Economia mundial será teste para recuperação nos EUA

Josh Zumbrun

A economia americana começa 2015 no seu ponto mais alto em pelo menos dez anos e na melhor situação entre as dos países industrializados. A questão é se toda essa energia pode ajudar o resto do mundo a sair da pasmaceira.

“Nossa expectativa é de uma economia americana razoavelmente robusta, e é aqui que a boa notícia começa e termina”, diz Adolfo Laurenti, economista-chefe internacional da firma de investimentos e consultoria Mesirow Financial. “Todo o resto do mundo parece frágil.”

Os Estados Unidos criaram 2,7 milhões de empregos de janeiro a novembro de 2014, o ano com maior crescimento de vagas desde 1999. A produção econômica registrou seu melhor período de seis meses desde 2003. Os pedidos de seguro-desemprego, por sua vez, estão em seu menor nível desde 2000.

Mas depois de seis anos de uma lenta recuperação econômica, o teste para os EUA não é mais apenas superar a relutância das empresas em contratar e os efeitos remanescentes da bolha imobiliária. É se o país pode prosperar quando grande parte do mundo está em dificuldades.

A queda dos preços do petróleo, embora benéfica para o poder de compra dos consumidores americanos, deve reduzir o crescimento econômico nas regiões produtoras de petróleo, desde a Rússia até a África e a América Latina. Os problemas geopolíticos no Oriente Médio e no Leste Europeu preocupam algumas áreas do mundo. A zona do euro permanece na letargia e alguns de seus membros, como a Itália, estão entrando na terceira recessão desde a crise financeira.

 

A economia da China, vista como motor do crescimento global, foi atingida pelo desaquecimento do setor imobiliário, enfraquecimento da demanda doméstica e redução da produção industrial. No terceiro trimestre de 2014, a China cresceu 7,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas foi a menor taxa em cinco anos. O Japão registrou dois trimestres de contração, inaugurando outra recessão.

Muitos dos políticos e dos bancos centrais do mundo estão tendo dificuldade para estimular a economia global, ou por conta dos desafios da dívida crescente e do envelhecimento da população nas economias desenvolvidas, ou por indisposição para empregar suas próprias forças de forma impopular.

Neste mundo de riscos crescentes, muitas empresas procuram os EUA como um porto seguro. “Os acontecimentos geopolíticos importam muito mais do que as pessoas acreditam”, disse Joe Kaeser, diretor-presidente da alemã  Siemens AG , numa apresentação em dezembro. “Por isso, investimos nos EUA como sendo, certamente, a região mais atraente e mais segura geopoliticamente.”

É verdade que os EUA já atravessaram crises globais antes. Turbulências internacionais costumam prejudicar o crescimento americano, mas não interrompê-lo.

As crises financeiras da Ásia e da Rússia, no fim da década de 90, causaram pânico e até o colapso de um grande fundo de investimento nos EUA. Mas “mesmo com a enorme queda na produção industrial global, o efeito na economia americana foi essencialmente zero”, diz o economista global Jay Bryson, do banco Wells Fargo. “Na era moderna, não consigo pensar num ciclo aqui [nos EUA] que tenha sido provocado por uma desaceleração externa.”

O resto do mundo também ficou menos dependente dos EUA, o que atenua o impacto positivo de uma economia americana mais saudável. Em 2002, os EUA eram responsáveis por 32% do produto interno bruto do mundo, segundo o Banco Mundial. A parcela caiu nos dez anos seguintes e se estabilizou em torno de 22% desde 2011. Os EUA são, de longe, o maior importador mundial, mas respondem por apenas 13% das importações globais, comparado com 16% em 2005.

Recessões recentes ressaltam o fato de a economia americana frequentemente atuar sozinha. A recessão que começou em 2007, depois que os preços dos imóveis despencaram nos EUA, foi exacerbada pelo colapso de instituições financeiras. A recessão de 2001 foi provocada pelo estouro da bolha acionária das empresas de tecnologia. Já as recessões do início das décadas de 80 e 90 se seguiram a campanhas de aperto monetário do Federal Reserve, o banco central americano. Na década de 70, foi a forte alta dos preços do petróleo que sufocou a economia.

A combinação de força doméstica nos EUA, fraqueza global e queda nos preços do petróleo pode apresentar um cenário desafiador para os bancos centrais do mundo.

A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, pavimentou o caminho para o banco central elevar os juros a partir do meio do ano, encerrando um período de quase sete anos de juros de curto prazo próximos a zero. Mas ela precisará da cooperação da economia para ser capaz de unir os dirigentes do banco central em torno da campanha de aperto monetário.

