondo aqueles que acolhem os migrantes e aqueles que os demonizam, argumentou o etnólogo Werner Schiffauer, da Universidade Viadrina, de Frankfurt ao Oder. Ele preside o Conselho para as Migrações (RfM, na sigla original), uma rede de 79 pesquisadores dedicados ao assunto.

Desde que as passeatas semanais do Pegida começaram, em outubro, elas têm atraído cada vez mais pessoas em Dresden. Nesta segunda-feira, o número de participantes foi recorde: cerca de 18 mil. Marchas menores também ocorreram em outras cidades alemãs. Algumas, porém, foram bloqueadas por manifestações contrárias, como em Colônia, Berlim e Munique.

Num manifesto publicado em dezembro, o Pegida declara ser a favor do direito de asilo para refugiados de guerra e aqueles que enfrentam perseguição política. O movimento também se diz a favor da “resistência a uma ideologia política violenta e misógina, mas não contra os muçulmanos integrados que aqui vivem” e exige uma “política de tolerância zero contra os requerentes de asilo e imigrantes ciminosos”.

“Refugiados são bem-vindos!”: marchas do Pegida são acompanhadas por manifestações contrárias

Preconceito generalizado

Para o sociólogo Andreas Zick, da Universidade de Bielefeld, o Pegida é sintomático de uma ideia equivocada sobre a imigração, amplamente difundida entre os alemães. Segundo ele, cerca de 40% dos alemães estão convencidos de que aqueles que solicitam asilo mentem, dizendo sofrer perseguição em seus países.

“Mais da metade dos alemães entrevistados numa pesquisa recente se disse contra a construção de uma mesquita em sua vizinhança”, lembrou a cientista social Naika Foroutan, da Universidade Humboldt, de Berlim. Na mesma sondagem, 40% dos consultados afirmaram que somente aqueles que têm pais alemães podem ser considerados alemães de verdade.

Os pesquisadores concordam ser uma tarefa difícil lidar com ideias desse tipo. “Não há soluções rápidas”, afirmou Schiffauer, acrescentando que pessoas com pouco ou nenhum contato com estrangeiros e migrantes tendem a ter visões mais extremistas.

Comunicação falha

Os analistas defendem a criação de uma comissão nacional, formada por cientistas políticos, membros da sociedade civil e políticos, para elaborar uma diretriz nacional que “abrace a diversidade” e influencie os currículos escolares. Eles ressaltam que diretrizes semelhantes resultaram numa mudança positiva no Canadá e nos EUA.

Outros concordam que comunicação é fundamental. O presidente da Associação Alemã de Municípios, Gerd Landsberg, disse que a principal forma de combater o Pegida é através de uma estratégia de comunicação melhorada. Até agora, segundo ele, as autoridades alemãs se dedicaram muito pouco a explicar por que refugiados trocaram países devastados pela guerra, como a Síria, pela Alemanha. “Se você deixar claro que esses refugiados escaparam por pouco da morte, ninguém terá objeções [a que eles fiquem].”

Em muitos casos, prefeitos foram avisados às vésperas que requerentes de asilo estavam sendo transferidos para suas comunidades. “Nesses casos, eles não têm tempo suficiente para se comunicar adequadamente com a população local.”

Pegida tem aprovação de muitos

Uma recente pesquisa de opinião constatou que um em cada oito alemães participaria de uma marcha “anti-islamização” caso ela fosse organizada em sua cidade. Realizada pelo instituto de pesquisa Forsa e publicada na quinta-feira passada pela revista Stern, a sondagem também revela que 29% dos entrevistados acreditam que a influência do islã sobre a vida na Alemanha é tão forte que as marchas são justificadas.

Mas, numa contundente mensagem de Ano Novo, a chanceler federal Angela Merkel pediu que os alemães rejeitem o Pegida, rotulando seus membros de “racistas cheios de ódio”. A Alemanha deve acolher as pessoas que fogem de conflitos e de guerras, afirmou Merkel.

Alguns dos membros de seu parceiro de coalizão, a União Social Cristã (CSU) – agremiação conservadora da Baviera aliada à União Democrata Cristã (CDU) –, podem ter menos escrúpulos em relação ao Pegida. “Estou preocupado que partes da CSU possam se deslocar para a extrema direita, partindo do princípio de que não deve haver nenhum partido à direita deles”, afirmou Schiffauer. “Isso seria fatal.”

Fonte: DW.DE

5 Comentários

  1. depois que a Alemanha timidamente começa a tentar se afastar do ocidente .
    daqui a pouco uma guerra civil na Alemanha entre pros e contras

  2. Enquanto isto, islamistas lançaram movimento de repudio a islamofobia em Paris…

    ASSASSINANDO FRIAMENTE pelo menos 12 funcionários da revista satírica Charlie Hebdo, em Paris, e ferindo outras 10.

  3. Como dá para perceber por Paris, esses Alemães perderam o tempo da Bola.
    Assim a coisa vai ficar difícil pros islamitas no mundo, serão responsabilizados por seus loucos simpatizantes dos antigos loucos inquisidores. A diferença? o atraso de 400 anos.

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