Os EUA já recuperaram todos os empregos perdidos durante a recessão e entra em 2015 com uma taxa de emprego recorde. Se as tendências recentes continuarem, o mercado de trabalho atingirá, neste ano, o nível que o Fed estima ser de emprego pleno. Mesmo assim, nem tudo são rosas. A participação da força de trabalho está próximo do menor patamar desde a década de 70, o crescimento dos salários permanece morno e um número elevado de trabalhadores de meio período querem, mas não conseguem, encontrar empregos em tempo integral. Aqueles que ficaram desempregados continuam sem trabalho por um tempo notavelmente longo.

Os índices de inflação, porém, devem fugir ainda mais das metas do Fed. O banco central acredita que a inflação abaixo dos 2% ao ano torna mais difícil para as pessoas pagar dívidas e para a política monetária estimular a economia.

“Os mercados estão indicando fortemente que as tendências deflacionárias globais são tão fortes que o Fed terá problemas para atingir a meta de 2% por um bom tempo”, diz Michael Gapen, economista-chefe do banco Barclays para os EUA e ex-economista do Fed.

O Banco Central Europeu e o Banco do Japão podem ver seus objetivos de elevar o crescimento econômico dificultados pela queda da inflação. O envelhecimento da população e o endividamento do governo — problemas que não podem ser resolvidos rapidamente — já pesam no crescimento econômico. O Japão e a Europa parecem estar prontos para intensificar o afrouxamento monetário em 2015, mesmo com o Fed começando a subir os juros. Essas divergências de política monetária podem criar um novo tipo de desafio.

A Média Industrial Dow Jones fechou o ano pela primeira vez acima de 18 mil pontos. Se a alta das bolsas americanas continuar até março, ela completará seis anos. Mas mercados altistas têm um histórico de virar quando menos se espera e o aperto da política monetária pode criar um ambiente desafiador para o mercado de ações.

Fonte: Wall Street Journal

6 Comentários

  1. o que os estados unidos esta tentando fazer é assim, manda a europa não negociar com eles para poder vender seus produtos mais caros para os europeus que são governados por seus políticos fantoches vassalos de americano yanke

    • “manda a europa não negociar com eles”

      Manda a Europa não negociar com quem para poder vender seus produtos mais caros ?

      Se for a Rússia e a Venezuela eles nem tem produtos para vender mais barato que os Estados Unidos.

  2. E a politica financeira dos EUA, abuso da moeda reserva internacional, com a impressao/digitacao de trilhoes de dolares, dinheiro com lastro no vacuo, que e a causa da fragilidade da economia internacional. Ou os paise do BRICS lideram o resto do mundo para criacao de uma nova moeda reserva internacional baseada noouro, ou eles vao afundar juntamente com os Estados Unidos, Japao e Europa.20015 comeca com todos os sinais da implosao desse sistema economico financeiro baseado no dolar.Wall Street era jornal independente, quando Dr Paul Craig Roberts era seu editor. Agora e pura fonte de propaganda.

  3. 6 de janeiro de 2015
    Sinais de um novo colapso bancário
    Especialista: Bank of America, Goldman Sachs, Citibank, JP Morgan todos falirão em insolvência este ano — sem ajuda Federal
    Enviado por IWB, em 6 de janeiro de 2015

    Finance Expert Internacional James H. Kunstler diz em termos inequívocos, que este ano (2015):

    “Goldman Sachs, Citicorp, Morgan Stanley, Bank of America, Deutschebank, Société Générale, todos sucumbirão a insolvência a funcionários do governo .América e o Federal Reserve não se atrevem a tentativa de resgatá-los de novo.”

    Ele passa a força do Estado:

    “Bank of America é o primeiro dos Tão Grandes para Falir ao entrar no horizonte de eventos de falência. Obama não pode forçar com o congresso para ir junto com um pacote de socorro. Por Ação de Graças, há tumulto entre os bancos como eles se esforçam para cobrir as perdas. Um furor público sobre o uso de dinheiro do contribuinte para cobrir perdas com derivativos leva a uma ação concertada sem precedentes pelos estados para tentar campanhas “inválidas”.

    Citibank se aplica para um bail-in de correntistas. Composição de cores, as autoridades federais assustadas são demasiadas lentos para responder, permitindo a corrida aos depósitos.

    Leia a lista muito extensa e terrivelmente assustadora de coisas que ele diz que estamos idno de cabeça de para. . . com nenhuma forma de evitar!

    http://www.zerohedge.com/news/2015-01-05/2015-life-breakdown-lane

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